segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Reinado morto quase uma hora antes de Ramos-Horta ser atingido

Díli, 11 Fev (Lusa) - O major Alfredo Reinado morreu quase uma hora antes de José Ramos-Horta ter sido baleado, revela a sequência das chamadas para a polícia e de um pedido de ajuda feito pelo próprio Presidente da República.

Alfredo Reinado foi morto poucos minutos depois das 06:15, a hora a que o seu grupo atacou a residência do chefe de Estado, na periferia leste de Díli, afirmaram à Agência Lusa fontes policiais, fontes oficiais da missão internacional e fontes da Presidência da República timorense.

O major fugitivo foi morto por um dos elementos da escolta presidencial aquartelada na residência de José Ramos-Horta, no caso um soldado das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), pertencente à Polícia Militar, segundo as mesmas fontes.

Isso significa que Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar, foi morto por um dos homens pertencentes à sua antiga unidade.

José Ramos-Horta foi atingido pelos atacantes bastante mais tarde, cerca das 07:00, num segundo tiroteio, de acordo com as mesmas fontes, que contaram à Lusa uma sequência de acontecimentos concordante.

A primeira chamada para o Centro Nacional de Operações (NOC) aconteceu às 06:59, segundo o relatório oficial de comunicações obtido pela Lusa.

De imediato, duas unidades da Polícia das Nações Unidas e da Polícia Nacional foram deslocadas para a residência do Presidente da República, a partir de Becora, na periferia sudeste de Díli.
A primeira ambulância foi chamada ao local do ataque às 07:10, segundo fonte da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).

O subagrupamento Bravo da GNR foi chamado às 07:00, saiu do aquartelamento às 07:11 e chegou ao local às 07:15, ainda segundo o relatório oficial a que a Lusa teve acesso.
Às 07:13, o próprio Presidente da República telefonou à sua chefe de gabinete, Natália Carrascalão, pedindo ajuda por se encontrar ferido.

Segundo as fontes ouvidas pela Lusa, o Presidente da República, que à hora do primeiro ataque se encontrava a fazer o seu habitual "jogging" matinal, não terá percebido que o tiroteio das 06:15 estava a acontecer na sua residência.

Todos os comunicados e declarações oficiais, quer das forças de segurança quer do primeiro-ministro, referem essa hora como o início do ataque.

José Ramos-Horta foi atingido a tiro quando se aproximou de sua casa e, como revela o sangue no pavimento, o chefe de Estado caiu a cerca de 20 metros do portão da residência, na estrada que ele próprio baptizou de Boulevard John Kennedy.

Fontes policiais ligadas à investigação do ataque afirmaram à Lusa que "o grupo de Reinado procurou José Ramos-Horta nos vários edifícios da residência" após o primeiro tiroteio.

Várias portas foram arrombadas pelos atacantes, segundo uma fonte da Presidência, "mas o Presidente estava fora a fazer o seu exercício".

Alfredo Reinado, segundo uma fonte da UNPol, "foi morto por um dos seguranças que conseguiu surpreender o grupo atacante dentro do recinto da residência".

A residência privada de José Ramos-Horta, no bairro de Meti-aut, fica isolada da cidade e compõe-se de vários edifícios pequenos, em arquitectura tradicional timorense.

Nenhuma das fontes ouvidas pela Lusa adiantou qualquer explicação para o facto de a escolta presidencial não ter pedido socorro mais cedo e a tempo de evitar que o chefe de Estado fosse vítima do segundo tiroteio.

PRM.

4 comentários:

Anónimo disse...

Isto saiu mesmo na Lusa? É possível fornecerem um link? (Obrigado pelo vosso trabalho!)

Malai Azul 2 disse...

Está em vários órgãos de comunicação social que usam a LUSA:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=317990

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=79901

Anónimo disse...

Obrigado pela rápida resposta!

Anónimo disse...

Isto é lindo!!! Esta notícia pode deixar em aberto muita coisa…

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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