Díli, 04 Nov (Lusa) - O processo de transferência das dezenas de milhar de deslocados em Díli inicia-se dentro de dias e em Novembro já deverão estar r ealojados dois terços do total, disse hoje à Lusa o primeiro-ministro de Timor-L este, José Ramos-Horta.
"A estratégia baseia-se sempre na sensibilização dos deslocados para a necessidade de esvaziar os campos, alguns dos quais apresentam já problemas de s aúde pública", salientou Ramos-Horta.
O plano de transferência dos deslocados saiu de uma reunião de sete horas realizada hoje em Díli, em que participou o governo, liderado por Ramos-Horta , a missão da ONU (UNMIT), agências das Nações Unidas e organizações não-governa mentais (ONG).
"O encontro foi focalizado para a resolução da questão dos deslocados. Um grupo trabalho (com representantes do governo, da UNMIT, agências e ONG) entr ega na próxima semana o plano operacional, que esperamos possa ser executado ao longo do mês de Novembro", adiantou o chefe do governo timorense.
José Ramos-Horta afirmou ainda à Lusa que já a partir de terça-feira retomará as visitas aos campos de deslocados e aos locais para onde serão transferidos os que não têm casa ou aqueles que, tendo casa, receiam regressar às áreas de residência por temerem pela sua segurança.
"Ao longo desta semana vou visitar os campos e também os bairros e apre sentar as opções que oferecemos às pessoas para voltarem às suas casas. O governo tem um orçamento de 12 milhões de dólares para ajudar na reconstrução ou repar ação das casas", acrescentou.
Os centros de acolhimento temporário, que segundo Ramos-Horta deverão f uncionar entre seis meses a um ano e oferecer melhores condições de saúde públic a, serão instalados em Hera, cinco quilómetros a leste de Díli, e em Tibar, cerc a de 10 quilómetros a oeste da capital.
No interior da capital timorense serão também criados pelo menos dois destes centros, nos bairros de Taibessi e Quintal Bot, entre Balide, Audian e Caicoli.
"Não me parece que vá haver muitos problemas. Ao longo de Novembro pens amos resolver, pelo menos, dois terços dos campos ainda existentes em Díli", salientou.
Uma fonte que participou na reunião disse à Lusa que os primeiros campo s de deslocados a serem fechados serão os do Aeroporto de Comoro, do Porto de Dí li, em Colmera, e os que se encontram no perímetro interior do Hospital Nacional Guido Valadares, em Bidau, e defronte da sede da UNMIT, em Caicoli.
Para garantir a segurança nos bairros e nas áreas de acolhimento temporário, os efectivos da polícia da ONU (UNPOL) "vão reforçar os postos já criados e intensificar as patrulhas móveis", disse à Lusa o comissário Antero Lopes, com andante da UNPOL.
Além dos actuais 959 efectivos, de 19 nacionalidades, ao serviço da UNP OL, mais seis grupos de 25 agentes cada, da Polícia Nacional de Timor-Leste, "vão garantir que as áreas de acolhimento e os bairros terão protecção policial permanente", frisou Antero Lopes.
"A UNPOL tem a responsabilidade da segurança pública, conforme o mandat o conferido pela resolução 1704, de 25 de Agosto, do Conselho de Segurança da ON U, e estabeleceu 12 postos de polícia em toda a cidade e nas zonas periféricas, em colaboração com o governo timorense", afirmou.
Antero Lopes disse esperar que "as localidades críticas coincidam com a lguns dos locais onde potencialmente os deslocados actuais procurarão o realojamento".
De acordo com o sítio na Internet do Ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária timorense, o número de pessoas deslocadas, considerando os recipie ntes de assistência humanitária, era de 178.034 pessoas a 20 de Setembro passado , com Díli a apresentar 69.600 deslocados.
Segundo Ramos-Horta, muitos dos deslocados registados na capital já regressaram às suas casas, ou preferiram reinstalar-se nos distritos do interior, totalizando agora pouco mais de 25 mil.
Os deslocados foram obrigados a abandonar as suas áreas de residência e m resultado da crise político-militar desencadeada em Abril passado, que provoco u mais de meia centena de mortos e a destruição de bens públicos e privados.
EL-Lusa/Fim
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