domingo, junho 24, 2007

Dos Leitores

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "Manuel Tilman considera imorais gastos da campanha...":

Pergunta o Manuel Tilman – e muito bem! -:"Os gastos da campanha de Xanana Gusmão são exagerados, diria até imorais e escandalosos para um país tão pobre como Timor-Leste. Como é possível ter tanto dinheiro".

Pela boca do Xanana nunca viremos a saber pois na entrevista à Visão. ele ainda goza arrogante com esta questão. Vejamos como respondeu:

“Visão - Quem financia o seu partido?
Xanana - Amigos. Tenho-os em todo o lado do mundo, mas eles não querem aparecer.
Visão - Não seria mais transparente?
Xanana - Se eu quisesse ser transparente, ninguém ajudaria o partido.”

PS: Claro que os “amigos” de “todo o mundo” são os grandes interesses internacionais que querem deitar a mão ao petróleo do Mar de Timor e para isso precisam desesperadamente de correr com a Fretilin e o Mari, única maneira de levarem o petróleo!

Tight ballot box security for East Timor

Article from: Agence France-Presse

From correspondents in Dili

June 21, 2007 06:42pm
EAST Timor's caretaker Prime Minister Estanislau da Silva today said the Government had ordered tight security to protect ballot boxes used in parliamentary polls at the end of the month.

Mr Da Silva met with newly elected President Jose Ramos Horta to discuss logistics for the June 30 elections in the half-island nation of one million people.

“We discussed preparations for the elections and I explained how we will overcome some of the logistical obstacles by seeking secure means for boxes to be transported from polling to counting centres so that no accusations of fraud arise,” he said.

Ballot counting is to take place at counting rather than polling centres – unlike for presidential elections held last month – due to legislation introduced by the ruling Fretilin party last month and only gazetted on May 31.

Each of the tiny country's 13 districts will have one counting centre.

The Brussels-based thinktank International Crisis Group said in a report earlier this month that the change to the counting procedures “promises to create significant difficulties” and that Mr Ramos Horta had been reluctant to promulgate the law.

Fretilin says the decision was taken to reduce opportunities for intimidation and manipulation of ballots.

“To prevent any efforts to disturb the election, boxes should be tightly closed and should be marked by particular numbers and should not be opened by anyone,” Mr da Silva said.

He said it was the responsibility of the National Election Commission, the Electoral Technical and Administrative Secretariat, national and international observers as well as UN police to see that the boxes remained intact.

Ballot boxes are to be flown to and from isolated polling stations in helicopters, he said.

The ICG said that with the changes to the counting procedures, tabulation was expected to take much longer, and allegations of irregularities were likely.

Manuel Tilman considera imorais gastos da campanha de Xanana

Notícias Lusófonas
24.06.07

O presidente da Aliança Democrática (AD) timorense considerou hoje, em Díli, que os gastos de Xanana Gusmão na campanha eleitoral das legislativas de 30 deste mês são "imorais e escandalosos" face à pobreza que reina em Timor-Leste.

Por José Sousa Dias
da Agência Lusa

Numa entrevista à Agência Lusa, Manuel Tilman, líder da coligação que junta o Kota, força política de que é presidente, e o Partido Popular de Timor-Leste (PPT), afirmou desconhecer a forma como o candidato a chefe do governo do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) conseguiu obter "tanto dinheiro".

"Os gastos da campanha de Xanana Gusmão são exagerados, diria até imorais e escandalosos para um país tão pobre como Timor-Leste. Como é possível ter tanto dinheiro", afirmou o advogado e deputado timorense, que foi candidato às presidenciais de Maio deste ano, obtendo 4,9 por cento dos votos.

Tilman, 60 anos e licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, indicou que a sua coligação dispõe de "apenas cerca de 50 mil dólares" (37.300 euros) para gastar na campanha eleitoral, "significativamente menos" do que a do CNRT.

Por outro lado, o líder da AD mostrou-se confiante de que irá vencer as legislativas, defendendo que um "bom resultado" será obter a "maioria absoluta" e que "não aceitará" os resultados se não obtiver a votação que espera conseguir.

"Haverá então algo errado. E nós vamos protestar junto da CNE (Comissão Nacional de Eleições), do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral), aos tribunais, onde for necessário", avisou.

Por outro lado, se os resultados forem "credíveis" - "nas eleições pode haver fraudes antes, durante e depois" - cumprirá o "acordo de cavalheiros" que mantém com a Fretilin, quer saia vencedor ou não.

Tilman, que na segunda volta das presidenciais de Maio último foi o único dos seis candidatos derrotados a apoiar o da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", acrescentou que não acredita em governos de unidade nacional, uma vez que, "em geral, não resultam", dado que as divergências acabam por os "minar".

Sobre os projectos políticos de governação, Manuel Tilman defende que a base para o equilíbrio de Timor-Leste passa pela aprovação de uma Lei da Segurança Social, que integra cinco subsídios: nascimento, abono de família, casamento, terceira idade e óbito.

"A base de tudo é a segurança social. Haverá dinheiro a circular e diminuirá a má distribuição da riqueza", sustentou, adiantando que o Parlamento deverá aprovar, sequencialmente, outras quatro leis: a da criação de um Banco Central, a Básica do Ensino, a das Forças Armadas e a da Polícia.

Em relação à lei que prevê a criação de um Banco Central, Tilman defendeu que deverá abranger as competências da gestão do Fundo Petrolífero, actualmente na posse do governo, para que haja "transparência" na gestão.

Tilman, aliás, mostrou-se contra a utilização dos fundos daí provenientes, alegando que, além de hipotecar o futuro do país, os grandes projectos de desenvolvimento de Timor-Leste podem ser financiados através da cooperação com outras instituições internacionais.

Na Lei Básica do Ensino, entre outras questões, defende a oficialização, "de facto", das duas únicas línguas que se devem falar no país, Tétum e Português, passando o Inglês e o Bahasa (da Indonésia) a disciplinas curriculares.

Nas restantes duas leis, pretende que haja regulamentação quer nas Forças Armadas quer na Polícia Nacional, uma vez que não estão ainda definidos os critérios relativos ao recrutamento, carreiras, promoções e vencimentos.

Tal como nas presidenciais, Tilman defendeu um "tratado global de amizade" com a Indonésia que possibilite um espaço de livre circulação e negócio em toda a ilha de Timor, na parte Oriental e na parte indonésia.

A abertura da Austrália aos estudantes e aos trabalhadores timorenses é outra das prioridades referidas por Manuel Tilman, que insistiu hoje na adesão de Timor-Leste … Commonwealth, à semelhança de Moçambique.

Manuel Tilman, que viveu dez anos nos Açores, foi deputado ao Parlamento português de 1980 a 1984, passou por Macau e Hong-Kong no início dos anos 1990 e foi jurista do Conselho Nacional da Resistência Timorense.

Actualmente, é reitor de uma das universidades privadas timorenses, a Universidade D. Martinho Lopes/UNIMAR.

Campanhas de alfabetização e cuidados básicos de saúde são vitais para as mulheres

FRETILIN
Comunicado de imprensa


24 Junho de 2007

Campanhas para promover a alfabetização e cuidados básicos de saúde em Timor-Leste são elementos vitais ao esforço do governo da FRETILIN para alcançar maior participação das mulheres na vida económica, política e social da nação, segundo a candidata parlamentar da FRETILIN e actual Vice-Ministra da Educação e Cultura, Ilda da Conceição.

Ilda da Conceição, uma ex-guerrilheira e fundadora da Organização Popular das Mulheres Timorenses (OPMT), continua: "É por isso que a FRETILIN irá financiar bolsas e incentivar pagamentos, de modo a apoiar mulheres e jovens a completar a sua
educação, desde o ensino básico até às instituições terciárias", disse ela.

"As Mulheres formam um dos três grupos principais que são alvo da nossa Campanha Nacional de Alfabetização, não só como participantes mas também como formadoras. Todos sabemos que, quando as mulheres aprendem a ler e a escrever, aumentam a sua autoconfiança e mais facilmente se afirmam tanto política como economicamente. O aumento do número de pessoas alfabetizadas também reduz a mortalidade infantil e melhora as condições gerais de saúde das mulheres e crianças."

Ilda da Conceição afirmou que o Governo da FRETILIN também se preocupou com os cuidados básicos de saúde ao melhorar a saúde das mães e crianças, bem como as práticas de assistência à reprodução.

"Timor-Leste tem a mais elevada taxa de fertilidade do mundo – 7,8 filhos por mulher em idade fecunda – e entre 42 a 80 mulheres em cada 10.000 morrem ao dar à luz. Uma combinação de cuidados básicos de saúde e educação pode ajudar a reduzir estes números."

Ela reconheceu que a FRETILIN ainda tem muito para fazer de modo a promover os direitos da Mulher.

"Alguns dos nossos adversários têm criticado a FRETILIN por ainda não ter aprovado a lei sobre a violência doméstica. Contudo, estamos a preparar esta legislação de modo a incluí-la no novo código penal, o qual precisa de um processo longo e difícil. Timor-Leste tem agora um sector de justiça em progressão e crescimento e a sua incapacidade de lidar com a violência doméstica é um legado do seu crescimento.

"A FRETILIN sabe melhor do que qualquer partido que as vítimas da guerra são as mulheres e que a violência contra elas continua mesmo que os conflitos acabem."

"A FRETILIN tem promovido os direitos da Mulher e a igualdade do Género desde a sua formação, em 1974. Ela foi a pioneira do Movimento dos direitos da Mulher em Timor-Leste e foi ela quem estabeleceu a Organização Popular das Mulheres Timorenses, em 1975, a primeira Organização de mulheres", disse Ilda da Conceição. "A FRETILIN promoveu os direitos da Mulher durante a resistência e a luta ainda continua. O Governo da FRETILIN criou a unidade para as pessoas vulneráveis dentro da PNTL (força policial), a qual combate o crime contra as mulheres e as crianças."

"Temos todos que redobrar os nossos esforços para mudar as atitudes da comunidade. É obrigação dos homens trabalharem juntamente com as mulheres para resolverem este assunto. Apelamos a todos os partidos políticos para que façam um acordo em como lutarão contra a violência contra as mulheres. Temos que exigir o melhor dos nossos líderes políticos, que são quem tem que dar o exemplo."

Para mais informações, contacte :

Ilda da Conceição (+670) 723 0035, fretilin.media@gmail.com
www.timortruth.com, www.fretilin-rdtl.blogspot.com

COMENTÁRIO AO ARTIGO DO AUSTRALIAN NEWS (08JUN07)

“Plano de Defesa Irrealista” – “Plano Secreto de Mísseis”

CONCLUSÕES
O respeito pelos Objectivos Permanentes da Defesa Nacional, que deverão ter adequado enquadramento legislativo, a manutenção de uma vontade colectiva de defesa e o aprofundamento da convergência entre a política de defesa e as outras políticas sectoriais, nomeadamente a política externa, deve potenciar a independência e a liberdade de acção política do Estado timorense. Aqueles objectivos deverão constituir a referência essencial nas opções de uma política integrada de Defesa Nacional, cuja postura estratégica é essencialmente defensiva, conforme definido nos pressupostos do Estudo Força 2020.

Em síntese, poderemos afirmar que a Segurança Nacional deve constituir um dos principais objectivos do Estado, sendo necessário desenvolver uma actividade, a Defesa Nacional, para o alcançar, cujo carácter intersectorial permite a individualização de uma das suas componentes, a Defesa Militar, que está atribuída Constitucionalmente às F-FDTL. Portanto, facilmente se entende que Estratégia de Segurança e Defesa Nacional tem de ter uma acção interministerial (intersectorial) e, por isso, deve ser encarada numa perspectiva integrada e global no âmbito dos objectivos do Estado.

Escamotear, minimizar e adiar sistematicamente a resolução dos problemas das Forças de Segurança e Defesa do país, que já estão perfeitamente identificados, a diversos níveis e pelos diferentes órgãos de soberania, não deixa de ser preocupante e pode afectar irremediavelmente a imagem e dignidade do Estado timorense.

Depois do grande falhanço no apoio ao sector da segurança assegurado por vários países, em que a Austrália se assumiu como o principal protagonista, é inequívoco que terão de ser os timorenses a liderar o processo de resolução dos problemas identificados através de plataformas de entendimento a nível nacional. Comunicação activa entre órgãos do Estado com base num entendimento mútuo e cooperação institucional intensiva, através da convergência nacional.

Assim, não restam dúvidas, que a reforma do sector da segurança de Timor-Leste é prioritária, sendo necessário um Plano credível como o da “Força 2020”, que permita a reorganização, consolidação e desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentado das Forças Armadas, uma vez que a sua fragilidade constitui terreno propício às manipulações internas/externas. Essas manipulações interessam objectivamente a determinados sectores da sociedade timorense e vão ao encontro dos objectivos estratégicos de alguns países da região, que não querem ou têm receio do desenvolvimento sustentado das Forças Armadas por ser a única instituição capaz de garantir a unidade e soberania nacional.

No entanto, face ao anteriormente exposto, o governo australiano não deverá estar muito interessado e tudo fará para interferir, bloquear ou impedir esse desenvolvimento, pois as F-FDTL são a única instituição que poderá garantir a unidade e identidade nacional dos timorenses e soberania do país. Não deixa de ser preocupante e merecedora de reflexão as referências em antecipação apresentadas no artigo, nomeadamente: “…. o Plano “Força 2020 foi preparado para o governo timorense, mas poderá não representar a futura política oficial do país, que a Austrália quer continuar a influenciar …”. Resta saber qual irá ser a posição do Presidente da República nestes jogos de poder. Desde já, não deixa de ser estranho e preocupante ter sido escolhido para assessor de Ramos Horta um dos militares australianos (esteve muito em evidencia durante o auge da crise e parece que tem muito jeito para comícios e composição gráfica de cartazes – é um verdadeiro especialista em INFO OPS – um palavrão que só alguns entenderão), cujas ligações e actividades em Timor-Leste estão bem identificadas (existem fotos e documentos comprometedores que estarão bem resguardados). Não será difícil aferir as suas intenções (tentações), pois uma das suas prioridades, por orientação do governo australiano, será propor ao Presidente da República a revisão do Plano, mesmo antes de ser implementado, no sentido de ir mais ao encontro dos seus interesses estratégicos ou seja, as F-FDTL continuarem desarticuladas e sem credibilidade. O Presidente da República não se pode esquecer que já validou o Plano, tendo referido no Prefácio, especificamente, que se identificava com o documento. Vamos aguardar com expectativa os próximos desenvolvimentos.

Será importante e decisivo para a segurança interna e, consequentemente, para a estabilidade e desenvolvimento, o país ter uma força policial profissional e comunitária, que só poderá ser credível se for respeitada pela população. A razão de existir das forças de segurança tem com principal centro de gravidade o bem-estar e a segurança da população, que por seu lado também deve compreender e respeitar as instituições e leis em vigor para que exista uma adequada interacção entre elas. Neste contexto, a Estratégia de Segurança e Defesa Nacional também deverá passar por uma estreita cooperação entre as F-FDTL e a PNTL, que será importante e decisiva na resolução de determinados problemas relacionados com a insegurança das populações, o que obviamente irá contribuir de forma positiva para a imagem e credibilidade das instituições junto da população e uma maior estabilidade que permitirá o necessário desenvolvimento sustentado do país.

A tentativa de divisão do país em Loromuno e Lorosae, utilizando as Forças de Segurança e Defesa (F-FDTL e PNTL), foi um dos pretextos que serviu a estratégia multifacetada para gerar a crise politico-militar, procurando dividir o país, que ainda não tinha encontrado a sua identidade nacional, através de duas entidades étnicas com alguma rivalidade regional, que vem desde os tempos coloniais. Esta questão não deve ser escamoteada ou desvalorizada, pois estamos perante um tema politicamente problemático que deve ser analisado com imenso cuidado. Infelizmente, a ONU, na sua intervenção, não dedicou importância nenhuma a essa questão nem percebeu que as F-FDTL poderiam ter um papel determinante na construção de uma identidade nacional. Neste âmbito seria importante apresentar os seguintes aspectos:~

- O Estado é como um telhado de uma construção que ainda está a ser feita, que é a da própria Nação. O futuro de Timor-Leste não pode ser encarado apenas do ponto de vista político o que pode vir a constituir um erro irreparável na construção da Nação. Um dos aspectos mais importantes é a relação entre Estado e sociedade e a relação entre passado, presente e futuro. Existem de facto um conjunto de mecanismos de tradução, que ultrapassam apenas as de tipo linguístico, mesmo num país com cerca de trinta grupos étnico-linguisticos, existindo uma tradução social e cultural que é necessário analisar e está por realizar.
- Há mecanismos tradicionais, de vivência e de pensamento, e há mecanismos modernos como a Constituição, um Estado funcional, e há traduções entres esses diversos níveis - entre o tradicional e o moderno, entre o passado, o presente e o futuro. Por isso, parece extremamente importante compreender as formas, os mecanismos dessa tradução, que vão permitir gerir mais adequadamente a sociedade timorense. Esse é verdadeiramente o desafio do futuro, não só em Timor-Leste, mas em muitas outras sociedades mais antigas, em que importa tomar consciência das narrativas relacionadas com os antepassados de um Estado-Nação.
- Em Timor-Leste existe de facto uma estrutura mítica, mas ainda não está oficializada. Ela existe porque é um país muito antigo, um território com uma cultura muito específica e uma história muito longa. Há mitos e narrativas perfeitamente estabelecidos e conhecidos, mas que não foi colectivizado no sentido nacional do termo. Portanto, o que é necessário para se construir uma Nação com vínculos de todos é criar essas narrativas de um ponto de vista nacional, ou seja, que passem a ser estabilizadoras e reconhecidas enquanto património em função do qual podem reflectir sobre eles próprios.
- Em Timor-Leste existe um Estado, existe uma Nação em construção com aspectos fortes mas falta um património nacional, que lhe confira uma identidade nacional consistente. No entanto, convém ter presente, que nos dias de hoje existem duas características muito evidentes em várias regiões do mundo. Houve uma explosão de países ao mesmo tempo que houve uma implosão de identidades; Por outro lado, temos que construir culturas nacionais ainda que não correspondam a um consenso e correspondam antes a uma pluralidade de vínculos. Esse é o desafio do século XXI, não apenas para Timor-Leste mas para muitos países. O grande desafio do século XXI é construir países plurinacionais ou pluriétnicos.
- O país tem um problema mas tal como a Itália ou Portugal tem em relação ao norte e o sul. É um problema que devia merecer uma intervenção política mas também cultural, sendo fundamental criar uma tradição e isso tem que ser feito pelos timorenses. Todos os países que se tornam um Estado-Nação inventam as suas tradições. Os portugueses, inventaram que são descendentes de Lusitanos o que não é totalmente verdade, pois são descendentes de uma série de migrações imensas, como os timorenses, os indonésios e os australianos. Mas estes países já inventaram uma tradição no sentido de construir uma identidade. Essa tradição tem que ser construída pelos timorenses. Inventada e sustentada pelas narrativas, pela sua história como outros já o fizeram. Os regionalismos ou a diversidade étnica são identidades que devem ser assumidas dentro de um Estado-nação que não é mais homogéneo. Hoje os Estados-Nação não correspondem mais a um único território, uma língua, um povo.

Assim, face ao que antecede e tendo em conta as actuais circunstâncias na actual fase de crescimento da Nação, as F-FDTL são a única instituição que poderá assegurar e fortalecer a identidade nacional, fazendo uso da tradição e do seu crédito histórico garantindo a unidade nacional e, consequentemente, a soberania num país plurinacional e pluriétnico, que é o típico país do século XXI.

É necessário e de carácter urgente promover uma ampla divulgação, pelos diversos sectores da sociedade timorense, das grandes linhas de acção da estratégia de Segurança e Defesa Nacional e opções estratégicas para o desenvolvimento das Forças Armadas, que estarão estabelecidas no Plano “Força 2020”. Num Estado democrático a opinião pública deverá ter crescente influência na gestão e defesa dos interesses nacionais, o que só será possível se estiver devidamente informada, minimizando e desmistificando as campanhas de contra-informação ou desinformação, que estão a ser articuladas pelo governo australiano.

A verdadeira paz só será ganha se a elite politica garantir, primeiro, bom entendimento e genuína cooperação institucional em que os interesses nacionais estejam acima dos pessoais ou outros. A segurança é fundamental para o desenvolvimento e, sem este, não poderá existir estabilidade e segurança. Resta saber se estão todos dispostos ou os actores externos vão deixar os timorenses caminhar na mesma direcção, ultrapassando as divergências, com respeito e dignidade, sem hipotecar a soberania nacional.

Finalmente, importa ter presente, que no processo de consolidação e desenvolvimento das F-FDTL será decisivo e determinante ter em conta os erros cometidos no passado para poder enquadrar o presente e assim melhor perspectivar o futuro. Só assim, será possível implementar, com sucesso, as Opções que vierem a ser tomadas no âmbito da Estratégia de Segurança e Defesa Nacional.


REFERÊNCIAS PÚBLICAS DO EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (Xanana Gusmão)

Discurso proferido na Conferência de Doadores em Dili (21NOV01)
“……. O desenvolvimento de uma Força de Defesa é parte integrante do processo para a independência. Também nesta delicada área, o empenhamento dos timorenses é determinante….”
“…a Força de Defesa de Timor-Leste deverá reflectir os valores e princípios de defesa de um Estado democrático de Direito. Esta transição indispensável exige dois elementos: a participação, envolvimento e responsabilização dos timorenses – a timorização e a capacitação, a todos os níveis, dos novos membros da Força…”
“…. o tipo de dispositivo de defesa…já foram feitas opções sobre as alternativas apresentadas. Desejo, no entanto, pedir a atenção para o facto de serem tomadas em consideração as características físicas e geográficas do nosso país e a necessidade de assegurar meios que permitam a monitorização marítima e aérea do nosso espaço….”
“…Timor-Leste está empenhado em desenvolver, nos vários patamares de acção nacional e internacional, um papel construtivo para a paz e a segurança na região e no mundo. Este será o “pano de fundo” do enquadramento da nossa Força de Defesa, isto é, consideramos crucial e pugnaremos por uma coordenação e sintonia entre a Estratégia de Defesa Nacional e a Estratégia Diplomática. Trata-se de uma necessidade básica: ganhar a paz e a estabilidade para assegurar um desenvolvimento sustentável e duradoiro que garanta ao nosso Povo o merecido bem-estar….”

No âmbito do longo discurso proferido no Parlamento em 2004
“… as F-FDTL, vivem uma situação crítica incompatível com o papel central que a Constituição lhes confiou de assegurar a independência da República, a integridade territorial, a liberdade e a segurança dos cidadãos….”
“…A fragilidade presente das F-FDTL em matéria de organização, equipamento, financiamento e qualificação dos recursos humanos, com as inerentes limitações operacionais afecta seriamente a respeitabilidade e a dignidade do Estado de Timor-Leste”.
Relativamente aos Peticionários apoiados por XG (estiveram na origem da crise politico-militar)
"Quem acredita em mim volta aos quartéis. Quem não acredita, não volta. Mas os que não voltarem sujeitam-se à lei", afirmou o chefe de Estado a 8 de Fevereiro de 2006.

REFERÊNCIAS DA REVISTA INTERNACIONAL ESPECIALIZADA EM ASSUNTOS DEFESA
A revista internacional especializada em assuntos de defesa “Jane’s Intelligence” (OUT01), criticou o fraco apoio concedido internacionalmente à capacidade naval das Forças Armadas de Timor-Leste (F-FDTL). Ainda de acordo com aquela revista, excluindo Portugal, referindo ter sido o único país interessado em apoiar a Componente Naval, acusa os restantes países doadores de desvalorizarem a sua capacidade naval, como facilmente se pode verificar pelo seguinte extracto:
”… Se Timor-Leste quer manter o controlo do enclave, rodeado por três lados por Timor Ocidental, as Nações Unidas têm que alcançar bons resultados na negociação sobre a fronteira terrestre e melhorar o único acesso directo por mar…
“…A única defesa credível de Oecussi depende de uma efectiva capacidade naval e os dirigentes timorenses envolvidos em questões de Defesa estão desanimados com o facto de as suas expectativas de uma modesta força naval, constituída essencialmente por patrulhas costeiros, não constarem dos planos de Defesa desenhados pelos assessores militares da ONU…”


REFERÊNCIAS PÚBLICAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (Dr. Ramos Horta)
Também em declarações à revista “Janes Intelligence”, o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros (Dr Ramos Horta), manifestou o seu desagrado com a postura dos países doadores, tendo referido o seguinte:
“…. Enquanto Estado-Ilha temos uma obrigação na região para interceptar o tráfico humano, de droga e a pirataria. Se os mares estiverem totalmente abertos, então nós seremos um paraíso para a pirataria. É por isso, que acho surpreendente que alguns países, nossos vizinhos, nos neguem uma modesta frota de patrulha”.
Nestes dois extractos anteriores está bem presente a importância do Mar no âmbito da estratégia de Segurança e Defesa de Timor-Leste e consequentemente da necessidade e premência de o país ter a sua própria Estratégia Naval, devidamente integrada na Estratégia de Defesa Militar, através de uma adequada e credível capacidade naval das F-FDTL.

ARTIGOS DA IMPRENSA AUSTRALIANA
Para terminar será de inteira justiça referir que, apesar da campanha em curso ainda aparecem excelentes artigos na imprensa australiana (ex: James Dunn), que fazem a síntese da crítica à atitude do governo australiano relativamente à Estratégia de Segurança e Defesa de Timor-Leste. Em vez de criticar e desacreditar o Estudo Força 2020, deviam ter atitude positiva e de cooperação efectiva, pois o desenvolvimento das F-FDTL levará tempo, mas é possível.
Já agora convém ter presente que o Presidente da República (Ramos Horta) ainda recentemente afirmou na sua visita à Indonésia, que é o maior fã no mundo dos Kennedy, (a ligação intima e enigmática aos EUA e Austrália é indisfarçável), dizendo que muitas vezes faz o plagio de um discurso de Ted Kennedy na Convenção Democrática em 1980: "O sonho nunca morrerá." Quando temos ideias, convicções e sonhos, não desistam deles. Trabalhem-nos e eles podem realizar-se. Este é o paradigma da linha de acção que tem de ser seguido em Timor-Leste Esperemos que mantenha esta atitude em relação ao desenvolvimento das Forças Armadas, que é apenas uma componente (Defesa Militar) da Estratégia de Segurança e Defesa Nacional, que tem de ter uma acção interministerial (intersectorial) e, por isso, deve ser encarada numa perspectiva integrada e global no âmbito dos objectivos do Estado.
Alfredo Ximenes

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "«Peticionários esqueceram-se que eram militares»":

Pelo contrário. O relatório é muito esclarecedor e faz cair por terra várias teses que têm sido repetidas até à exaustão por certos jornalistas, políticos e frequentadores de blogs. Talvez por isso tenha estado retido desde 31 de Janeiro e só tenha sido divulgado depois das eleições, não fosse alguém mudar o seu voto...

"O relatório, com data de 31 de Janeiro, tem, em epígrafe, uma citação do ex-Presidente Xanana Gusmão: "Quem acredita em mim volta aos quartéis. Quem não acredita, não volta. Mas os que não voltarem sujeitam-se à lei"

Pelo número de peticionários que voltaram para os quartéis se vê a (falta de) credibilidade de Xanana, por um lado, e a sua hipocrisia por outro, pois na altura em que proferiu esta frase (8 de Fevereiro de 2006) ainda dizia que quem não obedecesse devia sujeitar-se à Lei.

""Este sentimento de serem vítimas de discriminação, de serem perseguidos, como se fosse uma fatalidade da sua condição de jovens timorenses, de se sentirem alvos possíveis de eliminação física, não tem porém um substrato real"

Este parágrafo é muito importante, pois durante meses fomos bombardeados pela imprensa que falava de "discriminação" de "lorosa'e" contra "loromonu", etc., etc. Alguns até foram ao ponto de afirmar que essa "divisão" já vinha do tempo português. Assim se vê a objectividade e credibilidade de certa imprensa.

"A petição foi redigida por indivíduos com um grau de capacidade intelectual diferente do nível intelectual encontrado nos peticionários [...] os próprios subscritores não conseguiram formular uma resposta credível [sobre quem seriam os autores da petição]. Muitos peticionários mostraram solidariedade mas mostraram desconhecer os problemas expostos nos documentos"

Portanto, os "peticionários" não redigiram petição nenhuma nem faziam a mínima ideia do que estava lá escrito, tendo recebido "ajuda" muito secreta de fora (quem será?). Tão secreta, que nem os próprios peticionários sabem quem foi. Aposto que há um ou dois que sabem, mas não querem (ou não podem) dizer...

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Relatório explica a crise política e militar de 20...":

Falta acrescentar que Reinado também se "esqueceu" de que assassinar alguém é crime. Coitado.

Xanana "esqueceu-se" de que o Presidente da República não tem poderes para demitir o 1ºMinistro.

Ramos Horta "esqueceu-se" de cumprir as suas promessas eleitorais, nomeadamente acabar com os refugiados.

O actual Presidente também se "esqueceu" de quais são as línguas oficiais de Timor-Leste, segundo a Constituição, e de que não só não tem poderes para alterá-la, como é obrigado a cumpri-la.

Ele e Xanana já se "esqueceram" das atrocidades que a Indonésia cometeu em Timor, tendo passado uma esponja sobre todo o sangue derramado.

E assim, saltando alegremente de "esquecimento" em "esquecimento", vai o país das maravilhas..

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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