domingo, fevereiro 25, 2007

«Não sou candidato de oposição à Fretilin»

Diário Digital / Lusa 24-02-2007 17:42:00

O primeiro-ministro timorense José Ramos Horta afirmou hoje à agência Lusa que a sua candidatura às eleições presidenciais não é contra a Fretilin.


«Não sou candidato de oposição à Fretilin», afirmou o primeiro-ministro à Lusa na sua primeira entrevista enquanto candidato à presidência.

Ramos Horta lança oficialmente domingo a sua candidatura em Laga, uma aldeia dos arredores de Baucau onde cresceu e viveu entre os 11 e os 17 anos de idade.

Outra das razões porque decidiu apresentar a sua candidatura em Laga prende-se com o facto de ser uma das regiões mais pobres do país.

«É uma candidatura de milhares de timorenses que vêm de muitos partidos, incluindo da Fretilin. Não faço oposição a Fretilin, nunca o fiz e nunca o irei fazer», adiantou.

«Estas eleições deste ano são mais personalizadas porque a comunidade internacional assim como o povo timorense estão muito mais elucidados sobre quem é quem».

O povo, segundo Ramos Horta, são pessoas sabem «que, afinal, o país avança ou recua conforme a qualidade de lideres que tem».

Ramos Horta disse que em 2001 nas eleições para a constituinte, ganhas pela Fretilin, «os timorenses votaram em partidos, em bandeiras e não em caras». Agora, concluiu, «já estão atentos e vão escrutinar um por um os nomes das listas de cada partido».

José Ramos Horta considera-se um candidato livre e independente nas eleições presidenciais. «Felizmente não devo grandes favores a nenhum partido politico. Não estou comprometido com ninguém, apenas com este povo».

Em entrevista à Lusa, o primeiro-ministro timorense disse ainda que decidiu candidatar-se quando regressou de Nova Iorque há uma semana.

«Quando cheguei a Dili fui informado que uma comissão informal já tinha recolhido alguns milhares de assinaturas, sem a minha luz verde».

José Ramos Horta referiu a titulo de exemplo que «só em Baucau num dia recolheram mil assinaturas quando bastavam 100».

O primeiro-ministro sublinha que é um candidato reticente às eleições de 9 de Abril e «não é por recear a campanha e o possível desfecho negativo, pelo contrário».

Diz Ramos Horta: «Devo ser o único líder do mundo em campanha eleitoral desejando vir a ser rejeitado».

José Ramos Horta explica que, no caso de não ser eleito, ficará «de consciência tranquila» uma vez que a sua candidatura «é em primeiro lugar uma questão de consciência». E afirma: «Se eu não me candidatasse seria severamente criticado por muitos timorenses e amigos internacionais na indonésia, na comissão europeia, em Washington, no conselho de segurança e na Austrália».

Frisando que tem vários apoios internacionais José Ramos Horta considera que os dois governos constitucionais de Timor-Leste «beneficiaram de apoios através dos seus contactos pessoais».
Em relação as condições de segurança para a campanha eleitoral, Ramos Horta confirmou à Lusa que a existência de um acordo entre o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, e o major Alfredo Reinado.

«Não sou candidato de oposição à Fretilin»

Diário Digital / Lusa 24-02-2007 17:42:00

O primeiro-ministro timorense José Ramos Horta afirmou hoje à agência Lusa que a sua candidatura às eleições presidenciais não é contra a Fretilin.


«Não sou candidato de oposição à Fretilin», afirmou o primeiro-ministro à Lusa na sua primeira entrevista enquanto candidato à presidência.

Ramos Horta lança oficialmente domingo a sua candidatura em Laga, uma aldeia dos arredores de Baucau onde cresceu e viveu entre os 11 e os 17 anos de idade.

Outra das razões porque decidiu apresentar a sua candidatura em Laga prende-se com o facto de ser uma das regiões mais pobres do país.

«É uma candidatura de milhares de timorenses que vêm de muitos partidos, incluindo da Fretilin. Não faço oposição a Fretilin, nunca o fiz e nunca o irei fazer», adiantou.

«Estas eleições deste ano são mais personalizadas porque a comunidade internacional assim como o povo timorense estão muito mais elucidados sobre quem é quem».

O povo, segundo Ramos Horta, são pessoas sabem «que, afinal, o país avança ou recua conforme a qualidade de lideres que tem».

Ramos Horta disse que em 2001 nas eleições para a constituinte, ganhas pela Fretilin, «os timorenses votaram em partidos, em bandeiras e não em caras». Agora, concluiu, «já estão atentos e vão escrutinar um por um os nomes das listas de cada partido».

José Ramos Horta considera-se um candidato livre e independente nas eleições presidenciais. «Felizmente não devo grandes favores a nenhum partido politico. Não estou comprometido com ninguém, apenas com este povo».

Em entrevista à Lusa, o primeiro-ministro timorense disse ainda que decidiu candidatar-se quando regressou de Nova Iorque há uma semana.

«Quando cheguei a Dili fui informado que uma comissão informal já tinha recolhido alguns milhares de assinaturas, sem a minha luz verde».

José Ramos Horta referiu a titulo de exemplo que «só em Baucau num dia recolheram mil assinaturas quando bastavam 100».

O primeiro-ministro sublinha que é um candidato reticente às eleições de 9 de Abril e «não é por recear a campanha e o possível desfecho negativo, pelo contrário».

Diz Ramos Horta: «Devo ser o único líder do mundo em campanha eleitoral desejando vir a ser rejeitado».

José Ramos Horta explica que, no caso de não ser eleito, ficará «de consciência tranquila» uma vez que a sua candidatura «é em primeiro lugar uma questão de consciência». E afirma: «Se eu não me candidatasse seria severamente criticado por muitos timorenses e amigos internacionais na indonésia, na comissão europeia, em Washington, no conselho de segurança e na Austrália».

Frisando que tem vários apoios internacionais José Ramos Horta considera que os dois governos constitucionais de Timor-Leste «beneficiaram de apoios através dos seus contactos pessoais».
Em relação as condições de segurança para a campanha eleitoral, Ramos Horta confirmou à Lusa que a existência de um acordo entre o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, e o major Alfredo Reinado.

A SORTE SORRI AOS AUDAZES?

http://bloguitica.blogspot.com/
Paulo Gorjão

24.2.07

[328] -- «As declarações de Ramos-Horta, ontem em Singapura, dizendo que conta com o apoio de Xanana parecem confirmar a ideia, que circula há algum tempo, de que o ainda Presidente se prepara para enfrentar os seus hoje arqui-inimigos da FRETILIN em dois tabuleiros -- o presidencial, através de Horta; e o parlamentar, através de um novo partido, que daria pelo curioso nome de CNRT e que ele próprio encabeçaria.
A escassas semanas do arranque eleitoral, estas notícias afiguraram-se positivas.

«Perigosa luta de galos», Adelino Gomes (PÚBLICO, 23.2.2007: 20).

Começo com duas notas laterais. A primeira para salientar que Ramos-Horta também fez questão de salientar que conta com o apoio importantíssimo dos dois bispos timorenses e, logo, da poderosa Igreja Católica timorense. A segunda para realçar, caso se confirme, a jogada de mestre de Xanana Gusmão que seria ir repescar a sigla CNRT, carregada de simbolismo político e histórico.

Sobre o essencial, ao contrário de Adelino Gomes, se o percebi correctamente, tenho sérias dúvidas de que a potencial entrada em cena de Xanana Gusmão no tabuleiro parlamentar seja uma boa notícia. É verdade que nada se faz sem audácia. Se Xanana Gusmão não se empenhar no combate parlamentar, em circunstâncias normais, a vitória da FRETILIN é garantida. Independentemente de quem seja o vencedor da contenda -- Xanana Gusmão ou a FRETILIN -- o que me preocupa é o day after. Numa disputa entre Xanana Gusmão e a FRETILIN é impossível não haver um derrotado claro e inequívoco. (Um derrotado político com peso sociológico, note-se.) Tendo em conta, como nota e bem Adelino Gomes, que estamos a falar de arqui-inimigos, os riscos de descontrolo político e militar parecem-me evidentes. Tenho sérias dúvidas que a FRETILIN -- ou que sectores da FRETILIN, pelo menos -- aceite pacificamente uma derrota contra Xanana Gusmão. E tenho sérias dúvidas, igualmente, que Xanana Gusmão consiga controlar todos os seus apoiantes em caso de derrota.

Sejamos claros. Pessoalmente tenho tendência para ver um copo meio-vazio onde outros tenderão a ver um copo meio-cheio. Dito isto, vejo com muito receio uma disputa parlamentar/legislativa entre Xanana Gusmão e a FRETILIN. Pior. Admito que nesta fase possa ser alarmista, mas como hipótese de trabalho numa contenda Xanana Gusmão/FRETILIN não afastaria do horizonte político um eventual cenário de golpe de Estado ou de guerra civil.

Espero -- espero mesmo -- estar profundamente enganado.

Versões desencontradas sobre tiroteio

Público, 24.02.2007
Um morto e dois feridos graves no aeroporto de Díli

Soldados australianos das forças de estabilização internacional (ISF) mataram um civil timorense e feriram gravemente dois, no campo de deslocados do aeroporto de Díli, onde vivem cerca de oito mil pessoas em condições precárias. O incidente ocorreu durante a manhã de ontem (início da madrugada em Portugal) quando um soldado "respondeu disparando" a um ataque "com lanças metálicas, que são potencialmente armas letais", disse o departamento australiano da defesa. Deslocados ouvidos no local pela agência lusa contestam esta versão e acusam a tropa australiana de ter disparado, "fazendo pontaria de joelhos no chão", contra elementos civis que se haviam limitado a responder com pedras a perseguições e agressões dos soldados, que forçaram a entrada no campo com dois veículos. O governo de Camberra, que mantém 800 soldados em Díli, tem vindo a avisar os australianos de que constitui um risco viajarem para Timor-Leste. o incidente mortal ocorreu poucas horas depois de o actual primeiro-ministro, José Ramos-Horta, ter anunciado, numa entrevista à cadeia árabe Al-Jazira, que decidiu candidatar-se às eleições presidenciais, marcadas para o próximo dia 9 de Abril.

Ramos-Horta lança candidatura à presidência

O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, lançou hoje a sua candidatura presidencial em Laga, 150 quilómetros a leste de Díli, num comício com a presença de Cornélio Gama, o comandante «L7».
O veterano comandante «L7» e os militantes do seu partido, o UNDERTIM (Unidade Nacional Democrática da Resistência Timorense), receberam a comitiva de José Ramos- Horta na aldeia de Laga, entre bandeiras e cartazes alusivos à resistência contra a ocupação indonésia (1975-1999).


«Hoje, aqui, nesta terra de Laga, digo a todo o povo de Timor-Leste a minha candidatura a Presidente da República», anunciou o primeiro-ministro perante algumas centenas de pessoas.

A candidatura de José Ramos-Horta às eleições presidenciais de 09 de Abril foi revelada na quinta-feira, numa entrevista ao canal internacional da cadeia árabe Al Jazeera.

Falando de improviso no seu primeiro discurso como candidato à Presidência, José Ramos-Horta sublinhou em Laga que o seu programa privilegia a luta contra a pobreza.

Foi essa uma das razões para que a campanha fosse anunciada nesta aldeia, numa das regiões mais pobres do país, segundo explicou o primeiro-ministro à Lusa numa entrevista concedida sábado à noite em Baucau.

José Ramos-Horta viveu em Laga entre os 11 e os 17 anos.

«Justiça não é apenas a que se processa através dos tribunais», referiu o primeiro-ministro depois da intervenção de «L7» e de um momento de oração.

«Justiça é também e sobretudo o combate às enormes diferenças sociais», acrescentou José Ramos-Horta.

O anúncio da candidatura do primeiro-ministro ocorre cinco dias depois de a Fretilin, o partido maioritário, ter anunciado a candidatura do presidente do Parlamento, Francisco Guterres «Lu-Olo».

São também candidatos às presidenciais de 09 de Abril o deputado Manuel Tilman, pelo partido Kota, a jurista Lúcia Lobato, pelo PSD, Francisco Xavier do Amaral, da ASDT, e Avelino Coelho, do PST.

«Há muitos candidatos. Cada candidato é bom», explicou José Ramos-Horta no comício de Laga.

«O povo saberá escolher», acrescentou.

Diário Digital / Lusa

Dos leitores

Comentário sobre a sua postagem "Dos leitores":

This is an outstanding comment and its most important part is:

"But what Mr Downer meant to say was: "This boy is a white digger. The other fellow was a half baked savage. He probably desreved it. " As if to say, the right to bear arms and defend yourself, is exclusively that of the powerful and developed. Not the weak and under developed."

Who asked the australian troops to respond to a disturbance? What kind of disturbance? Isn't that a Police business instead?

"To fire on someone in self-defence is within the rules of engagement," Mr Downer said.

YES, to fire on someone.
NOT to kill someone.

There's a big difference in between and a soldier should know it.

"The incident is being investigated"? Yes, just like previous incidents: the australian flag raised on a public building; some police officers swearing at female drivers or paying some kids to damage somebody else's cars; troops forcing two police senior officers to undress on the street; armoured cars in the sea, damaging the coral reef; Gen. Taur Matan Ruak being detained by ADF troops...

It looks like the australian troops have decided to create an incident to justify the warnings issued by australian authorities in the last couple of days.

The ADF can only shoot against innocent people, not against gangsters like Reinado!

Mr. Howard, your hands are tainted with blood!

Prime minister Ramos Horta: please show the people who's in charge. Otherwise, you're no good to become the President of Timor-Leste!

President Xanana: how come you've written 4 long articles for a newspaper about Fretilin and its "foti liman" issue, whilst not a single word of regret or sorrow is getting out of your mouth, regarding the deceased Jacinto Soares and his poor pregnant widow?

Timorese Government and UN move to alleviate rice shortages

UNMIT

23 February, 2007; Dili—Following a shortage of rice and price increases in the commodity, the Timorese Government with the assistance of the United Nations will organize a large-scale delivery of the nation’s major food staple in Dili today.

“In order to alleviate this situation, the Government has requested the World Food Program to provide 300 metric tones of rice and WFP has responded positively to this request,” said the UN’s head of humanitarian assistance Finn Reske-Nielsen.

Efforts to release the consignment of rice to the markets begin today with deliveries to four locations in Dili’s sub districts. The deliveries will account for 30 tones for each population of 8,000 people. Deliveries will be repeated tomorrow. By Monday, it is expected that 30 shops organized by the Chefs de Sucos will receive two to two and half tones of rice to be resold at the normal price of US$2 per five kilo bag.

Mr Reske-Nielsen said that the shortage which started a few weeks ago in the western district of Oecussi had since spread to the rest of the nation becoming a grave concern.

“As the supply of rice continues to decline, the prices have been going up on an average rising from about 35 cents per kilo to, in some cases, more than one dollar per kilo,” he said.

“Our UN colleagues in the World Food Program have analyzed the situation and they have concluded that the main reason for the rice shortage in fact is not limited to Timor-Leste,” Reske-Nielsen said. “We have a similar situation in Indonesia as well and the main reason for the shortage is there is generally a shortage of rice in the sub region and it has in part to do with the late harvest in Vietnam.”

Mr Reske-Nielsen said, in the past two weeks, he had visited the nation’s 13 Districts. “It is clear that the late and much smaller rainfall has affected large parts of the country, he said.”

He said the government has requested the Food and Agriculture Organization (FAO) and the WFP to jointly undertake a crop assessment which is expected to begin in early March.

Mr Reske-Nielsen said the Government is taking an additional measure of trying to expedite further rice shipments from abroad to bring the problem under control.

Statement from UNMIT on incident at the Airport IDP Camp

23rd February, 2007 - UNPol is investigating this morning’s incident in which a Timorese national was fatally injured, and two others were injured, at an internally displaced persons’ camp near the Dili airport.

UNPol advises the area is secure after officers from the Malaysian, Pakistani and Portuguese Formed Police Units were immediately deployed to the area.

According to a public statement released this morning by the International Security Forces, the ISF responded to a disturbance at the Airport IDP camp and during that incident an ISF soldier was attacked and defended himself by shooting the attacker, resulting in the death of one Timorese national.

The ISF also stated it will fully cooperate with the UNPol authorities in investigating the incident. It will also conduct and internal investigation.

The Special Representative of the Secretary General Atul Khare has moved to reassure the people of Dili that the security situation at the IDP camp is under control. He thanked the people of Timor Leste for having maintained peace in Dili over the past 36 hours.

SRSG Khare urged people to remain calm and to cooperate with UNPol and PNTL officers and ISF soldiers who are working to provide security across Dili.

"Não houve fogo indiscriminado", diz ISF

Díli, 23 Fev (Lusa) - O comandante das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) em Timor-Leste afirmou hoje que "não houve fogo indiscriminado" no campo de deslocados do aeroporto de Díli, versão contestada pelos refugiados ali instalados.
Hoje, pouco antes das 09:00 locais (zero horas em Lisboa), "as ISF responderam a distúrbios" junto ao aeroporto e abriram fogo sobre civis timorenses, provocando um morto e dois feridos graves.


"Apenas dois soldados dispararam" durante a operação, declarou o brigadeiro Mal Rerden, das Forças de Defesa Australianas e comandante dos efectivos australianos e neozelandeses que integram as ISF. "Isso prova que os nossos soldados mostraram grande contenção", insistiu o comandante das ISF numa conferência de imprensa realizada após uma reunião sobre segurança com o primeiro-ministro, José Ramos-Horta, e oito horas depois do tiroteio no campo de deslocados.

Os deslocados do campo do aeroporto contam uma versão bastante diferente dos acontecimentos e acusam as ISF de terem iniciado os confrontos.

Diferentes residentes do campo repetiram ameaças aos australianos em Timor-Leste.

O civil morto pelas ISF era Jacinto Soares, um estudante da Universidade de Timor-Leste, oriundo de suco Laruca, subdistrito de Ossú, distrito de Viqueque, disseram à Lusa coordenadores do campo de deslocados e familiares da vítima.

Jacinto era casado. A viúva, a residir numa aldeia de Ossú "porque está grávida", foi informada durante a manhã de hoje da morte do marido, através de um telefonema feito por um dos irmãos de Jacinto, "soldado das F-FDTL", as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, de acordo com os testemunhos recolhidos pela Lusa.

"Os australianos arrastaram o corpo do Jacinto para fora do campo", contou um ex-coordenador do campo, José Gusmão, porta-voz dos cerca de 8 000 deslocados que vivem em três instalações na periferia do aeroporto internacional de Díli.

O brigadeiro Rerden, na versão oficial repetida pela missão das Nações Unidas (UNMIT), declarou que os seus soldados intervieram para sanar um distúrbio à ordem pública e foram atacados com lanças metálicas.

"Lanças e catanas são potencialmente armas letais", sublinhou o brigadeiro, "e já vimos muitos timorenses serem mortos com estas armas". "As ISF responderam a um incidente em que pessoas estavam a apedrejar carros na estrada" do aeroporto, acrescentou o brigadeiro, que falou com tradução simultânea em tétum feita por um soldado australiano. "Os soldados das ISF operam segundo regras muito rigorosas", sublinhou Mal Rerden, explicando que "essas regras permitem aos soldados das ISF defenderem-se a eles e a outras pessoas que estiverem sob sua protecção".

Dentro do campo, depois do incidente, vários deslocados contaram à Lusa que o apedrejamento começou em resposta à perseguição e agressão, dentro dos portões do campo, de um jovem que "estava à espera de transporte" na rotunda do aeroporto, onde se situa uma das entradas do centro de refugiados.

"Houve quatro soldados australianos que o chamaram", segundo um deslocado ouvido pela Lusa. "Ele começou a correr para dentro do campo e os soldados vieram atrás dele, apanharam-no, deitaram-no ao chão e deram-lhe coronhadas". "Foi por causa disto que as pessoas do campo começaram a atirar pedras aos australianos", contou a mesma testemunha.

A situação, ainda segundo o mesmo relato, piorou rapidamente "com lançamento de gás lacrimogéneo e, depois, de vários tiros". "Os ISF dispararam contra os civis fazendo pontaria de joelho no chão", disseram vários deslocados.

Segundo estas fontes, dois veículos blindados de transporte de tropas forçaram o portão sul e entraram no campo, tendo o corpo de Jacinto Soares sido inicialmente colocado num destes blindados das ISF.

Juntamente com o cadáver foi levada uma outra vítima, com "o peito furado por uma bala", em estado tão crítico que José Gusmão pensou que "havia dois mortos".

O ferido mais grave foi levado para o hospital central e sujeito a uma intervenção cirúrgica de emergência.

A calma regressou ao campo depois de a situação ter sido controlada pela UNPol e pelas unidades policiais autónomas, incluindo soldados do subagrupamento Bravo da Guarda Nacional Republicana portuguesa.

O aeroporto internacional, que foi fechado ao início da manhã pelas ISF e para onde fugiram muitas mulheres e crianças, foi reaberto ao tráfego normal - os dois únicos voos comerciais diários.

Junto ao arame farpado, no local onde caiu Jacinto Soares, os deslocados acenderam velas e montaram uma tenda "para a chuva não levar o sangue".

"O Jacinto não fez nada. Estava a cavar uma vala para desviar a água da chuva quando os australianos atacaram", acusam os coordenadores do campo. "As ISF continuarão a responder a situações ilegais como o apedrejamento de carros", afirmou o brigadeiro Rerden no encontro com a imprensa. "Os dois soldados que dispararam, depois de terem sido questionados, vão voltar aos seus deveres normais", informou ainda o comandante das ISF.

PRM Lusa/Fim

Portugal disponível para aumentar contingente GNR - MAI

Ministro da Administração Interna, António Costa, sobre reforço do contingente português em Timor-Leste.

Lisboa, 23 Fev (LusaTV) - Portugal está disponível para reforçar o contingente da Guarda Nacional Republicana (GNR) estacionado em Timor-Leste, dependendo a decisão da integração das forças portuguesas na missão das Nações Unidas, disse hoje o ministro da Administração Interna.

à margem de uma visita às instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), António Costa explicou que Portugal tem disponibilidade para aumentar o contingente "com um a dois pelotões", mas sublinhou que é necessário que as Nações Unidas regulem "um conjunto de questões".

"É necessário que as Nações Unidas finalmente assinem com Portugal o acordo para a integração das nossas forças na missão das Nações Unidas que tem estado a acontecer sem que esse acordo esteja assinado e, por outro lado, é necessário que as condições materiais que nós estabelecemos como necessárias possam também ser garantidas para que essa missão se possa concretizar", adiantou António Costa aos jornalistas.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu, quinta-feira, prorrogar por mais um ano o mandato da Missão Integrada em Timor-Leste (UNMIT) e reforçar em 140 efectivos o contingente policial estacionado naquele país.

A extensão do mandato e o reforço dos efectivos policiais foi justificada com a realização de eleições presidenciais, marcadas para o próximo dia 09 de Abril e ainda pela situação de segurança, considerada como "frágil e volátil".

Perante esta decisão, o ministro da Administração Interna afirmou que há disponibilidade, mas que aguarda que as Nações Unidas cumpram a sua parte, sublinhando, inclusivamente, que o sucesso da missão não está dependente da participação de reforço português.

SV/EL-LusaTV/Fim

***

Portugal disponível para reforçar missão com um ou dois pelotões-MAI

Lisboa, 23 Fev (Lusa) - Portugal está disponível para reforçar com um ou dois pelotões o actual contingente em missão em Timor-Leste, desde que as Nações Unidas resolvam as "questões técnicas e de fundo" que faltam, anunciou hoje o ministro da Administração Interna.
António Costa falava aos jornalistas à margem de uma visita às instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), para ver as novas funcionalidade do sistema de atendimento.

Questionado pelos jornalistas sobre o futuro da GNR em Timor, o ministro afirmou que Portugal já se disponibilizou para "a possibilidade de reforçar de um a dois pelotões a companhia em missão em Timor-Leste".

Contudo, António Costa salientou ser necessário regular uma série de questões com as Nações Unidas, para saber se é possível concretizar esta medida.

"Primeiro, é necessário que as Nações Unidas assinem com Portugal o acordo de integração das nossas forças na missão das Nações Unidas, que tem estado a decorrer sem acordo. Depois é preciso que as condições materiais necessárias possam ser garantidas para que a missão se concretize", afirmou, acrescentando: "aguardamos que as Nações Unidas cumpram a sua parte".

O ministro da Administração Interna afirmou que o actual contingente que está em missão em Timor vai cumpri-la até Junho, mas sublinhou que para reforçar o contingente, é fundamental que "as Nações Unidas também completem todos os arranjos administrativos que pressupõem".

A missão de Portugal em Timor implica "aumento de pessoal, reforço de equipamento e maior despesa", sustentou.

Segundo o responsável, sem o acordo das Nações Unidas, tem sido Portugal e o Estado de Timor-Leste a pagar a factura.

"É necessário que as Nações Unidas concretizem rapidamente a sua parte do acordo", porque "Portugal e Timor têm cumprido", afirmou. "Uma coisa é estarmos disponíveis, outra é haver acordo para o envio dessas forças", concluiu o ministro.

AL-Lusa/Fim

Perigosa luta de galos

Público, 23/02/07
Comentário por: Adelino Gomes

Muitos esperavam o regresso de um clima de paz e segurança a Dili, depois da demissão de Mari Alkatiri. Estas previsões revelaram-se optimistas. Sete meses depois da tomada de posse do seu sucessor, José Ramos-Horta, actos de violência continuam a agitar a capital timorense.

Mais do que indignação, os comentários de Atul Khare, chefe da UNMIT, ontem em Dili, dão a medida da frustração que invade neste momento boa parte dos que olharam com esperança e orgulho para as realizações do povo timorense.

Atul Khare recordou, com justeza, que “em países que vivem situações de pós-conflito, as causas dos problemas são sempre complexas. Não há uma causa apenas”. Além da violência, obviamente manipulada, dos grupos de artes marciais, ele admite que a escassez de arroz das últimas semanas desempenhe também um “papel importante” em mais este pico de tensão.

Mas ontem, o representante do secretário-geral da ONU falou ainda em “moralidade, educação cívica e boa liderança política”. Parece claro que as suas palavras visam, ainda que indirectamente, a liderança timorense. E não apenas a política. Atul Khare terá querido dizer que há responsabilidades a partilhar pelos representantes eleitos (Presidência, Governo, Parlamento), bispos e padres.

As declarações de Ramos-Horta, ontem em Singapura, dizendo que conta com o apoio de Xanana parecem confirmar a ideia, que circula há algum tempo, de que o ainda Presidente se prepara para enfrentar os seus hoje arqui-inimigos da Fretilin em dois tabuleiros – o presidencial, através de Horta; e o parlamentar, através de um novo partido, que daria pelo curioso nome de CNRT e que ele próprio encabeçaria.

A escassas semanas do arranque eleitoral, estas notícias afiguram-se positivas. O pano de fundo de violência e insegurança em que elas surgem impõe, contudo, que se pergunte se os heróis do passado ainda acreditam na democracia.

É que o jogo de sombras representado em Dili parece-se, demasiadas vezes, como uma mera e perigosa luta de galos pelo poleiro. Incompatível quer com a democracia representativa que prometeram, quer com o sangue derramado por milhares e milhares de timorenses pela independência e dignidade.

Comunicados - PM

GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

Dili, 23 de Fevereiro de 2007

COMUNICADO AOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

“Um trabalho corajoso na busca de verdade e Justiça”

COMISSÃO DE NOTÁVEIS ENTREGOU
RELATÓRIO AO GOVERNO


A Comissão de Notáveis criada em Abril de 2006 para averiguar os acontecimentos relativos ao caso dos peticionários apresentou o seu relatório final ao Governo na passada 5ªfeira.

O relatório de 77 páginas foi formalmente entregue ao Primeiro-Ministro Dr. José Ramos-Horta no Palácio do Governo pela presidente da Comissão, Drª Ana Pessoa, acompanhada por uma delegação integrada pelo respectivo porta-voz Rev. Pe. António Gonçalves e os membros da comissão Francisco Miranda Branco, Pedro Mártires e Sebastião Dias Ximenes.

O Primeiro-Ministro, Dr. José Ramos-Horta, elogiou o trabalho da comissão, sublinhando o sua “corajosa busca da verdade e da justiça”. O Dr. José Ramos-Horta reservou os comentários sobre o conteúdo do relatório para um momento posterior.

“O relatório será enviado ao Parlamento Nacional, ao Presidente da República, ao Tribunal Superior, aos dois bispos de Timor-Leste, bem como ao Conselho de Ministros. Nas próximas semanas, o Governo fará algumas recomendações após se inteirar completamente das ideias e opiniões (nele) constantes”, declarou o Primeiro-Ministro.

O porta-voz da Comissão, Pe. António Gonçalves, disse que o relatório será oficialmente entregue também à Missão das Nações Unidas em Timor-Leste.

“A comissão não é um órgão judiciário”, sublinhou o porta-voz. “O seu principal trabalho foi fazer uma averiguação das queixas relativas a discriminação para com os peticionários. As nossas conclusões não culpam especialmente as F-FDTL ou os peticionários, o que quer dizer que houve erros mas também medidas certas de ambas as partes”, acrescentou o reverendo.

O porta-voz explicou que o relatório tem 77 páginas, mas contém anexas todas as respostas obtidas aos questionários da comissão bem como outra documentação recolhida nas F-FDTL e noutras origens. A documentação total apensa preenche umas 15 pastas de arquivo.

O Pe. António Gonçalves revelou que a comissão reuniu-se em plenário 10 vezes, embora inicialmente estivesse prevista a realização de reuniões semanais. A crise que se desenrolou já durante o seu mandato impediu a concretização da programação inicial.

***

GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

Díli, 23 de Fevereiro de 2007

Informação à comunicação social

Primeiro-Ministro AGRADECE disponibilidade alemã

“Nakroma” melhora comunicação
Entre diferentes partes do país

O Primeiro-Ministro Dr. José Ramos Horta recebeu simbolicamente 5ªfeira, das mãos do embaixador da República Federal da Alemanha, Paul Freiherr Von Matlzahn, o novo navio Nakroma que irá facilitar a ligação entre Díli, Oe-cusse e Ataúro.

A cerimónia decorreu no cais da Alfândega, em Díli, na presença de muitas dezenas de convidados, destacando-se entre eles o Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, senhor Atul Khare, o presidente do Parlamento Nacional Francisco Guterres “Lu’Olo”, o presidente do Tribunal de Recurso Cláudio Ximenes, vários membros do Governo e do Corpo Diplomático acreditado em Díli, além do antigo Primeiro-Ministro Dr. Mari Alkatiri.

O Dr. José Ramos-Horta recordou a resposta pronta da Ministra alemã do Desenvolvimento quando há anos, sendo então Ministro dos Negócios Estrangeiros, lhe colocou pela primeira vez a necessidade sentida em Timor-Leste de dispor de um novo navio para melhorar a comunicação entre as parcelas do território nacional e reduzir o isolamento do enclave de Oe-cusse.

“Estávamos numa reunião de trabalho, em Berlim, quando decidi pedir-lhe a ajuda alemã para esta questão. O assunto não estava sequer na agenda da reunião”, recordou o Dr. José Ramos-Horta.

“A sra. Ministra do Desenvolvimento ficou surpreendida, primeiro, e disse que veria se era possível a sua intervenção. À saída, ainda me encontrava dentro do edifício, voltaram a chamar-me à sala. Estava assente: a sra. Ministra ia incluir este projecto na ajuda ao nosso país”, lembrou.

“Cinco minutos tinham bastado para uma decisão. Agradeci então e agradeço agora, a generosidade revelada pelo governo da Alemanha no apoio ao Desenvolvimento de Timor-Leste”, disse.

“A Alemanha e Timor-Leste têm uma relação especial e estatísticas recentes mostram o aumento significativo das trocas comerciais, especialmente devido à importação alemã do nosso café. Eu desejo que esta relação continue a fortalecer-se.”, afirmou.

O Primeiro-Ministro sublinhou também o bom momento das relações entre Timor-Leste e a Indonésia, evidenciado em vários projectos, entre os quais a construção do Nakroma, por um estaleiro de Surabaya.

“Em poucas semanas, assinámos com uma empresa indonésia o contrato para construção da rede nacional de emissores de TV e rádio de Timor-Leste e, num concurso internacional, o governo português seleccionou a mesma empresa para adjudicar a parte da construção dos emissores que é financiada por Portugal”, recordou o Dr. José Ramos-Horta.

“Agora, com financiamento alemão, é uma outra empresa indonésia que nos entrega o recém construído Nakroma”, acentuou.

O embaixador Paul Freiherr Von Matlzahn afirmou o compromisso do governo de Berlim com a ajuda ao desenvolvimento do nosso país, para além da resposta directa “à necessidade da população de Oe-cusse e de Ataúro”.

“Faço votos de que este navio traga prosperidade e desenvolvimento económico ao povo timorense”, declarou.

O presidente da construtora PT.PAL Indonésia, senhor Sudaryanto, agradeceu ao governo de Timor-Leste a confiança depositada na empresa, manifestando votos de que no futuro a boa relação de cooperação possa continuar, noutras áreas.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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