H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Timor-Leste: É mais difícil ser Presidente do que ...":
Xanana finalmente reconhece a justiça de tantas críticas que lhe foram feitas e motivaram até insultos (de terceiros) a quem ousasse criticá-lo.
Ele reconheceu finalmente que errou ao tentar resolver o caso Reinado (e outros) com paninhos quentes, reconciliações ou diálogos. Viu-se o resultado: Reinado "agradeceu" a benevolência do Presidente com arrogância insolente.
Se o Estado está fraco ao ponto de o povo ter deixado de o respeitar, qual é a responsabilidade de Xanana para que as coisas tenham chegado a este ponto? É isto que falta admitir no seu acto de contrição e não apenas deixar no ar a sensação de que o vento não esteve de feição ou que foi qualquer outro fenómeno natural e imprevisível que provocou o fracasso da sua estratégia.
Espero que finalmente os defensores de soluções "administrativas" para problemas militares percebam que para cada doença há um remédio específico e que este tem que ser tomado logo no período de incubação, sob pena de se sofrer uma infecção incontrolável. A inacção, a indolência e a fé excessiva na cura espontânea e nos falsos curandeiros só agravam a situação, como veio a acontecer.
Um dos maiores erros de Xanana - que transparece da sua entrevista - foi agir na primeira pessoa, sem se dar conta que o Presidente é um dos VÁRIOS órgãos do Estado e representa a CONSTITUIÇÃO e TODO o povo. Infelizmente, Xanana sobrestimou as suas qualidades pessoais, que foram úteis em outro contexto histórico timorense, mas completamente ineficazes para resolver esta crise. Paradigma deste excesso de confiança foi o erro crasso de obrigar Alkatiri a demitir-se por algo que não fez e o consequente e precipitado grito, mais tarde engolido em seco: "Ganhámos esta guerra!"
A sua frustação é evidente, quando confrontado com a humana realidade de que ninguém tem uma varinha de condão nem poderes mágicos para resolver os problemas sozinho.
Xanana é um homem ambicioso e nunca se conformou com os poderes limitados que a Constituição lhe confere. Resta saber se a sua ânsia de mandar será temperada pelas lições que eventualmente aprenderá com os seus erros mais recentes. Aguardemos para ver se o futuro político Xanana vai ser um novo homem, mais humilde e equilibrado ou se vai persistir teimosamente em apostar no cavalo errado.
domingo, março 18, 2007
Dos leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 10:20 6 comentários
Dos leitores
H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Amotinado de Timor procurou ajuda mística para ilu...":
"Boaventura dirigiu uma revolta em Same contra os colonialistas Portugueses, mas as suas forças foram esmagadas em 1912."
Gostaria de fazer algumas correcções quanto à versão da AFP sobre a revolta de D. Boaventura:
Esta começou em 1911 (não em 1900) e terminou em 1912. Não foi uma revolta "contra os colonialistas", mas sim desencadeada pela criação ou aumento brutal de vários impostos, designadamente o imposto de capitação, de 1 pataca para 2 patacas e 20 avos. Tratou-se de uma ideia infeliz do Governador Filomeno da Câmara.
Também outros factores derivados da implantação da República contribuiram para a revolta, como a mudança da bandeira portuguesa ou alterações na orgânica administrativa, que até então funcionava em simbiose com a autoridade tradicional. Com o novo sistema, vários liurais foram afastados e substituidos por outros designados pelo Estado. Esta autêntica revolução, que caiu muito mal em alguns reinos, ia perfeitamente de encontro aos novos ideais republicanos, que não coexistiam bem com um sistema feudal e nobiliárquico dentro do território nacional.
Por último, lembro que, tal como Reinado, D. Boaventura fugiu quando estava cercado no monte Cablac, deixando para trás os seus seguidores. Resultado: cerca de 3.000 mortos.
Se Reinado pretendeu incarnar o espírito de D. Boaventura, acho que isso não foi boa ideia atendendo à maneira como ele acabou: passado um mês de fuga, entregou-se às autoridades e morreu na prisão, em circustâncias misteriosas...
Por Malai Azul 2 à(s) 08:25 0 comentários
Amotinado de Timor procurou ajuda mística para iludir os Australianos
(Tradução da Margarida)
Dili, Março 16 (AFP) – Um amotinado foragido em Timor-Leste fez um ritual místico para atrair o poder de um líder morto antes de evitar um assalto por tropas Australianas, disse um relato.
O major Alfredo Reinado e locais em Same, onde estava baseado, juntaram-se para lhe dar o poder de Dom Boaventura, um guerrilheiro legendário local, relatou esta semana o jornal Suara Timor Lorosae. Foi dito que as pessoas gritaram na cerimónia "Viva Major Alfredo. Viva Boaventura".
Isso aconteceu em Fevereiro antes das tropas Australianas terem invadido o esconderijo do amotinado em Same, que fica a 50 quilómetros (30 milhas) a sul da capital, Dili.
Os residentes da cidade acreditam que uma transferência sobrenatural de poder ajudou a cegar as tropas Australianas, permitindo a Reinado escapar e a iludir uma caça ao homem ainda em curso, disse o relato.
Em 1900 Boaventura dirigiu uma revolta em Same contra os colonialistas Portugueses, mas as suas forças foram esmagadas em 1912. Tem havido especulação que Reinado, um espinho persistente contra o governo de Timor-Leste, está a tentar sugar na lenda de Boaventura para reforçar o seu apoio na região.
Reinado tem sido criticado pelo seu papel nos distúrbios mortais em Timor-Leste no ano passado, que mataram pelo menos 37 pessoas e deslocaram 150,000, desencadeando o destacamento de tropas internacionais lideradas pelos Australianos.
Por Malai Azul 2 à(s) 08:24 1 comentários
Novo partido (é) uma enorme aposta para Gusmão
(Tradução da Margarida)
www.timortruth.com
Por: Sahe Da Silva
17 Março 2007
O anúncio de José Ramos-Horta esta semana de que vai ser lançado um novo partido pelo corrente Presidente da República, Xanana Gusmão, parece confirmar o que a maioria dos peritos têm vindo a vaticinar já há algum tempo - Gusmão entrará nas políticas parlamentares em Timor-Leste como responsável de um novo partido chamado Congresso Nacional da Reconstrução Timorense.
O novo partido será conhecido pela sua abreviatura Portuguesa, CNRT, uma tentativa deliberada para ligar o novo partido com a organização abrangente da resistência, o Conselho Nacional da Resistência Timorense, que era também conhecida com a abreviatura Portuguesa, CNRT.
A Fretilin já indicou que tomará acção legal contra o uso da abreviatura CNRT pelo novo partido político com base na Constituição e nas leis de Timor-Leste.
À luz de múltiplos vaticínios de que será lançado um novo ‘CNRT’, a recusa do Presidente em anunciar a data das eleições parlamentares parece um abuso dos seus poderes para servir as suas próprias ambições políticas pessoais.
A decisão de Gusmão de formar um novo partido será uma enorme aposta do antigo líder da resistência e corrente Presidente da República, que permanece, pelo menos como parlamentar, uma grandeza desconhecida.
O objectivo do novo partido será, no mínimo, remover a maioria parlamentar da Fretilin, o maior partido de Timor-Leste. Tem havido ainda especulação que o novo partido, caso obtenha lugares suficientes, pode tentar obter uma maioria parlamentar formando uma coligação com um ou dois dos outros partidos.
Não há qualquer dúvida de que o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense será uma força nas eleições parlamentare dado que alavancará a popularidade de Gusmão pelo país para maximizar os seus votos. O novo partido não tirará votos somente à Fretilin, mas também aos outros partidos políticos. Contudo, mesmo antes do novo partido de Gusmão ter sido formado, já se levantam questões sérias sobre ele. As questões relacionam-se com o uso da abreviatura do CNRT pelo partido, se Gusmão consegue fazer a transição para o parlamentarismo, se Gusmão terá capacidade para lidar com o escrutínio público e com as críticas que serão feitas contra ele e contra o seu partido e se o seu partido terá tempo suficiente para se preparar para as eleições.
O uso do CNRT é enganador e induz em erro
Se a abreviatura CNRT for usada pelo novo partido será um gesto oportunista para capitalizar os feitos do Conselho Nacional da Resistência Timorense que também era conhecido como CNRT. O uso desta abreviatura é enganador e induz em erro e será criticado por outros partidos políticos que argumentarão que o nome confundirá a população eleitora onde há um alto nível de analfabetismo.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, já disse que o partido tomará acção legal contra a abreviatura CNRT usada pelo novo partido político com base na Constituição e nas leis de Timor-Leste. Num comunicado de imprensa emitido pela Fretilin, Alkatiri disse que “há uma obrigação moral para todos os paridos serem transparentes e não ambíguos na sua identidade, mensagens de campanha e políticas”.
“Saudamos a decisão de Xanana Gusmão e outros de formarem um partido político e a Fretlin espera entusiasmada a próxima batalha eleitoral.
Contudo, é inaceitável que algum partido político tente capitalizar com o nome do CNRT que é uma organização com significado histórico para o povo de Timor-Leste” disse Alkatiri.
Quanto ao seu historial, o Conselho Nacional da Resistência Timorense foi a organização abrangente da independência sob a qual os partidos pró-independência e activistas individuais trabalharam juntos para alcançar a independência da Indonésia durante o referendo de 1999. Uma vez alcançada a independência o CNRT foi dissolvido pouco depois em 2001 para que os partidos políticos pudessem participar numa democracia multi-partidária.
O CNRT foi inicialmente conhecido como o Conselho Nacional da Resistência Maubere (CNRM), que foi criado pela liderança da Fretilin em 1987 como uma organização não-partidária programada para envolver todas as organizações políticas e indivíduos Timorenses na luta pela independência.
Quando o CNRM foi criado a liderança da Fretilin decidiu que Xanana Gusmão deveria sair da Fretilin para tornar-se o líder do CNRM. Foi ainda decidido que as Falintil se tornariam o braço armado de todo o movimento da independência como oposto de ser somente o braço armado da Fretilin.
Em 1998, o termo ‘Maubere’ foi deixado cair do CNRM e substituído pelo termo ‘Timorense’ para facilitar a entrada do partido UDT (União Democrática Timorense) que rejeitava em absoluto a palavra ‘Maubere’.
É Gusmão capaz de ser um deputado efectivo ou mesmo Primeiro-Ministro?
Gusmão mantém-se uma grandeza desconhecida como parlamentar. Um líder da resistência efectivo e carismático não faz automaticamente um parlamentar efectivo. Gusmão tem sido citado recentemente nos media Portugueses como tendo dito que o papel de Presidente tem sido mais difícil do que o de líder da resistência. Contudo, é concebível que a vida como parlamentar, já para nem mencionar a de Primeiro-Ministro é mais difícil do que a de Presidente.
Ao formarem um novo partido, Gusmão e a sua equipa estão-se a apresentar a si próprios como um governo alternativo capazes de desenvolver e de partejar um programa de desenvolvimento nacional. Isto é território novo para Gusmão e numa área na qual claramente lhe falta experiência.
Apoiantes do partido de Gusmão podem argumentar que o partido se rodeará com gente capaz. A questão é, quem será essa gente? Os media locais em Dili relataram que alguns dissidentes da Fretilin encabeçados por Vítor da Costa e Vicente Maubocy Ximenes se juntarão ao novo partido de Gusmão. Isto é um suicídio político para o novo partido por várias razões. A primeira é que alguns desses dissidentes como Maubocy, George Teme e da Costa falaram das suas reclamações fora da estrutura partidária da Fretilin. Isto é um sinal de imaturidade política e uma incapacidade em articular adequadamente as reclamações no interior duma estrutura colectiva. Em segundo lugar, alguns dos dissidentes têm historiais de disciplina remendados. Por exemplo, Maubocy foi suspenso da Fretilin em Julho de 2005 e a suspensão foi confirmada por outros 12 meses por um painel disciplinar interno da Fretilin em 16 de Maio de 2006.
Em terceiro lugar, José Luis Guterres e Egídio de Jesus enganaram o público depois de terem afirmado que desistiram de concorrer à liderança da Fretilin no Congresso do partido em Maio de 2006 porque a eleição foi de braço no ar. A realidade foi que Guterres e de Jesus nem sequer se candidataram à eleição da liderança porque não foram capazes de obter o apoio de 20% dos delegados no Congresso (que era o percentual mínimo exigido para concorrer à eleição conforme as regras do partido).
A presença desses dissidentes no novo partido levanta também a questão - se o novo partido de Gusmão será capaz de funcionar como uma unidade coesa.
Sendo um político Gusmão será sujeito a um intenso escrutínio público e a criticas
Se Gusmão se tornar um parlamentar os seus cargos anteriores na sociedade Timorense, tais como o de líder da resistência, presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense e Presidente da República serão abertos a completo escrutínio durante a campanha para as eleições parlamentares. Não há nenhuma dúvida que políticos de outros partidos políticos em Timor-Leste lembrarão erros antigos de Gusmão numa tentativa de o desacreditar e ao seu partido no implacável clima político de Timor-Leste.
Uma das críticas que provavelmente será feita contra Gusmão será ter forçado a resignação de Mari Alkatiri como Primeiro-Ministro com base nas alegações sem fundamento feitas por Vicente Railos no programa Four Corner na ABC, “Stoking the Fires”. Nesse programa Railos afirmou que Mari Alkatiri tinha armado esquadrões de ataque para eliminar opositores políticos da Fretiln, alegações que foram energicamente negadas por Alkatiri. Apesar de Alkatiri concordar em cooperar com todas as investigações, Gusmão usou o programa para forçar Alkatiri do cargo em violação à Constituição de Timor-Leste. De forma embaraçosa para Gusmão o procurador-geral Timorense confirmou recentemente que não havia evidência para apoiar as alegações de Railos e o caso contra Alkatiri foi encerrado.
Uma outra crítica que será feita contra Gusmão será o seu relacionamento com o amotinado das forças armadas e jogador chave na crise de 2006, Alfredo Reinado. A natureza e extensão do relacionamento entre os dois é assunto de muita especulação que só se clarificará quando Reinado for levado aos tribunais por causa do seu papel na violência do ano passado, particularmente em relação com o assassinato de tropas do governo em Fatu Ahi em 23 de Maio.
Apoiantes do Presidente têm argumentado que o relacionamento apertado de Gusmão com Reinado foi uma tentativa do Presidente para controlar os movimentos do amotinado e para prevenir que causasse mais danos. Conquanto isto possa ser verdadeiro, o falhanço na detenção de Reinado, Railos e outros recomendados serem processados pelo “Relatório da ONU: Comissão Independente Especial de Inquérito para Timor-Leste (2 Outubro 2006)” deu a luz verde aos gangs de Dili para continuarem a causar instabilidade e violência. Isto acontece porque a falta de acção é uma indicação de que o Estado tem falta de coragem para afirmar a sua autoridade.
Estas são apenas duas das críticas que serão feitas contra Gusmão se ele escolher tornar-se um parlamentar. Para alguém que com razão é reverenciado no país pelo seu papel de líder do movimento da resistência, particularmente depois dos dias escuros de finais dos anos de 1970s, a crítica pública e a investigação aos seus anteriores papéis na sociedade Timorense podem mostrar serem difíceis de tratar.
Estará o novo partido preparado para fazer campanha antes das eleições parlamentares?
Logística e organizacionalmente, o novo partido formado por Gusmão não terá muito tempo para se preparar para a campanha eleitoral. Isto tem alimentado a especulação que Gusmão está a atrasar o anúncio da data das eleições parlamentares de modo a dar mais tempo ao partido para se organizar. Se este é o caso, então há um claro abuso de poder pelo Presidente. As eleições parlamentares devem-se realizar e deve haver um novo governo instalado por volta de 20 de Maio de 2007 de modo a cumprir correctamente os calendários Constitucionais.
A decisão de Gusmão liderar o novo partido ‘CNRT’ significará que o Presidente corrente e antigo líder da resistência não mais será uma figura independente nesta nação emergente. Está a atirar a luva à Fretilin, o partido político que em tempos liderou e que formou a espinha dorsal da resistência com sucesso à ocupação Indonésia. As apostas políticas em Timor-Leste não podiam ser mais altas.
(pdf cópia disponível em
www.timortruth.com/articles/New_party_huge_gamble_for_Gusmao_170307.pdf)
Por Malai Azul 2 à(s) 07:02 3 comentários
Informação à Comunicação Social - Designação de novo partido é enganosa e dissimulada
FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE
FRETILIN
Informação à Comunicação Social
16 de Março de 2007
Designação de novo partido é enganosa e dissimulada
Foi atribuída deliberadamente uma designação enganosa a um novo partido político de modo a confundir e induzir os eleitores em erro, afirmou hoje o Secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri. De acordo com informação divulgada pela comunicação social, este novo partido político será liderado por Xanana Gusmão, Presidente de Timor-Leste.
O Dr. Alkatiri declarou que, em total respeito com o consagrado na Constituição e no enquadramento legal de Timor-Leste, a Fretilin irá recorrer ao sistema judicial para evitar a utilização da designação “Congresso Nacional para a Reconstrução Timorense”, com a sigla CNRT.
“O recurso à sigla CNRT é uma tentativa oportunista e cínica dos fundadores do partido de a associar à anterior organização da Resistência, o Conselho Nacional da Resistência Timorense, igualmente conhecida pela sigla CNRT”, afirmou.
“Quando mais de metade do eleitorado é analfabeto, existe um imperativo moral de transparência e de não ambiguidade por parte de todos os envolvidos ao divulgarem a sua identidade e difundirem mensagens e políticas no decurso da campanha”.
O Dr. Alkatiri acrescentou ainda que existem fundamentos que levam a crer que o Presidente Gusmão tem vindo a adiar o anúncio da data da realização das eleições legislativas de modo a ganhar tempo para organizar o seu novo partido.
“Caso tal se confirme, trata-se de um claro abuso de poder por parte do Presidente”, afirmou.
O Conselho Nacional da Resistência Timorense, inicialmente designado por Conselho Nacional da Resistência Maubere (CNRM), foi criado em 1987 pela liderança da Fretilin enquanto organização apartidária de coordenação com o objectivo de envolver todas as organizações políticas timorenses na luta pela independência.
Quando o CNRM foi criado, a liderança da Fretilin tomou a decisão de que Xanana Gusmão deveria deixar a Fretilin para dirigir o CNRM; foi ainda decidido que as Falintil deveriam tornar-se o braço armado de todo o movimento pela independência ao invés de serem o braço armado exclusivo da Fretilin.
Em 1999, todos os partidos políticos a favor da independência, incluindo a Fretilin, realizaram a campanha para o referendo para a independência, sob a bandeira do CNRT.
“Alcançada a independência, o CNRT atingira o seu objectivo pelo que foi dissolvido em 2001 para que as organizações políticas timorenses pudessem participar numa democracia pluralista”, afirmou o Dr. Alkatiri.“
Saudamos a decisão de formação de um partido político por Xanana Gusmão e outras pessoas e afirmamos que a Fretilin está preparada a iniciar a campanha que se avizinha. No entanto, é inaceitável que qualquer partido político tente capitalizar o nome do CNRT, organização detentora de significado histórico particular para o Povo de Timor-Leste”.
Por Malai Azul 2 à(s) 07:00 2 comentários
ELEICÕES COM AMEAÇA Á SOLTA SERÃO LIVRES?
Sexta-feira, Março 16, 2007
Blog PÁGINA UM
UNIÃO EUROPEIA
VAI "ESPREITAR" ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
O feliz facto de Portugal dispôr de Durão Barroso em posição de destaque na União Europeia, aliado á existência de deputados portugueses no Parlamento Europeu que têm por Timor um "carinho" muito especial, tem levado a UE a olhar para aquela parte do mundo com a nossa sensibilidade, mostrando-se interessada em não permitir que tudo fique absolutamente entregue nas mãos do governo australiano.
As conversas no PA sobre Timor-Leste são frequentes, informais e acontecem até pelos corredores.
Como será de prever, são vastos os conhecimentos sobre os bastidores do governo de Howard e os propositos que têm movido a Austrália para exercer o controle absoluto no pequeno país vizinho, o que tem granjeado a Howard uma imagem desfavoravel, cujos procedimentos exigem ser contidos.
Obviamente que assim não estará de acordo a Inglaterra, que procura proteger a imagem e os interesses australianos a todo o transe.
Mas apesar desta atitude cúmplice do governo de Blair, a UE lá vai olhando para Timor-Leste e disponibilizando alguns apoios e atenções que só pecam por serem muito reduzidas e devidas ás "teimosias" de Portugal.
Assim, a UE irá estar presente para acompanhar as eleições timorenses de 9 de Abril com uma equipa de observadores chefiada pelo eurodeputado espanhol Javier Pomes, incluindo uma equipa central de seis membros coadjuvada por mais 28 observadores. Elementos desta missão da UE já estão a chegar a Timor e em vésperas de elições será reforçada por mais quatro eurodeputados, entre os quais a socialista Ana Gomes.
Não sendo o número de representantes europeus excepcional, considerando os círculos eleitorais timorenses, sempre será positiva a sua presença, podendo contribuir como factor de contenção de "abusos" e ilegalidades.
MENTIROSOS
TÊM PROTEGIDO UMA AMEAÇA CHAMADA REINADO?
Todas as peripécias que têm envolvido este "heroi de pacotilha" têm sido muito prejudiciais para Timor-Leste, deixando pelo caminho dezenas de cadáveres e um rasto de destruições imensuravel. Desde que ele se destacou nas acções anti-Fretilin, secundando Howard e Xanana Gusmão, que assim é.
Estranhamente, apesar de todos nós sermos testemunhas da destruição e mortandade associada a Reinado, apesar de se evadir de Becora, apesar de infrigir ordens e leis, as críticas ás suas acções fora da lei não se ouviam por parte de quem representa a legalidade, ou devia representar.
Somente agora conseguimos perceber alguma reprovação pelos crimes cometidos por Reinado e a revelação de alguns sentimentos de mesquinhez, quase infantis, quando o comandante das tropas australianas, Mal Rerden, se referiu há dias a Reinado.
Com o proposito de aparentar "guerra psicologica", afirmou o brigadeiro-general australiano que as "acções de Reinado não são de um heroi nem de um líder, mas sim de um fugitivo muito preocupado, mal alimentado e sob uma grande pressão..." Noutro passo das suas declarações, Mal Rerden destacou o facto de que "Reinado já não representa uma ameaça importante á segurança..."
A importância que não foi dada a este "passo" das declarações de Rerden, suscitou-me dispensar alguma atenção e questionar por que motivo assim foi?
Se Rerden diz que Reinado "já não representa uma ameça importante" foi porque já representou.
Quer dizer que quando Longuinhos Monteiro desvalorizou o facto das "poucas armas" que Reinado possuia estava a mentir, que o silêncio duradouro de Xanana sobre Reinado, até ao inicio de Março, era um silêncio cúmplice com um homem que era uma ameaça importante para o Estado timorense, que quando Slater, outro australiano, desvalorizou sua fuga de Becora estava a mentir, que a UNMIT também mentia, que todos que permitem que a novela Reinado perdure têm mentido.
Pela parte que me toca já nem me consigo escandalizar com tanta intrujisse, pois considero cada vez mais claro o comprometimento da entidades envolvidas e a deslealdade como têm actuado... e os propositos que perseguem... e aquilo que como seres humanos já comprovaram não valer...
Qualquer individuo que preze minimamente a decência, a honestidade, alguns valores comportalmente íntrinsecos... acaba por passar a nunca nais acreditar nestes grandes aldrabões!
Mais palavras para quê?
Posted by António Veríssimo
Por Malai Azul 2 à(s) 06:45 0 comentários
Ramor-Horta diz que Ataúro é "modelo de convivência"
RTP
O primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, considerou em Ataúro que a ilha "é um modelo de convivência para o resto do país".
José Ramos-Horta, que visitou Ataúro durante algumas horas, afirmou que a situação de paz entre as comunidades da ilha são um exemplo para a capital e outros distritos afectados pela recente crise de segurança e com uma história de violência.
"Em 1999, Ataúro escapou ileso" da destruição provocada pelas milícias integracionistas, recordou o primeiro-ministro em declarações à Lusa. "Não houve aqui um único incidente de as pessoas se odiarem ou se ferirem".
Ataúro, a norte de Díli, tem 105 quilómetros quadrados e cerca de oito mil habitantes.
Na comunidade de Biquele, na costa leste da pequena ilha, os pescadores fizeram notar ao primeiro-ministro que o espírito conciliatório dos habitantes não tem sido recompensado pelo governo central.
Em Beloi, no suco de Biceli, 12 barcos de pesca estão sem motor desde o fim da ocupação indonésia em 1999, queixaram-se os líderes da comunidade.
José Ramos-Horta ouviu também queixas em relação ao estado deficiente das vias de comunicação e ao facto de a estrada para norte de Vila Maumeta ter sido cortada em altitude e não ao nível do mar.
Os habitantes, como foi possível constatar hoje, percorrem cerca de 12 quilómetros caminhando ao longo de praias entre Beloi e Vila Maumeta.
A ilha tem apenas 9,4 quilómetros de estrada pavimentada, a partir da Vila Maumeta, e em mau estado e não há fornecimento de energia permanente.
"As estradas que vi são péssimas e aqueles troços que foram arranjados e inaugurados não sei como se pode dizer que é uma grande obra", concordou o primeiro- ministro.
O ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri "foi lá e não ficou nada satisfeito. Ficou chocado. Foi ridículo porque se fez há dois anos algumas poucas centenas de metros e não houve melhorias", acrescentou José Ramos-Horta.
Cerca de 80 por cento da população de Ataúro vivem da pesca e José Ramos-Horta comentou que, com a agricultura, a criação de animais e algum turismo, "a ilha podia ser relativamente próspera".
NOTA DE RODAPÉ:
Em 1999 houve um incidente com milícias do qual resultou um morto.
Por Malai Azul 2 à(s) 05:55 0 comentários
Convulsions of Nation-Building: Violence-ridden East Timor on the eve of elections
Japan Focus – March 16, 2007
By Jeff Kingston
East Timor is an ill-starred land that has endured more than its share of violence, neglect and deprivation. Since February 2007 there has been a renewed surge in violence, initially due to gang turf battles and increasingly aggressive clashes between gangs and international peacekeepers.
After the Australian police shot three protesting IDPs (internally displaced people) near the airport on February 23rd, killing two of them, street confrontations and demonstrations grew more menacing. At the request of President Xanana Gusmao, on March 4th Australian troops surrounded and tried to capture a renegade soldier, Major Alfredo Reinado, killing five of his troops but failing to capture the fugitive who had escaped from prison last summer.
Subsequently, death threats were made against the president, his relatives had their houses attacked and ransacked, and anti-Australian sentiments have surged. With the prospects for a restoration of peace uncertain, international peacekeepers, once warmly welcomed, are now the target of violent elements. It is hard to imagine a less promising environment for the upcoming presidential elections.
The dream of independence realized in 2002 has turned into a nightmare. In 2006, only four years after it gained independence, violent clashes erupted yet again on the streets of Dili, East Timor's capital. The troubles began in February with a small-scale mutiny in the military over pay and promotion grievances. That ignited a simmering feud between President Xanana Gusmao and Prime Minister Mari Alkatiri.
After the prime minister dismissed the mutineers, violence flared between military units and subsequently involved the police. The clashes were linked to the political conflict at the top, but were also driven by ethno-linguistic tensions between easterners and westerners that many observers attribute to political machinations.
By June, roaming gangs had torched and looted their way around most of Dili and driven many easterners out of their homes into the refugee camps where many still remain.
At that time the loss of life was relatively small, 37 - but the violence undermined the fragile sense of stability that had slowly emerged in the wake of the Indonesian military's bloody farewell in 1999.
This is a society that still bears the scars of losing nearly 200,000 people to the famines and killing caused by Indonesia's 24-year occupation. It is hard to exaggerate the extent to which the lawlessness and violence today reflect a deeply traumatized society and the legacies of Indonesia’s brutality and systematic disregard for human rights and good governance.
History is not destiny, but East Timor suffers from collective post-traumatic stress amplified by the fact that many of those who migrated into Dili face bleak prospects and no longer have recourse to the traditional support and mediation mechanisms common in rural villages. Certainly the Timorese are making choices, but their options, inclinations and habits are powerfully shaped by their collective trauma and endemic poverty.
In June 2006, Australian security forces arrived and restored calm. Prime Minister Alkatiri was forced to resign under pressure from President Xanana Gusmao over allegations that he and Interior Minister Rogerio Lobato had distributed weapons to a hit squad targeting political opponents.
In July, Nobel Peace Prize-winner Jose Ramos-Horta - founder of the Revolutionary Front for an Independent East Timor, the spokesman in exile for the resistance throughout the 1975-99 Indonesian occupation and a candidate for president in the April 9 elections, became prime minister after serving as foreign minister under Prime Minister Alkatiri. Then, in the following month, Japan sponsored a resolution that established UNMIT (United Nations Integrated Mission in Timor Leste [East Timor]).
The resumption of the UN presence in East Timor reflects widespread recognition that the world body had declared "mission accomplished" too soon back in 2002, and prematurely left East Timor to its own devices just three years after attaining self-determination in the 1999 referendum. UNMIT reflects the desire to assure the political stability that could allow this impoverished new nation to get on with the unfinished business of nation building and overcoming the legacy of colonialism, war and deprivation.
Meanwhile, East Timor's moribund justice system creaks under the backlog of cases from the crimes associated with the final bloody months of Indonesian rule in 1999, and now faces a public demanding accountability for high-ranking perpetrators involved in the fresh crimes committed in 2006.
Escalating gang violence adds to this disturbing portrait of a nation on the brink. With presidential and parliamentary elections approaching, the downward spiral threatens to derail this fragile democracy.
Omens
At the close of 2006, there were ominous signs of East Timor’s continuing crisis. An ongoing drought, for one, undermined already low morale and led to more rice shortages and hunger.
Anxiety also fed on the ominous omen of the birth of a one-eyed pig with an elephant-like snout. Then, when a lake outside Dili suddenly turned blood red, many saw it as a harbinger of violence in 2007.
These omens reflect and feed anxieties in a society with good cause for fear. In 2006, the promise and hope of self-determination that had buoyed sentiments through four lean years went up in smoke - along with more than 2,000 homes. Small confrontations escalated out of control, unleashing a pent-up malevolence fed by bitter disappointment over post-independence realities.
Dili once again witnessed indiscriminate killing and felt the arsonists’ torch as the settling of scores, and the certainty of impunity, unleashed a pent-up malevolence fed by bitter disappointment in post-independence realities. As things went from very bad to far worse, neighborhoods were "cleansed" and ransacked, driving an estimated 150,000 people into refugee camps across the island - a staggering 15 percent of the entire population.
Dispossessed
Despair peered at me through the chain-link fence separating the airport from a refugee camp of nearly 8,000 internally displaced people (IDP). From behind this forlorn facade of despair, angry IDPs threw rocks at security personnel and their vehicles guarding the air terminal. Visitors walking off the tarmac dashed to the safety of taxis with shattered windscreens and scarred bodywork amid a cacophony of projectiles pinging off metal.
My taxi driver explained that the government had declared the next day the deadline for the IDPs to leave the airport refugee camp.
It is a sign of the desperation in Dili that this miserable, flood-prone tent encampment along the fringe of the runway is deemed worth fighting for. It's more telling that those being asked to leave have nowhere to go.
The internally displaced were being encouraged to return to their homes or extended families, as the government worried that having settled in, the IDPs were becoming far too comfortable, with running water and regular meals at state expense.
Luiz Viera of the International Organization of Migration (IOM) told me that the government did not want to build alternative IDP sites because it feared sending the wrong message. The camps have become a tangible symbol of the government's failure to protect the public, and its inability to ease fears that violence will erupt again. Building new camps could be seen as a sign that the government was resigned to this situation.
Viera pointed out, however, that returning to their homes was not an option for people who had been driven from them, often by neighbors and gangs. Some of their houses have been burned down, others have been occupied, and fear remains a formidable obstacle to resuming life as it was. Although the number of refugees has declined to around 100,000, Viera said his organization is braced for an influx this year, reflecting widespread pessimism about election-related violence.
Kerry Clarke from Oxfam said that the "fear factor" that prevails among IDPs, many of whom have lost everything, has become part of East Timor's social fabric. In her view, the east-west divide was "whipped up out of the blue" for political purposes, but now it has become reality because most of the IDPs are easterners, and dealing with their situation has become a divisive political issue.
UN Redux
There are good reasons why the collective mantra in the UN these days is to promise less and deliver more. There is a consensus in Timor Leste that the UN left too soon. Finn Reske-Nielsen, who served as Acting Senior Representative of the Secretary General for UNMIT until mid-December 2006, spoke on December 18 of a collective naivete about the difficulties of nation building and over excessive confidence in progress made when the UN oversaw the transition to independence in May, 2002.
"The fundamental problem was that everyone, including me, underestimated the time required to guide post-conflict Timor to a stable and firm footing. We were way too optimistic in 2002."
At the time, he pointed out, with crises building in Haiti, Sudan and Lebanon, Timor Leste did not get the sustained assistance it needed. According to him, Secretary-General Kofi Annan publicly acknowledged that the UN had left too soon. The establishment of UNMIT in August, 2006 is, he said, recognition of both the UN’s earlier failure and its responsibility to address the unfinished business of nation-building.
Timor Leste has regained international attention, but one wonders for how long and if resources will be adequate to the myriad long-run challenges facing one of the poorest nations on earth, one that has slipped down on virtually every UNDP indicator on the Human Development Index. (For a synopsis of the most recent HDI see:
www.laohamutuk.org/reports/06HDIslips.htm).
Reske-Nielsen confessed that the fact that Timorese are worse off now than they were when the UN first arrived is an embarrassing development and powerful motivation to make the most out of this second opportunity to get things right.
Augustinho de Vasconselos, a Presbyterian minister in Dili, told me that in both 1999 and 2006 his neighbors had targeted his house, setting it on fire and looting his possessions, mistakenly believing that he is an easterner, or so they claimed.
For him and for the nation, reconciliation must be based on accountability. Those who commit crimes must acknowledge their wrongdoing and be punished or else the cycle of impunity and violence will swirl out of control.
But, even though he knows who attacked him—the same people in both instances—the police have not arrested the perpetrators and the prospects for justice are remote. This is a bitter pill to swallow even for a man of the cloth who was one of the commissioners directing the work of the Commission of Reception, Truth and Reconciliation (CAVR) and who continues to work on disseminating the report’s findings. Looking at the anger flashing in his eyes and the resentment this reflected, one better understands how impunity is driving society to the brink.
Many people are seeking mediation by traditional and religious leaders, but this is not slaking the people’s thirst for justice.
By failing to prosecute perpetrators the government has sent the wrong message and encouraged young people, emboldened by impunity, to resort to violence and illegal activities.
The political leadership has set the tone through its expedient approach to human rights violations and overly zealous concern for reconciliation. Father Martinus Gusmao, Director of the Justice and Peace Commission in the Catholic Diocese of Bacau, warns that the government is also stoking vigilantism, because, "What people can’t find in the courts they will find on the streets in the form of dark justice."
Dili’s Gangs
I was surprised when Jaime Xavier Lopez, the head of Sacred Heart, a notorious martial arts group, told me to meet him at the government’s Office of Cadastral Surveys and Property where he has his day job. Or had, since he is now imprisoned.
He is well-educated, soft-spoken and unassuming, not quite what I expected from a gang boss.
According to him, Sacred Heart has 6,000 members and 10,000 students enrolled in a four-year course of training. One eye locks on me while the other wanders off as he denies that his martial arts group has links with prominent political opposition parties.
He does admit, however, that many members may have overlapping memberships. Lopez complains that some rioting gangs wear Sacred Heart’s distinctive uniforms trying to discredit it, but acknowledges that in some cases its members engage in violence, but only for self-defense. The police see this differently, explaining why he is in jail.
The omnipresence of martial arts groups and gangs in Dili reflects the bankruptcy of the judicial system and contributes to a cycle of retaliations and police confrontations. Arrested gang members know that in no time they will be back on the streets. International police officers express frustration that there is no law banning the carrying of dangerous weapons like machetes, darts, knives or slingshots. The gangs know the rules of engagement for the international police units and act accordingly, pushing street melees perilously close to the edge.
Gangs are thriving because a culture of impunity prevails. Law enforcement is lax, the prosecution is overwhelmed, there is no witness protection program and the courts barely function.
Only the Portuguese police units inspire fear among criminals. They are a scary looking beefy bunch, bristling with menace and weapons. I was told that if these Portuguese officers need to get out of their air conditioned patrol vehicles, they find some heads to bang as a matter of principle. Their no-holds barred approach to policing is lamented by human rights activists, but for many, they are a welcome pit bull to cope with the breakdown of law and order.
A US Embassy source says that gang violence is escalating and gangs have become a much more visible and menacing presence on the streets since the middle of 2006.
An Australian federal police officer agrees that the situation on the streets has worsened considerably since UNMIT assumed responsibility for security in August. He was withering in his criticism of the UN bureaucracy and endless red tape that impeded effective policing.
This officer says the gang violence has reached a new stage that it shows signs of coordination. Whereas previously gang attacks seemed random, they are now being choreographed. He noted an evening when three melees broke out simultaneously in different areas in Dili in a move that seemed designed to test the responses and capabilities of the over-stretched security forces.
There is concern that political parties are mobilizing and funding gangs in preparation for the upcoming elections. The source of the gangs’ cash, mobile phones and motorbikes is uncertain, but suspicions focus on political parties. For example, Korka, one of the largest "martial arts groups," has ties with the ruling Fretilin party.
According to some estimates, as many as 70% of Dili youth are gang members. Many unemployed youth with no prospects join for status, reputation, money and illicit thrills. The emergence of a youth gang culture is yet another symptom of deep social malaise and a further impediment to stability.
There is a proliferation of gangs that distinguish themselves by scarification of upper arms with razor blade cuts in numerical patterns such as 77, 21, and 55 while some of the martial arts groups favor distinctive tattoos. These martial arts groups distinguish themselves from gangs by their organizational hierarchies, training and discipline, and many members hold regular jobs, but some members are also involved in violent confrontations with gangs and security forces.
The gangs maintain checkpoints in Dili where they shake down citizens and check for gang membership by having people roll up their sleeves. One young woman who studies in Australia was home for the holidays and described a harrowing experience of being stopped by drunken, metal bar brandishing gang members who told to take her jacket off so they could check her arms. She escaped on her motorbike when they lurched into the road to wave down a potentially more lucrative passing car.
I was told by several people never to walk around at night, especially alone. Japanese NGO workers spoke of their embassy requiring all nationals to return home by 8 PM unless they had informed others and had their own car and driver. They were strongly advised not to ride in taxis under any circumstances for fear of kidnapping or random violence.
This self-imposed curfew makes Dili eery in the evening; the gangs control the nights. The fear of gang violence creates a culture of intimidation that haunts all of Dili’s residents.
Human Rights and Justice
"How can we talk of human rights in East Timor? Respect for human rights requires the proper context and we do not have that." Thus spoke Joaquim da Fonseca, a young thirtyish man with piercing eyes and long hair pulled back above a strikingly angular face and the slight frame of an ascetic. He has the air of a poet, speaks enigmatically like a philosopher and works as the human rights adviser in the Prime Minister’s Office where he has been learning the political ropes since he accepted the post last summer. Leaning back in his chair he observed that the transition from being an NGO activist to government actor has been frustrating and it is clear where he would rather be.
Fonseca admits feeling more influential as an outside critic where there are many channels to exercise influence. Inside government he is isolated by his lack of political ties and constrained in what he can say because of his position. He rues the weakness of his office in the face of other ministries all asserting competing agendas and claims on limited resources. In trying to promote human rights issues at cabinet meetings, he confesses frustration at hearing the "echo of one hand clapping."
Blatant political manipulation of the justice system discredits it in the public’s eyes. Fonseca laments that, "Equality before the law is not fully observed. Those with political importance are given privileged treatment."
I arrived in Dili shortly after the proceedings against Rogerio Lobato, the Interior Minister under PM Alkatiri were postponed. The postponement was taken as a barometer of the ruling political elite’s willingness to prosecute their own. Political interference in the trial was expected and the postponement was all the proof anyone needed. Rumors that one of the witnesses was attacked and fled Dili only add to speculation about a conspiracy.
Lobato is accused of providing weapons to hit squads for use against political opponents and Dr. Alkatiri’s ouster from office on June 26, 2006 is popularly ascribed to his knowledge of, and acquiescence to, this weapons transfer. President Gusmao threatened resignation after seeing damning evidence of Dr. Alkatiri’s complicity.
In March 2007 the former Interior Minister was found guilty and sentenced to seven and a half years in prison. In addition to the weapons transfer charges Lobato, still deputy chairman of Fretilin, was also found criminally negligent in the deaths of nine policemen, killed by soldiers in Dili, on May 24, 2006. He is appealing the ruling.
Given that Lobato’s conviction occurred amidst surging violence and turmoil in Dili, it is not clear that the troublemakers or their paymasters are paying attention. Perhaps in time, a restoration of basic security on the streets will give the public a chance to absorb the symbolism of the ruling elite convicting one of its own. Certainly it is a precedent that many would like the judiciary to build on.
Fonseca says that, "The number one human rights problem affecting Timor Leste is the lack of justice and accountability. It is so serious that it weakens public administration." There is no deterrent to crime and so it spirals out of control because, "The culture of impunity has entered into the consciousness of the people."
The problem of establishing a judicial system from scratch is being overtaken by events and burdened with a growing backlog of cases. Fonseca asserts that the breakdown of law and order in 2006, vigilante justice and the escalation of gang violence are symptomatic of a failed judicial system. Time is running out, he says, and "The government has to give more than lip service to justice and human rights."
Commission on Truth and Friendship (CTF)
In an attempt to get Indonesian perpetrators to add their testimony to the record, the CTF was launched in the summer of 2005 with Indonesia covering two-thirds of expenses. [1] Political leaders in both nations hope that by establishing a common, conclusive truth about what happened in Timor Leste in 1999, Indonesia and Timor Leste will be able to put the past behind them and move forward without further recrimination. However, there is widespread concern among Timorese that the CTF emphasizes reaching closure, has no judicial mandate and ensures impunity for ranking perpetrators. Under its terms of reference, the CTF can make recommendations for amnesty that must be approved by the Timor-Leste Parliament.
The CTF’s mandate was extended for a year in 2006. In its first twelve months it did not hold a single public hearing, called no witnesses and failed to issue a progress report on its review and evaluation of the evidence presented by the CAVR or the Serious Crimes Unit (SCU) that issued numerous indictments and operated under UN auspices. The lack of transparency and progress has sparked widespread criticism of the CTF and many critics see no reason to continue with a charade aimed at providing Indonesian perpetrators immunity from prosecution.
Finally, in February 2007 the CTF held its first of five landmark hearings and there are plans to call some seventy witnesses in a series of hearings planned through June, 2007. The first high profile witness to testify was former Indonesia Foreign Minister Ali Alitas, long the most prominent apologist for Indonesia’s occupation of Timor Leste during the Suharto era. He claimed he was unaware of evidence that the Indonesian military was behind most of the 1999 slaughter and blamed Australia for being overzealous in sending troops to calm the strife. Performances like this—hedged and misleading—and significant differences in the type of questioning by commissioners from both nations suggest a disappointing outcome. The question is how to establish the truth if those testifying are less than brutally honest.
General Wiranto, General Kiki Syahnakrie, General Sadam Damiri, General Tono Suratman and militia leader Enrico Guterres [2] are also expected to take the stand and face high expectations from the Timorese side to come clean about their responsibility. Disappointment is likely.
The post-mortem on the first session indicates that the Timorese commissioners are disappointed in the exercise. Commissioner Aniceto Guterres from Timor Leste described the session as "imperfect" and characterized some of the Indonesian questioning as "stupid". There are strong doubts about whether the truth alone will be enough to promote reconciliation without prosecution of those responsible for human rights abuses and other crimes.
The Timor Leste commissioners face significant political pressures at home and know that the findings of the CTF and its recommendations for amnesty will come under critical scrutiny. The Church, the CAVR Secretariat, and civil society organizations have repudiated the CTF and thus if it is to have any credibility it must come up with the goods—truthful and comprehensively forthright testimony by the witnesses—considered in light of the evidence collected by the SCU in its indictments and the rulings of Indonesia’s ad hoc Human Rights Court.
Critics believe that the ten-member commission’s main task is to improve bilateral relations rather than find the truth and promote justice. John Miller of the East Timor Indonesian Action Network refers to the CTF as a "whitewash" while Father Gusmao dismisses it as an exercise in "collective amnesia." He says the problem is not that Timor Leste needs state-sponsored reconciliation with Indonesia, rather Timorese people need justice for the crimes committed and this means holding perpetrators accountable for their actions and choices.
Fonseca, the Prime Minister’s human rights advisor, says the arguments in favor of the CTF are deeply flawed and it is a "farce". It will not produce conclusive proof or credible accountability and he believes that the TNI (Indonesian military) will emerge as the only beneficiary. The leadership in Dili, he says, has frankly admitted that the CTF is a political tool to achieve reconciliation and does not serve justice in any way He adds that the global political situation does not favor accountability for serious violations of human rights, pointing to the watered down human rights bodies of the UN.
Patrick Walsh and Reverend Vasconselos from the CAVR believe that the CTF will not close the window on justice because the public rejects it; there is no popular support for a rush to closure, especially given a lack of credible accountability by those deemed most responsible for the most serious crimes. The CAVR notes that the Indonesian Supreme Court recently ruled that it is contrary to international law to grant amnesty for crimes against humanity. The CAVR has also issued a critique of a proposal circulating in Dili’s Parliament concerning amnesty that involves the establishment of the Commission for Truth and Social Harmonization. [3] The CAVR Secretariat, inter alia, asks, "Will the prospect of amnesty help or hinder the restoration of law and order in Dili?"
The Asia Foundation’s Kim Hunter also doubts that the CTF will deliver the truth and without that it is hard to imagine it promoting real friendship. She suggests that the CTF is inadvertently useful in keeping the issue of accountability alive and high on the radar screen of public discourse, confounding government efforts to reach premature closure.
The problem with truth commissions despite their proliferation is that the findings and process don’t promote reconciliation. Public opinion polls in South Africa, arguably the most famous and ‘successful’ truth commission, indicate that two-thirds of the public was angrier about the past after the process concluded. [4] The search for a unifying TRUTH is elusive, opens old wounds and raises expectations that finding out what happened to whom and why will lead to consequences for the perpetrators.
Amnesty in exchange for testimony is not always acceptable to those affected by the crimes and must meet very strict criteria or runs the risk of discrediting the process. The CTF’s conditions for amnesty are not clear and the granting of immunity may spark recrimination rather than contribute to a healing process. There is also a danger as in Guatemala that the results of truth commissions will be ignored and drop off the political agenda. [5]
Timor Leste is a new state and has limited capacities, enormous problems and competing agendas. The CTF can only help the Timorese turn the page if it sheds more light on the planning by Indonesian military commanders, their Timorese militias and Indonesian government officials for the referendum in 1999 that led to the widespread violence, what they knew about this violence as it escalated and how they responded to the situation as it evolved.
Truth commissions often disappoint because they do not usually individualize responsibility; the investigations and indictments prepared by the SCU have fingered individuals who will be testifying at the CTF. To the extent that the CTF process ‘trumps’ the SCU process and the CAVR recommendations, justice, human rights and reconciliation in Timor Leste stand to suffer. Under such circumstances it is hard to imagine a social consensus advocating harmony and creating greater trust within Timor Leste and with Indonesia. [6] In this sense the CTF may make a limited contribution by adding the testimony of the Indonesian perpetrators to the record without recommending immunity.
There should be no rush to closure on a tight timetable according to political dictates; it is clear that such an initiative is doomed because it is out of sync with public opinion in Timor Leste and does not reflect the Timorese desire for accountability. President Xanana Gusmao may be right that given all the current problems associated with poverty and inadequate governance, finding something approaching justice in a courtroom is neither a priority nor viable, at least for now. The window on justice remains open and the immediate task is to assemble as complete a record as possible to prepare for the time when the constellations of opportunity, circumstance and political will come into alignment.
Truth commissions are imperfect because they emerge from imperfect situations and flawed compromises and thus can be most helpful as a step in a longer process rather than serving as an end to the search for justice. In the case of Timor Leste, given the current reluctance of the international community to back an international tribunal, the choice is not between the CTF and trials, it is the alternative to doing nothing. On its own Timor Leste cannot force the Indonesian government to prosecute its own perpetrators nor ensure their extradition to face trial in Dili. What it can do is place the onus on the international community to eventually support an international tribunal by demonstrating good faith and exhausting available alternatives such as the CTF.
Prospects
Timor Leste demonstrates that there are no quick fixes in nation building or in addressing the problems of post-conflict nations.
PM Ramos-Horta recently chided the UN for its hasty downsizing in 2002, saying that, "…even a Manhattan take-out restaurant needed at least a year or two to establish itself; it was reasonable to think it would take much longer to build a nation."
Timor Leste stands at a critical juncture as it faces spiraling violence and lawlessness. There are no illusions that the elections in 2007 will resolve Timor Leste’s problems, bolster faith in democracy or even make the streets safe at night. Political leaders face a deeply skeptical public and share with the UN a crisis of credibility.
Achieving independence in 2002 was a dream come true that has, by 2007, morphed into a nightmare. The struggle for self-determination was a unifying experience that focused on ousting a common enemy. Now the Timorese are grappling with long suppressed divisions and competing agendas in the course of nation building. The leaders who led the struggle for freedom now face tasks and demands to which they are not accustomed and in some important ways may not be well-suited. The shining promise of independence has not delivered a better life for many who face grim circumstances and their frustrations can be seen in the piles of burning tires and barricades sprinkled around Dili on the eve of presidential elections. The political leadership also faces the problem of reining in their own inclinations honed as freedom fighters and also those of opportunists who are swelling the ranks of political parties. This is a fragile transition era in which impatience for results vies with the need for patient institution building and cultivating of good governance.
Notes
[1] The official website is: www.ctf-ri-tl.org/. Also see ETAN website for critical commentary on the CTF: http://etan.org/timor/default.htm.
[2] Guterres was sentenced to ten years imprisonment for his role as a militia commander involved in the death and destruction that engulfed Dili in 1999. He was sentenced in 2002, but was free on appeal until he began serving his sentence in 2006. The tardy imprisonment is seen as symbolic of Jakarta’s reluctance to pursue justice against those responsible for crimes committed in Timor Leste.
[3] Communication Pat Walsh Feb. 23, 2007. Draft Law (30/1/5) on Truth and Clemency; Comments from STP/CAVR (12/02/07)
[4] For this statistic and an assessment of truth commissions see Jonathan Tepperman, "Truth and Consequences," Foreign Affairs (March/April 2002), vol. 81, no. 2, pp. 128-145.
[5] Ibid.
[6] For a discussion of how truth commissions can nurture trust see Alexander Boraine, "Transitional Justice: A Holistic Interpretation", Journal of International Affairs, (Fall/Winter 2006), vol. 60, no. 1, pp. 17-27.
- Jeff Kingston is Director of Asian Studies, Temple University Japan Campus and a Japan Focus associate. He is the author of Japan’s Quiet Transformation. Social change and civil society in the twenty-first century.
Por Malai Azul 2 à(s) 04:14 1 comentários
Artigo comentado no blog
"No escaping the burden of bad intentions" de Cavan Hogue, com comentários excelentes no blog Living Timorously.
Yet another piece of 'Jakarta Lobby' propaganda in Rupert Murdoch's rag The Australian.
Por Malai Azul 2 à(s) 04:11 0 comentários
Timor rebel sought mystical help to elude Australians
Dili, March 16 (AFP) - A fugitive rebel in East Timor held a mystical ritual to draw on the power of a dead leader before eluding an attack by Australian troops, a report said.
Major Alfredo Reinado and locals in Same, where he was based, gathered to give him the power of Dom Boaventura, a legendary local freedom fighter, the Suara Timor Lorosae newspaper reported this week. "Viva Major Alfredo. Viva Boaventura," people were quoted as shouting at the ceremony.
It reportedly took place in February before Australian troops stormed the rebel's hideout in Same, which lies 50 kilometres (30 miles) south of the capital, Dili.
The town's residents believe a supernatural transfer of power helped to blind Australian troops, allowing Reinado to escape and elude a manhunt that is still ongoing, the report said.
In 1900 Boaventura staged a revolt in Same against Portuguese colonists, but his forces were crushed in 1912. There has been speculation that Reinado, a persistent thorn in the side of East Timor's government, is trying to draw on Boaventura's legend to boost his support in the region.
Reinado has been criticised for his role in deadly unrest in East Timor last year, which killed at least 37 people and displaced 150,000, triggering the deployment of an Australian-led international peacekeeping force.
Por Malai Azul 2 à(s) 04:07 2 comentários
UE nas eleições de Timor
Diário da Europa - 2007-03-16 20:02:51
Maria Bravo
O primeiro grupo de observadores eleitorais da União Europeia para acompanhar as eleições presidenciais em Timor, chegou, hoje, ao país.
A comitiva é liderada pelo deputado europeu Javier Pomes e, entre os observadores, encontram-se dois portugueses: a eurodeputada Ana Gomes e Paulo Nogueira.
Este grupo vai ser responsável por acompanhar a campanha eleitoral e a votação que se vai realizar no dia 9 de Abril. A União Europeia é, ainda, responsável por observar as eleições parlamentares que serão agendadas depois da volta das presidenciais.
Os acontecimentos recentes levantaram alguns problemas de segurança, que impediram muita gente de se conseguir recensear.
O Major Alfredo Reinaldo continua desaparecido e já declarou que não se vai render. As tropas australianas presentes no território continuam a tentar capturá-lo.
Por Malai Azul 2 à(s) 04:06 0 comentários
A causa de Timor e a decepção nacional
Diário de Notícias - Sábado, 17 de Março de 2007
Francisco Sarsfield Cabral, Jornalista
Custa-nos a aceitar a possibilidade de Timor-Leste vir a revelar-se um Estado falhado. Fizemos um enorme investimento afectivo na luta dos timorenses contra a ocupação indonésia, iniciada em 1975. A causa da libertação de Timor uniu os portugueses como raras vezes se viu.
Foi uma emoção barata, com certeza. A causa timorense pouco exigiu da maioria dos portugueses. Mas foi uma emoção real, contrastando com a frieza e até indiferença com que o País assistiu, há 30 e tal anos, ao fim do império colonial.
Em 1975 a atitude portuguesa contribuíra para desencadear a invasão indonésia. E, uma vez afastados os indonésios, talvez nos tenhamos precipitado a empurrar Timor para a independência. Além de que devíamos ter exigido das Nações Unidas uma presença mais forte e prolongada no território.
Quanto à marca cultural que deixámos em Timor, dá que pensar a recente lamentação da Ramos-Horta de que os critérios ocidentais de justiça têm dificultado o combate ao crime naquele país, porque os tribunais libertam os desordeiros presos pela polícia.
Será que o primeiro-ministro timorense também defende os "valores asiáticos" contra os direitos humanos, como outros políticos da região?
Mas Timor surgiu como a possibilidade de redimir uma descolonização que correu mal. Ainda hoje se discute se poderia ter sido de outra maneira, depois de décadas de teimosia colonialista. Por mim, duvido que, após Abril de 1974, a descolonização pudesse ter sido muito diferente.
A revolução teve na sua raiz a insatisfação dos militares com as guerras em África, que o poder político se mostrava incapaz de resolver - e de cujo impasse eles, militares, seriam também acusados. E os militares eram os grandes prejudicados, em termos pessoais e profissionais, por essas guerras sem fim à vista.
A 26 de Abril de 1974 já várias forças portuguesas em África consideravam terminada a guerra e confraternizavam com os até aí inimigos. Desmantelado o exército português nas colónias africanas, como seria possível uma negociação equilibrada de Lisboa com os guerrilheiros?
Com a excepção de Cabo Verde e talvez São Tomé, a rápida saída dos portugueses das antigas colónias representou uma tragédia para aqueles povos. Guerras civis em Angola e Moçambique, permanente agitação na Guiné. Ora salvar os timorenses da opressão da Indonésia podia lavar essa culpa escondida no inconsciente nacional.
E, de facto, David venceu Golias. A anexação de Timor pela Indonésia era, nos anos 90, encarada por muita gente como facto consumado e irreversível. Não faltaram inteligentes análises mostrando como jamais os Estados Unidos (que tinham dado luz verde à ocupação indonésia) permitiriam a independência de Timor, por razões geostratégicas.
Afinal, Timor libertou-se dos indonésios, com a ajuda diplomática de Portugal. Foi a finest hour do Governo de Guterres e, porventura, também da Presidência de Jorge Sampaio.
Mas a paixão portuguesa pela causa de Timor teve o seu preço. Desde logo, levou a nossa comunicação social, com raras excepções, a prescindir da necessária distância, da investigação jornalística séria e do espírito crítico. Preferiu envolver-se na defesa ardente da independência de Timor.
Em parte por causa desse jornalismo comprometido, "de causas", ainda hoje em Portugal se desconhecem muitas realidades timorenses. Timor fica longe, tem uma população de cuja diversidade étnica e cultural mal nos apercebemos e vive ao lado da grande Indonésia e da não menos poderosa Austrália. O interesse australiano pelo petróleo no mar de Timor é um factor essencial nos actuais problemas timorenses.
Virão a confirmar-se os receios de que, depois da ocupação indonésia, Timor sofrerá uma colonização australiana? Parece claro que Camberra apoiou Xanana Gusmão e Ramos-Horta contra Mari Alkatiri e a Fretilin, naquilo que foi um claro golpe de Estado. Mas o episódio da falhada captura do rebelde Alfredo Reinado deixa algumas perplexidades.
Agora, Portugal pouco pode fazer. Temos em Timor um contingente da GNR que é apreciado pela população local e nos prestigia. Já é alguma consolação. Seja como for, apetece pedir aos timorenses que não estraguem uma das poucas coisas de que, em matéria de descolonização, os portugueses podiam lembrar-se com satisfação. Desde logo, pedir-lhes um clima de paz e espírito democrático nas próximas eleições presidenciais.
Por Malai Azul 2 à(s) 04:02 1 comentários
Ruak desvaloriza Reinado e garante eleições seguras
Jornal de Notícias, 17/03/07
Por: Orlando Castro
Ruak desvaloriza Reinado e garante eleições seguras
Alfredo Reinado continua a monte mas a situação não preocupa as autoridades de Timor-Leste. Depois do brigadeiro-general australiano Mal Rerden ter afirmado que as últimas imagens do major reflectem um fugitivo e "não um herói ou um líder," foi agora a vez de um outro brigadeiro-general, desta vez timorense, Taur Matan Ruak, garantir que Reinado "não perturba" o processo eleitoral e que as Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL), por si lideradas, têm a situação sob controlo.
Matan Ruak salienta, contudo, que seria bom para a normalização do país que Reinado fosse detido o mais rapidamente possível. Refugiado nas montanhas com um pequeno grupo de seguidores, o major rebelde poderá estar a receber apoio de alguns grupos de jovens mais radicais.
Embora esse apoio seja admitido por observadores internacionais no país, o primeiro-ministro, Ramos Horta, diz o contrário e garante que nas áreas onde se diz que Reinado teria apoio popular, a população está contra ele.
Especialistas salientam, para além de duvidarem das razões por que falhou a operação australiana de captura, que se pode estar a viver uma situação em que a população, sobretudo a de Aileu, de dia está com o Governo e à noite com Alfredo Reinado.
Taur Matan Ruak corrobora que a segurança será garantida durante a campanha eleitoral para as presidenciais de 9 de Abril, que começa na próxima sexta-feira, recordando que o próprio Alfredo Reinado sempre valorizou a estabilidade do país.
O major Alfredo Reinado, militar fugido, é acusado de posse ilegal de material de guerra e evadiu-se de uma prisão de Díli no dia 30 de Agosto do ano passado.
Alkatiri critica Xanana
Entretanto, o secretário-geral da FRETILIN, Mari Alkatiri, acusa Xanana Gusmão de usar uma designação "enganosa e dissimulada" para o seu novo partido, ao utilizar a designação de "Congresso Nacional para a Reconstrução Timorense", com a sigla CNRT. Ora, diz Alkatiri, "o recurso à sigla CNRT é uma tentativa oportunista e cínica de a associar à anterior organização da Resistência, o Conselho Nacional da Resistência Timorense, igualmente conhecida pela sigla CNRT".
Código de conduta
Os oito candidatos à Presidência da República de Timor-Leste assinaram ontem, numa cerimónia solene, o Código de Conduta a ser observado nas eleições de 9 de Abril.
O Código de Conduta foi aprovado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a 7 de Março, por proposta do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
A cerimónia de assinatura decorreu na presença do actual chefe de Estado, Xanana Gusmão, do chefe da missão da ONU em Timor-Leste, Atul Khare, e de vários diplomatas e líderes políticos.
O presidente da República assinou ele próprio o Código de Conduta, na qualidade de testemunha, em representação de um dos órgãos de soberania.
O Código salienta o compromisso de "aceitar e cumprir escrupulosamente a Constituição, as leis, os regulamentos e outras disposições da República Democrática de Timor-Leste".
Por Malai Azul 2 à(s) 04:01 0 comentários
Dos leitores
H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "UNMIT – MEDIA MONITORING - Friday, 16 March 2007":
Primeiro, Reinado dizia que se entregaria quando Alkatiri e Lobato se sujeitassem à Justiça. Agora que isso já aconteceu, exige uma casa no bairro do Farol, etc. And so on...
Reinado ainda não entendeu que não são os arguidos que escolhem a medida de coacção que se lhes aplica até ao julgamento, muito menos recebem uma casa do Estado para ficarem em (confortável) prisão domiciliária.
Também ainda não percebeu que todo o mundo está farto dele, das suas palhaçadas e mentiras. Que dizer da sua observação sobre o que os indonésios faziam ou deixavam de fazer na "nossa aldeia"? Mas acaso ele viveu na sua aldeia durante a ocupação indonésia? Toda a gente sabe que a partir dos 8 anos, desde as Celebes até à Austrália, passando por Dili, onde conheceu a futura mulher, Reinado tem residido em muitos lugares. Mas a "nossa aldeia" não é um deles, de certeza.
Para além disso, afirmou que os militares indonésios não fizeram o que fizeram os australianos. Mas não disse ele anteriormente que a sua família foi toda chacinada pelos indonésios?
Volta, Pinóquio. Estás perdoado...
Por Malai Azul 2 à(s) 03:59 2 comentários
Notícias - traduzidas pela Margarida
UNMIT saúda a assinatura do código de conduta para as eleições presidenciais de 2007
UNMIT
Dili, Março 16, 2007 – Numa crimónia em Dili esta tarde, o responsável da Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT) disse que a assinatura de um código de conduta para as eleições de 9 de Abril ajudará a assegurar que as eleições são livres, justas, transparentes e pacíficas.
O código de conduta foi esboçado pelo órgão nacional responsável pela condução das eleições, o Secretariado Técnico para a Administração das Eleições (STAE) e aprovado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
O código foi assinado pelos oito candidatos presidenciais em Dili.
O Representante Especial do Secretário-Geral para Timor-Leste Atul Khare assinou o código como testemunha, ao lado de representantes dos Órgãos de Soberania, a igreja e a sociedade civil.
O Sr Khare sublinhou a importância do código de conduta como um todo, como um compromisso claro de todos os candidatos com eleições livres e justas.
Realçou em particular o compromisso de todos os candidatos, seus representantes e apoiantes em aceitar os resultados, ou em contestá-los unicamente nos tribunais competentes; e em fazerem a campanha pela positiva através de programas de acção e não em críticas pessoais de outros candidatos.
Também chamou a atenção para as cláusulas que encorajam o respeito pelos direitos dos outros candidatos e que pedem aos candidatos para evitarem exercer influência ilegítima nos eleitores.
“A assinatura de hoje significa um reconhecimento formal de princípios orientadores e de regras que ajudarão a garantir que as eleições presidenciais de 2007 são livres, justas, transparentes e pacíficas,” disse o Sr Khare.
A UNMIT está mandatada pela Resolução 1704 do Conselho de Segurança a “apoiar Timor-Leste em todos os aspectos do processo eleitoral de 2007 presidencial e parlamentar, incluindo com apoio técnico e logístico, aconselhamento de política eleitoral e verificação ou por outros meios.”
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Transcrição – Conferência de Imprensa da UNMIT
Março 15, 2007
Obrigado Barracks
Caicoli, Dili
Allison Cooper, porta-voz da UNMIT: Bom dia, obrigado por terem vindo. Vamos ouvir o SRSG Atul Khare e depois ainda uma declaração do Brigadeiro Mal Rerden. Só quero chamar a atenção para a mesa por detrás de mim. Está lá muita informação sobre as eleições bem como informação do código de conduta para levarem e lerem. Obrigado.
SRSG Atul Khare: Bom dia, obrigado por terem vindo hoje outra vez. Como disse antes, tenho uma política de tolerância zero para qualquer má conduta do pessoal da ONU.
Na última conferência de imprensa, disse-lhes que apresentaria os dois funcionários de topo da minha Unidade de Conduta e Disciplina. São o Sr. Regu Thamburan e o Sr. Douglas Campos e estão aqui hoje connosco.
Estão prontos para receber e acompanhar qualquer queixa, feita por qualquer pessoa, acerca do comportamento do pessoal da ONU e podem ser contactados pelos números de telefone
731 1826, repito, 731 1826.
Deixem-se agora virar-me para uma questão que está na mente de toda a gente: a questão de Alfredo Reinado.
Tenho consistentemente sublinhado a necessidade de justiça e da aplicação da lei para que a impunidade não prevaleça.
A única mensagem que tivemos sempre para Alfredo Reinado é que deve enfrentar a justiça; ele pode fazer isso sujeitando-se à justiça ou os órgãos relevantes podem levá-lo à justiça.
Esta é a mensagem que sempre transmiti sempre que surgiu este tópico, incluindo com um advogado do Sr. Reinado, que me contactou na Quinta-feira da semana passada.
Incidentalmente, nada houve de secreto acerca deste encontro – ambos o Governo de Timor-Leste r a ISF estavam ao corrente – nem houve quaisquer negociações.
Noutra questão, mas de certo modo relacionada, a ONU, o pessoal da UNMIT envolvido com o apoio ao processo eleitoral regressaram hoje a Same.
Oficiais da UNPol e da PNTL têm estado presentes em Same em todo o tempo e têm exercido funções normais de policiamento desde o princípio desta semana.
A cooperação entre eles e a ISF durante as operações tem sido
excelente.
Finalmente, estou encantado que a CNE tenha anunciado ontem, por recomendação do STAE, que o recenseamento eleitoral foi alargado durante mais cinco dias até 21 de Março. Todos queremos que as eleições sejam credíveis, livres e justas, que sejam organizadas sob supervisão da independente CNE e que resultem e ter um impacto restaurador e unificador no país.
Obrigado e passo a palavra ao Brigadeiro Mal Rerden.
Brig. Rerden: Obrigada SRSG. Quero dar-lhe informações sobre algumas afirmações que têm sido feitas nos media que sinto precisam de serem clarificadas e dar-lhes os factos como aconteceram.
Em relação a afirmações de que civis desarmados foram mortos durante a operação em Same em 4 de Março, foram mortos cinco Timorenses armados na operação quando representavam uma ameaça imediata às vidas dos membros da ISF envolvidos. Os homens que foram mortos, estavam armados com uma variedade de armas pequenas e as suas armas foram recolhidas e estão agora a ser verificadas e confrontadas com o arquivo TL para confirmar a origem. A ISF lamenta a perda de vidas durante este incidente e mais uma vez apela a Reinado e ao grupo dos seus apoiantes para se entregarem às autoridades. A ISF actuou adequadamente e conforme as regras de engajamento durante a operação de Same. Essas regras de engajamento autoriza os soldados a defenderem-se a eles próprios e as vidas daqueles a quem foi dada a missão de protegerem.
Os soldados responderam depois de dispararem contra eles primeiro. Como é normal nestas situações, estamos a fazer investigações internas e estamos a assistir a UNPol na sua investigação ao incidente.
Em relação às afirmações de que a ISF destruiu casas durante as operações em Same em 8 de Março, depois das operações, a ISF utilizou uma equipa de avaliação para falar com os aldeãos locais sobre quaisquer estragos causados durante as nossas actividades. Até à data, a ISF tem conhecimento de relativamente estragos menores em várias estruturas, que foram causados pelos helicópteros. A ISF assistirá os aldeãos locais na reparação dos estragos e está lá hoje outra equipa.
Em relação a queixas de mau tratamento a civis durante as nossas operações em 8 de Março, os membros da ISF receberam treino específico [inaudivel] de conhecimento cultural como parte das actividades de preparação da força e as sensibilidades que afectam todo o planeamento da ISF. Operações de apreensão são extremamente complexas e são focadas em prevenir prejuízos em gente inocente ao mesmo tempo que removem a ameaça de Reinado e do seu grupo de apoiantes armados. Várias pessoas foram detidas durante estas operações mas foram todas libertadas depois de confirmadas as identificações.
A ISF usa algemas de plástico flexível no processo de detenção para reduzir ameaças potenciais a membros da ISF. As algemas de plástico são removidas depois de estabelecida a identificação dos indivíduos e deixar de haver mais ameaça ou danos para os membros da ISF.
Voltando para a progressão das operações de apreensão, Reinado é um foragido à justiça e os que o apoiam directamente estão a quebrar a lei.
As acções de Reinado comprometeram anteriores tentativas de negociações pelo governo de TL. Devido às suas acções ele está embaraçado, não é confiável e não merece apoio ou assistência. Reinado escolheu fugir e esconder-se, deixando os seus homens para trás para lutar por ele. As suas acções não são de um herói ou de um líder. Reinado e o seu grupo já não representam uma ameaça significativa. Está agora reduzido a pequenos grupos com apoio e movimento muito limitado. Encorajo toda a gente a dar informação às autoridades acerca de Reinado e do seu grupo. Quero também agradecer a todos os Timorenses que já ajudaram com informação para a operação de apreensão.
A ISF juntamente com o governo de TL e a ONU apela a Reinado para se entregar às autoridades e permitir que os Timorenses continuem a resolver as suas diferenças democraticamente e pacificamente.
SRSG Khare: Obrigada. Aceitamos algumas perguntas agora, um grande número de perguntas. Comecemos por aqui, Lusa.
Jornalista da Lusa: Pergunta para o Brig. Rerden. Reparei que as afirmações que está a clarificar agora são na sua maioria e basicamente da imprensa Australiana [inaudível]. Pensa que as operações não estão ainda a ser entendidas nos media Australianos?
Brig. Rerden: Penso que há talvez alguma incerteza acerca de por que é que uma operação para estabilizar o ambiente de segurança e dar um ambiente pacífico para o povo de Timor resolver as suas
diferenças, porque é que é necessário conduzir o tipo de operações que tivemos na duas últimas semanas ou à volta disso? Lamentavelmente, tivemos (de as fazer) porque um indivíduo entendeu pôr-se fora do domínio da lei e desafiar a autoridade do Estado de TL. Assim, talvez não seja surpreendente que as pessoas na Austrália não entendam porque é que as coisas mudaram desta maneira. Mas depois de três meses de negociações quando um indivíduo decide saltar desse processo e praticar actos de tomada ilegal de armas então as circunstâncias mudam.
SRSG Khare: Tenho cinco perguntas. Guido seguido por Jill e depois a RTP sim, reparei nisso. Passamos a Guido.
Jornalista Guido: Se no caso de Alfredo se esconder no complexo da igreja, vai a ISF usar equipamento como os helicópteros ou blindados, para desenvolver operações como a do Farol há uma semana?
Brig. Rerden: Encorajarei Reinado a entregar-se para que reduza e remova a oportunidade de qualquer pessoa inocente ser afectada pelas nossas operações, incluindo a estrutura ou edifícios de culto religiosos, seria, penso, bastante irresponsável esconder-se nesse modo e pôr em risco um lugar de cultura ou de religião tão importante desse modo.
Jornalista Jill: Tenho uma pergunta para si e para o Brigadeiro. A primeira para o SRSG. Não seria adequado talvez a ONU tomar algumas iniciativas e aconselhar os líderes Timorenses a serem um pouco mais flexíveis em relação à proposta do Sr. Reinado [inaudível]. Parece-me que há melhores soluções para um problema político do que uma solução militar.
SRSG Khare: A ONU defende a paz. Estávamos a tentar levar Reinado à justiça num modo pacífico ao lado do governo e obviamente do Parlamento Nacional e também da ISF. Disse ao Conselho de Segurança em 12 de Fevereiro que havia esforços em curso para assegurar que o Reinado se submeta ele próprio à justiça num modo pacífico. É claramente da responsabilidade de Reinado que tivéssemos chegado ao ponto a que chegámos agora.
Como disse ao advogado de Reinado o domínio da lei e da justiça deve ser mantido.
Não consigo antever um acordo entre uma pessoa que é suspeita de ter cometido vários crimes a ter um acordo com o Estado. Mas isto não significa que não haja nenhuma solução pacífica. A solução é que o Reinado se submeta ele próprio à justiça num modo pacífico e confio que se é um verdadeiro líder ele ouvirá este apelo em benefício do povo de TL. E devo acrescentar que a ONU e eu próprio sublinhámos especificamente o compromisso feito pelo Presidente Gusmão na sua declaração que se o Reinado se submeter à justiça num modo pacífico será tratado com a devida dignidade como de facto deve ser o caso de todos os presos.
Tem duas perguntas. Aceitamos ambas.
Jornalista Jill: Disse que o Sr. Reinado estava reduzido a um grupo pequeno e que realmente não tem apoio. Todos sabemos que tem o apoio dos jovens desencantados do oeste e em Dili mas em termos de força e espontânea e desorganizada [inaudível] mas tem também o apoio de antigos comandantes da guerrilha do oeste que o aconselham. São uma força [inaudível] e têm contactos regulares com ele e com os peticionários. Acha que são grupos pequenos e insignificantes?
Brig. Rerden: Referia-me aos grupos de apoio dos actuais membros armados do seu grupo. Tenho esperança que tenha sido aconselhado pelos antigos e experientes guerrilheiros porque tenho a certeza que o aconselhariam que nas correntes circunstâncias a coisa melhor para as pessoas é ele entregar-se ao processo da justiça.
Jornalista de Kyodo: Quero saber mais sobre a operação conduzida em Dili. Andava à procura de Alfredo? Falei com uma mãe que me disse que ela e os seus filhos sofreram bastante nesta operação, os filhos estão agora traumatizados com a operação ela chegou a dizer que as forças não a respeitaram como mulher nem tiveram pena das crianças. Trataram as crianças e a mulher bastante mal. Ela disse que as forças deviam conduzir as operações numa maneira mais sábia de modo a respeitarem a mulher e [inaudível] para as crianças.
Brig. Rerden: Lembro-lhes que as nossas operações são para apreender um grupo de homens armados que dispararam contra as autoridades. Estas operações são complexas e fazemos todos os esforços para minimizar o impacto em civis inocentes. Os meus soldados tiveram treino específico e tomamos todos os passos possíveis para garantir que qualquer civil que encontrem durante as operações são tratados respeitosa e adequadamente. E é a nossa preocupação com os civis como sublinhou que nos leva a continuar a pedir a Reinado para se entregar ele próprio para salvar civis inocentes do impacto dessas actividades.
Jornalista RTTL: Tenho duas perguntas. Primeira, sabemos que a ONU e a ISF estão a tentar conduzir operações para pedir a Reinado para se render ou apreendem-no e ao mesmo tempo da parte das autoridades de TL estão a tentar juntamente com a igreja encontrá-lo, terem qualquer tipo de conversas com Alfredo.
Pensa que ambas as coisas podem estar em linha para encontrar uma solução pacífica e, segunda, qual é o resultado da investigação do incidente que teve lugar no aeroporto há algumas semanas atrás e, terceira, em relação às condições de segurança para os candidatos presidenciais.
SRSG Khare: Deixe-me responder às três perguntas. Mas deixe-me começar com a dos candidatos presidenciais. Escrevi a todos os candidatos presidenciais e como já vos disse antes logo que as candidaturas foram confirmados pelo Tribunal de Apelo teriam segurança da UNMIT. Alguns dos candidatos já aceitaram e os arranjos de segurança já foram feitos. Outros disseram que só seria precisa durante o período da campanha e respeitamos isso.
Houve um candidato que estava preocupado se íamos cobrar e tivemos de dizer que não, que esta é uma contribuição da UNMIT e que é da responsabilidade da UNMIT providenciar a segurança a todos.
Vamos agora às investigações ao incidente no campo de deslocados do aeroporto, presumo que seja isto que referiu. A investigação continua obviamente, demorará mais algum tempo.
Obviamente sabe que o resultado da investigação é propriedade do Procurador-Geral de TL, do governo de TL e será partilhado com eles de modo adequado.
Indo finalmente à pergunta sobre Alfredo Reinado, estou encantado por o governo estar a explorar todos os caminhos para passar as mesmas duas mensagens, que antes sublinhei. Essas mensagens são muito claras, Reinado deve submeter-se ele próprio à justiça incondicionalmente e que uma vez que se submeta à justiça será tratado com dignidade como na verdade todos os outros presos devem ser tratados com dignidade. Agora tenho muitas perguntas, RTP AP, Lusa acabamos todos aqui porque estas conferências estão a ficar mais longas.
Jornalista Lusa: Há duas semanas, o Sr. Reske-Nielsen falou sobre a situação dos deslocados. Quais são os números exactos dos deslocados agora? Quantas pessoas requerem ainda assistência humanitária?
SRSG Khare: O número exacto de deslocados em cada dia particular tende a flutuar, dependendo da situação de segurança e da percepção da segurança entre a população. É verdade que o número de deslocados aumentou durante a segunda semana de Fevereiro. Tanto quanto sei o governo decidiu continuar com a distribuição de alimentação apesar de na mesma altura estar a fazer esforços para determinar os mais vulneráveis mas até agora continua a distribuição de alimentação aos deslocados. As reuniões regulares do comité inter-ministerial partilhadas pelo Ministro do Trabalho e da Reinserção Comunitária que se realizam sobre estas questões continuam e regressaremos à questão dos deslocados no a nossa próxima conferência de imprensa quando tivermos mais e melhor informação acerca da situação e também do desafio da distribuição de arroz, há alguns relatos sobre pragas de gafanhotos que destroem colheitas e que foram vistas em Bobonaro e em Ermera. E finalmente para encerrar o tópico acredito que no fim de Março, isto é, daqui a duas semanas será novamente re-avaliado o esquema de distribuição de alimentação.
Jornalist AP: Recentemente o Sr. Alexander Downer, disse aos media que o Alfredo será preso antes das eleições, o que é que pensa, é capaz de fazer isso?
SRSG Khare: Sabe-se obviamente que esta é uma conferência de imprensa da UNMIT e da ISF e que não comentaríamos a declaração que foi feita por líderes de outros países.
Jornalista: Alfredo continua a ser uma ameaça para as eleições. Garante a ISF que ele será preso?
Brig. Rerden: As nossas operações para apreender Reinado e o seu grupo continuam. Como disse na minha declaração as nossas operações já reduziram Reinado de tal maneira que ele já não é mais uma ameaça. Mas sublinho outra vez como o SRSG sublinhou que alcançar um resultado pacífico depende do Reinado e que ele tem a opção e a oportunidade para se entregar às autoridades agora.
Jornalista Radio RTTL: A mensagem de apelar incluindo o seu apelo não muda a mente de Alfredo para se render. Porque é que faz isso?
SRSG Khare: Há duas respostas que quero dar e penso que é melhor que sejam entendidas com clareza. Não é uma questão de modo ou de sentimento é uma questão de lei e de justiça. Ou o Reinado se submete ele próprio pacíficamente à justiça ou os órgãos relevantes têm de o levar à justiça e tanto quanto prefiro a primeira opção como ouvimos muito claramente do comandante da ISF a segunda opção de o levar à justiça continua.
Jornalista: Gostaria de perguntar ao Brig. Mal Rerden. Durante as operações quatro dos homens de Alfredo foram mortos mas houve o rumor que um Australiano também foi morto. É verdade?
Brig. Rerden: Clarificarei somente que como foi anunciado na anterior conferência de imprensa que houve de factocinco dos homens armados de Reinado que foram mortos em resultado da nossa operação de 4 de Março. Não houve nenhuma tropa da ISF
que fosse ferida ou morta durante a operação.
SRSG Khare: As duas últimas perguntas.
Jornalista: Sr. Rerden mencionou que apelou às pessoas para darem informação à ISF e também mencionou que o Alfredo já não tem influência e isso significa que agora [inaudível] na sua operação para o apreender e ao seu grupo?
Brig. Rerden: Obviamente não vou entrar em detalhes específicos das operações, como sempre há uma necessidade importante em proteger a segurança das nossas operações. O que posso dizer é que com qualquer informação dada pelas pessoas que levem à apreensão de Reinado ou do seu grupo agiremos muito rapidamente.
Jornalista: Brigadeiro General, sei que viu as filmagens recentes de Reinado. Que avaliação faz [inaudível] acerca da localização e das condições de Reinado e também como é que se sente pessoalmente com o facto de ele usar um uniforme igual ao seu.
Brig. Rerden: As imagens de Reinado lembraram-me exactamente a imagem de um foragido. Pareceu-me estar preocupado, pareceu-me estar frágil, com falta de comida, alguém que está sob muita pressão. Em relação ao uso do uniforme, em primeiro lugar a minha opinião pessoal não é realmente relevante;
É simplesmente uma matéria para afirmar que este uniforme é o uniforme da Força de Defesa Australiana e que não é adequado a ninguém usá-lo.
Jornalista: Em relação ao tratamento com alguns jornalistas e civis, civis têm sido revistados e um jornalista foi revistado e tu«iraram-lhe a câmara, alguns dos jornalistas enfrentaram alguns problemas durante a operação no Domingo em Palapaso também. Um não foi autorizado a falar ao telefone. Tem alguma explicação?
Brig. Rerden: Como afirmei, estão a conduzir-se operações para apreender indivíduos armados que dispararam contra as autoridades. Este nível de ameaça requer uma operação militar muito controlada para garantir o mínimo impacto possível nos civis na área e por isso é necessário deter inicialmente indivíduos na área imediata e garantir que não vão representar uma ameaça para a ISF ou para outros civis. Uma vez confirmado o seu estatuto, confirmada a sua identidade e se não houver nenhuma evidente ou remanescente ameaça depois são libertados. Em relação aos media e ao acesso a operações com ameaças elevadas sublinho que restringimos os movimentos dos media e de todos os outros civis nesta área para a sua própria protecção.
Jornalista: E sobre a confiscação de um gravador. Isto não é uma arma letal?
Brig. Rerden: Detalhes das nossas operações em termos de informação e em termos de artigos que podem ser confiscados durante essas operações não podem ser discutidos em qualquer detalhe no momento porque contribuem para uma operação em curso.
SRSG Khare: Bem, penso que encerramos aqui a conferência de imprensa. E visto que encerrei formalmente a conferência de imprensa, quero dizer uma coisa, hoje faz três meses que cheguei e esta é a minha 14ª conferência de imprensa semanal e quero realmente encorajar a única mulher, jornalista Timorense que vejo sempre aqui a fazer a primeira pergunta, seja ela qual for, a primeira pergunta não interessa qual. Obrigado.
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UNMIT – situação da segurança
Esta é a emissão da polícia da ONU em Timor-Leste para lhe dar alguma
informação acerca da situação de segurança no país.
Sexta-feira, Março 16, 2007
A situação em Dili manteve-se relativamente estável nas últimas 24 horas.
Hoje, a resposta pronta da ONU a um relato de apedrejamentos em Biro
Pite garantiu que a situação ficou sob controlo sem detenções ou estragos.
Houve quatro tentativas ontem à noite e cedo nesta manhã para entrarem no armazém do Programa Mundial da Alimentação em Bebora. O primeiro incidente foi controlado pela UNPoL que estava a trabalhar com a POR-FPU. Foram detidas dezoito (18) pessoas.
O segundo incidente ocorreu pouco depois da meia-noite. Foram feitas duas detenções.
Pouco depois, na terceira tentativa participaram umas outras 20 pessoas. A POR-FPU e a PAK-FPU responderam e fizeram três detenções. A última tentativa foi feita uma hora depois e foi gerida pela POR-FPU. Mais duas pessoas foram detidas levando a um total de 25 detenções.
A Polícia aconselha que deve evitar viajar durante a noite nas áreas mais afectadas. Contacte a polícia se vir algo de suspeito ou problemas de qualquer espécie, e evite permanecer próximo de qualquer distúrbio. Telefone para o l 112 ou 7230365 para contactar a polícia 24 horas por dia, sete dias na semana.
Esta foi uma emissão diária da Polícia da ONU em Timor-Leste, para o povo de Timor-Leste
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Desassossego em Timor-Leste testa a determinação dos estrangeiros
National Business Review [Nova Zelândia] – Sexta-feira, Março 16, 2007
NZ impulsiona a segurança e a construção de nação
John Bishop
A violência política e o desassossego civil em Timor-Leste aumentaram e mantiveram-se nas duas últimas semanas, levantando perguntas sobre o custo e o valor estratégico do envolvimento da Nova Zelândia naquela inquieta ilha nação.
A Nova Zelândia tem investido pesadamente nas acções para estabilizar Timor-Leste, em ambas, antes e depois de se tornar independente em 2002.
A primeira vez que a Nova Zelândia comprometeu tropas em Timor-Leste foi em Setembro de 1999, e cooperou com polícias e pessoal militar com vários agrupamentos liderados pela ONU desde então. Pessoal dos departamentos das Correcções e Alfândegas têm ajudado a treinar os seus parceiros locais.
O destacamento corrente de tropas e polícias começou em Maio de 2006 a pedido do governo Timorense depois de manifestações em massa de ex-pessoal militar decepcionado em Abril do ano passado. Isso levou ao que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comércio chamou "um colapso sério na segurança interna, que forçou o governo Timorense a apelar à assistência internacional."
O custo do destacamento dos 150 membros das forças conjuntas da Nova Zelândia (principalmente pessoal das forças armadas) é de $2.2 milhões por mês, ou mais de $25 milhões no ano corrente. A NZAid gastou perto de $30 milhões em assistência ao desenvolvimento lá desde 1999.
A Nova Zelândia comprometeu ainda $1.7 milhão em ajuda humanitária o ano passado, que foi usado para comprar alimentação e a apoiar os campos de deslocados.
O contingente policial de 25 pessoas da Nova Zelândia está a custar $5.9 milhões no ano de 2006/07 mas está lá sob o auspício da ONU e os custos são reembolsados.
A Nova Zelândia está também a assistir com aconselhamento e pessoal nas eleições deste ano. As eleições têm a intenção de ser mais um passo para a estabilidade política, mas podem agora estar em questão dada a última violência política lá.
Então porque é que mesmo asim a Nova Zelândia se mantém envolvida
O pensamento oficial avança com duas linhas de argumentos.
Uma são as obrigações de "boa cidadania internacional" que a Nova Zelândia assumiu para si própria dado ser um membro activo da ONU. No passado isso levou a Nova Zelândia a receber refugiados da maioria dos conflitos internacionais e a contribuir para a manutenção da paz e para os esforços de reconstrução sob ambos os auspícios da ONU e da NATO.
O segundo argumento é que Timor-Leste está no cruzamento de rotas entre a Indonésia e a Austrália, e que haver diferenças entre esses países não é do interesse da Nova Zelândia. Timor-Leste é ainda, argumentam, parte do "arco da instabilidade" a que se referem os (teóricos) da estratégia. Esse arco inclui a Papua Nova Guiné, Vanuatu, Tonga e as Fiji. Argumentam que não é do interesse da Nova Zelândia ter Estados falhados na sua vizinhança.
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Embaixador EUA
Casa Branca (EUA) - Março 15, 2007
Anúncio pessoal
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O Presidente nomeou hoje cinco individuos e tem a intenção de nomear dez individuos para servirem a Administração:
O Presidente nomeou Hans G. Klemm, do Michigan, para ser Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário dos Estados Unidos da América na República Democrática de Timor-Leste.
Mr. Klemm é um membro de carreira do Srrviços no Estrangeiro e correntemente serve como Ministro-Conselheiro para os Assuntos Económicos na Embaixada dos USA no Japão. Antes, serviu como Director do Gabinete de Desenvolvimento de Carreiras e Nomeações no Escritório dos Recursos Humanos no Departamento de Estado. No princípio da sua carreira, serviu como Director do Gabinete de Assuntos Comerciais da Agricultura, Biotecnologia e Têxteis no Escritório de Economia e Assuntos de Negócios. O Sr. Klemm tirou o bacharelato na Universidade de Indiana e o mestrado na Stanford University.
Por Malai Azul 2 à(s) 03:52 0 comentários
Traduções
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "