Diário Digital / Lusa
22-01-2007 16:29:00
Uma coluna humanitária liderada pelo primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, foi hoje travada na fronteira de Timor-Leste com a Indonésia quando pretendia seguir para o enclave de Oécussi, por alegada falta de autorização de passagem das viaturas da ONU.
«É má vontade» das autoridades indonésias, reagiu o primeiro-ministro timorense ao final da tarde (hora local), quando já era tarde demais para a coluna atravessar território indonésio.
«Um telefonema devia poder resolver isto», acrescentou.
A coluna transportava 25 toneladas de arroz e 100 caixas de massa para o enclave timorense de Oécussi, na parte indonésia da ilha, situado a cerca de 75 quilómetros a oeste da fronteira de Batugadé.
É a primeira vez que um primeiro-ministro timorense procura atingir o enclave de Oécussi por via terrestre.
A coluna de 18 viaturas, em dois grupos, saiu de Díli ao princípio da tarde de hoje.
O segundo grupo, com as viaturas oficiais do chefe de Governo e segurança, atingiu a fronteira de Batugadé pouco depois das 17h00 (08:00 em Lisboa).
A guarda fronteiriça indonésia, no entanto, apenas autorizou a passagem de quatro viaturas da comitiva, onde seguia o primeiro-ministro e dois membros do Governo.
As autoridades indonésias afirmaram que todas as outras viaturas, incluindo os sete camiões de ajuda alimentar, não podiam passar porque não tinham autorização.
A recusa surpreendeu a comitiva, uma vez que desde sexta-feira os documentos de todos os integrantes da coluna e de todas as viaturas foram entregues na embaixada da Indonésia em Díli.
José Ramos-Horta recusou-se a prosseguir viagem sem os camiões da Organização Internacional das Migrações (OIM) e do Governo timorense.
«Não vou, obviamente», afirmou.
Durante mais de duas horas, o primeiro-ministro esperou sentado no exterior do posto fronteiriço, acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento, Arcanjo da Silva, e pelo secretário de Estado do Ordenamento do Território, João Alves.
Um outro elemento do executivo, Arsénio Bano, ministro do Trabalho e Solidariedade Social, aguardava pela coluna em Oécussi, de onde é originário.
Enquanto Ramos-Horta aguardava à sombra, o chefe da operação humanitária, Peter Schatzer, procurava desbloquear a situação, contactando o outro lado da terra-de-ninguém que separa os dois países em Batugadé.
Cerca das 18:30 (hora local), chegou a autorização indonésia, mas a essa hora já não era possível «a coluna passar, porque as autoridades indonésias não conseguem garantir a segurança», segundo Peter Schatzer.
Esta autorização era um problema acrescido para a missão: o adiamento da viagem, mesmo por 24 horas, implicava «abandonar esta missão e montar outra operação do zero com todas as autorizações de segurança das Nações Unidas» em Jacarta, referiu.
Este processo, acrescentou Peter Schater, seria impossível antes de quarta-feira, uma vez que ao final da tarde todos os serviços estavam encerrados em Díli e Jacarta.
«Eu conheço algumas dessas regras tolas das Nações Unidas», respondeu Ramos-Horta.
«Ou vou amanhã [terça-feira] a Oécussi ou cancelo a operação e volto a Díli para explicar à imprensa o que aconteceu», disse o primeiro-ministro timorense.
Alguns minutos depois, foi encontrada uma solução de compromisso: Ramos-Horta e comitiva rumaram a Maliana, no distrito timorense de Bobonaro, passando a cordilheira de Balibó.
Quanto aos sete camiões, decidiu-se que ficariam durante a noite na fronteira, sob a protecção da polícia timorense.
«Estão aqui mais de 20 homens», explicou Ramos-Horta tranquilizando os responsáveis pela coluna da ONU.
Questionado por Ramos-Horta se tinham mantimentos, o director da operação da ONU respondeu «arranjamo-nos», ao que o primeiro-ministro mandou abrir a mala da sua viatura para deixar bebidas ao pessoal da OIM.
«Há aí dentro refrigerantes, colas, água. Amanhã devolvam-me a geladeira», disse Ramos-Horta.
Foi entre risos que, por fim, nove viaturas brancas inverteram a marcha e tomaram a sinuosa estrada de Maliana.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=259384
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22-01-2007 14:47:37
Coluna da ONU com premiê timorense é barrada na Indonésia
Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa
Maliana, Timor Leste, 22 Jan (Lusa) - Um comboio humanitário liderado pelo primeiro-ministro timorense, José Ramos Horta, foi barrado nesta segunda-feira na fronteira do Timor Leste com a Indonésia quando pretendia seguir para a região de Oécussi, por suposta falta de autorização para passagem da coluna das Nações Unidas.
"É má vontade" das autoridades indonésias, reagiu o primeiro-ministro timorense no final da tarde (hora local), quando já não havia tempo hábil para cruzar o território indonésio.
"Um telefonema deveria resolver isso", acrescentou.
Oécussi é uma região pertencente ao Timor Leste e localizada na região oeste da ilha em que se encontra o país - está encravada na metade pertencente à Indonésia.
A coluna transportava 25 toneladas de arroz e 100 caixas com mantimentos para a região timorense. É a primeira vez que um primeiro-ministro do Timor tenta chegar à região de Oécussi por via terrestre.
A coluna de 18 viaturas, em dois grupos, saiu de Díli no início da tarde desta segunda.
O segundo grupo, com as viaturas oficiais do chefe de governo e da segurança oficial, chegou à fronteira pouco depois das 17h locais (6h de Brasília).
A guarda fronteiriça indonésia, no entanto, apenas autorizou a passagem de quatro viaturas da comitiva.
As autoridades indonésias afirmaram que todas as outras viaturas, incluindo os sete caminhões de ajuda alimentar, não podiam passar porque não tinham autorização.
A recusa surpreendeu a comitiva, uma vez que desde sexta-feira os documentos de todos os integrantes da coluna e de todos os veículos haviam sido entregues na embaixada da Indonésia em Díli.
José Ramos Horta se recusou a seguir viagem sem os caminhões da Organização Internacional para as Migrações (OIM, ligada à ONU) e do governo timorense.
"Não vou, obviamente", afirmou.
Espera
Por mais de duas horas o primeiro-ministro esperou sentado do lado de fora do posto fronteiriço, acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento, Arcanjo da Silva, e pelo secretário de Estado para o Ordenamento do Território, João Alves.
Um outro membro do Executivo, Arsênio Bano, ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, aguardava pela coluna em Oécussi.
Enquanto Ramos Horta esperava à sombra, o chefe da operação humanitária, Peter Schatzer, tentava acabar com a falta de entendimento entre as partes.
Por volta das 18h30 locais chegou a autorização indonésia, mas a essa hora já não era possível "a coluna passar, porque as autoridades da Indonésia não conseguem garantir a segurança", segundo Schatzer.
Esta autorização era um problema a mais para a missão: o adiamento da viagem, mesmo que por apenas 24 horas, implicava "abandonar esta missão e montar outra operação do zero com todas as autorizações de segurança por parte das Nações Unidas" em Jacarta, ainda de acordo com Schater.
"Eu conheço algumas dessas regras tolas das Nações Unidas", respondeu Ramos Horta.
"Ou vou amanhã [terça-feira] a Oécussi ou cancelo a operação e volto a Díli para explicar à imprensa o que aconteceu", disse o premiê timorense.
Solução momentânea
Alguns minutos depois foi encontrada uma solução momentânea: Ramos Horta e a comitiva seguiram para a região de Maliana, no distrito timorense de Bobonaro (oeste timorense, na fronteira com a Indonésia).
Quanto aos sete caminhões, foi decidido que ficariam durante a noite na fronteira, sob a proteção da polícia timorense.
"Estão aqui mais de 20 homens", explicou Ramos Horta tranqüilizando os responsáveis pela coluna da ONU.
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