sábado, junho 10, 2006

Qual será?! Deixa ver...

The Age
Political leader goes into hiding

Tom Hyland and Lindsay Murdoch, Dili
June 11, 2006

THE leader of East Timor's main opposition party has gone into hiding, fearing for his life following a death threat he says came from Prime Minister Mari Alkatiri.

Democratic Party leader Fernando de Araujo said he feared for his safety after local police told him they had orders from "high levels in the Government" to shoot him.

The threat was delivered by police intelligence officers, he said, but they refused to carry out the order, "as their conscience told them a different thing".

The officers did not say who in the Government issued the order, but Mr de Araujo said he believed it came from Mr Alkatiri.

"The Prime Minister is one of the most extreme guys we have in this country," Mr de Araujo told The Sunday Age from a village safe house in East Timor's west. "It's not impossible for him to kill."

He also accused Mr Alkatiri of orchestrating violence that has plunged the country into a political and security crisis, and of ordering the distribution of weapons to militants loyal to the Fretilin party, led by Mr Alkatiri and which dominates the Government.

"He's already created terror in our society," Mr de Araujo said. "Now people are living in fear, not only in Dili but in all the districts, because guns are now in the hands of civilians.

"Who created this situation? It's the Prime Minister."

Mr de Araujo's wife, Jacqueline Siapno, a Melbourne University political science lecturer, fled Dili with their three-year-old son last week, after their house was burnt down.

Mr de Araujo blamed the destruction of his house on Fretilin militants who feared the Democratic Party was a threat to their control.

Mr Alkatiri is resisting pressure to stand down following the eruption of the crisis in late April that has paralysed the Government and forced tens of thousands to flee their homes.

He has consistently denied orchestrating the violence. He has also denied issuing death threats and has promised to co-operate with a United Nations investigation into the violence.

The Australian Government has sought to appear not to be taking sides in the political stand-off, saying it was up to the East Timorese themselves to resolve.

At the same time, Foreign Minister Alexander Downer has said allegations against Mr Alkatiri were "extremely serious".

Yesterday, a spokesman for Mr Downer said the allegations needed to be investigated by East Timorese authorities. If they lacked the capacity, the allegations should be handed to the UN to investigate.

Mr de Araujo's comments came as the leader of a heavily armed group holed up in the western mountains raised the possibility of joining hundreds of rebel soldiers to force Mr Alkatiri's downfall.

Vincente da Concecao, alias "Railos", said that while he had different grievances to the rebels in two other groups, "we have a common objective to bring down Alkatiri's regime".

Mr da Concecao appealed for protection from international peacekeepers in Dili after publicly accusing Mr Alkatiri last week of arming his men and ordering them to wipe out Government opponents.

Australian forces in Dili said they would protect the men if they surrendered their weapons.

Speaking at a mountain-top coffee plantation, Mr da Concecao said his main demand was for his 30 men to be protected. "I am under threat. But I am prepared to testify before an independent tribunal and say that Alkatiri gave us weapons to be used to ensure that he remains in power," he said.

But suspicions remain that an unidentified political force is behind his group.


.

A antena...

EAST Timor needs much more humanitarian help now as people return from refugee camps to their burnt-out homes, East Timor's Australian-born first lady said.

Kirsty Sword, the wife of President Xanana Gusmao, said East Timorese people have an amazingly well developed political antenna and the sense that the nation's problems had yet to be resolved.

"They are still standing by for that significant message from the leadership of the nation that is going to make them have renewed confidence and faith in security and in their own futures," she said.

"Obviously we can do with a lot more assistance in terms of humanitarian relief, not only just at this point but actually in the not too distant future when people go home and need to rebuild their homes and their lives."

Ms Sword said the Timorese people were extremely grateful to Australia for the assistance in restoring law and order.

But she said the long term problems needed to be addressed by the East Timorese people themselves.

"In the longer term there is a need for ongoing help with governance.
That has been provided to date but perhaps this experience has demonstrated the need for further work in that field," she said.

With world cup football fever sweeping the world, Ms Sword opened East Timor's own version, the Don Bosco World Cup featuring teams of youngsters resident at the Don Bosco Mission, Dili's largest displaced persons' camp.

"I understand the crisis that we are all going through right now," she said in East Timor's language Tetum, thanking match organisers for staging the event .

"Let us pray to God and hope that our political leaders can sit together and resolves these problems so all this suffering can stop. We all have a right to live in peace, especially our children."

..

No Timor-Verdade

Timorenses unidos pela normalidade

Falar verdade, unir as vontades, salvar o que resta da esperança nacionalEstá na hora de Portugal falar alto. Tão alto que se faça ouvir junto do povo timorense. Sem medos, sem rodeios.

Mas está também na hora da infantil Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tomar uma posição conjunta. Aquilo a que se assiste é a um vil ataque a um país de língua portuguesa - o qual nunca foi respeitado pelos australianos ao longo destes anos.

A CPLP tem de falar, mas enquanto fala e não fala, Portugal tem de tomar drásticas posições internacionais. Terá de jogar no plano internacional. Terá de "apertar" com José Ramos Horta - este senhor bem apertadinho até dará uma ajuda à normalização da situação da segurança -, pois foi ele que assinou com os australianos um acordo de poderes totais no comando das tropas internacionais.

José Ramos Horta respeita Portugal e sabe o quanto depende dos países de língua portuguesa o seu sucesso em termos de conhecimento da sua acção. José Ramos Horta sabe bem quem lhe deu de comer e quem o ensinou na diplomacia contra a Indonésia... José Ramos Horta vai voltar a apelar à paz. Será por ordem dele que os rebeldes irão desarmar - Xanana dará uma ajudinha e Marí também. Iremos assistir a mais uma série de reunioes de reconciliação à boa maneira timorense. Todos ficarão contentes e as facturas pagar-se-ão daqui a uns anos...

José Ramos Horta sabe que não pode permitir a humilhação da presença portuguesa em Timor-Leste e irá emendar a mão.

Xanana Gusmão parece estar esquecido que há bem pouco tempo em Portugal lhe "saltou a tampa" e chamou de "ladrões" aos australianos devido às negociações do Mar de Timor.

Xanana Gusmão, pese embora alguns excessos, é homem de coração e de justiça - saberá interpretar tudo o que se passa e apelar à defesa do Estado de Direito.

Xanana Gusmão tem esse poder e essa vontade férrea da liberdade e de pátria timorense.Marí Alkatiri saberá corrigir alguns erros de governação, saberá inclusivé estabelecer a ordem entre o acontecido e o seguinte passo. É um nacionalista de olhar frontal para o desenvolvimento associado a sinergias entre países e continentes. Cá dentro saberá gerir com Lu'olo a intensa dramatização da sociedade timorense - apenas em Díli, pois é aqui se discute a Soberania do país ameaçada pelos australianos.Timor-Leste não falhou e José Ramos Horta já terá começado a perceber que foi usado - em excesso e com vigor australiano e seus amigos.

Neste momento, José Ramos Horta, o patriota, estará a assegurar na ONU a Soberania do país e a legitimidade do Governo ao qual pertence por opção - até agora ainda não se demitiu é por que acredita nas capacidades do seu chefe do executivo.

A hora é de cerrar fileiras, de entregar as armas e de se partir para a justiça das coisas. É tempo dos rebeldes se definirem como rebeldes em definitivo ou como instrumentos de fins sobre os quais já ninguem tem duvidas.A hora é de calma e de acalmar, de fazer recolher a suas casas os milhares de deslocados e de refugiados. A hora é a de repor a ordem institucional - tentada por força de entrada de militares australianos a parar, a colapsar - e dar tranquilidade às pessoas.

O povo de Timor não pode sofrer mais, não pode continuar a viver no medo de campos sem condições de higiéne, sem salubridade.

A hora é de gritar pelos mais jovens e dizer-lhes: "estamos convosco, estamos convosco na construção do vosso futuro, na afirmação da nossa Nação, da nossa Pátria, em memória dos que deram a vida pela liberdade".

.

Dos leitores

Eu ouvi-o a dizer (em inglês) que caberá ao PM responder a essas alegações, que são alegações muito graves, que se deve ar ao PM a oportunidade de responder...assim como quem sacode a água do capote.

Foi ontem à noite numa TV qualquer portuguesa, com Mr. Horta composto no seu casaquinho de gola à Mao. Ouvi e não gostei. Tentei caçar essa reportagem noutro canal qualquer para apanhar os termos exactos das suas declarações mas não consegui. Mas confesso que essas declarações de Mr. Horta me deixaram agoniada e desgostada. Penso que ele deu corda a mais a uma atoarda infame.

Was East Timor ready for independence?

ABC
James Dunn, former Australian consul to East Timor - 29/05/2006

In East Timor killings, gun fights and increasing anarchy in the streets of Dili has seen Australian troops return only two years after they left.

Not waiting for rules of engagement, the Australians were rushed into the country to prevent more deaths as what began as an Army dispute about pay and conditions spiralled to the brink of civil war.

The cry for help was triggered by weeks of increasing violence after a protest by nearly 600 disgruntled soldiers turned deadly.

While the armed intervention will stabilise the country, it has raised questions about East Timor's political leadership just four years after the euphoria of independence.

Someone who's well versed with East Timor's brutal past is James Dunn. He was an adviser to the United Nations Mission in East Timor in 1999. He's also a UN expert on crimes against humanity, having worked as an investigator for the UN's transitional administration in East Timor.
Now, this isn't really a military dispute on pay and promotions anymore, is it? It's an attempted coup d'etat, is it not?

Well, it has moved into a new phase, where it is clear that one section of the military, led by Major Alfredo Reinaldo, is moving to unseat a government he doesn't like very much.


But it did escalate, didn't it, when Prime Minister Alkatiri survived the challenge to his leadership. I mean, he is a man who's said to be very unpopular, not on speaking terms with the President. You know him. What sort of a man is he?

He's somewhat different from other Timorese leaders. Not only because he's a Muslim. I think that's a remarkable fact, that he is a leader of East Timor, Christian country, as a Muslim. Although he's an efficient worker, probably a good bureaucrat, I've never felt that he was an easy person to deal with, an easy politician ...


Why not?

... a politician who had close relations with the people. I guess it's his style.


Is there a danger, are you fearful that, perhaps, anti-Independence forces in the West or in the Western part might exploit this situation?

Well, I think that is a danger, not so much from Indonesia as from a few remnants of the militia. And we mustn't forget that one of the most powerful militia leaders, Joao Tavares, is still over there in Western Timor, occasionally talking about the possibility of returning to the East. And in 1999, he was the leading militia leader. And that's why, in that area, it was in that area that, I suppose, not only most of the militia were recruited but where they were more enthusiastic for continuing with Indonesia, and also where they were more brutal.


Well, James Dunn, how far back should have some of these problems been addressed? Because when you were advising the UN Mission in 1999, you had some concerns about the Western sector, didn't you?

It has been so badly affected because it was the last, it was close to Indonesia, in terms of destruction, the destruction in towns like Maliana, Balibo and so on, was massive. Whereas, in the East, the destruction wasn't as serious. But I think my concerns were more, in relation to this matter, on two grounds. I think one was about the pace of change. And, indeed, the ambitions of the UN Mission to transform the East Timorese from the ashes of November 1999 to independence in 2002. I mean, it was a remarkable achievement, it seemed, but I felt it was so quick that so many aspects hadn't been properly dealt with. One, of course, was the military, in my view. It was only a year before independence that the training of the military got under way. But, you know, the position of the military in a new country is also, is always of crucial importance, because it can be a source of unrest, of instability. And I don't think that the development of the military took that into account.


So what do you do now? Do you sort of revisit those institutions and start again and do what should have been done back in 1999?

Well, you can't start again. We have to deal with the situation as it is. When the UN Mission ended, there was a proposal, which Kofi Annan himself took up, to keep a peace keeping element in East Timor. I'm afraid we lost that. Australia and the United States voted against it. And, of course, they didn't do it.


So you're saying we should take some of the blame?

Well, in a sense, a bit of it because had there been a small peacekeeping element mostly of civilian police, but some troops, there would have been this independent force to move quickly into these areas.


Why did Australia vote against it?

Well, you'd have to ask the Australian government. But I think many people felt they wanted to get Australians out of East Timor. There was some suggestion the Indonesians didn't like their presence there. But, nevertheless, in my view, it was too hasty. They should have stayed there.


Could this damage relations with Indonesia, the fact that we are leading this?

It is sensitive, but so far there hasn't been any official condemnation or negative criticism of it. But, you know, what's important is looking to the future, rather than have what some might see as a provocative, large Australian military presence in East Timor. I think the important step is to get it under a UN umbrella.


So, would you urge that it comes under a United Nations umbrella as soon as is possible?

I would like to see that. Yes, I think that's very important. I mean, what's important about Timor is that it was the great achievement of the United Nations. The one case where the UN went in, actually took over a country and took it from the ashes of destruction to independence. And, of course, from the UN's point of view, that shouldn't fail.

Entrevista ao SG da ASEAN

ABC
ASEAN secretary general Mr Ong Keng Yong - 06/06/2006

In response to the recent security crisis in East Timor, Australia is leading a multi-national force, including troops from Malaysia, to try to restore law and order in the troubled new nation.

Canberra's actions are proving less controversial than in 1999, when the Australian-led intervention against Indonesia-backed militias in East Timor was viewed in Asia as aggressive.

Yet some analysts have been questioning why the Association of South East Asian Nations (ASEAN), isn't being more proactive in responding to security crises in its own backyard.

ASEAN also faces other challenges. Its narrow focus on economics and its non-interference policy is now being questioned by some member nations. Regional security is the issue which may shake ASEAN from what one analyst describes as "its semi-comatose state".

Someone who understands the strengths and weaknesses of ASEAN is its secretary general, Mr Ong Keng Yong. He talks about the possibility of a security role for the organisation; the ASEAN view of East Timor and the grouping's perceived failure in Burma.
Regional stability and security as a means of achieving economic goals are at the heart of the raison d'etre of ASEAN. How do you see the situation in East Timor, the problems there, playing out at the moment?

Well, it is a very unfortunate turn of events. We hope that the government and the friends that they have invited to come into East Timor will be able to manage it.

You don't think there's a problem having a predominantly Australian-led interventionist force in an Asian region, especially given that there was controversy over Australia's intervention before?

There is a situation there that the East Timor government warrants the invitation to friends around the region to help them. So, I think it is quite a different situation now. We have to be cautious about all our historical baggage. And we should look at the situation now, under the point of the president there at this moment. It is ready, at the invitation of the government, to control a law and order situation.

Malaysia's role is being seen as pivotal. How's that being seen both around the region and by ASEAN?

We all want to see a very stable and peaceful East Timor. And if our ASEAN member countries - whether individually or, even in the later case, collectively - can contribute to this process, I think it will be looked at positively.

When you talk about unstable states being in your region and in our region, of course, is there scope for ASEAN countries to take a greater role in this type of interventionist force?

I think there are some people in the ASEAN family who would like to do more than that. But the trouble is that we are not constituted to perform these kind of functions. And so we have to improvise as we go along, depending on the situation. And as you are aware, the individual ASEAN member countries were active in the Aceh peace process and some of them were involved in the Mindanao situation. And now with this East Timor situation, I believe that we should take it case by case.

One commentator was unkind enough to say that ASEAN hadn't played a greater role because of what he put down to "its semi-comatose state". What do you say about that?

Well, he's entitled to his own view but I think, at the end of the day, the facts on the ground and the consequences were theorised that there's a sort of wisdom in the policy of ASEAN vis-a-vis East Timor in the earlier years.

But is there not a need for ASEAN to remain proactive on this and to have some sort of rapid deployment group itself?

There may be a need for that. I think some of our member countries have been discussing this issue more and more openly among our family members, so to speak. There is a sense of feeling that we should be looking at the security of the region in a more long-term, more strategic view. And whatever we can do to preserve the stability and security of the region will be useful.

Malaysia's Prime Minister, Mr Badawi, has warned that "economic considerations are pushing nations in one direction and other considerations are pulling them in another direction". What do you think he meant by that?

There is always this interplay of political, economic, social and other kinds of forces at work. We feel that for ASEAN to maintain a competitive position, we have to integrate all our 10 economies. But at the same time, many of our countries are still very jealously guarding their own political position, their own policy vis-a-vis various other countries in the region and beyond.

Which countries are you talking about specifically?

Well, all of us have our own special positions and policies. And no-one in particular can be said to be completely devoted to just the concept of ASEAN economic integration. So, it is a question of our member countries deciding how to place the interests of ASEAN. If they feel that ASEAN has to be developed, has to be evolved into a credible regional grouping, then they must give more weight to what is considered ASEAN's interests.

So are you saying that the East Asia community is not a real prospect now?

If you are talking of a community based on the kind of experience the European Union has undergone, then I think it is very far from that goal. But if you are talking about more of the economic integration, more of the market coming together, into a more singular economic entity, then the prospects are very good.

Actually, on the ground now, the trade between ASEAN countries and the North East Asian countries of China, Japan and Korea is very substantial. And, overall, the trade among all these 13 countries in the region - South East Asia and North East Asia - is also very substantial.

One of the barriers to ASEAN's future growth has been said to be its policy towards Burma. Do you see that as a problem?

There is a problem only insofar as we have to deal with the representation made by external parties on a daily basis to ASEAN. Among ourselves, as you are aware, Myanmar's [Burma's] economy is not a very weighty one. And we are trying our best to work with the Myanmar people on what we call capacity building and bringing them more and more into the open market.

But the criticism of ASEAN has been that you're actually not dealing with Burma, that you're appeasing the regime there. And after all, Aung San Suu Kyi remains under house arrest.

The political element is always there and we have to learn how to live with all the pressure being exerted on ASEAN as a result of the situation. The problem, as you pointed out, is that the outside world consider Myanmar an issue. And they have no leverage now and they think that ASEAN, as a regional organisation, can do more. But I go back to my earlier point that our organisation is not constituted to do all these kinds of activities.

Do Pantalassa

Alguma luz, at last...


A tese de que a Austrália pretende uma influência acima do que exige a crise timorense, ou, por outras palavras, o evidente apetite australiano por uma crise em Timor, parece ganhar, lá no fundo, mais adeptos, mesmo os inicialmente renitentes. Paulo Gorjão, do excelente Bloguítica, acaba de dizer algo de muito valioso para a diplomacia portuguesa e timorense! «Em suma, há muitos Estados do Sudeste Asiático interessados em atenuar a influência australiana em Timor-Leste. Países com os quais Portugal pode trabalhar diplomaticamente.»Juntar esforços com alguns países da região que querem atenuar a sede dos australianos e fazer alguma coisa de jeito, mas sem recorrer ao megafone! Nisto estou totalmente de acordo com o Paulo, que afinal parece querer dizer que o texto deste senhor não era tão afinado como podia parecer!

Dos leitores

São estes "métodos" que incluem arrombamento de portas e entrada forçada em casas particulares, SEM autorização judicial, que os aussies querem banalizar e por isso NÃO lhes servem as leis de Timor-Leste...

Dos leitores

E ontem no telejornal da RTP ouvi alguns dos guardas prisionais com simplicidade a explicarem que "não podiam deixar os presos sem comida".

Explicação que me deixou um nó na garganta e uma vontade de os abraçar a todos.

Do timor-verdade

...

Não é de agora que se sabe a envolvente, só não se sabia que um dia iriam tão longe e com a cumplicidade de José Ramos Horta que cada vez mais se perfila como o "chefe da banda australiana" no seu próprio país - se assim não fosse não deixaria no ar a possibilidade de Marí Alkatiri ter formado um grupo de anormais como snipers (os unicos que estão em Timor são americanos e chegaram em avião privado, qutro deles), e não daria tanta bandeira em posições de ataque ao primeiro ministro que se propõe a substituir como salvador da pátria.

Até que ponto irá a Austrália, mas até onde irá a ONU? sabendo nós que a ONU nada faz sem que seja determinado pelos USA, pelo George Bush, então Marí vai mesmo cair nem que seja a tiro...

Até este momento ninguém, mas mesmo ninguém, questionou pelo não desarmamento dos pseudo rebeldes (empregados australianos, pelos vistos) pelas tropas australianas. Vão para casa.

A única saída é o povo de Timor-Leste levantar-se contra a situação que está criada e desmascarada.

Só o povo de Timor-Leste se pode libertar desta farsa. Não pela força das armas, pela da palavra, apoiando o estado de Direito e a Democracia. Timor-Leste está quase a ser uma Papua Nova Guiné para os australianos...

Portugal não vai ceder

por Rui Teixeira Santos
Semanário
2006-06-09 12:23

A questão de Timor não é menor. Tal como na I Guerra Mundial, os portugueses têm que estar presentes. E tal como então os ingleses e, em particular, Winston Churchill, não queriam os portugueses, hoje a Austrália não quer a presença portuguesa em Timor.

As razões por que queríamos ir antes e por que vamos agora são as mesmas: participar no saque que se segue. Mas as razões por que ingleses e australianos não nos querem são diferentes. Os ingleses preferiam a neutralidade portuguesa, pois as nossas forças eram militarmente irrelevantes e acabaríamos por estar a abrir mais um flanco que daria aos alemães novas possibilidades. O Reino Unido nunca poderia aceitar uma fragata alemã no Tejo, a pretexto do envolvimento de Portugal do lado aliado. Mas mesmo contra o interesse aliado e sem armamento ou disciplina, acabámos por mandar o nosso corpo expedicionário para a Flandres, a convite dos franceses. Obviamente, a aventura correu-nos tão mal, como aquela da Guerra da Sucessão em Espanha, quando as tropas de D. João V ficaram encurraladas em Barcelona, depois de abandonadas pelos ingleses.

Agora, a potência regional quer a sua zona de influência e não quer mais equívocos, o que, naturalmente, Portugal não pode admitir. Por outro lado, as nossas forças policiais, que, actualmente, são bem preparadas, terão até ao final do mês o melhor equipamento disponível para a operação de manutenção da ordem pública na cidade de Díli.

Por outro lado, os portugueses, que conhecem bem Timor, sabem que só é possível a paz com uma solução negociada, como aquela que tem existido. Pelo contrário, os australianos preferem transformar Xanana Gusmão num fantoche local pilotado pelos seus serviços secretos.

E daí o ultimato australiano e a humilhação subsequente, que Portugal inteligentemente fez de conta que não percebeu. (As tropas australianas humilharam os soldados da GNR em Díli na quarta-feira, exigindo-lhe a entrega das armas. Para um militar é a maior humilhação que se pode fazer, comparável, aliás, à de Mouzinho de Albuquerque quando sentou Gungunhana no chão.)

Os ministros de Estado António Costa e Freitas do Amaral vieram ontem, em conferência de imprensa, anunciar o acordo provisório entre as quatro forças estrangeiras no território (Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia), que garante em primeiro lugar que o corpo de intervenção da GNR fica com uma autonomia de comando operacional e com competência exclusiva no bairro de Díli, onde existem maiores problemas, devendo a sua intervenção ser alargada progressivamente a toda a cidade, à medida que chegarem os equipamentos e outros meios, de acordo com a decisão conjunta de Alkatiri e Xanana.

Ou seja, os próprios timorenses percebem que a posição portuguesa é aquela que mais lhes convém nos equilíbrios da região. Já antes era assim e os timorenses sempre foram os mais portugueses de todos os portugueses. E na medida em que são os interesses deles, podem também ser os nossos. A credibilidade da nossa presença decorre, naturalmente, do profissionalismo das tropas, mas também da capacidade táctica do Governo e do facto dos portugueses não cederem de modo nenhum à Austrália.

Os portugueses sabem o que estão a fazer. Há muito, há anos que este cenário está desenhado. E os australianos sabem exactamente isso, seja por via dos sempre bem informados americanos, seja por via dos ingleses. Portanto, o que Portugal está a fazer corresponde exactamente à defesa dos seus pontos de vista e da solução que pensamos ser a melhor para a paz naquele país de expressão oficial portuguesa.

O próximo passo será nas Nações Unidas. A doutrina pós-Cimeira de Washington dá aos portugueses razões de presença no território. Mas, sobretudo, estamos em Timor a convite do Governo legítimo da República Democrática de Timor. Ou seja, temos a razão histórica, temos a vontade das populações e, finalmente, o direito do nosso lado. Tudo o resto é a invasão australiana.

É insustentável a situação que está. Não é possível manter, para lá do fim do mês, quatro forças militares ou policiais, de quatro países diferentes, com comandos operacionais autónomos, sob pena de dividir Timor por áreas de influência, como a Alemanha no pós-guerra. Portanto, estamos no início de um processo e o acordo de ontem é precário e provisório. Mas o Governo tem que ter a inteligência de saber defender os nossos interesses sem se deixar cair noutra armadilha do tipo do "Mapa Cor de Rosa".

Em Timor, existe um Estado organizado e existem autoridades, cuja credibilidade importa manter e reforçar. É nisso que a presença dos portugueses pode ser decisiva, ao contrário da presença da Austrália ou da Malásia.

E, neste contexto - de guerra ou de conflito de interesses -, recuar seria uma humilhação que, certamente, colocaria em causa o Governo, mas também o Estado e a República.

Amanhã comemoramos o 10 de Junho. E, nessa ocasião - uma óptima ocasião - o Chefe Supremo das Forças Armadas e Presidente da República tem a obrigação política de afirmar os princípios estratégicos que orientam a nossa presença em Timor, criando o quadro para o relançamento da Lusofonia, já para a próxima Cimeira de Bissau.

Em segundo lugar, por razões práticas, podemos desvalorizar, hoje, a gravíssima humilhação que as tropas australianas fizerem, esta semana, aos portugueses. Mas não devemos esquecer. Um País como Portugal não deve esquecer e deve, na primeira oportunidade, exigir explicações e cobrar interesses. A Austrália está a comportar-se, publicamente, como potência inimiga, de facto, a partir deste momento. Sempre o foi, desde 1975, só que agora foi longe de mais. E isto tem que estar presente no espírito dos portugueses e da Lusofonia.

Talvez, sem querer (!), Portugal tenha encontrado a "alma" ou o inimigo externo que faltava para esta nova fase da Lusofonia no Mundo.


.

Timor – A operação “Nó Górdio” da democracia

Semanário

2006-06-09 12:28

No mesmo dia em que o Presidente da República comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, convidando o Corpo Diplomático para um concerto na Casa da Música e um jantar na Alfândega do Porto, nos antípodas, do outro lado do mundo, no Extremo Oriente, Portugal recomeça a sua "aventura de defesa da Lusofonia", com uma operação arriscada em Timor.

...

Trinta e cinco anos depois de Kaúlza de Arriaga ter lançado no Norte de Moçambique a operação Nó-Górdio, os portugueses regressam ao teatro de operações colonial, com o propósito de restabelecer os velhos equilíbrios anteriores à autodeterminação. A operação Nó Górdio da democracia não é feita por militares, mas pelos GOI, a força de intervenção da GNR. A Austrália tentou fazer um ultimato a Lisboa para conseguir o controlo da força internacional pedida pelo Presidente Gusmão. Portugal não ligou e, pelo contrário, Freitas do Amaral disse que Portugal não aceitaria subordinar as suas forças a um comando estrangeiro.

É uma mudança estratégica de Portugal. Até agora, e desde a primeira guerra, o envolvimento português foi sempre subordinado operacionalmente ao comando estrangeiro. Portugal, com José Sócrates, volta ao plano de player internacional, com interesses próprios.

O golpe de Estado começou há três semanas em Díli, com a mulher de Xanana Gusmão a pedir a demissão do primeiro-ministro, Alkatiri, a pretexto de uma redução de efectivos das Forças Armadas. Ex-maoísta e com ligações aos PALOP, em particular a Moçambique, Alkatiri foi sempre visto como próximo dos interesses da China e visto com desconfiança pelo sector católico. A Igreja fez sempre o jogo de Xanana Gusmão, sobretudo depois de Bill Clinton e o Papa João Paulo II terem acordado que Timor seria a primeira zona de confronto aberto entre o cristianismo e o islamismo.

António Guterres soube aproveitar bem a situação e, sobretudo, depois da Conferência de Washington, onde a NATO definiu o conceito de parceria e as suas zonas de influência para a Ásia Central, ficava claro que as velhas potências coloniais voltavam a ter um papel a desempenhar como polícias das Nações Unidas em caso de desagregação dos regimes dos países que emergiram das antigas colónias. Conscientes do fracasso da política de autodeterminação, apoiada militarmente pelos EUA a partir dos anos cinquenta, como instrumento para impedir a invasão soviética, os casos flagrantes do Sudão, Somália e do Congo exigiam uma presença das forças internacionais de paz, não estando, depois da Cimeira de Washington, a NATO em condições de intervir.

Papel dos ex-colonizadores no restabelecimento da ordem nas antigas colónias

Foi nesse contexto e como potência colonial que Portugal acabou por se envolver na independência de Timor, retirando protagonismo à potência regional dominante, que queria apanhar o petróleo e os recursos naturais da ilha, mas que, sobretudo, tal como em 1975, não queria ver instalado um regime hostil nas suas águas. Então era o marxismo da Fretilin e o maoísmo de Alkatiri que impressionavam e acabaram por justificar a luz verde de Kissinger à invasão indonésia de Timor. Agora é a porta do islamismo que se pode estar a abrir e, apoiando o movimento católico, a Austrália consolida o protectorado.

Curiosamente, a Igreja está calada: não pode apoiar Alkatiri, mas desconfia dos propósitos de Xanana Gusmão e de Ramos Horta. Esta semana, apoiados nas forças islâmicas da Malaia, manifestantes exigiram a demissão do primeiro-ministro, forçando o golpe de Estado. A Constituição timorense é decalcada da portuguesa, mas o Presidente da República não tem o poder de dissolução do Parlamento. E, por isso, o "golpe de Estado" que Jorge Sampaio fez em Portugal, quando demitiu Santana Lopes, não é possível em Timor. Só com a demissão do primeiro-ministro é que, dentro da ordem constitucional, se muda o Governo. Com o espectro de guerra civil, o golpe orquestrado pelo Presidente da República, apoiado pela Austrália a partir do momento em que o Governo de Alkatiri deu aos italianos da AGIP a exploração do petróleo do mar de Timor (a Galp também concorreu, mas foram os italianos que detêm 33% do capital da Galp que ficaram com a exploração, numa altura em que aparentemente está acordada a venda da posição italiana aos angolanos da Sonangol, dentro de cinco anos) corria o risco de se transformar numa situação de "guerra total", o que, naturalmente, obrigou à intervenção de tropas internacionais.O receio do descontrolo da situação foi mesmo o pretexto ideal para malaios e australianos dividirem entre si a zona de influência. Foi diante deste cenário que Portugal decidiu agir de novo.

A solução lusófona

Em primeiro lugar, definindo o objectivo claro da nossa presença internacional: sempre no quadro das Nações Unidas, a pedido dos Governos locais e tendo em vista o seguinte conceito estratégico:

a. Manutenção firme do conjunto unido dos territórios de língua portuguesa no mundo, a partir da CPLP.

b. Promoção, o mais acelerada possível, do seu progresso económico, social e político, em particular educacional, da saúde e cívico nesses territórios.

c. Intensificação da implantação, nos mesmos territórios, da Solução Lusófona de paridade, harmonia e dignificação étnicas, de coexistência de religiões e crenças, e de conciliação de culturas e tradições - proposições fulcro da Solução Portuguesa. E proposições implicando objectivos, a prazo e de começo necessariamente tendenciais, de integração lusófona, de equivalentes posições iniciais e iguais oportunidades, de vigência dos mesmos direitos e deveres, e de acesso a situações económicas, sociais e políticas, conseguido em face do valor real, da iniciativa havida e da actividade desenvolvida.

d. Tudo com a finalidade da consecução de um elevado grau de desenvolvimento global e com uma presença internacional relevante. e. Conseguido esse grau de desenvolvimento o estabelecimento de uma verdadeira comunidade lusófona entre Estados iguais e autónomos.

f. Tudo prevenindo interferências estrangeiras ou de terceiros. Tal conceito, ou pelo menos a sua essência, nunca foi assumido até agora por nenhum governo da República, depois do colapso do império colonial. Mas volta agora a estar presente, percebendo Portugal que tem interesses próprios e que os pode gerir no concerto das nações. De algum modo esta nova Solução Portuguesa recoloca o papel da Europa no mundo, muito embora Portugal, no âmbito da doutrina NATO da Cimeira de Washington, esteja a correr pelo seu próprio risco. E por isso o sigilo acaba por ser estratégico, embora a clareza de objectivos seja essencial para as tropas da GNR saberem o que estão a fazer em Timor.

Esta doutrina portuguesa parte do pressuposto do

(a) fracasso das autodeterminações;

(b) a responsabilidade histórica dos europeus ricos em assegurarem condições de dignidade às populações dos países pobres, tendo em vista evitar lançar os povos das ex-colónias no caos, por causa da voracidade das potências emergentes ou regionais;

(c) recuperar a dignidade das instituições e do Estado;

d) Portugal e os portugueses podem cumprir melhor, do que quaisquer outros, esses propósitos estratégicos e deveres morais, respeitando as outras etnias, as outras religiões e crenças, e as outras culturas e tradições, mesmo quando incipientes. (Indo ao ponto de uma miscigenação alargada, que Afonso de Albuquerque, em momento de inspiração, mandou que se iniciasse.)

Portugal considera um erro a análise australiana

Neste contexto, Portugal discorda naturalmente da Austrália, que o Governo de Alkatiri seja a porta de entrada do islamismo em Timor e que, bem pelo contrário, é graças ao equilíbrio de poderes entre o grupo católico e os ex-maoístas que se tem conseguido manter a paz em Timor.

A solução portuguesa é, portanto, aliás com o evidente apoio da China a de uma solução de compromisso. A única saída para a paz em Timor e para evitar banhos de sangue e guerras étnico-políticas.

O facto das Nações Unidas estarem a ver a problema no ângulo europeu decorre exactamente da consciência que o jogo australiano pode ser perigoso, como o foi o da Indonésia em 1975.

...

O Nó Górdio de Timor

A pergunta é se trinta e cinco anos depois é possível um Estado democrático definir os seus interesses ultramarinos neste contexto e levar até ao fim o seu propósito, numa missão que se quer nacional, mas que não pode ser assumida pela propaganda do regime, sob pena de atenção redobrada das embaixadas estrangeiras.

Por outro lado, Portugal, que é visto na Ásia como uma espécie de Macau da Europa, zona de casinos e refúgio de criminosos e turistas, pode servir como plataforma de entrada de produtos e área de influência, exactamente como Macau é para a China. E neste sentido o jogo português em Timor só pode ser bem visto pela República Popular da China, com quem o Governo do PS tem estabelecido relações privilegiadas, tendo recentemente estado na China José Lello e Jorge Coelho, antecipando a visita do primeiro-ministro José Sócrates. E, não deixa de ser curioso que Sócrates tenha colocado à frente dos serviços de informação um homem que veio de Macau, com o apoio chinês.

A "Nó Górdio" de Timor pode ser uma operação que reponha a legalidade no quadro constitucional timorense, obrigando a um entendimento entre as diversas partes, tratado que apenas os portugueses estão em condições de assegurar em Timor. A ideia de que pode haver uma ordem legal, que estabeleça o relacionamento entre interesses e etnias diversas - a ideia de tratado - é talvez a melhor homenagem ao melhor do espírito colonial português e a grande inovação do antigo Império Asiático português.

E o mais curioso é que, como há quinhentos anos, depois a aventura lusófona portuguesa volta a recomeçar pelo Oriente. Será coincidência ou destino?

Terá Portugal capacidade diplomática para, na próxima conferência da CPLP, impor esta doutrina?

Freitas do Amaral e José Sócrates podem estar a jogar o seu prestígio nisto mesmo.


.

Cadeia de Becora é um dos locais mais "seguros" de Díli

António Sampaio (Texto) e Manuel Almeida (Fotos), da Agência Lusa Díli, 10 Jun (Lusa) - Localizada no coração de Becora, um dos bairros da capital de Timor-Leste onde se registaram nas últimas semanas alguns dos confrontos mais graves, a cadeia de Díli é considerada um dos locais mais seguros da cidade.

Palco de pelo menos dois motins, durante o período de transição sob administração das Nações Unidas, a cadeia tornou-se agora num quase oásis de calma, enquanto em seu redor, nas últimas semanas, se multiplicavam os confrontos entre grupos armados, que provocaram duas dezenas de mortos, e a destruição de propriedades.

Ao contrário de outros funcionários públicos, os guardas prisionais mantiveram-se sempre em funções, chegando mesmo a reforçar a segurança em dias de maior tensão ou conflito, e os reclusos "nunca causaram qualquer problema", como explicou Ermenegildo Mendonça, supervisor do centro.

"Nunca saímos daqui. Sempre aqui ficámos", realça um dos guardas prisionais, Paulo Sequeira.
Entre os 168 reclusos actualmente em Díli, todos homens, apenas quatro foram detidos no período desde finais de Abril, marcado por violentos confrontos, saques e destruição e pilhagem de propriedades públicas e privadas.

Todos eles - três timorenses acusados de incendiarem propriedades e um indonésio acusado de violação - foram detidos pelos efectivos da GNR presentes em Díli, tendo sido ouvidos por um juiz que decretou a sua prisão preventiva, enquanto aguardam julgamento.

Para o local poderão vir a ser transferidos alguns dos presos, cerca de uma dezena, actualmente no Centro de Detenção temporário, instalado no antigo comando distrital de Díli da Polícia Nacional de Timor-Leste, controlado por militares australianos.

Com a polícia timorense fragmentada e nenhuma das esquadras da cidade a funcionar, o centro de detenção é uma "esquadra" improvisada, servindo para processar, numa primeira fase, suspeitos detidos por efectivos internacionais em operações em Díli.

A necessitar urgentemente de obras, como tantas outras infra- estruturas em Timor-Leste, a cadeia só ainda não se tornou uma "dor de cabeça" porque os reclusos se têm mantido calmos, como explicou uma funcionária internacional afecta ao serviço prisional.

Os espaços exteriores, que mais se assemelham a jardins de uma qualquer escola da cidade, são marcados pela proliferação de potenciais armas, com chão de tijolos, muitos dos quais soltos, e outros montículos de potenciais "armas de arremesso".

O complexo é formado por sete blocos de celas, a que se somam vários outros pavilhões, um recentemente convertido em biblioteca, um usado como clínica, um como igreja e outro como espaço para a formação e ensino de Português, língua oficial de Timor-Leste, a par do Tétum.
Perante as carências que se sentem noutros pontos da cidade, porém, e numa altura em que dezenas de milhares de timorenses sobrevivem em campos de deslocados com condições paupérrimas, estar em Becora é quase um luxo.

O local nunca esteve sob ameaça, nem interior nem do exterior, e os reclusos têm comida e segurança, ainda que Paulo Sequeira admita que faltam legumes e carne.

Carências que ficam longe das que se sentem fora dos portões e que fazem relembrar a história de Tobias Araújo, que em Fevereiro de 2000 - muito depois da cadeia ter sido destruída e abandonada na onda de violência pré-referendo de 1999 - continuava a "viver" numa das celas da cadeia, com o argumento de que fugir era mais perigoso do que estar preso.

ASP.
Lusa/Fim

10 Junho: Embaixada em Díli sem comemorações devido à situação de instabilidade

Díli, 10 Jun (Lusa) - A tradicional recepção comemorativa do Dia de Portugal promovida pelo embaixador português em Díli foi cancelada este ano devido à situação de instabilidade na capital timorense, disse hoje à Lusa o diplomata João Ramos Pinto.

"Devido à situação que se vive em Díli, marcada pela existência de muitas pessoas deslocadas, considerou-se que não deveria realizar-se a recepção para assinalar a amizade luso-timorense", afirmou o embaixador de Portugal.

João Ramos Pinto referiu que se "optou por um almoço com funcionários da embaixada, onde foram lidas as mensagens do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga".

Outra iniciativa da embaixada foi a colocação das duas mensagens na página na Internet da representação diplomática portuguesa e a sua distribuição nos bairros onde residem os professores portugueses.

Dados divulgados sexta-feira pelo governo timorense apontam para que entre 70 e 80 mil pessoas estejam em 55 campos de deslocados criados no distrito de Díli, com outros 62 mil nos restantes distritos de Timor-Leste.

O país vive uma situação de instabilidade e violência desde o final de Abril, que já provocou mais de 20 mortos e mais de 100 feridos, o que levou as autoridades timorenses a solicitarem a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia o envio de forças militares e policiais para restabelecer a segurança no país.

Portugal mantém 127 efectivos da GNR, que deverão iniciar domingo a sua missão de manutenção da ordem pública no bairro de Comoro, que será progressivamente alargada a toda a capital timorense.

EL.

Militares australianos tomam assalto casa médicos cubanos em Díli

Díli, 10 Jun (Lusa) - Uma patrulha militar australiana tomou de assalto uma casa em Díli onde vivem médicos cubanos em serviço em Timor-Leste, actuando com base em informação de que alegadamente haveria armas no local, disse hoje à Lusa fonte governamental.

Segundo o ministro da Saúde timorense, Rui Araújo, sexta-feira à noite, uma patrulha australiana cercou um edifício na zona de Delta Comoro (zona ocidental da capital) alugado a alguns dos cerca de 220 médicos e enfermeiros cubanos em Timor-Leste, que estavam na altura a prestar apoio a deslocados nos campos de acolhimento em Díli.

"Eles chegaram ao local, falaram com os jovens que estavam a guardar a casa, que lhes disseram que os médicos não estavam, mas que podiam ir buscar as chaves", disse Araújo.

"Mas alguém da patrulha e a pessoa que o acompanhava insistiram que no local haveria armas e os soldados rebentaram as portas e entraram", afirmou.

Rui Araújo disse que o incidente foi de imediato comunicado ao ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa timorense, José Ramos- Horta, que terá visitado o local ainda durante a noite de sexta-feira.

"Esta não é a melhor forma de tratar cidadãos em Timor-Leste, estrangeiros ou timorenses. Se realmente tiverem informação, e em casos como estes, falam a bem e não é preciso arrombar as portas todas", afirmou o governante.

Rui Araújo disse ainda que os jovens no local "ofereceram-se para ir buscar as chaves e explicaram que a casa era de médicos, mas eles não quiseram saber e arrombaram as portas".

Residentes no local disseram à Lusa que os militares australianos não encontraram armas na residência, nem procederam a detenções.

Um porta-voz de José Ramos-Horta escusou-se a avançar com pormenores sobre o caso, limitando-se a explicar que o governante timorense "falou com todo o pessoal necessário".

O porta-voz das forças australianas em Timor-Leste, major James Baker, disse à Lusa não dispor de pormenores sobre o incidente sobre o qual referiu que se irá proceder a indagações.

ASP.
Lusa/Fim

Cidade calma

Não há registo de confrontos ou de casas a arder em Díli.

Austrália entrega à ONU justiça e polícia de Timor

DN - 9.06.2006
Armando Rafael

A Austrália entende que o Estado timorense falhou e que as autoridades de Díli não estão em condições de recuperar o controlo do país. Pelo que deveria ser a ONU a liderar o processo de reconciliação, ajudando a credibilizar as principais funções do Estado, de forma a poderem ser convocadas eleições para Maio do próximo ano.

O que pressupõe, entre outros aspectos, que a polícia timorense pudesse ser comandada por um oficial estrangeiro, à semelhança do que sucederia com o aparelho judiciário do país. Mesmo que fosse necessário recorrer à nomeação de juízes, procuradores, defensores públicos e até oficiais de justiça internacionais.

Já quanto à estabilização, Camberra entende que as forças envolvidas nesse esforço deveriam manter-se sob comando e controlo do contingente internacional, recusando o chapéu da ONU.

É isto que resulta de um documento confidencial australiano a que o DN teve acesso - East Timor: A Future UN Mission - e que deverá servir como documento-guia para Camberra no âmbito da definição de uma nova missão da ONU para Timor-Leste.

Esse debate deverá começar na próxima terça-feira, quando o Conselho de Segurança se reunir, em Nova Iorque, para apreciar as recomendações que o secretário-geral da ONU se prepara para fazer. Sendo certo que Kofi Annan irá basear as suas opiniões no relatório que Ian Martin - o seu enviado especial a Timor-Leste - lhe fará chegar.

Isto, independentemente das consultas que vier a fazer a países como Portugal, Austrália, Malásia e Nova Zelândia (que responderam ao apelo de Díli, enviando contingentes militares e policiais), além dos membros permanentes do Conselho de Segurança. Sobretudo os EUA, sobre os quais recairá grande parte dos custos de uma eventual nova missão.

É neste quadro que surge o documento australiano, que terá sido entregue às autoridades timorenses no decurso da visita que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, fez recentemente a Díli.

Um exercício que tem tanto de diplomacia como de realismo, já que as autoridades de Díli terão sempre uma palavra a dizer sobre o grau de intervenção da ONU. Salvo uma situação extrema em que os principais responsáveis do país (Presidente da República, Governo e Parlamento) não se entendessem entre si.

No documento a que o DN teve acesso, a Austrália resume o essencial das suas posições a três prioridades, que, no entender de Camberra, deveriam nortear a nova missão da ONU: reconciliação política e comunitária, sistema de justiça e estrutura governativa.

No que respeita à reconciliação política, Camberra defende, por exemplo, que a nova missão deveria prever um esforço especial no domínio das relações intertimorenses, insistindo na necessidade de serem investigados os distúrbios que ocorreram em Díli, no final de Abril, e as queixas que provocaram "deserções em massa" nas forças armadas.

Por sinal, duas das principais reivindicações dos majores Alfredo Reinado, Marcos Tilman e Alves Tara e dos "peticionários" liderados pelo tenente Salsinha, que passaram a insistir também na demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri.

Quanto às Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), comandadas por Taur Matan Ruak, só há uma referência: a que prevê a hipótese de a nova polícia poder ser formada com aquilo que resta das forças armadas e de uma estrutura policial que, segundo os australianos, entrou e em colapso. O que parece ser verdade em Díli e Ermera, mas não no resto do país.

Expresso - 10.06.2006

Editorial
A ‘pax’ australiana?

A força da GNR está em Timor-Leste a pedido das autoridades legítimas com o objectivo de ajudar a restabelecer a segurança e contribuir, assim, para a resolução de um diferendo entre timorenses. Não percorreu 20 mil quilómetros para ajudar Camberra a impor no território uma espécie de «pax» australiana - e muito menos para ficar sob as ordens das suas forças armadas.

O INCIDENTE com a GNR em Timor é exactamente aquilo que parece: uma humilhação da força portuguesa. Uma humilhação inaceitável e inexplicável, se tivermos em conta todos os cuidados de que o Governo diz ter-se rodeado antes de enviar o contingente.

Primeiro, assegurou-se de que a solicitação de ajuda era assinada por todas as autoridades timorenses competentes para esse efeito e não de uma ou duas partes em conflito. Depois, procurou a chancela da ONU para a deslocação da força portuguesa. Por fim, garantiu - como afirmou aos portugueses - que ela ficaria sob a tutela política do Presidente da República, Xanana Gusmão, enquanto a direcção das operações estaria entregue ao próprio comando da força e a mais ninguém.

Tudo isto, afinal, não foi suficiente para evitar que uma das primeiras acções no terreno tivesse o lamentável desfecho conhecido: uma ostensiva e declarada recusa de cooperação dos militares australianos seguida, de acordo com os relatos, de uma ameaça de desarmamento dos portugueses, os quais ficaram depois confinados ao seu aquartelamento.

É inexplicável que, depois de tantas conversações que terão determinado, inclusive, o adiamento da missão por alguns dias, um incidente com estes contornos possa ainda ter ocorrido. A demarcação das áreas de intervenção de cada um dos contingentes estrangeiros no território e um acordo minucioso para a cooperação activa entre eles eram pressupostos elementares numa missão desta natureza em que não existe comando único. Custa a crer que esses pressupostos não tenham sido previamente estabelecidos com rigor. Se não foram, isso corresponde a um lapso negocial grave pelo qual todas as partes são responsáveis. Se foram, e alguma delas desrespeitou o compromisso, a situação é ainda mais problemática porque põe em causa a boa-fé e o empenho comum que têm de presidir a uma operação como a que está em curso.

Uma terceira hipótese é o Governo português ter negociado as condições para a GNR na convicção de que os poderes instituídos que foram seus interlocutores - Presidente da República, presidente do Parlamento e primeiro-ministro timorenses - estariam em posição de impor o acordo com Portugal às outras partes em presença. E de ter verificado tarde demais, em especial perante o incidente desta semana, que é já outro o poder de facto na antiga colónia portuguesa: precisamente as forças australianas. Se assim é, então mudaram radicalmente as circunstâncias políticas em que Portugal foi solicitado a colaborar para a resolução da crise.

MANDAR regressar a GNR por causa deste incidente seria uma decisão demasiado drástica e prejudicial, quer para o Estado e a população timorenses quer para a imagem de Portugal. Mas o Governo deve preparar-se para tal hipótese porque nada garante que casos como este - já foram relatados outros dois do mesmo tipo com a força malaia - não voltem a acontecer, apesar da boa vontade de Lisboa e da sua confiança no acordo provisório estabelecido na quinta-feira. Conflitos entre forças convocadas para reporem a ordem em Timor não só não resolvem nada como acrescentam instabilidade à instabilidade existente. Tornam, pois, a sua presença dispensável.

Tudo indica que os militares australianos estão tentados a assumir no terreno uma espécie de comando único, enquanto a ONU não se decide a participar directamente na resolução da crise.

Ora, uma situação desse tipo é obviamente inaceitável para Portugal, como o Governo tem dito e repetido. Espera-se que aja em conformidade. A força da GNR está em Timor-Leste a pedido das autoridades legítimas com o objectivo de ajudar a restabelecer a segurança e contribuir, assim, para a resolução de um diferendo entre timorenses.

Não percorreu 20 mil quilómetros para ajudar Camberra a impor no território uma espécie de «pax» australiana - e muito menos para ficar sob as ordens das suas forças armadas.

..................

Timor: defender a Constituição e a independência
Nuno Antunes

O que separa Xanana Gusmão e Mari Alkatiri é bem menos do que aquilo que os une. Timor-Leste é, para ambos, uma prioridade quase absoluta.

O PRESIDENTE Xanana Gusmão veio afirmar que chegou a hora de defender a Constituição e a independência nacional. Frase feita? Talvez não.

A Constituição Timorense tem traços paralelos aos da Constituição Portuguesa. Mas não no sistema de governo; em Timor, ele é quase parlamentar. Na declaração sobre as medidas de emergência para ultrapassar a crise, o Presidente mostrou saber que havia adoptado uma interpretação muito extensiva do texto constitucional, no que aos seus poderes diz respeito. Foi tão longe quanto provavelmente podia ter ido sem dar lugar a uma ruptura constitucional.
A assunção pelo Presidente de poderes em matéria de defesa e segurança só pode admitir-se numa leitura muito livre da Constituição. Que só pode justificar-se à luz do contexto e da efectiva «liderança do povo» que exerce Xanana Gusmão. Mas a leitura presidencial abre um precedente que tecerá a constituição material. E outros, não tão «politicamente desapegados do poder», podem, no futuro, tentar valer-se dele. O Presidente sabe-o. Daí que proclame a defesa da Constituição.

Doutor em Direito

Casting by Australian Troops...




Militares australianos a caminho de um edifício em Maubisse, onde as forças australianas têm um posto de controlo, sem no entanto interferir com os rebeldes e o major Alfredo, como é conhecido entre os seus conterrâneos, na pousada de Maubisse. Todos o sabem lá mas ninguém o vai buscar.

Expresso 10.06.2006
Micael Pereira (texto e fotografias)

Casting by ABC...


O COMANDANTE Railós, nome de guerra de Vicente da Conceição (ao centro, de pé, com chapéu), rodeado por alguns dos seus homens, entre eles o subcomandante Maurakat (à sua esquerda) e Grey Harana (à sua direita).

Expresso - 10-06.2006
Fotografia Micael Pereira


.

Mais umas vedetas...

Expresso
10.06.2006

O esquadrão de Alkatiri

O primeiro-ministro timorense é acusado de ter mandado liquidar todos os líderes da oposição, ao criar e armar uma milícia de 33 homens. O EXPRESSO esteve com eles nas montanhas.


O COMANDANTE Railós, nome de guerra de Vicente da Conceição (ao centro, de pé, com chapéu), rodeado por alguns dos seus homens, entre eles o subcomandante Maurakat (à sua esquerda) e Grey Harana (à sua direita)


NO CIMO da montanha de Nunuturi, 40 quilómetros a oeste de Díli, o aparato militar intimida à chegada sobrepondo-se ao impacto das imagens que têm sido transmitidas pelas televisões dos grupos rebeldes recém-criados em Timor-Leste.

Uma fazenda do antigo governador Mário Carrascalão foi ocupada por uma milícia há duas noites, aparentemente sem o seu conhecimento. Nos portões e na rampa de acesso à casa, há agora vigias de armas na mão a fazer um controlo apertado às entradas e saídas, deixando transparecer ansiedade e nervosismo. Não se vê um único soldado australiano, neozelandês ou malaio ao longo da estrada que parte da capital.

Depois de ter dado na noite anterior uma entrevista à cadeia australiana ABC, o comandante Railós (nome de guerra de Vicente da Conceição) e mais 32 paramilitares armados de metralhadoras AK-33 receberam ontem uma minidelegação de três jornais (EXPRESSO, «Público» e «Sidney Morning Herald»).

Queriam explicar a acusação que fizeram na televisão ao primeiro-ministro timorense, de que o seu grupo tinha sido formado e armado por ele e pelo ex-ministro do Interior Rogério Lobato, com o objectivo de matar todos os responsáveis pelos partidos da oposição e também para eliminar um grupo de 595 desertores do exército - conhecidos em Timor por «peticionários».

Numa conferência de imprensa nocturna, iluminada pelos faróis dos carros, o comandante Railós e os subcomandantes Maurakat (Mateus dos Santos Pereira) e Grey Harana (Leandro Lobato, identificando-se como sobrinho de Rogério Lobato) esclareceram como, alegadamente, o primeiro-ministro e o ministro do Interior (demitido ainda na semana passada) os chamaram e instruíram para que criassem a milícia que está agora acantonada em Nunuturi.

Por enquanto, é palavra contra palavra, porque não foram apresentadas provas materiais pelo líder da milícia, mas as acusações são claras e precisas, incluindo datas, nomes e números.

Segundo o comandante Railós, Rogério Lobato reuniu-se com ele e com os seus dois ajudantes directos a 7 de Maio, levando-os de seguida a casa de Mari Alkatiri. No dia seguinte, terão recebido um primeiro lote de 10 AK-33, fornecidas por António da Cruz, comandante da polícia de fronteira. A 21 de Maio, ter-lhes-á chegado às mãos um segundo lote de oito metralhadoras. O grupo teria passado a constituir a equipa de segurança secreta da Fretilin, o partido do Governo, obedecendo apenas ao primeiro-ministro e ao ministro do Interior.

«Na reunião de dia 7 de Maio, recebemos ordens de Lobato, com conhecimento e de acordo com as orientações de Mari Alkatiri, para matar todos os peticionários e para liquidar todos os líderes da oposição», diz o comandante Railós, acrescentando que além das armas, o primeiro-ministro lhes forneceu 6000 balas e dois carros, ainda que nunca lhes tenha pago salários. As execuções teriam de ser feitas, ainda segundo Railós, entre o fim do congresso da Fretilin (20 de Maio) e as eleições legislativas de 2007.

A milícia entrou supostamente em campo pela primeira vez na noite de 23 de Maio, numa tentativa de impedir que os «peticionários» fossem ao quartel-general de Tassitolu, à saída de Díli, para confrontar o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Matan Ruak. Na madrugada de 24, a milícia seria atacada pelo exército, episódio que foi sentido pelos homens de Railós como uma ameaça do próprio Alkatiri.

Quem é Railós?

Railós argumenta que está a usar os «media» para lançar um apelo às forças internacionais e ao Presidente da República: «Estamos numa situação perigosa e precisamos que nos garantam a nossa segurança». Cumprida a condição, o líder da milícia diz-se disposto a enfrentar o primeiro-ministro em tribunal e submeter-se às ordens de Xanana Gusmão.

Mari Alkatiri recusou-se a prestar declarações ao EXPRESSO sobre o assunto, embora tenha admitido à ABC que conhece algumas pessoas da milícia, por fazerem parte da Fretilin, e que esteve com elas no início de Maio, num encontro muito breve e que nada teve que ver com armas.

Não foi possível também falar com Rogério Lobato, nem com António da Cruz.

Pouco se sabe ainda sobre quem é exactamente o comandante Railós. Segundo o padre Giovanni, pároco de Liquicá (a oito quilómetros de Nunuturi), é um ex-guerrilheiro das Falintil.

Ele próprio o confirma, adiantando que ingressou no exército das FDTL (Forças Armadas de Timor-Leste) depois da independência, até ser exonerado por Matan Ruak em 2004. Não quis explicar o motivo da expulsão.

De resto, todos os elementos da milícia são civis, ao contrário dos membros dos três grupos rebeldes que ainda estão acantonados nas montanhas de Ermera e Maubisse. No final, noite cerrada já, os paramilitares gritaram pela demissão de Alkatiri e deram vivas a Xanana Gusmão, à Fretilin e também, curiosamente, à igreja católica.



Micael Pereira, enviado a Timor-Leste

Australianos ignoraram deliberadamente juízes e procuradores

Expresso
10.06.2006

OS NÚMEROS de telemóvel dos três juízes, dos dois procuradores e do defensor público que nunca chegaram a ser evacuados de Díli foram entregues pessoalmente no dia 29 de Maio ao major australiano responsável em Timor-Leste pelos assuntos judiciais. Todavia, a força de 1900 militares que o Governo de Camberra enviou para o território esteve seis dias sem fazer uma única detenção nas ruas, naquela que foi a semana mais crítica em Díli, com incêndios, tiros e batalhas campais de pedras em vários bairros da cidade.

De acordo com um dos procuradores, os magistrados deslocaram-se naquele dia ao quartel-general das tropas australianas para informarem o oficial da sua disponibilidade para trabalhar 24 horas por dia. Disseram-se disponíveis para se deslocarem em equipa a qualquer lugar, assegurando sempre que fosse necessária a presença de um juiz, de um procurador e de um defensor, de modo a procederem ao auto de notícia, ao inquérito e à elaboração do mandado de captura no momento das detenções.

Mas a primeira detenção acabaria por ser feita apenas no dia 5 de manhã pela GNR, menos de 24 horas após a chegada do contingente português a Díli e ainda sem as suas viaturas de intervenção. Já depois, nessa tarde, os australianos fizeram também a sua primeira detenção.

Alguns magistrados que decidiram ficar, apesar de lhes ter sido dada ordem de evacuação pela ONU, manifestaram-se «revoltados» pelo facto de terem sido ignorados durante tanto tempo, considerando que a posição australiana durante a primeira semana de intervenção pôs em causa a imagem e a solidez do estado de direito em Timor-Leste. Um sentimento agravado pela proposta australiana de alterar a lei timorense, de modo a adaptar os procedimentos legais das detenções à realidade judicial australiana e que acabou por ser afastada pelas autoridades timorenses.

Também a falta de apoio dada pelas forças internacionais na segurança aos edifícios dos tribunais e da Procuradoria-Geral é encarada com perplexidade nos meios judiciais de Díli. O Tribunal de Recurso (equivalente ao nosso Supremo Tribunal de Justiça) foi vandalizado, tendo sido destruídos os gabinetes do presidente e do legislador e roubados todos os computadores e mesmo os frigoríficos.

A Procuradoria-Geral da República também foi assaltada, sendo que o caso se tornou mais grave: foram levados ficheiros relativos aos processos-crimes das milícias pró-indonésias de 1999. E nem o Ministério de Justiça escapou. O único edifício que ainda se mantém intacto é o Tribunal Administrativo de Díli, onde tem sido a própria ONU a pagar a uma empresa privada (Maubere) a vigilância. Quando o EXPRESSO passou por lá, na quinta-feira, havia um único jovem, franzino e desarmado, a guardar a porta.

Cláudio Ximenes, presidente do Tribunal de Recurso, confirmou ao EXPRESSO que foi feito um pedido às forças internacionais para assegurarem a protecção dos edifícios ligados ao aparelho judicial, mas a resposta foi de que não havia meios suficientes em Díli para o fazer.

Um dos magistrados que continua em funções não quis identificar-se para evitar uma escalada ainda maior da tensão institucional, mas acabou por desabafar: «Parece-me que a ocupação australiana de Timor vai ser tranquila, fatal e definitiva».

.

Os novos rebeldes da montanha

Expresso
10.06.2006

Estão quietos, à espera. Argumentam que não querem uma guerra civil, mas não aceitam outra condição para voltarem das montanhas senão a demissão e o julgamento do primeiro-ministro Mari Alkatiri, que acusam de ter mandado matar civis inocentes


Timor é um território tortuoso. As distâncias são mais longas do que parecem e basta sair de Díli para perceber que só há um caminho de ida e volta para chegar a qualquer lugar. As estradas serpenteiam montanhas atrás de montanhas, numa rotina extenuante pela floresta contínua de palmeiras e árvores gigantes com as suas copas em forma de nuvens chatas, fazendo sombra às plantações de café. Foi esta barreira sobre-humana que salvou os timorenses de uma chacina total pelos indonésios, mantendo acesa a luta dos guerrilheiros das Falintil. Agora que voltou a ser usada, quatro anos depois da independência, a montanha está a tentar salvar novamente os timorenses. Desta vez, deles próprios.


É uma história complexa, que exige um prólogo: a 28 de Abril, os militares leais ao general Taur Matan Ruak e à hierarquia das FDTL (as Forças Armadas criadas em 2001 com a incorporação de antigos guerrilheiros das Falintil e de novos recrutas) envolveram-se em confrontos com 600 desertores do Exército e centenas de apoiantes civis que se manifestaram ao longo de toda essa semana em frente ao Palácio do Governo.

Os desertores exigiam que fossem investigadas algumas altas patentes do Exército (os coronéis Lere Anan e Falur), acusadas de discriminar os soldados loromonos, oriundos dos concelhos mais ocidentais do país, por nem eles nem ninguém das suas famílias terem pegado em armas para lutar contra o regime de Jacarta.

Nessa sexta-feira à tarde, com a intervenção das FDTL sobre os manifestantes desarmados, começou a revolta. Desde então, vários grupos de militares loromonos e também de polícias rebeldes foram refugiar-se em locais considerados seguros, no interior do país, perto das terras onde nasceram. Outros incidentes, ao longo do mês de Maio, agravaram o clima de tensão. E aquilo que durante os últimos três anos parecia apenas um atrito interno dentro dos quartéis extravasou por todos os lados, numa animosidade agressiva que corre o risco de se transformar num ódio difícil de sanar entre vizinhos - não importa se civis ou militares.

Na capital, os soldados das FDTL estão retidos nos quartéis, sob a vigilância das forças internacionais, mas os conflitos entre os civis nos bairros são inevitáveis. Na prática, é a única cidade no país onde lorosaes (oriundos dos distritos de leste: Baucau, Lospalos e Viqueque) e loromonos (oriundos dos outros distritos, representando dois terços da população) coabitam. Estão demasiado próximos para não se agredirem. E é por isso que as coisas estão tão calmas nas montanhas: lá, eles não se misturam. O que não quer dizer que, à distância, não sintam o conflito.

São precisas quase duas horas de carro para ir até Gleno, no concelho de Ermera, a 40 quilómetros de Díli. De vez em quando há patrulhas de soldados australianos e a esquadra local continua a funcionar, mas os australianos não estão a deter ninguém e os polícias são todos loromonos. Não se metem, é gente amiga. Ou família.

No mercado ao ar livre qualquer vendedor diz onde está o cabecilha dos 600 desertores conhecidos por peticionários (por terem feito uma petição em Janeiro a Xanana Gusmão, exigindo a investigação dos tais dois coronéis e do próprio general Matan Ruak). O tenente Salsinha e duas ou três dezenas dos seus homens ocuparam um antigo orfanato abandonado. É ali que dormem, sem vidros nas janelas, sem luz ou água. Vestem-se à civil e, aparentemente, não têm armas.

Nas paredes do orfanato, alguns soldados reproduziram o que chamam «massacre de Raikotu», desenhando militares armados das Falintil a disparar sobre mulheres e crianças. Todos os rebeldes falam desse momento: a tarde de sexta-feira, dia 28 de Abril, quando ao voltarem da manifestação no Palácio do Governo para Raikotu, no limite ocidental da cidade, já depois do aeroporto e muito perto do quartel-general de Matan Ruak, os peticionários dizem ter sido atacados pelas costas por um batalhão de 105 homens do coronel Lere Anan, o número dois das Forças Armadas. Em Díli, nos bairros loromonos, fala-se de 50 a 60 mortos civis. Os peticionários confessam que não sabem quantos poderão ter sido. «Começámos a dispersar e perdemo-nos de vista uns dos outros», recorda um dos peticionários, Augusto Soares, de 24 anos. «Mas vimos muitos inocentes a serem baleados». Os desertores que se concentraram em Gleno com o tenente Salsinha levaram três dias para fazer o caminho a pé. Sabem apenas que as outras centenas de colegas militares foram para as suas terras, espalhando-se pelos concelhos loromonos do país, mas ainda não têm notícias deles.

No hospital nacional de Díli, e de acordo com o director António Caleres Júnior, nesse dia e no dia seguinte deram entrada nas urgências quatro mortos (que foram devidamente identificados ao EXPRESSO, sendo que houve uma quinta vítima internada que viria a falecer duas semanas depois) e mais de 60 feridos.

Todos eles civis e todos eles baleados. «Era suposto terem ficado hospitalizados uma ou duas semanas pelo menos, mas naquele fim-de-semana as famílias vieram buscá-los à pressa». Estavam com medo dos militares das Falintil. Metade dos feridos encontravam-se em estado grave. «É possível que, por falta de assistência, parte deles tenha morrido. Não sabemos».

A dois quilómetros do orfanato ocupado pelos peticionários, um outro grupo de militares acantonou-se numa casa modesta com dois ou três quartos e alguns anexos. Ao contrário dos peticionários, estão armados e não se consideram desertores. «Eu e o major Tara saímos dos quartéis no dia 3 de Maio e viemos com 32 homens para as montanhas por solidariedade, para defender o povo e os nossos colegas loromonos», explica o major Marcos Tilman.

Mais tarde chegaram também 21 polícias civis loromonos, assim que os conflitos dentro da Polícia Nacional de Timor Leste estalaram entre etnias, num contágio em cadeia. Reunidos em Ermera, reorganizaram-se e estão agora a viver como uma unidade militar normal, com o organigrama hierárquico pendurado na porta da casa, postos de vigia montados e uma escala de turnos.

Sentem-se tranquilos e, de facto, não parecem correr grandes riscos no seu aquartelamento improvisado. A população está do lado deles e a entrada em Ermera é detectada com muita antecedência, dando-lhes tempo de reacção para se esconderem no mato. Sabem das notícias sobre a remodelação do Governo em Díli, depois do chefe da diplomacia Ramos-Horta ter também assumido a pasta da Defesa, mas isso é manifestamente pouco para os rebeldes. «O primeiro-ministro tem de se demitir e de se submeter ao tribunal internacional. Ele é um criminoso porque deu ordens para disparar sobre pessoas inocentes», argumenta o major Marcos.

No dia 7 de Maio, um terceiro grupo ainda veio reforçar as forças rebeldes: o major Alfredo Reinaldo, comandante da polícia militar, com mais 17 homens, também armados e também não se assumindo como desertores. A coordenação operacional dos três grupos foi-lhe passada para as mãos. Colega de carteira dos majores Marcos e Tara no curso para graduados das Forças Armadas em 2001, é o oficial com maior experiência de comando.

Um novo episódio obrigou, no entanto, Alfredo a mudar de poiso para a pousada de Maubisse. No dia 23 de Maio, na mesma altura em que os majores Marcos e Tara reuniam com o ministro Ramos-Horta em Suai, não muito longe de Ermera, acertando com ele as condições mínimas para começar um diálogo com o general Matan Ruak, o major Alfredo atacou uma coluna das FDTL, matando dois militares. E a conversa parou ali. Dois dias depois, alguns elementos das Falintil retaliariam, matando em Díli nove polícias loromonos desarmados.

Em Maubisse, onde está vigiado por um posto de controlo das tropas australianas, Alfredo continua a ser o líder militar máximo dos rebeldes e está rodeado pelo seu pequeno séquito de homens armados. O EXPRESSO viu-o reunido no domingo passado com Ian Martin, o enviado especial do secretário-geral da ONU para mediar o conflito, com quem trocou sorrisos. Mas as suas certezas, meia hora depois, pareciam continuar inabaláveis: «Não acredito em nada do que Alkatiri diz. Não há diálogo enquanto ele for primeiro-ministro».

Muitos jornalistas estrangeiros vêm desiludidos de Ermera e Maubisse com a falta de aparato dos rebeldes, sem imagens que encham o olho na televisão, mas foi precisamente assim que as montanhas enganaram os indonésios. Os caminhos sinuosos pelas florestas altas de Timor parecem esconder sempre mais do que mostram.

Reportagem de Micael Pereira (texto e fotografias), enviado a Timor

A estrela da revolta

Expresso
10.06.2006

Desde que o comandante da Polícia Militar timorense atacou uma coluna do Exército e foi para as montanhas, o mito tem vindo a crescer. É por ele que clamam os jovens loromonos que fazem a «intifada» contra os lorosaes nas ruas de Díli: «Viva Alfredo!»

Dizem que os criminosos costumam arder no inferno e, no entanto, a estrada estreita e esburacada que sobe até ao promontório da pousada de Maubisse vai dar a um pequeno céu, cercado por uma neblina permanente e uma estranha aura de intocabilidade. Todos sabem quem lá está mas ninguém o vai buscar.

Muitos timorenses consideram aquela antiga casa colonial portuguesa de telha lusa e grandes janelas sobre os cafezais dos vales em redor como o estabelecimento hoteleiro mais bonito do país, a 70 quilómetros de Díli, para sul.

Nesse refúgio idílico - «Ninguém me mandou vir para aqui, fui eu que o escolhi. Não acha que estou bem instalado?» - o major Alfredo Reinaldo Alves vive dias de glória, assediado ininterruptamente por televisões e jornais do mundo inteiro, sedentos por descobrir quem é o homem que parece estar por detrás da revolta interna em Timor-Leste e a quem ninguém faz frente, num medo evidente de recomeçar com um gesto em falso o caminho sem retorno para uma hipotética guerra civil.

Embora a imprensa internacional insista em tratá-lo por Reinado, esquecendo-se do «l» do apelido, os seus conterrâneos conhecem-no por major Alfredo.

É o primeiro e único dissidente militar até agora a ter morto oficialmente colegas das FDTL, as Forças de Defesa de Timor-Leste, a 23 de Maio, quando confrontou em Fatuai, a leste de Díli, uma coluna de quatro camiões que iam do centro de treino de Metinaro para Becóra, um dos bairros mais tensos da capital e onde na véspera tinham irrompido nas ruas os primeiros desacatos entre civis loromonos e lorosaes.

Supostamente, e segundo o major, o Exército preparava-se para atacar jovens loromonos indefesos.

É uma figura controversa. Fala um inglês fluente e responde muitas vezes com perguntas.

Visivelmente vaidoso, trata os jornalistas com sarcasmo («sei que só estão interessados em notícias más para vender jornais, mas eu gosto dos ‘media’») e tem ar de quem saiu de algum bairro suburbano de Miami para montar um mini-quartel paramilitar apenas a pensar na fama.


Entre Deus e o diabo

As opiniões sobre o seu carácter dividem-se na linha exacta em que o país se fracturou ao meio.

No Palácio do Governo dizem que o comandante da Polícia Militar há-de ter de responder pelos seus crimes e desconsideram-no, descrevendo-o como um «bon vivant» preocupado com os pequenos prazeres da vida e com a gestão mediática do seu ego.

Mas antes de vir a prestar contas em tribunal pelo que fez, a Igreja católica local já o absolveu perante os olhos de Deus. «Alfredo é um bom homem», diz o pároco de Ailéu, a terra onde nasceu há 39 anos, a 20 quilómetros de Maubisse. Rodeado por centenas de fiéis que vestem os fatos domingueiros e percorrem longas distâncias na montanha para assistir a duas horas e meia de missa, o padre Hermínio não tem medo de tomar partido. «O major defende o povo».

Estimado pelas igrejas do interior ocidental do país, convertidas em templos políticos numa guerra santa contra o muçulmano Mari bin Amude Alkatiri, e defendido pelos líderes dos concelhos dominados pelos loromonos, Alfredo tornou-se um símbolo da nova resistência timorense contra os antigos resistentes timorenses. Todos aqueles que se sentem discriminados pelas acusações de não terem feito nada durante a ocupação indonésia, vêem no major um exemplo de que o espírito guerreiro não é exclusivo dos guerrilheiros lorosaes do Leste de Timor. E é em sua homenagem que os jovens arruaceiros dos bairros loromonos de Díli atiram pedras e incendeiam casas, gritando pelo seu nome - «Viva Alfredo!» - e acusando o número um das Forças Armadas, o general Taur Matan Ruak: «Taur is no good!» (Taur não é bom)

Como convém a qualquer mito em construção, Alfredo tem uma história de vida intensa, pontuada por episódios dramáticos. Correm rumores em Díli - postos a circular pela facção contrária - sobre ligações menos claras ao Governo australiano e ao regime indonésio.

Ao desestabilizar a recém-criada democracia timorense, estará a servir interesses estrangeiros?

A única verdade provada é que viveu em ambos os países.

À espera de Xanana

Alfredo é filho de um empresário português, Costa Alves, e de uma timorense. Viviam em Maubisse. O seu pai não chegou a assistir à independência da colónia mais longínqua de Portugal. Morreu antes, de doença, e em 1975, com a invasão das tropas indonésias, toda a família de Alfredo acabaria por ser chacinada. Dizem que o miúdo só sobreviveu porque a mãe o protegeu das balas com o seu próprio corpo. Tinha oito anos e foi depois adoptado por um oficial de alta patente indonésio, que o levou para as ilhas Celebes, onde foi criado.

Mais tarde, regressaria a Timor-Leste, passando a morar em Díli, onde foi guarda de uma loja em Comoro, uma das áreas da cidade que hoje vive a ferro e fogo com lutas de rua e onde os jovens parecem dispostos a morrer por ele e pela sua causa.

Relutante em revelar grande coisa sobre si e o seu passado, o major admite que se juntou à frente clandestina e que em 1995 resolveu ir para a Austrália. Pilotou um bero, uma pequena embarcação à vela, com mais 18 ou 20 homens, e quando chegaram a Darwin foram presos pela polícia marítima. Esteve na cadeia três meses, até conseguir o estatuto de refugiado. Mudou-se para Melbourne, onde esteve dois anos, e depois foi para Perth. «Julgo que arranjou emprego numa empresa de estofos», conta Lino, um retornado da Austrália que também esteve lá na mesma altura.

Quando voltou definitivamente a Timor-Leste, em Novembro de 1999, a seguir à independência e aos tumultos de Setembro desse ano, concorreu ao curso de graduados para as Forças Armadas e ingressou na Marinha, ficando em Hera, um porto nos arredores de Díli, antes de ser nomeado comandante da Polícia Militar, no coração da capital, como responsável por controlar os incidentes dentro das FDTL.

O major esteve debaixo das ordens do general Matan Ruak e do primeiro-ministro Mari Alkatiri até abandonar com os seus homens o quartel no início de Maio. A fractura dentro das FDTL já era, então, insanável. «Agora só sou leal ao comandante supremo das Forças Armadas, o Presidente Xanana Gusmão». E só Xanana o pode ir buscar.

Micael Pereira

Ramos-Horta vai explicar-se na ONU

Expresso
10.06.2006

RAMOS-Horta estará na terça-feira no Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, para explicar a complexa situação timorense.

A intervenção é aguardada com grande expectativa devido ao possível envio de capacetes azuis e à controversa presença australiana. O incidente com a GNR levou o Governo português a uma reunião de emergência na noite de quarta-feira, entre Sócrates, Freitas e António Costa.

Dos leitores

Malai Azul,

Muitos parabéns pelo excelente trabalho de informação. Continua a publicar regularmente, força!

Queria só deixar um link para mais um artigo de desinformação dos "mass media" australianos, que tenta justificar a presença neo-colonial no Estado soberano de Timor-Leste:

http://www.smh.com.au/news/opinion/in-timor-the-joke-could-be-on-us/2006/06/08/1149359884850.html

A lógica é simples: eles causam distúrbios nas nossas fronteiras se nós não tivermos lá as nossas tropas, a única alternativa é continuarmos a ocupá-los militarmente, mas essa ocupação implica responsabilidades políticas, as responsabilidades políticas têm-se de se concretizar em mudanças à nossa maneira no Estado timorense.

Agradeço divulgação e publicação da tua própria análise do artigo aqui no blog.
Abraço,
Jaska

Dos leitores

Uma posição do 1º mundo, civilizada e de respeito por Timor-Leste como Estado soberano.

Uma lufada de ar fresco e de crédito em Instituições - CE - no palco de primitivas e desrespeituosas posições do governo e imprensa australiana, violando todos os principios que regem um mundo que se quer evoluido e de respeito pelos povos!

Obrigado, Margarida.

Tradução:…

O Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso disse:“Esta é uma forte manifestação do apoio completo e da solidariedade da Comissão Europeia com o povo e o Governo de Timor-Leste, que expressei numa carta ao Presidente Xanana Gusmão na semana passada”…


.

Dos leitores

A imprensa australiana caracteriza os militares da GNR como "pontapeadores de cabeças":

http://www.theadvertiser.news.com.au/common/story_page/0,5936,19345970%255E911,00.html


http://www.couriermail.news.com.au/story/0,20797,19343981-953,00.html

Atrito Portugal-Austrália com drama timorense ao fundo

Publico
9.06.2006

A distribuição em Díli, pelo contingente australiano, de cartazes tipo "acção psicológica" foi mal recebida por sectores portugueses, que olham com desconfiança e ressentimento a política timorense da Austrália.
Missionários e cooperantes portugueses, acompanhados por parte da população timorense de maior influência cultural portuguesa, não perdoam aos sucessivos governos australianos - à esquerda e à direita, indiferentemente - o apoio expresso dado à ocupação indonésia. Apesar da condenação da invasão e ocupação do território, pela ONU, que sempre o considerou sob administração portuguesa, a Austrália não só reconheceu a integração, como fez um acordo de partilha das riquezas petrolíferas do mar de Timor com a Indonésia.
A liderança da Interfet, pelas forças australianas - as primeiras a chegar a Díli e a conterem as milícias pró-indonésias em 1999 - bem como os estratagemas negociais usados por aquele país para atrasar as negociações sobre o petróleo, só agravam as desconfianças destes sectores. O apoio "desinteressado" de Portugal aos timorenses, acusam, contrasta com a "cupidez" dos interesses dos australianos, a quem um dos representantes mais conhecidos desta tendência, padre Felgueiras, tratava sistemática e pejorativamente, por "cangurus".
O ressentimento, com laivos de hostilidade, que a facção portuguesa alimenta, só encontrará paralelo na incompreensão, com laivos de desprezo, com que alguns sectores australianos olham para os sinais da presença portuguesa no país, em particular da língua, e para afectividade que ainda marca as relações entre os dois povos, e de que foi exemplo a recepção calorosa prestada aos militares da GNR, domingo passado.
Esta disputa, surda, de influências entre portugueses e australianos desenrola-se tendo como pano de fundo a continuação da violência de carácter étnico, que irrompeu trazida no bojo por um conflito institucional só aparentemente resolvido.
Numerosos habitantes de Díli, oriundos da parte oriental da ilha, continuam a abandonar a cidade, por verem que o incêndio de casas de lorosaes prossegue, perante a indiferença dos vizinhos. Pela primeira vez desde o início do conflito, desconhecidos atacaram a tiro e incendiaram uma sede da Fretilin, bem como a casa do vice-coordenador deste partido na região de Ermera.
Ao mesmo tempo, na região de Liquiçá, um grupo de populares com fardamentos da guerrilha, dispararam armas diante da câmara de um repórter da estação de televisão australiana ABC, dizendo que estas lhes haviam sido oferecidas pelo antigo ministro do Interior, Rogério Lobato, entretanto escolhido para vice-presidente da Fretilin, pelo comité central deste partido, reunido em Díli.
O primeiro-ministro, Mari Alkatiri, rejeitou as alegações do grupo, mas acusações no mesmo sentido têm vindo em crescendo, nos últimos dias, lançadas pelos militares que abandonaram a cadeia de comando e que exigem a Xanana Gusmão que demita o Governo e dissolva o Parlamento.
AG, em Díli

Todos? Não dava nada nas vistas...

Alkatiri mandou matar opositores, acusam ex-guerrilheiros

Usam fardas militares e empunham AK 33. Dizem que o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, os recrutou para eliminarem os ex-peticionários e os dirigentes da oposição. Ocuparam uma casa de Mário Carrascalão, na fazenda Algarve. Alkatiri começou por desmentir e agora remete-se ao silêncio. Do nosso enviado, Adelino Gomes, em Nunuturi, Liquiçá.

Inventory made of Timor weapons

This story is from our news.com.au network Source: AAP


By Max Blenkin in Dili
June 09, 2006
AUSTRALIAN and other international troops have launched a full inventory of weapons in East Timorese military armouries in a bid to assess just how many have leaked into the community.
At the height of the troubles, numerous military and police weapons, ranging from handguns to assault rifles, disappeared.

Many have since been surrendered while others have been seized, but the number outstanding remains unknown.

In Baucau today, the multinational inspection team visited one of East Timor's key military bases, checking the serial numbers of weapons in the armoury with East Timorese Defence Force records.

A similar inspection was also conducted at the Metinaro Barracks. The actual shortfall was unknown but the count tallied closely with the East Timorese assessment of what weapons remained in store.

The inspection at Baucau coincided with a visit of UN special representative Sukehira Hasegawa to meet East Timorese military commanders and the district administrator.

Mr Hasegawa said the issue of missing weapons was specifically raised in discussions with the military leaders, including East Timor Defence Force Chief of Staff Colonel Lere Anan.

Of particular concern were weapons distributed to civilians, allegedly at the instigation of Prime Minister Mari Alkatiri, who has denied the claim.

"They (the officers) feel there there is a need to disarm these civilians who have received weapons. They hope that this will be carried out as soon as possible," Dr Hasegawa said.

"They did not mention specifically the quantity of weapons that had been distributed. They said that these weapons had been distributed and they mentioned a considerable number of items have been distributed from PNTL (East Timorese police) armouries.

"These weapons should be identified and and those who are possessing them disarmed."

In Dili, the commander of the Australian infantry task group, Lieutenant Colonel Mick Mumford, urged members of a so-called 30-member death squad to hand in their guns.

It has been alleged the squad was given orders by Dr Alkatiri, via former interior minister Rogerio Lobato, to eliminate political opponents. Dr Alkatiri has denied the charges.

Lieutenant Colonel Mumford said he had no specific knowledge of the group.

"So far we have been told a lot of people are heavily armed," he told reporters.

"We have not encountered any of those that have showed any desire to oppose us. Our response to all heavily armed groups is to hand back their weapons and become part of the peaceful arrangements that are currently being put in place."

Lieutenant Colonel Mumford said Australian troops were providing security for Dr Alkatiri.

"He has security provided by us. We are providing security here in Dili," he said.

"Certainly if there is any intention by anybody to provoke violent protests here in Dili, then we will be taking active steps to prevent that violence from occurring."

Lieutenant Colonel Mumford said the security situation in Dili was much improved but he was not claiming it was beaten.

"We are very pleased with the way the situation is going," he said.

"We are very well poised to engage with any of the gangs or any groups that decide to bring violence to Dili."

Dos leitores

Reportagem de Ribas:imagens da peça da jornalista australiana e declarações de elementos do "esquadrão da morte" atribuindo à Fretilin a sua organização.Ramos Horta afirma que !º ministro terá que ser investigado.Alkatiri afirma que as alegações fazem parte da campanha para o denegrir.As duas entrevistas foram feitas em locais distintos.Alkatiri não tinha conhecimento das declarações de Horta. Estou estarrecido:R.H. em lugar de pôr em causa a reportagem e defender o seu 1º ministro faz o que fez. Um 1ºministro perante estas graves declarações de um ministr do seu governo que atitude tomará?

Dos leitores

Eu lembro-me dessa reportagem. A professora disse também que quando ele era comandante da estação naval, o ambiente era de total indisciplina e bandalheira. Cada um fardava-se como queria, estavam sempre todos a dormir, não parecia haver um serviço de sentinela, etc. E depois, este Reinado tem o descaramento de dizer à televisão que o Brig. Taur Matan Ruak "não tem categoria para comandar as Forças Armadas"!

Em qualquer Estado de Direito, esse Alfredo Reinado estaria agora em detenção a aguardar julgamento militar por deserção e roubo de material de guerra -NO MÍNIMO.

Mas enquanto tiver as tropas australianas a guardar-lhe as costas, vai continuar calmamente a ir à praia e a sorrir para as câmaras enquanto o povo continua a passar fome e deslocado das suas casas, enquanto estas ardem sob o olhar complacente das tropas australianas.

Dos leitores

Há q entender q os golpistas irão tentar todas as frentes para denegrir a imagem e derrubar o governo actual. Não se conformam q este governo ainda não tenham caído. Não se conformam q a democracia ganhe. Não se conformam q não os deixem sugar o sangue do povo de Timor.Os interesses dos australianos e de outras sanguessugas são mais q muitos, e há sempre uma ralé de traidores e energúmenos q está disponível para lhes lamber as botas...
Mas estou convencido q os golpistas não passarão e q os traidores virão a ser condenados!
Viva o Governo de Timor!
Viva a democracia!
Timor Independente já!

Dos leitores

António lembro-me do sorriso no teu olhar para os timorenses...

Como contrasta com a atitude dos outros "lusas" ou "lusos" fria e distante que quem nunca olha os timorenses para além de si próprio.
Obrigado António Sampaio por saber olhar para Timor!
Obrigado Lusa!

Militares australianos arrombam porta da residência dos médicos cubanos

Ontem à noite, militares australianos arrobaram a porta da casa onde vivem os médicos cubanos em Díli à procura de armas.

The States That Failed East Timor

Scoop

Thursday, 8 June 2006, 2:07 pm
Opinion: Matt Robson

The States That Failed East Timor

By Matt Robson, Deputy Leader of the Progressive Party

*********
As East Timor is wracked with crisis and the western media pour into another ?failed state? my thoughts turn to the states ( and the media) that failed East Timor when Indonesia seized it in 1975 and over a period of almost a quarter of a century of brutal occupation were responsible for the deaths of 200,000 people in a nation of 1 million.

The New Zealand Herald with breathtaking haughtiness described the murderous Indonesian occupation as ?several bloody incidents.? In the same dreadful editorial it sneered at Xanana Gusmao as ?once a hero of its independence struggle" and mused about ?whether we are stepping into a passing storm or the first stage in the failure of a new state?.

How the rich countries and their media which fail to uphold international law and just treatment of the underdeveloped world love to lecture ?failed states?. It absolves them of their indifference to the causes of the failure.

Senior Herald journalist John Roughan, who probably wrote the abysmal Herald editorial with its patronising cant, bemoaned how good people like him were tricked into supporting East Timor?s independence when clearly it would have been better if this ?two-bit state ?had been left in the hands of Indonesia even if that country did hand out ?rough justice?.

So there we have it from John and his paper. Indonesia?s Suharto and his generals were responsible for ?a few bloody incidents? and of handing out a bit of ?rough justice? to some natives who probably deserved it.

But I remember. I remember being in Dili at the independence celebrations in May 2002 as New Zealand?s minister responsible for overseas aid. I remember that the heads of the states that armed and financed the Indonesia killing machine were there to join in the festivities.

The most noticeable was Ex-President Clinton who had betrayed promises to help East Timor for Indonesian money. But he was not alone. Britain, a great flag waver at independence, had made a killing, literally, from its massive armaments sales to the Indonesian military. These sales were mad under the Blair ?human rights? foreign policy. But all the rich nations who had turned their backs on the pleas of a helpless nation and its desperate people and made lucrative deals with their persecutors in total defiance of international law showed no shame or remorse at attending.

Australian politicians were prominent. Yet it was under Labour leaders Hawke and Keating, who declared that the mass murderer and totally corrupt President Suharto was like a father to him, that Australia trained the most feared of all the Indonesian occupying forces ? Kopassus. This policy was continued under Howard and Downer, The self-same Downer who has tried to cheat East Timor out of its oil and gas reserves, so desperately needed to prevent a failed state, who now struts through Dili as a saviour.

And our own country from Labour?s Bill Rowling through to National?s Jenny Shipley had failed the long-suffering people of Timor. They followed MFAT?s advice to talk about respect for the processes of international law while secretly supporting Indonesia?s annexation.

National PM Muldoon refused to see Ramos Hortha when he came to New Zealand as part of a world tour as East Timor?s foreign minister in exile begging nations like New Zealand to protect his country through the processes of international law. In fact Muldoon and MFAT tried to prevent his visit. David Lange complained that Indonesia was nowhere near grateful enough for New Zealand?s work in keeping East Timor off the international agenda.

Mike Moore snarled at Labour activists who wanted their party to side with an oppressed nation and international law that they didn?t have to do trade deals as he did with Indonesia?s foreign minister Ali Alitas. Helen Clark on a trip to Indonesia in 1987 saw things the way of the Indonesia generals and declared that East Timor?s independence was no longer an option.

To Don MacKinnon of National, East Timor was irrevocably a part of Indonesia and those Timorese seeking asylum in our Jakarta embassy were to be bundled out as soon as possible. Meanwhile commerce with Indonesia was the main game.

But the East Timorese refused to accept their prescribed fate. Their heroism won through and with Indonesia in upheaval with the fall of the corrupt Suharto regime East Timor won its independence in 1999. The states that failed East Timor could no longer cover up for their ally in front of world opinion that was witness to the reality of Indonesian rule.

Six Years On

It is good that New Zealand has sent troops to East Timor. It is at the request of the legitimate government. The people deserve protection from the violence.

But let us not forget that we owe those people big time. New Zealand made no noise, in fact applauded, when Suharto came to power in 1965 and bathed his nation in blood. When he swept into East Timor we concurred with the Americans and the Australians that this was in our best economic, political and strategic interests. Our diplomats worked overtime for us to be friends with Suharto and to explain away his daily practice of torture, murder, corruption and annexation.

Officials and politicians who were part of the spin machine that waved away these crimes are now in high places in MFAT. Some are in Parliament .Some like Mike Moore and Don McKinnon went onto lucrative international positions to lecture others about human rights.

In the international arena so much was promised with international aid post 1999. So much has not arrived.

In the meantime Australia has been determined not to give up the dominant position in the oil and gas fields in the Timor Gap that Indonesia had handed to them. Prime Minister Alkatiri has had to confront an arrogant Downer (what other one is there?), who in negotiations has attempted to bully and blackmail East Timor into taking far less than its due share.

It is this revenue, estimated to be over US$30 billion and rising that could if matched with the OECD actually delivering on aid promises provide the investment to lift Timor out of its ?failed state?. It would be a big part of the solution to the unemployment rate of 50 percent, of a life expectancy rate of just over 40 and of one of the highest infant mortality rates in the world.

The gangs trashing Dili are overwhelmingly young. Little wonder when very few of the 10,000 students who finish school every year are employed and when only 30% get to secondary school in the first place.

The international force must stay until the day to day safety of the people is secured.

However, New Zealand must oppose any moves to implement what seems to be the game plan of Australia. That is that East Timor?s future is, as leaked Defence documents show, to fit into Australia?s plans for the region to meet its economic, military and political interests.

Nor should we be part of a policy that obviously wants to paint Alkatiri as the cause of the failed state. Alkatiri might indeed go as part of the political crisis. However, it shouldn?t be because then Australia neess to lose a thorn in its side in regard to its theft of Timor?s oil and gas revenue. It shouldn?t be because the Americans are opposed to his acceptance of Cuban doctors and because Timorese medical students are training free of charge in Cuba. And it shouldn?t be because we are the deputy-deputy sheriff for Australia as it carries out its assigned duties from the American sheriff.

What East Timor has a right to ask of us is that we show respect for its sovereignty, help it with its internal security and advocate in international forums for adequate long-term investment for its infrastructural needs and its rightful share of its oil and gas revenues.

It is a time for humility in regard to East Timor not humiliation from the states that have failed that nation.


********
Matt Robson is a former New Zealand Cabinet Minister and MP. In the Labour-Alliance Government Mr Robson was the Associate Minister for Foreign Affairs

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.