sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Dos leitores

Comentário na sua mensagem "Better for PNTL and UNPOL to Arrest Alfredo":

Ai é?!... Não há problema! Mandam-se uns quantos UNPOLs australianos (com pistolas) capturar o "Reinadio" (com espingardas e bazucas na moda...) e depois de os polícias serem massacrados o novo comandante do exército australiano em Timor será, certamente, recebido como herói nacional na Austrália!... ;-)

Sugiro que se faça já uma forte campanha para que sejam mesmo os UNPOLs australianos a fazer aquilo que os soldados australianos não conseguiram fazer!

"UNMIT Weekly" No. 27 / "UNMIT Semanal" Núm: 27

UNMIT
The English language version of the "UNMIT Weekly" No. 27 is now available on-line. Featured stories this week:

UN Secretary-General proposes one-year extension of UNMIT mandate
Brigadier James Baker takes command of ISF
Government reduces food rations in IDP camps
Intense monsoon causes damage across Timor-Leste
UNDP, Timor-Leste support public sector reforms

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Better for PNTL and UNPOL to Arrest Alfredo

Jornal Diario Nacional, 31/1/08
Dili, Timor-Leste

The Commander of the International Stabilsation Forces (ISF) John Hutcheson stated that the ISF does not have the right to arrest Alfredo and his group, but if the court wants to arrest him it will be better to send the Timor-Leste National Police (PNTL) and UNPOL who have that function in Timor-Leste to arrest people.

The ISF Commander John Hutcheson said this to journalists following having participated in a farewell ceremony with the new ISF Commander James Baker at the ISF General Headquarters, Caicoli, Dili (28/1).

The ISF Commander explained further that it is the police who are able to undertake the arrest of Alfredo because according to the law in place it is the police who are able to arrest persons who have committed crimes, but the military cannot undertake such arrests.

“The relationship between the ISF and the Timor-Leste judiciary are good. But we do not have the right to capture or arrest anyone, especially those who commit crimes or other violations,” said the ISF commander.

Regarding the order that the ISF received recently from the court to capture Major Alfredo, the ISF Commander explained that only the court will be able to explain to the public the fundamental reason why the ISF cannot capture Major Alfredo in accordance with the letter sent by the court to the ISF.

“Regarding our not capturing Alfredo, only the court will be able to respond to this question,” recounted the ISF Commander.

When asked about the ISF action in Same some time ago, the ISF Commander explained that it was part of the ISF’s role to guarantee security to enable the people to go about their activities in peace. (END)


De um leitor:

FOOTNOTE: So! That's what they are doing here! Having concerts and going to the beach?

But more seriously, what "right or power" did they have to mount operations against IDP camps and shoot dead two Timorese young men from Lorosae?

What right or power did they have to mount the operation in Same which resulted in five dead?

What right did they have to mount checkpoints with search and seize consequences, prinicpally against FRETILIN convoys, during the prsidential and parliamentary elections of 2007?

They have no legal right to do any of these things because their presence is illegal because the bilateral agreement that purports to allow to remain in Timor-Leste has not been ratified by the National Parliament.

Their actions are all therefor illegal. Brig Hutcheson seems to be verifying that now. In fact their soldiers have no immunity because only parliament can grant such immunities under the constitution, and the agreement has not been taken to the parliament.

When will someone bring legal action to test this in the Timor-Leste courts? Why is the current government not keen to bring the agreement to the parliament for ratification despite even people when their own AMP group in parliament is saying it would be better to end the controversy?

Because they know that bringing it now to the parliament would uncover the error in Prime Minister Ramos Horta not bringing it before the parliament and now the Gusmao government compounding the error. Alkatiri had already resigned in June 2006.

There is another theory, and that is that the only thing that the ISF are here for is to be a bullwark to any possible coup by the F-FDTL against this Timor-Leste President and government.

That is highly unlikely because of the discipline and loyalty nthe F-FDTL command has shwon to the rule of law and the constitution, but Australia needed to protect its allies Ramos Horta and Gusmao.

But do they still feel the same? This is confirmed by comments by the former Australian Ambassador, Margaret Twoomey to the UN Security Council delegation late last year during a meeting with the Dili diplomatic corps: "We (the ADF/ISF) are here to make sure that FRETILIN does not do to this government what they did to FRETILIN in 2006."

We know now perhaps they are not here just for concerts and the booze and the beaches. They are here to keep an eye on their traditional enemy (Falintil) from the time the ADF and the TNI were on the same side sharing counter guerilla warfare startegies in places like Cunungra, Queensland, Australia and Solor, Java.

When Koppassus and the SAS together mounted a live round guerrilla warfare exercise using captured Falintil soldiers like the Falintil hero Mau Hodu (deceased believed killed by Indonesian army in 1999).

Falintil's historic legacy is this: they defeated the TNI, and the TNI's mentors: The Australian and US Defence establishments.

Memories die hard with old soldiers who mistrust the Falintil. Nothing has really changed.

Are you up to changing this mindset Mr Rudd?

Tradução:

É melhor serem a PNTL e a UNPOL a prenderem Alfredo

Jornal Diario Nacional, 31/1/08Dili, Timor-Leste

O Comandante das Forças Internacionais de Estabilização (ISF) John Hutcheson afirmou que a ISF não tem o direito de prender Alfredo e o seu grupo, mas que se o tribunal quiser prendê-los será melhor mandar a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e a UNPOL que têm a função de prender as pessoas em Timor-Leste.

O Comandante da ISF John Hutcheson disse isto aos jornalistas depois de ter participado numa cerimónia de adeus com o novo Comandante da ISF James Baker no Quartel da ISF, Caicoli, Dili (28/1).

O Comandante da ISF explicou ainda que compete à polícia prender Alfredo porque de acordo com a lei existente é a polícia que tem a função de prender pessoas que cometeram crimes,e os militares não o podem fazer.

“As relações entre a ISF e o sector judicial de Timor-Leste são boas. Mas nós não temos o direito de prender ninguém, especialmente os que cometeram crimes ou outras violações,” disse o Comandante da ISF.

Em relação à ordem que a ISF recebeu recentemente do tribunal para capturar o Major Alfredo, o Comandante da ISF explicou que apenas o tribunal será capaz de explicar à população a razão fundamental porque a ISF não pode capturar o Major Alfredo de acordo com a carta enviada pelo tribunal para a ISF.

“Sobre não capturarmos o Alfredo, apenas o tribunal poderá responder a esta questão,” repetiu o Comandante da ISF .

Quando perguntado sobre a acção da ISF em Same à algum tempo atrás, o Comandante da ISF explicou que isso fazia parte do papel da ISF para garantir a segurança e permitir que o povo andasse nas suas actividades em paz. (FIM)

De um leitor:

RODAPÉ: Então! É isso o que estão a fazer aqui! Concertos e idas para a praia?

Mas com mais seriedade, que "direito ou poder" tinham eles para montar operações contra campos de deslocados e matarem à bala dois jovens Timorenses do Lorosae?

Que direito ou poder tinham eles para montarem a operação em Same que resultou em cinco mortes?

Que direito tinham eles para montarem barreiras com revistas e consequências de peso, principalmente contra caravanas da FRETILIN, durante as eleições presidenciais e parlamentares de 2007?

Eles não têm nenhum direito legal para fazer nenhuma destas coisas porque a sua presença é ilegal dado que o acordo bilateral com o propósito que autoriza permanecerem em Timor-Leste nunca foi ratificado pelo Parlamento Nacional.

As acções deles são por isso todas ilegais. Brig Hutcheson parece ter entendido isso agora. De facto os soldados deles não têm nenhuma imunidade porque sob a Constituição apenas o parlamento pode dar tais imunidades, e o acordo não foi levado ao parlamento.

Quando é que alguém vai levantar uma acção legal para testas isto nos tribunais de Timor-Leste? Porque é que o governo corrente não tem vontade de levar o acordo ao parlamento para ratificação mesmo apesar de pessoas dos próprio grupo da AMP no parlamento andarem a dizer que isso seria melhor para acabar a controversia?

Porque eles sabem que se levassem isso agora ao parlamento iria destapar o erro do Primeiro-Ministro Ramos Horta não o ter levado antes ao parlamento e agora o governo de Gusmão mistura o erro. Alkatiri Já tinha resignado em Junho de 2006.

Há uma outra teoria, e essa é que as ISF estão cá para serem um empecilho contra qualquer golpe possível das F-FDTL contra este Presidente e governo de Timor-Leste.

Isto é altamente improvavel por causa da disciplina e da lealdade que o comando das F-FDTL têm mostrado com o domínio da lei e a constituição, mas a Austrália precisava de pri«oteger os seus aliados Ramos Horta e Gusmão.

Mas sentem eles o mesmo? Isto é confirmado por comentários da antiga embaixadora, Margaret Twoomey para a delegação do Conselho de Segy«urança da ONU no final do ano passado durante um encontro com o corpo diplomático em Dili: "Nós (a ADF/ISF) estamos aqui para garantir que a FRETILIN não faz a este governo o que eles fizeram à FRETILIN em 2006."

Agora sabemos que se calhar eles não estão cá apenas para concerto, copos e praia. Eles estão cá para manterem debaixo de olho o inimigo tradicional deles (Falintil) desde o tempo em que a ADF e da TNI estavam do mesmo lado partilhando estratégias de guerra contra-guerrilha em lugares como Cunungra, Queensland, Australia e Solor, Java.

Quando o Koppassus e as SAS juntas montaram exercícios de guerra de guerrilha com munições reais usando soldados capturados das Falintil como o herói das Falintil Mau Hodu (morto, acredita-se assassinado pelos militares Indonésios em 1999).

A herança histórica das Falintil é esta: derrotaram a TNI, e os mentores da TNI: as instituições de defesa Australiana e dos USA.

As memórias nunca morrem nos velhos soldados que desconfiam das Falintil. Nada de facto mudou.

Está disponível para mudar esta mentalidade Sr Rudd?

Comemoração dos cinco anos do programa de rádio Conversas em Português

Embaixada de Portugal
1.02.2008

No dia 4 de Fevereiro de 2008, comemoram-se os 5 anos do programa de rádio Conversas em Português. Para tal, a Cooperação Portuguesa e a RDP irão levar a cabo uma emissão especial, das 9 às 11 horas.

Haverá também um espectáculo de rua com passatempos, em frente ao edifício Acait, Embaixada de Portugal em Díli.

O programa contará com a presença de responsáveis da Cooperação Portuguesa, nomeadamente o Senhor Embaixador de Portugal e, pelas autoridades timorenses, o Sr. Ministro da Educação.

O programa será emitido para todo o mundo, através das frequências da RDP Internacional.


O projecto Conversas em Português é um programa de rádio em directo com a duração de duas horas diárias, das 9h às 11h, emitido na frequência de 105.3 FM, a partir dos estúdios da RDP em Díli, realizado pela docente Ana Olívia Vaz, que se encontra em Timor-Leste, no âmbito do Projecto de Reintrodução da Língua Portuguesa. É emitido desde 4 de Fevereiro de 2002, apenas com interrupção nas férias lectivas.

É um programa dedicado à Reintrodução da Língua Portuguesa, visando também a divulgação de actividades culturais e outras, levadas a cabo pelos professores de Língua Portuguesa bem como de outras entidades; ao contacto com a cultura portuguesa/ timorense e ao intercâmbio cultural.

Sobre as prioridades da ajuda de Portugal



Junto os dados disponíveis no “site” da OCDE sobre a cooperação portuguesa. Por ele se pode confirmar que no biénio 2005 2006 a que os dados se referem Cabo Verde já estava bem à frente de Timor Leste como principal destino da ajuda pública portuguesa. Admito, no entanto, que nem todos os gastos de Portugal em Timor estejam contabilizados, como é o caso dos gastos com a GNR (só são contabilizados os gastos civis) e a pequena fortuna que a CML gastou em Lahane pois tenho dúvidas se ela terá reportado esses gastos às autoridades portuguesas.

Um abraço

Serra

(Blog Do alto do Tatamailau)

UNPOL Daily Security Briefing 1 February 2008

This is a broadcast of the UN Police in Timor-Leste to provide you with information about
the security situation around the country.

28 January – 1 February 2008

The security situation in Dili and across the country over the week has remained relatively calm with low level disturbances occurring at irregular intervals in Dili and the districts. The overall situation nationwide is expected to remain calm over the next 24 hours.

Over the past week, there have been a total of 40 incidents with an average of six incidents per day. This compares with 36 incidents last week and 65 incidents during this time last year. The majority of incidents in the capital involved traffic accidents, sporadic fighting and petty burglaries.

These statistics indicate a noticeable improvement in the security situation. Within this context, the United Nations Police (UNPol) will be progressively transferring authority to the PNTL in three police posts in Dili, including Bairo Pite, Bidau and Mercado Lama. This will provide greater operational space and opportunity for the PNTL to operate more independently. The three posts will be largely staffed by PNTL officers with supervision from UNPol.

The progressive transfer of authority will be based on four criteria:

1. The posts must be managed by fully certified PNTL officers
2. There must be adequate logistic support given to PNTL
3. Essential cooperative assistance between the PNTL and FFDTL must exist
4. There must be a demonstrated public confidence in the PNTL


UNPol will be watching the posts over the next couple of months to ensure that the four criteria are being met. The experience learned from this will be the basis of greater responsibility being handed to the PNTL over the coming months in other districts.

The police advise to avoid traveling during the night to the most affected areas. Please report any suspicious activities. You can call 112 or 7230365 to contact the police 24 hours a day, seven days a week.

East Timor's Deputy PM to address CDU conference

Charles Darwin University’s
01 February 2008

The Deputy Prime Minister of East Timor will visit Darwin early this month to open an international conference focusing on rebuilding his country, the world’s youngest nation.

Dr Jose Luis Guterres will attend the conference, entitled Democratic Governance in Timor Leste: Reconciling the Local and the National. The conference will be held on 7 and 8 February at Charles Darwin University’s Casuarina campus.

A second Member of the Timor-Leste Parliament, Ms Fernanda Borges, also will address the conference which will focus on the rebuilding process as the country nears the end of its sixth year as a sovereign nation.

Topics at the conference will include justice in the courts and the community, national identity, psychological healing in people traumatised by war, rural resettlement, violence and nation-building, and reconciling local and western modes of governance.

Conference convenor, Associate Professor David Mearns, of CDU’s School of Creative Arts and Humanities, said the speakers would examine the emerging relations between the national and local governments during what is a critical phase in the country’s development.

The conference will be hosted by CDU, in conjunction with the Australian National University and the Timor Institute of Development Studies.

Visit the conference website at: www.cdu.edu.au/timorlesteconference/ .

Human Rights Watch denuncia violações à liberdade de expressão e aos direitos humanos em Luanda

Notícias Lusófonas

Angola, Brasil e Timor
no top das violações
- 31-Jan-2008 - 17:38

Angola, Brasil e Timor-Leste, três dos oito países de língua portuguess, figuram, por razões várias, no relatório anual da organização Human Rights Watch, que dá conta de diferentes violações cometidas ao longo de 2007. Segundo o documento, hoje divulgado publicamente pela organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, dos três, o Brasil é o país com maiores problemas, sendo a violência policial o principal factor de desestabilização.


"Confrontada com elevados índices de crime violento, especialmente nos centros urbanos, alguns agentes da polícia levam a cabo práticas abusivas em vez de respeitarem a conduta policial", lê-se no relatório.

A HRW adianta que as condições de detenção são "abismais" e que, nas áreas rurais, os conflitos ligados à propriedade da terra e a violência a eles associados continuam uma constante, enquanto os activistas dos Direitos Humanos são "alvo de ameaças e de ataques".

"Apesar de o governo brasileiro ter efectuado esforços para garantir uma diminuição dos abusos aos direitos humanos, raramente responsabilizou as autoridades policiais", sublinha-se no documento.

Em Timor-Leste, segundo o mesmo relatório, houve alguns casos, "esporádicos", de violência, registados antes e depois das eleições de 30 de Junho de 2007, o que levou parte das populações a procurarem refúgio em alguns distritos do leste do país.

Realçando os avanços na Justiça, com alguns julgamentos em curso de militares e polícias responsáveis pelos conflitos e actos de violência registados em 2006, o relatório salienta, porém, que muitos dos crimes foram "abafados" ao abrigo da Lei da Amnistia, aprovada em 2007.

As eleições presidenciais e legislativas de 2007, relembra a HRW, trouxe novos líderes políticos ao país, mas o espectro de violência e de insegurança continua presente.

A Human Rights Watch lamenta também que as novas autoridades timorenses continuem ainda a "ignorar" as recomendações da Comissão da Verdade e Reconciliação que averigua os crimes cometidos durante a ocupação indonésia de Timor-Leste (1975/1999).

Ponto considerado "muito positivo" pela HRW é a referência à inexistência de quaisquer ataques ou intimidações a activistas dos Direitos Humanos em Timor-Leste durante 2007.

"O Gabinete do Provedor, que tem o poder de investigar e reportar as queixas do governo e das diferentes instituições, tem trabalhado sem quaisquer interferências", refere a Human Rights Watch.

Em Angola, a Human Rights Watch denunciou violações à liberdade de expressão e aos direitos humanos, havendo casos em que algumas associações locais e órgãos de comunicação social são alvo de intimidações.

A organização acusa também as autoridades de Luanda de, entre 2002 e 2006, terem desalojado mais de 30.000 pessoas das suas casas sem avançar com qualquer compensação ou indemnização, ou mesmo atribuir qualquer habitação.

A HRW fala ainda dos sucessivos adiamentos das eleições gerais angolanas, realizadas pela última vez em 1992, mas toda a informação do relatório sobre os temas eleitorais está já desactualizada, uma vez que baseia as denúncias na inexistência de datas para a votação, já marcada pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, para Setembro deste ano.

A HRW destaca, porém, que, desde o fim da guerra civil, em 2002, Angola tem vindo a registar altos índices de crescimento, lembrando que as previsões para 2007 apontam para que a taxa seja a maior do mundo, mas realça que grande parte da população continua a viver na extrema pobreza.

O reverso da medalha da melhoria acentuada nos índices de desenvolvimento económico do país passa pelo grande número de pessoas que, por via disso, são desalojadas por ordem do governo.

A HRW sustenta que o clima de intimidação e de hostilidade em relação às organizações da sociedade civil e aos órgãos de comunicação social tem vindo a "subir significativamente", apesar da sua participação em campanhas de educação cívica.

As restrições às actividades das ONG em Angola "são cada vez maiores" e vários grupos de defesa dos Direitos Humanos angolanos reclamam a inconstitucionalidade da Lei das Associações, aprovada pelo governo, advogando que quem tem de a adoptar é o parlamento.

Lembrando a contestação ainda vigente em Cabinda, onde a nomeação de um bispo não natural da região foi objecto de polémica, a HRW refere que o aumento do protagonismo de Angola tem ajudado a "abafar" as críticas à boa governação e à violação dos Direitos Humanos.

EAST TIMOR: 100,000 IDPs still displaced nearly two years on

UN Office for the Coordination of Humanitarian Affairs

DILI, 31 January 2008 (IRIN) - It was in October 2007 that 27-year-old Guillermina Freitas Corte Real entered Timor Leste national hospital in Dili, the capital city, for gall stone surgery.

Her initial anxiety was the medical procedure, but she soon became terrified of developing a severe post-operative infection. “It was a completely unsanitary environment,” she told IRIN, “because all these goats, pigs and chickens were wandering freely around the hospital.”

The livestock belonged to some 1,500 to 2,000 internally displaced persons (IDPs) who have been encamped on the grass, paths and corridors of the national hospital for nearly two years. “They pose a significant health and security risk for patients and IDPs alike,” according to Angela Sherwood, public information officer for the International Organization for Migration (IOM).

The hospital’s IDPs are only a small portion of some 100,000 (nearly one-tenth of the nation’s population) who are still displaced throughout Timor Leste. They include 30,000 in 53 camps sprinkled throughout Dili.

IOM manages 36 of the Dili sites, including the hospital, with Catholic Relief Services and the Timor Leste Red Cross managing the rest.


Civil unrest in 2006

Most of the IDPs were forced from their homes in April and May 2006 when widespread civil unrest was triggered by the dismissal of 594 military officers, almost half the nation’s defence force, and the subsequent military confrontation with the nation’s police force.

Unemployed and disillusioned youth, many in gangs, further inflamed the situation. Underlying the conflict were long-term economic and political tensions which some say pitted `loromonu’ Timorese westerners against `lorossae’ Timorese easterners in the country. By the time the conflict ended some 150,000 people had been displaced, and 6,000 homes destroyed in Dili alone, according to UN estimates.

“Our first priority is to move the IDPs from that hospital,” Jacinto Rigoberto Gomes, Timor Leste’s secretary of state for social assistance and natural disasters, told IRIN, “and to resettle all the others who are displaced.” He conceded it would not be easy.

Joaquim da Costa, a camp manager and IDP at the hospital, told IRIN, “My home was destroyed… They didn’t just burn the houses, they destroyed the foundations as well. Like most other IDPs, he said he was reluctant to return home, fearing further violence.

Orlando De Oliviera, another IDP at a Dili transitional shelter built by the Norwegian Refugee Council (NRC) echoed da Costa’s sentiment: “I am scared to return home,” he told IRIN. “Only after the government resolves the crisis will we go back.”

How to end the crisis?

According to the IDPs themselves, there are three basic components to ending that crisis.


One is that the government resolve issues with a renegade former defence force officer, Maj Alfredo Alves Reinado, who defected and remains at large.

A second is settlement of the grievances of the “petitioners” - those 594 defense force personnel who had been dismissed. According to the UN special representative for the Secretary-General in Timor Leste, Atul Khare, many of the petitioners have legitimate grievances that need to be addressed by the government. Until such time, they remain a potentially disruptive force.

The third is that the government provide the IDPs with adequate financial compensation to rebuild their homes or help them move to other locations and regain livelihoods.

Complex issue

Khare told IRIN the issue of resettlement was extremely complex. He said it involved land and property rights issues, the dampening of continued community hostility towards the IDPs and ensuring that the compensation package for IDPs did not create new tensions between them and poor Timorese who were receiving inadequate assistance.

According to Jacinto Rigoberto Gomes, the government is planning compensation of some US$3,000-US$4,500 for IDPs, which is the equivalent of three-to-four year’s pay for a police officer. “There is the need to avoid creating a situation in which the non-IDPs in a community feel they are being discriminated against because assistance is being exclusively offered to the returning IDPs,” Khare told IRIN.

The UN humanitarian coordinator and deputy special representative of the Secretary-General in Timor-Leste, Finn Reske-Nielsen, said: “For many IDPs it is simply not an option for them to return to their neighbourhoods as the people there don’t want them back.” In addition, he said: “Six thousand of their houses have been burned and only 450 transitional shelters have been built to date. [due principally to the government not promoting their use]. “There is nowhere to go back to.”

Even if an IDP wants to go home and still has a house there, said Reske-Nielsen, “there might be someone else living there and the question arises of who is the rightful tenant.”

Unanswered questions about land ownership


According to Khare, there are many unanswered questions about land ownership and alternative land availability that need to be resolved. “The questions of land and property regimes are absolutely unclear,” he said, and added that he hoped legislation on such issues could be adopted by the middle of 2008, although the litigation of thousands of individual cases would take far more time.

Timor Leste government official Jacinto Rigoberto Gomes told IRIN: “The government has allocated US$15 million [about 18 percent of the budget] for the recovery needs of the IDPs,” but said, “while it’s a large amount it will only support 50 percent of needs.” He added: “It is unclear yet when they will begin expenditures and on what exactly they will be made.”

“You cannot define how the $15 million will be spent until plans are developed and you have an all-party consensus,” Khare said. “My hope is that most of the money will be used for relocation or return.”

Ending of blanket food aid

One immediate incentive to get IDPs to return home is the ending of the government’s blanket food assistance programme in the Dili camps. Not just all 30,000 IDPs (in Dili) have been provided with food aid but thousands of others as well. Beginning in February, food rations will be cut in half, and in April, they are to end completely, except for the targeting of particularly vulnerable people.

The common consensus is that the IDP problem is priority number one in Timor Leste, but the common mantra is that resolving the problem will take time. As one aid worker remarked with a wry sense of humour: “If the government can’t move chickens, goats and pigs from the hospital, what chance is there of moving the IDPs from there?”

bj/cb

Tradução:

TIMOR-LESTE: 100,000 ainda deslocados quase dois anos depois

Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários

DILI, 31 Janeiro 2008 (IRIN) – Foi em Outubro der 2007 que Guillermina Freitas Corte Real de 27 anos entrou no hospital nacional de Dili, a capital de Timor-Leste para fazer cirurgia a uma pedra nos rins.

A sua ansiedade inicial era com os procedimentos médicos, mas em breve ficou aterrorizada por vir a ter uma infecção pós-operatória grave. “Era um ambiente totalmente insalubre,” disse ao IRIN, “por causa de todas cabras, porcos e galinhas a andarem à volta do hospital.”

Os animais pertenciam a alguns dos 1,500 a 2,000 deslocados que têm estado acampados na relva, caminhos e corredores do hospital nacional há quase dois anos. “Eles colocam um risco significativo à saúde de segurança quer de pacientes quer de deslocados,” de acordo com Angela Sherwood, funcionária de relações públicas da International Organization for Migration (IOM).

Os deslocados do hospital são apenas uma pequena parte de alguns 100,000 (cerca de um décimo da população da nação) que ainda estão deslocados por Timor Leste. Incluem 30,000 em 53 campos espalhados por Dili.

A IOM gere 36 destes sítios em Dili, incluindo o hospital, e os restantes são geridos pelo Catholic Relief Services e Cruz Vermelha de Timor-Leste.


Desassossego Civil em 2006

A maioria dos deslocados foram forçados para for a das suas casas em Abril e Maio de 2006 quando o desassossego civil alargado foi desencadeado pela demissão de 594 militares, quase metade da força de defesa da nação, e pelo subsequente confronto militar com a força de polícia da nação.

Jovens desempregados e desiludidos, muitos em gangs, inflamaram mais a situação. Por debaixo do conflito estavam tensões económicas e políticas antigas que dizem alguns opuseram `loromonu’ Timorenses do oeste contra `lorossae’ Timorenses do leste. Quando o conflito terminou havia cerca de 150,000 pessoas deslocadas e 6,000 casas destruídas apenas em Dili, de acordo com estimativas da ONU.

“A nossa primeira prioridade é mudar os deslocados daquele hospital,” disse ao IRIN Jacinto Rigoberto Gomes, secretário de Estado para a assistência social e desastres naturais de Timor-Leste, “e re-instalar todos os outros que estão deslocados.” Admitiu que não será fácil.

Joaquim da Costa, um administrador de campo e deslocado no hospital, disse ao IRIN, “A minha casa foi destruída … Eles não queimaram apenas as casas, destruíram também os alicerces. Como a maioria dos outros deslocados, disse que estava relutante em regressar a casa, receando mais violência.

Orlando De Oliviera, um outro deslocado num abrigo provisório em Dili construído pelo Norwegian Refugee Council (NRC) ecoou o sentimento de Costa: “Estou aterrorizada para voltar a casa,” disse ao IRIN. “Apenas depois do governo resolver a crise regressamos.”

Como acabar a crise?

De acordo com os próprios deslocados, há três componentes básicos para acabar esta crise.


Uma é que o governo resolve as questões com o antigo oficial renegado, Maj Alfredo Alves Reinado, que desertou e se mantém ao largo.

A segunda é a resolução das queixas dos “peticionários” – esses 594 membros da força de defesa que foram despedidos. De acordo com o Representante Especial do Secretário-Geral da ONU em Timor-Leste, Atul Khare, muitos dos peticionários têm queixas legítimas que precisam de ser respondidas pelo governo. Até essa altura mantém-se uma força potencialmente perturbadora.

A terceira é que o governo dê compensações financeiras adequadas aos deslocados para reconstruírem as suas casas ou para os ajudar a mudarem-se para outros locais e reganharem modos de vida.

Questão Complexa

Khare disse ao IRIN que a questão da re-instalação era extremamente complexa. Disse que envolve questões de direitos de terra e de propriedade, o amortecimento da hostilidade continuada da comunidade em relação aos deslocados e o assegurar de que o pacote de compensações para os deslocados não criem novas tensões entre eles e os Timorenses pobres que estavam a receber assistência inadequada.

De acordo com Jacinto Rigoberto Gomes, o governo está a planear compensações de cerca de US$3,000-US$4,500 por deslocado, que é o equivalente a 3-4 anos de salários dum oficial de polícia. “Há a necessidade de evitar criar uma situação onde os não-deslocados numa comunidade sintam que estão a ser discriminados porque a assistência está a ser oferecida exclusivamente aos deslocados que regressam,” disse Khare ao IRIN.

O coordenador humanitário da ONU e Vice-Representante Especial do Secretário-Geral em Timor-Leste, Finn Reske-Nielsen, disse: “Para muitos deslocados não é simplesmente uma opção regressarem para os seus bairros porque as pessoas de lá não os querem de volta.” A acrescentar, disse ele: “Seis mil casas foram queimadas e apenas foram construídos 450 abrigos provisórios até à data. [devido principalmente ao facto do governo não promover o seu uso]. “Não há local algum para onde regressar.”

Mesmo se um deslocado quiser voltar a casa e tiver ainda lá uma casa, disse Reske-Nielsen, “pode estar ocupada por outra pessoa e levanta-se a questão sobre quem é o inquilino certo.”

Questões não respondidas sobre os donos das terras


De acordo com Khare, há muitas questões não respondidas sobre os donos das terras e disponibilidade de terra alternativa que precisam de ser resolvidas. “As questões dos regimes da terra e das propriedades não estão de todo claras,” disse e acrescentou que tinha esperança que se pudesse adoptar em meados de 2008 legislação sobre tais questões, apesar dos litígios de milhares de casos individuais puderem levar mais tempo.

O funcionário do governo de Timor-Leste Jacinto Rigoberto Gomes disse ao IRIN: “O governo alocou US$15 milhões [cerca de 18 por cento do orçamento] para as necessidades de recuperação dos deslocados,” mas disse, “conquanto seja uma grande quantia só paga 50 por cento das necessidades.” Acrescentou: “Não é claro ainda quando se começam os gastos e exactamente anode serão feitos.”

“Não se pode definir como se vão gastar os $15 milhões até os planos estarem desenvolvidos e haver um consenso de todos os partidos,” disse Khare. “A minha esperança é que a maior parte do dinheiro seja gasto para re-locação ou regresso.”

Fim à ajuda alimentar

Um incentive imediato para que os deslocados regressem a casa é o fim do programa de assistência alimentar do governo nos campos de Dili. Não apenas a todos os 30,000 deslocados (em Dili) tem sido dada comida a milhares doutros também. Começando em Fevereiro, as rações de comida são cortadas ao meio e em Abril, vão acabar completamente, excepto para pessoas particularmente vulneráveis.

O consenso comum é que o problema dos deslocados é a prioridade número um em Timor-Leste, mas a ladainha comum é que resolver o problema demorará. Como comentava uma trabalhadora de ajuda com um sentido seco de humor: “Se o governo não consegue tirar as galinhas, cabras e porcos do hospital, que possibilidade terá de tirar daqui os deslocados?”

bj/cb

Epitaph on a crook and a tyrant

The death of Suharto

Jan 31st 2008
From The Economist print edition

Free to mourn or cheer, Indonesians have moved on since Suharto stepped down in 1998

Reuters

HE WAS a despot, a cold-war monster cosseted by the West because his most plausible opponents were communists. Behind his pudgily smooth, benign-looking face lay ruthless cruelty. The slaughter as he consolidated his power in the mid-1960s cost hundreds of thousands of lives. Tens of thousands were locked up for years without charge. After the invasion of East Timor in 1975, the Indonesian occupation led to the deaths of perhaps one-third of its people. Meanwhile, he was robbing his own country blind. Perhaps no leader's family anywhere has ever amassed so much ill-gotten loot. When he was forced to quit at last, the economy was in a tailspin and the stability he had boasted of creating proved an illusion.

So it seems all wrong that after Suharto's death this week, Indonesia declared seven days of national mourning. Television stations (some controlled by his kin) showed laudatory documentaries. The streets were lined with crowds for miles on the way to the hillside family mausoleum he had built, in emulation of the Javanese kings whose successor he seemed to think himself. Other statesmen from the region trooped to his funeral to pay their respects: Singapore's Lee Kuan Yew, Malaysia's Mahathir Mohamad and even Timor-Leste's prime minister, Xanana Gusmão.


In Mr Gusmão, from a tiny young nation needing good relations with its neighbour and former coloniser, such magnanimity might be wise. Mr Lee and Dr Mahathir also had reason to honour Mr Suharto, who ended his predecessor's “confrontation” with Malaysia, nurtured regional unity and, like them, shrugged at the West's preaching about human rights. Yet for Indonesians themselves to push the boat out so far for the old kleptocrat suggests a failure to come to terms with the scale of his crimes. Yes, their country made huge economic strides under his 32-year rule, thanks to his delegation of much policymaking to competent technocrats, and superficial political calm prevailed. But at a very high cost.

The government of President Susilo Bambang Yudhoyono—himself a Suharto-era former general—has been a success in many ways. But it has not fostered a culture of accountability. In 2006, when Mr Suharto seemed to be on his deathbed, it dropped criminal proceedings against him. It then instigated a civil prosecution. But neither Mr Suharto nor any of his family has faced trial for corruption (though his son, Tommy, was jailed on a murder charge). Nor has there been a determined attempt to bring to justice those army officers who oversaw atrocities in East Timor and Irian Jaya (now known as Papua) after Mr Suharto fell, let alone those who committed them while he was still in power.

A different country
Yet, if the bad that Suharto did seems to have been buried with him, this week has also shown how far Indonesia has moved on. It is not in thrall to the former dictator's memory. A dozen years ago the death of his greedy wife, Tien (known, inevitably as “Madame Tien per cent”), provoked an outpouring of real or synthetic national grief. This week even Suharto-family television channels were soon back to normal programming. Newspapers vigorously debated his legacy.

Some may hanker for the old certainties of his rule, but not at the expense of their new freedoms. To make sure those freedoms endure, Indonesia needs to face up to the past, and to make a proper accounting for the murky atrocities and untold thievery of Mr Suharto's reign. The rosy nostalgic glow bathing his obsequies is no substitute for true reconciliation. As elsewhere, that needs to be built on historical truth, in which no one in power seemed much interested this week.

Tradução:

Epitáfio dum ladrão e tirano

A morte de Suharto

Jan 31 2008


Da edição impressa do The Economist

Livres para chorar ou aplaudir, os Indonésios avançaram desde que Suharto saiu em 1998

Reuters

Ele foi um déspota, um monstro da guerra fria cortejado pelo Ocidente porque os seus opositores mais razoáveis eram comunistas. Por detrás do seu peso suave, da sua cara benigna havia uma crueldade sem lei. Os massacres enquanto consolidava os seus poderes em meados dos anos1960s custaram centenas de milhares de vidas. Dezenas de milhares estiveram encarcerados durante anos mesmo sem acusação. Depois da invasão de Timor-Leste em 1975, a ocupação Indonésia levou à morte de talvez um terço da sua população. Entretanto ele roubava o seu próprio povo cego. Talvez em lugar algum a família dum líder tenha alguma vez amassado tanta roubalheira. Quando por fim foi obrigado a sair, a economia estava uma confusão e a estabilidade de que se tinha gabado de criar provou ser uma ilusão.

Por isso pareceu um grande erro que depois da morte de Suharto esta semana, a Indonésia tenha declarado um luto nacional de sete dias. As estações de televisão (algumas controladas por familiares dele) mostraram documentários de louvor. As ruas estiveram com multidões alinhadas a caminho do mausoleo da família num monte que ele construíra, em imitação dos reis Javaneses e de que ele pensava descender. Outros estadistas da região marcharam para o funeral para prestar vassalagem: Lee Kuan Yew da Singapura, Mahathir Mohamad da Malásia e mesmo o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão.


No Sr Gusmão, duma pequenina jovem nação a precisar de boas relações com o seu vizinho e antigo colonizador, tal magnanimidade pode ser prudente. O Sr Lee e o Dr Mahathir tinham também razões para prestarem honras ao Sr Suharto, que pôs fim ao “confronto” do seu predecessor com a Malásia, alimentou a unidade regional e, como eles, encolheu os ombros às pregações do Ocidente sobre direitos humanos. Contudo o facto de os próprios Indonésios empurrarem o barco tão longe pelo velho cleptócrata sugere um falhanço na avaliação da escala dos seus crimes. Sim, o seu país deu grandes passadas económicas durante a sua governação de 32 anos, graças à delegação em tecnocratas competentes na execução de muitas políticas e ao facto de ter prevalecido uma calmaria política superficial. Mas a um custo muito alto.

O governo do Presidente Susilo Bambang Yudhoyono—ele próprio um general da era de Suharto—tem sido um sucesso em muitas maneiras. Mas não desenvolveu uma cultura de responsabilização. Em 2006, quando parecia que o Sr Suharto estava no leito da morte, deixou cair procedimentos criminais contra ele. Isso instigou depois uma procedimento civil. Mas nem o Sr Suharto nem ninguém da sua família enfrentaram julgamento por corrupção (apesar do seu filho, Tommy, ter estado preso acusado de homicídio). Nem houve lá uma tentativa determinada para levar à justice esses oficiais das forças militares que superintenderam as atrocidades em Timor-Leste e em Irian Jaya (agora conhecida como Papua) depois da queda do Sr Suharto, muito menos os que as cometeram enquanto ele estava ainda no poder.

Um país diferente
Contido, se o mal que Suharto fez parece ter morrido com ele, esta semana mostrou também quão longe a Indonésia foi. Não ficou cativa da memória do antigo ditador. À uns doze anos atrás a morte da sua gananciosa mulher, Tien (conhecida, inevitavelmente como a “Madame dez por cento”), provocou uma explosão de real ou sintética dor nacional. Esta semana, mesmo os canais de televisão da família Suharto rapidamente retomaram a programação normal. Os jornais debatem com vigor a sua herança.

Alguns podem choramingar pelas velhas certezas da sua governação, mas não à custa das novas liberdades. Para garantir que essas liberdades durem, a Indonésia precisa de enfrentar o passado, e de responsabilizar com correcção as atrocidades sombrias e os roubos incontáveis do reinado do Sr Suharto. O brilho rosado e nostálgico que banhou o seu funeral não é nenhum substituto duma verdadeira reconciliação. Como noutros lugares, ela precisa de ser construída sobre a verdade histórica, na qual ninguém no poder pareceu estar muito interessado esta semana.

ONU anuncia 'reação firme' contra ataques a ajuda em Timor

31-01-2008 09:56:50

Dili, 31 jan (Lusa) - As forças de segurança vão reagir "com firmeza" a qualquer ataque à distribuição alimentar nos campos de deslocados, avisou nesta quinta-feira a Missão das Nações Unidas em Timor Leste (Unmit).

"A Unmit e o governo discutiram exaustivamente as conseqüências da redução da ração alimentar nos campos de deslocados", afirmou nesta quinta-feira a porta-voz da missão, Allison Cooper.

"Lançamos um sério aviso contra ações que visem às pessoas responsáveis pela distribuição alimentar", declarou a porta-voz.

"A reação contra tais ataques será firme", acrescentou Allison Cooper aos jornalistas.

O governo timorense anunciou recentemente o corte da ração alimentar pela metade, em uma primeira fase, e a interrupção, em fase posterior, para metade da população de deslocados em Dili.

Cerca de 70 mil pessoas, ou metade da população total da capital, "recebem há cerca de um ano e meio ajuda alimentar", recordou Allison Cooper.

A estimativa das agências humanitárias é que o número atual de deslocados em Dili seja de 30 mil.

O corte da ajuda, que distribui arroz, feijão e óleo alimentar, começará em 4 de fevereiro no campo de Metinaro, 20 quilômetros a leste de Dili.

A redução da ajuda alimentar no distrito de Dili foi cogitada várias vezes pelo governo, mas a violenta reação dos beneficiados causou o adiamento da medida.

Um relatório elaborado em setembro pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) revelou que metade da população assistida com alimentos em Dili não está em situação de carência.

Ao mesmo tempo, fora dos campos de deslocados vive um número igual de pessoas necessitando ajuda.

"Isto quer dizer que quem está em um campo de deslocados não é, necessariamente, carente em alimentos", referiu Allison Cooper.

O objetivo do governo com a redução da ração alimentar nos campos de deslocados é garantir assistência ao resto da população.

Essas explicações foram dadas pelo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e pela ministra da Solidariedade Social, Maria Domingues Fernandes Alves, em uma reunião com os administradores de todos os campos de deslocados, no dia 25 de janeiro.

Além da questão humanitária, os deslocados continuam representando um fator determinante da segurança da capital e do país.

Ao abordar "os distúrbios públicos diários" que continuam afetando Dili, o último relatório do secretário-geral das Nações Unidas ao Conselho de Segurança afirma que essa violência "pode aumentar se a situação nos campos de deslocados se deteriorar com a chegada da estação das chuvas".

Regresso de militares da GNR

SIC
31-01-2008 11:11 Última actualização: 31-01-2008 11:11

Recebidos com abraços, após seis meses de missão em Timor Os 133 militares do Subagrupamento Bravo da GNR reencontraram as famílias, pouco depois das seis da manhã desta quinta-feira, no Aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa

Catarina Lúcia Carvalho
Jornalista

Separados das mulheres, dos filhos ou dos pais, os 133 militares do Subagrupamento Bravo da GNR foram recebidos com abraços e muita emoção, “matando” em alguns minutos as saudades que acumularam em seis meses de distância.

À chegada ao Aeroporto de Figo Maduro, os militares admitiram que, na antiga colónia portuguesa, ajudaram a manter a segurança, mas também criaram laços de amizade. Falam com orgulho na missão em Timor-Leste e acreditam que é fundamental a GNR continuar a prestar apoio aos timorenses.

Já esta semana partiu o quinto contingente, que foi substituir os militares que agora regressaram a Portugal. Mais de quinhentos militares da GNR já participaram, desde Abril de 2006, em missões em Timor-Leste.

MEDIAWATCH: Forgiving Suharto?

Reuters
31 Jan 2008 11:13:00 GMT31 Jan 2008 11:13:00 GMT

Written by: Joanne Tomkinson

Former Indonesian President Suharto announces his resignation at the the presidential palace in Jakarta May 20,1998 , after 32 years in power. REUTERS/Enny Nuraheni

The death of former Indonesian president Suharto has ignited a vigorous debate about the legacy of his period of bloody rule. Over half a million people are thought to have died while Suharto was in power, yet many commentators still talk of the positives aspects of this period.

A.M. Hendropriyono a commentator for The Jakarta Post sees Suharto's "flaws" as inevitable given the difficulties associated with running a country as diverse and sprawling as Indonesia.

"After all, if you strip away the corruption, nepotism, and human rights issues from Soeharto's reign, what do you have? The thankless task of running an often dysfunctional archipelago that revels - and is mired - in diversity," the commentator says.

"The United States of America, after all, faced serious hurdles during its first decades, though it was able to resolve these without its leaders being scrutinized on CNN and You Tube."

The paper also says that many regional leaders such as Singaporean Minister Mentor Lee Kuan Yew and Malaysian leader Mahathir Mohamad have praised Suharto's achievements.

Suharto governed Indonesia from 1966 to 1998. He is accused of corruption, repression and causing between 500,000 and a million deaths.

Hundreds of thousands of suspected communists were killed as Suharto rose to power in the 1960s. A further 200,000 people are thought to have died during Indonesia's occupation of East Timor.

Though Britain's Economist magazine notes his "exceptional brutality", it is still keen to point out the positive side of Suharto's regime.

"Economic growth accelerated, roads and factories were built, foreign investment flowed. A hugely disparate archipelago of tens of thousands of islands, which had seemed at risk of shattering, was united."

The Inter Press Service (IPS), a civil society news agency says that "The truth is, Suharto still reigns in the heart of people in the villages, despite the fanfare of democracy brought by the new governments."

The service quotes Warid, a farmer from West Java, as saying "To me, Suharto is the best. When he was in power, fertiliser was abundant and affordable, irrigation worked well. So farming, which is my inherited and only skill, was a reliable business for living."

Mohammad Ainun Najib, a popular columnist in Indonesia, explains this respect in the following way, according to the IPS:

"The incapability of the new government makes the people yearn for the Suharto era, when prices of basic necessities were affordable, streets were safe from rallies and anarchism, and jobs were easy to find."

Economic gains don't make everyone so forgiving though.

"What about the millions of people, alleged members of the Indonesian Communist Party (PKI), who were murdered without trial? How about those who were kidnapped and are still missing? We respect Suharto, definitely. But we also respect those victims of his oppressive rule. All men are equal before the law," said Fajrun, an activist in Jakarta, speaking to the IPS.

This perspective is reinforced by The East Timor and Indonesia Action Network, a U.S.-based lobbying organisation for East Timor rights, which says that Suharto is "one of the worst mass murderers of the 20th century".

The site says that Suharto's allies must be brought to justice for the shocking deaths and corruption which took place.

"To overcome Suharto's legacy and to uphold basic international human rights and legal principles, those who executed, aided and abetted, and benefited from his criminal orders must be held accountable."

The Christian Science Monitor writes that it is now time for Indonesians to decide "how history will judge the complex legacy of the man who ruled them for 32 years".

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Tradução:

MEDIAWATCH: Perdoando Suharto?

Reuters
31 Jan 2008 11:13:00 GMT31 Jan 2008 11:13:00 GMT

Escrito por: Joanne Tomkinson

O antigo Presidente Indonésio Suharto anuncia a sua resignação no palácio presidencial em Jacarta em 20 de Maio de 1998, depois de 32 anos no poder. REUTERS/Enny Nuraheni

A morte do antigo presidente Indonésio Suharto desencadeou um debate vigoroso sobre a herança deste período de governação sangrenta. Pensa-se que mais de meio milhão de pessoas foram assassinadas quando Suharto esteve no poder, contudo muitos comentadores ainda falam dos aspectos positivos deste período.

A.M. Hendropriyono um comentador para o The Jakarta Post vê as “falhas” de Suharto como inevitáveis dadas as dificuldades associadas com a condução dum país tão diverso e espalhado quanto a Indonésia.

"No fim de contas, se se tirar a corrupção, nepotismo, e questões de direitos humanos da governação de Soeharto, o que é que se tem? A ingrata tarefa de conduzir um arquipélago muitas vezes disfuncional que revela – e se atolou - na diversidade," diz o comentador.

"Os Estados Unidos da América, no fim de contas, enfrentaram obstáculos sérios nas primeiras décadas, e foram capazes de os resolver sem os seus líderes terem sido escrutinados na CNN e no You Tube."

O jornal diz também que muitos líderes regionais como o PM da Singapura Lee Kuan Yew e o líder da Malásia Mahathir Mohamad elogiaram as realizações de Suharto.

Suharto governou a Indonésia de 1966 até 1998. É acusado de corrupção, repressão e de ter causado entre 500,000 e um milhão de mortes.

Centenas de milhares de suspeitos de serem comunistas foram mortos quando Suharto subiu ao poder nos anos de 1960s. Pensa-se que mais 200,000 pessoas morreram durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia.

Apesar do magazine Britânico Economist anotar a sua "excepcional brutalidade", consegue apontar o lado positivo do regime de Suharto.

"Crescimento económico acelerado, estradas e fábricas foram construídas, o investimento estrangeiro floresceu. Um arquipélago muito variado de dezenas de milhares de ilhas, que parecia em risco de se quebrar, foi unido."

O Inter Press Service (IPS), uma agência noticiosa da sociedade civil diz que "A verdade é, Suharto reina ainda no coração das pessoas nas aldeias, apesar da fanfarra da democracia trazida pelos novos governos."

O serviço cita Warid, um camponês do Oeste Java, como tendo dito "Para mim, Suharto é o melhor. Quando ele estava no poder, o fertilizante era abundante e conseguíamos comprá-lo, a irrigação trabalhava bem. Assim a agricultura, que é a minha herança e a única coisa que sei fazer, era um negócio de confiança e dava para viver."

Mohammad Ainun Najib, um popular colunista na Indonésia, explica esse respeito da seguinte maneira, de acordo com a IPS:

"A incapacidade do novo governo faz as pessoas nostálgicas da era de Suharto, quando os preços dos bens de necessidade básicas eram baratos, as ruas eram livres de confusões e anarquia e era fácil encontrar emprego."

Contudo os ganhos económicos não tornam todos tão complacentes.

"E então os milhões de pessoas, alegados membros do Partido Comunista da Indonésia (PKI), que foram assassinados sem julgamento? E aqueles que foram raptados e estão ainda desaparecidos? Respeitamos Suharto, sem dúvida. Mas respeitamos também essas vítimas da sua governação opressiva. Todos os homens são iguais perante a lei," disse Fajrun, um activista em Jacarta, falando à IPS.

Esta perspective é re-forçada pela The East Timor and Indonesia Action Network, um grupo de pressão com base nos USA pelos direitos de Timor-Leste, que diz que Suharto é "um dos piores assassinos em massa do século 20 ".

O site diz que os aliados de Suharto devem ser levados à justice pelas mortes e corrupção chocantes que ocorreram.

"Para ultrapassar a herança de Suharto e para respeitar os direitos humanos internacionais básicos e os princípios legais, os que executaram, ajudaram e auxiliaram e beneficiaram das suas ordens criminais devem ser responsabilizados."

O Christian Science Monitor escreve que agora é o tempo para os Indonésios decidirem "como a história julgará a herança complexa do homem que os governou 32 anos".

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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