domingo, janeiro 06, 2008

CNN - EXCERTOS DA ENTREVISTA A RAMOS HORTA

Blog Timor Lorosae Nação
Domingo, 6 de Janeiro de 2008

José Ramos Horta, presidente de Timor-Leste, foi entrevistado por Richard Quest para a CNN, programa que foi apresentado há cerca de uma hora e que com a preciosa colaboração de Margarida - que viu, ouviu, anotou e traduziu - podemos apresentar alguns excertos, quiçá os de maior destaque, com o propósito de saciar todos os amigos que aqui vêm para se actualizarem sobre o que se passa em Timor-Leste.

Descreve Margarida que “Foi como já se calculava um programa inteiro em honra do Horta, para atiçar culto da personalidade. Durou cerca de meia-hora."

O VISUAL PRESIDENCIAL

Comecemos pela apresentação: cabelinho cortado, menos barrigudo, camisinha bege ao princípio e azul celeste no fim, mãozinhas postas à Dalai Lama, mais uma vez no papel teatralizado do falso “herói” humilde, com bom-senso e desprendido.

TIMOR, O DUBAI DO SUDESTE ASIÁTICO

“Não quero enganar ninguém, não me comparo com o Nelson Mandela.
Detesto políticas partidárias. Desisti das políticas partidárias há 20 anos, não por pensar que estava acima dos outros mas por detestar políticas partidárias.

Tenho a sorte de ter passado 24 anos no estrangeiro. Cultivei muitos amigos nos USA, no Congresso dos USA, na Austrália, na Ásia. Hoje tenho o privilégio de ter amigos como o Bill Clinton.

Em TL o crescimento da população é muito elevado – não sei se isto é bom ou mau -, temos petróleo e gás, temos boas condições para o turismo.

Quero que TL se desenvolva como o Dubai, se investirmos e diversificarmos os investimentos podemos ser como o Dubai. Temos mais de 1,5 biliões investidos em acções nos USA e a aumentar todos os meses e mais para vir. Podemos ser como o Dubai.”

A ONU FOI EMBORA

“A ONU não é toda composta por irmãs Teresas e Einstein's. A ONU no nosso país foi muito importante e principalmente em 1999, quando mandou as tropas, mas depois autorizou que a sua Missão ficasse apenas dois anos para construir o Estado. Em Nova Iorque demora-se 3-5 anos para montar um Restaurante, mas aqui quiseram construir uma nação apenas em dois.

Em 2002 começámos do zero. Fui a única voz então a defender que a ONU devia ficar pelo menos cinco anos. Quando a ONU saiu só deixou ficar o esboço de um Estado, não deixou um Estado.”

A CRISE

“Muitas vezes os média estrangeiros são exagerados a relatar a violência em TL. Aqui não andaram políticos a matar-se uns aos outros. Na maioria dos casos a violência foi de alguns elementos das Forças Armadas e da Polícia e de alguns gangs juvenis – muitas vezes alcoolizados e frustrados.

Podíamos prevenir por nós próprios a guerra civil? Na altura era MNE, mas decidi esta questão, ouvindo muita gente, inclusive falei com os bispos e decidimos que não, que não podíamos arriscar a perda de vidas – as forças de segurança, Forças Armadas e Polícia, estavam divididas e pedimos ajuda aos nossos amigos da Austrália, Malásia, NZ e Portugal.”

NOVA IORQUE AOS 25

“A primeira vez que cheguei a uma grande cidade foi em Dezembro de 1975 quando cheguei a Nova Iorque para falar no Conselho de Segurança, tinha 25 anos. O meu primeiro grande encontro diplomático foi com o Embaixador Soviético que passou o tempo todo a dormir e eu com medo cada vez a falar mais baixo para não o acordar.

Os Americanos, os Nova-iorquinos não sabiam o que era TL – perguntavam se queria dizer esquimó ou Istambul – nunca desisti de explicar quem éramos, às vezes passava-me pela cabeça desistir mas nunca desisti, a minha consciência dizia que era trair.”

OS INDONÉSIOS E AS PERDAS DE FAMÍLIA

“Perdi uma irmã e dois irmãos mais novos, até hoje não sabemos como e onde estão e como foram mortos, a irmã teve mais sorte, as pessoas sabiam onde estava e cuidaram do corpo dela, acabei por a enterrar na campa da família em Dili há poucos anos.

Pessoalmente sou capaz de viver com isso, mas a minha mãe que vive na Austrália não aceita essa realidade, não está preparada para perdoar e não percebe como nós perdoámos.

Em 1979 estava muito zangado, mas com o passar dos anos, as tropas Indonésias foram humilhadas, derrotadas, engoliram o orgulho, temos de os compreender e normalizámos as relações - logo em 1999 fui a Jacarta para restabelecer relações.”

SOBRE O NOBEL E AL GORE

Richard Quest: Ramos Horta deu o dinheiro e a medalha do Prémio Nobel...

“Dei a medalha a quem a merecia. Quando soube do prémio fiquei chocado, achava que não merecia, depois achei que era bom para a paz e democracia do meu país. O convidado tem de já ter credibilidade antes, depois fica com mais.

Dei os parabéns ao Al Gore, não sei se chega fazer um filme e escrever um livro, quero pensar que há muita mais gente com credibilidade. Na Austrália o Dr. Bob Brown há 30 anos que tinha mais credibilidade. Não sei o que Gore fez em 8 anos na Casa Branca.”

PALÁCIO JUNTO AO MAR

“Vou mudar para um Gabinete frente ao mar, muito maior, vamos entrar na ASEAN e precisamos de um palácio para muitos mais empregados. Aqui todos os dias falo com os vizinhos. Recebo 8 a 10 pessoas por dia, luto para acabar com a pobreza. Não consigo falar com toda a gente que quer falar comigo. Ontem falei com uma velha senhora, com mais de 80 anos. Gosto muito de falar com gente simples.

Se as pessoas ficarem zangadas comigo, têm apenas de me mandar uma carta. Não preciso deste cargo. Não gosto deste cargo. Escrevam-me e eu vou-me embora. Não é preciso fazerem manifestações. Não sou Musharaf, não sou George Bush. Estou aqui porque muita gente me empurrou. Se não gostam de mim digam-me e eu vou-me embora."

Títulos e subtítulos da responsabilidade do TLN - A Fábrica agradece à Margarida

SERÁ REINADO CULPADO PELA BORRASCA QUE PAIRA SOBRE TIMOR?

Blog Timor Lorosae Nação
Sábado, 5 de Janeiro de 2008
QUEM SEMEIA VENTOS COLHE TEMPESTADES

A bonança climática está a chegar a Timor depois de muita chuva, nuvens baixas, falta de sol e bastante trovoada. Contudo a bonança que se começa a registar é só climática porque o panorama a nível de agitação social está com cores muito negras e a borrasca pode rebentar de um momento para o outro, o que vem provar que há uma forte falta de respeito e consideração pelos apelos à calma e estabilidade do Presidente da República e do Primeiro-Ministro.

Percebe-se que a frustração de um e outro se revele ao constatarem a realidade que todos nós já há algum tempo percebemos: Alfredo Reinado está, pelo menos aparentemente, a ser vítima de manobras políticas da autoria de Xanana Gusmão em 2006. Manobras que não quer reconhecer, fazendo de Reinado o bode expiatório.

Se por um lado temos um Major revoltado com a situação e que conta com umas centenas de homens de armas que nele confiam, temos por outro lado um PR e um PM que sem assumirem que foram os causadores daquilo que ocorreu em 2006 acabam por denunciá-lo da pior forma.
Cheio de receios o PR evidencia que quer que os internacionais garantam a segurança e fiquem até ao fim do seu mandato – o que poderá querer dizer que Ramos Horta está muito preocupado consigo próprio, o que é legítimo para quem possa dever e temer. Sintomático é Horta não confiar nas FDTL e na força da sua eventual razão ou no apoio dos que nele votaram.

Frustrado por ser um “comandante” sem tropas que o apoiem, o nervosismo do PM revela-se quando perde a cabeça e assume uma postura de chefe de cipaios solicitando a prisão a torto e a direito dos que antes o ajudaram na crise que Reinado diz ser de responsabilidade do próprio PM quando ainda era PR.

Quem conhece Alfredo Reinado garante que a sua postura era de absoluta confiança, obediência e admiração por Xanana Gusmão, na sua honestidade e luta pela defesa dos interesses dos timorenses, tendo acreditado e agido em conformidade com as ordens dadas pelo então PR.
Actualmente, desiludido e magoado, não aceita de bom grado que afinal tenha sido traído e usado como um mero instrumento que proporcionou a Xanana Gusmão e Ramos Horta atingirem os seus objectivos fazendo dele o mau da fita.

Resumindo e concluindo, para muitos e para o próprio, Reinado foi vítima da sua admiração e respeito por Xanana, da sua inexperiência e voluntarismo, não estando disposto a entregar-se por considerar que não cometeu crime algum mas somente cumpriu ordens dadas pelo Presidente da República Xanana Gusmão.

Como acredita nas suas convicções irá levar a situação até ao limite. Seja ele qual for, desde que daí não venha prejuízo para a população timorense, a verdade seja reposta através do reconhecimento do actual PM de que as coisas se passaram realmente assim.

Evidentemente que para Xanana Gusmão não interessa politicamente desdizer aquilo que insistentemente afirmou em fastidiosos escritos e discursos, não lhe restando por isso outra saída senão procurar calar Alfredo Reinado com engodos que o Major rejeita.

Alfredo Reinado não se encontrou com Xanana Gusmão em Díli por defesa da sua própria vida e pagou da mesma moeda por Xanana também não se ter encontrado com ele nas montanhas para falarem cara a cara, preferindo enviar emissários que, para Alfredo, não o representavam porque “aquilo que há a tratar é entre os dois”.

Certo é que a mensagem de Reinado tem passado e continua a passar entre os timorenses. A própria carta que Ban Ki-moon recebeu tem referências sobre a situação desde 2006 até à data de entrega. Onde também é referido que Reinado teme pela sua própria vida por insistir na revelação da verdade e na assunção da responsabilidade de tudo que ocorreu por parte de Xanana Gusmão.

O apoio popular a Alfredo Reinado continua em crescendo e é muito visivel no interior do país. O descrédito de Xanana e de Horta são enormes e crescerá muito mais se insistirem em não enfrentar as realidades, em não se disporem a assumirem as suas responsabilidades na denominada “crise de 2006”. Pode não lhes interessar política e economicamente mas será a comprovação do seu interesse pela tão propalada estabilidade que referem nos seus discursos.
“A verdade acima de tudo e a cada um as suas responsabilidades” é aquilo que Alfredo Reinado diz defender.

O que se pretende é que impere a sabedoria em vez do histerismo oficial do PR e do PM - que se por alguma razão tiverem de enfrentar a justiça juntamente com Alfredo Reinado, sempre será melhor que voltarem a ocorrer mortes e destruições entre os timorenses.
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Os indícios do que pode acontecer já se começa a perceber através de ânimos exaltados em casos demasiadamente esporádicos, como os ocorridos no Suai e em Dili recentemente.

Serão inúteis os apelos histéricos e despropositados do PR e do PM se Xanana não perceber que a frustração sentida pelos timorenses está relacionada com a estrondosa queda do mítico herói-vivo que ele representava para todos.

Parece que Xanana não soube ser o fiel da balança e preferiu jogar sujo. Os timorenses não estão a aceitar tal realidade e precisam de saber a verdade, afinal o problema é somente esse. O apoio vai para Reinado, o que também pode ser contranatura e mais tarde ou mais cedo a borrasca estourar, produzindo outra vez efeitos nocivos em Timor-Leste.

Quem semeia ventos colhe tempestades… que não se quer novamente a abaterem sobre os timorenses e as suas casas.

Zangam-se as comadres...

Comentário na sua mensagem "UNMIT – MEDIA MONITORING - Friday, 4 January 2008":


Dili, Timor-Leste, Saturday, 5th
From Correspondents in Dili

Leaders of the so called "petitioners" group, including former army major and fugitive rebel Alfredo Reinado have contacted media outlets in Dili to alert them of concerted attacks on their members in Ermera by youth groups under the control and leadership of CNRT Parliamentary leader and CNRT Party Vice President, Eduardo Augusto Barreto, alias "Dusai".

Barreto's Ermera district based youth groups are notorious for orchestrated acts of violence, including much of the anti Easterner violence in Dili during the worst months of the violence in April to July 2006.

"These young men blindly follow Barreto because of his status as a community leader with "leadership" credentials from the resistance period. He was in Falintil from 1997 to 1999 sfter he ran off from the Indonesian civil service with a large amount of money which he took to the Falintil. He has continued to maintain the clandestine network which he formerly lead in the townships of Ermera and Gleno, and commands a virtual army of youth dedicated to his service. Not only have they been involved in the worst violence in Dili, but since May 2006 to date they have continued to terrorise and destroy the homes of any political opponents to Barreto and the CNRT. Barreto was also the organizer and commander of the rally against the then government in Gleno which lead to the death by vicious stabbing of a Timo-Leste National Police Officer from the East on the 5th of May 2006. He treats Gleno as his personal fiefdom. He is a very dangerous man who has never been held accountable for the violence he organizes and controls. In fact he has been rewarded by National leaders such as Gusmao by being given politically prominent posts," said a civil servant from Ermera by telephone who did not wish to be identified because he feared for his and his family's life.

"Five petitioners who were staying at the home of a Democratic Party local organizer, and a home at which Alfredo Reinado is known to have stayed from time to time, was attacked yesterday mid morning by a group of about 50 youths causing extensive damage to the home and severe injuries to all five of the so called petitioners and others in the household. It was an unprovoked and terrible attack really", confirmed an Australian UN Police Officer posted to Gleno.

"We know this group who is controlled by Barreto, has been previously involved in other violence earlier this year. Some were involved in the bruning of homes of FRETILIN supporters after Ramos Horta won the presidential elections as some sort of payback. They were arrested but have been released again. We find it hard to grab any of them because they disappear as quickly as they appear. But we have to also cut off the snakes head by getting to the leaders. But it is also hard to investigate a leader of one of the ruling parties with such a hero status and high level protection from people such as the Prime Minister. He has in the past just taken government vehicles to which he was not entitled and driven around for months, with impunity. The local police officers also feel scared to do anyhting against him because they fear for their positions. Its a totally unaccapetable policing situation but that is what we are up against with this government," said the officer who also did not want to be unidentified.

Tension has risen considerably between Reinado's supporters, which number in the thousands in Ermera and Gleno and Barreto and his group since Reinado publicly launched an attack on Prime Minister Gusmao accusing PM Gusmao of being behind the ongoing crisis which has enveloped the young nation since last year.

"I think he is the one who is scared to meet me because he is scared to put the reality because he is the one actor for this whole crisis, he is the one mastermind everything. And you know if he going to the jail, he is the one longest person to serve in the jail than anybody else. That’s Mr. Xanana is," said Reinado in the video interview now circulating widely in the country.

He also claims Xanana has failed as Prime Minister in failing to resolve his situation satisfactorily and avoiding further violence and sending the country into a wroseing crisis.

"they failed in this leadership. They fail in this government, and they fail this government, pack your baggage and go my friend because you are uncoverable. You won’t lead this nation, you fail in the leadership. So somebody have to stand up to safeguard this nation in what matter, whatever happens, somebody has to safeguard this nation for the stability and security. I think Xanana leadership is gone for good," Reinado is heard saying on the dvd.

Some international observers are watching with dismay the recent developments, which is akin to "the rattle snakes turning on themselves", as one Western diplomat described the situation in Timor-Leste right now after the rising tensions between Reinado and Gusmao.

"It may actually turn out to be the way in which events will broadly go in many places where Reinado has broad support. Former allies are now turning on one another. FRETILIN seems to be the only stable political grouping in the country on this score. But that is because their leadership has been consistent in keeping their membership outside of any of these Reinado related intrigues and have been the victims of everyone's violence and presecution in the Western districts. The government has lost control of the situation, totally," said the diplomat who has recently visited the western ditricts ans spoken to Reinado and his supporters.

Tradução:

Dili, Timor-Leste, Sábado, 5
De Correspondentes em Dili

Líderes do chamado grupo de "peticionários", incluindo o antigo major das forças armadas e amotinado foragido Alfredo Reinado contactarem os media em Dili para os alertar sobre ataques concertados aos seus membros em Ermera por grupos de jovens sob o controlo e liderança do líder Parlamentar do CNRT e Vice-Presidente do CNRT, Eduardo Augusto Barreto, alias "Dusai".

Os grupos de jovens de Barreto com base no distrito de Ermera são conhecidos por orquestrarem actos de violência, incluindo muita da violência contra os do Leste em Dili durante os piores meses da violência de Abril a Julho de 2006.

"Esses jovens ceguem Barreto de olhos fechados por causa do seu estatuto de líder da comunidade com"credenciais de “liderança” do período da resistência. Ele esteve nas Falintil de 1997 a 1999 depois de ter desertado do funcionalismo público da Indonésia com uma grande quantia de dinheiro que deu às Falintil. Ele continuou a manter a rede clandestina que antes liderava nas cidades de Ermera e Gleno, e comanda um exército virtual de jovens dedicados ao seu serviço. Não só estiveram envolvidos na pior violência em Dili, como desde Maio de 2006 atá hoje têm continuado a aterrorizar e a destruir as casas de qualquer opositor político de Barreto e do CNRT. Barreto foi também o organizador e o comandante do comício contra o então governo em Gleno que levou à morte por esfaqueamento vicioso de um oficial do Leste da Polícia Nacional de Timor-Leste em 5 de Maio de 2006. Ele trata Gleno como sua coutada pessoal. Ele é um homem muito perigoso que nunca foi trazido à responsabilidade pela violência que organiza e controla. De facto ele foi recompensado por líderes Nacionais como Gusmão que lhes deram cargos com importância política,"disse um funcionário público de Ermera por telefone que não se quis identificar porque receia pela sua vida e pela vida da sua família.

"Cinco peticionários que estavam alojados na casa de um organizador local do Partido Democrático, e a casa onde se sabe que Alfredo Reinado ficou de tempos a tempos, foi ontem atacada a meio da manhã por um grupo de cerca de 50 jovens que causaram grandes estragos na casa e vários ferimentos a todos esses cinco dos tais peticionários e a outros da família. Foi um ataque realmente não provocado e terrível", confirmou um oficial Australiano da polícia da ONU colocado emGleno.

"Sabemos que este grupo que é controlado por Barreto, esteve anteriormente envolvido noutros actos de violência no princípio deste ano. Alguns estiveram envolvidos na queima de casas de apoiantes da FRETILIN depois de Ramos Horta ter ganho as eleições presidenciais como uma espécie de pagamento diferido. Foram detidos mas libertados outra vez. Achamos difícil apanhar qualquer deles porque desaparecem tão rapidamente quanto aparecem. Mas temos também de cortar a cabeça da cobra apanhando os seus líderes. Mas é também difícil investigar um líder de partidos no governo com tais estatutos de heróis e protecção de alto nível de gente como o Primeiro-Ministro. No passado ele pegou em veículos do governo a que não tinha direito e andou a guá-los durante meses, com impunidade. Os oficiais da polícia local têm também medo de fazer alguma coisa contra ele porque receiam ficar sem os seus cargos. É uma situação de policiamento totalmente inaceitável mas é isto que temos que aturar deste governo," disse o oficial que também não quis ser identificado.

Cresceram consideravelmente as tensões entre os apoiantes de Reinado, na casa dos milhares em Ermera e Gleno e Barreto e o seu grupo desde que Reinado lançou publicamente um ataque contra o Primeiro-Ministro Gusmão acusando o PM Gusmão de estar por detrás da crise em curso que envolveu a jovem nação desde o ano passado.

"Penso que é ele que está com medo de se encontrar comigo porque ele tem medo de encarar a realidade dado ter sido o actor de toda esta crise, foi ele o organizador de tudo. E, sabe-se, se ele for para a prisão, será a pessoa a ser condenado a lá ficar mais tempo, mais que qualquer outra pessoa. É isso que vai acontecer ao Sr. Xanana," disse Reinado na entrevista em video que está agora a circular amplamente no país.

Ele também afirma que Xanana falhou como Primeiro-Ministro ao falhar resolver de modo satisfatório a sua situação e em evitar mais violência e a pôr o país numa crise que piora.
"Eles falharam na sua liderança. Eles falharam neste governo, e eles falharam este governo, façam as malas e vão-se embora, meus amigos porque não têm recuperação possível. Não vão liderar esta nação, falharam na liderança. Por isso alguém tem de se levantar e proteger esta nação no que interessa, seja o que for que aconteça, alguém tem de proteger esta nação e a sua estabilidade e segurança. Penso que a liderança de Xanana se foi de vez" ouve-se Reinado a dizer no dvd.

Alguns observadores internacionais estão a ver com espanto os desenvolvimentos recentes que são parecidos com "cobras cascaveis a virarem-se contra si próprias", como um diplomata ocidental descreveu a situação emTimor-Leste nesta altura depois do levantar das tensões entre Reinado e Gusmão.

"Pode acontecer que seja o caminho dos eventos em muitos lugares onde Reinado tem grande apoio. Antigos aliados estão agora a virar-se uns contra outros. A FRETILIN parece ser o único agrupamento político estável no país nesta altura. Mas isso acontece porque a sua liderança tem sido consistente em manter os seus membros de fora destas intrigas contadas por Reinado e tem sido vítima da violência praticada por todos e de perseguição nos distritos do Oeste. O governo perdeu o controlo total da situação," disse o diplomata que visitou recentemente os distritos do oeste e que falou com Reinado e os seus apoiantes.

15 feridos e 20 casas destruídas após confrontos em Suai

Notícias Lusófonas
5.01.2008


Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas e 20 casas foram incendiadas hoje em Suai, sul de Timor-Leste, durante confrontos entre grupos rivais já condenados pelo primeiro-ministro timorense, Xanana gusmão, que ordenou a detenção dos instigadores.


Segundo uma investigação preliminar, os confrontos terão sido instigados por três polícias e um funcionário da administração local.

"Ordeno à polícia, à UNPol (Polícia da ONU) e à ISF (Força Internacional de Segurança) que prenda esses polícias porque chegou a hora de mudar a mentalidade deste país (...), a mentalidade de nos matarmos uns aos outros, de queimar as casas e de destruir as propriedades dos outros", afirmou Xanana Gusmão.

De acordo com o inspector Mateus Fernandes, os três agentes da polícia timorense referidos por Xanana Gusmão foram detidos hoje à tarde (hora local) e levados para a esquadra de Suai, cidade situada a cerca de 90 quilómetros a sul de Díli.

Os confrontos envolveram elementos dos grupos de artes marciais "Sete Sete" e "Persaudaraan Setia Hati Teratai" e ocorreram um dia depois de distúrbios em Díli e no distrito de Ermera, a sul da capital, entre grupos rivais.

Os grupos de artes marciais estiveram também envolvidos na espiral de violência que afectou Timor-Leste em 2006, de que resultaram pelo menos 30 mortos e mais de 150 mil pessoas deslocadas, e que quase levou o país à guerra civil.

Na sequência dessa crise, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial à Austrália, Portugal, Nova Zelândia e Malásia, a missão da ONU foi reforçada e o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, foi substituído na chefia do governo por José Ramos-Horta.

Em 2007, realizaram-se eleições em Timor-Leste que levaram José Ramos-Horta à chefia do Estado e Xanana Gusmão, até então Presidente da República, ao cargo de primeiro-ministro.

As hipócrisias de Ramos-Horta

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "UNMIT – MEDIA MONITORING - Thursday, 3 January 20...":

"PR José Ramos-Horta said that in 2008, all constituent parts of the country - president, parliament, judiciary and civil society - should make immediate efforts to solve the problems of the petitioners, Alfredo and the IDPs."

Ramos Horta não resolveu esses 3 problemas, como PM, nem os deixa resolver, como PR.

A tal "tasqueforce" contra a pobreza não passou de pura propaganda para ganhar votos.

Então agora ainda tem a cara de pau de dizer que a resolução desses problemas compete à "sociedade civil" e, especialmente, ao poder judiciário - o mesmo que tem desprezado e amesquinhado?

RH e XG não disseram que o problema Alfredo Reinado tinha que ser resolvido pelo "diálogo"? Então porque diz agora que já compete aos tribunais resolver o assunto?

Não foi para resolver esses problemas que Xanana exigiu a demissão de Alkatiri, já lá vai ano e meio?

Será que esta declaração de RH é já uma primeira confissão de que ele e Xanana não conseguem cumprir as suas fantasiosas promessas eleitorais?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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