domingo, julho 09, 2006

Receita Pudim Diplomata por Mau Dick

AGORA QUE O MEU TIMOR JA TEM GOVERNO AQUI VAI UMA RECEITA DE "PUDIM DIPLOMATA"

-PALITOS LA HORTA
-GELEIA MORANGO DA SILVA
-1DL DE VINHO BRANCO"CASAL ARAUJO"
-5DL DE LEITE DE REINADO
-1325G DE CAFE SALSINHA
-125G DE ACUCAR MATANRUAK
-CINCO FOLHAS DE MALOS
PARTEM-SE OS PALITOS EM BOCADOS, BARRAM-SE COM A GELEIA DA SILVA,E COLOCAM-SE NO FUNDO DE UMA FORMA UNTADA.REGAM-SE EM SEGUIDA COM VINHO BRANCO "CASAL ARAUJO".LEVA-SE O LEITE A FERVER COM O CAFE SALSINHA E O ACUCAR MATANRUAK.DEPOIS DE FERVIDO COA-SE E JUNTA-SE AS FOLHAS DE MALOS DISSOLVIDAS NUM POUCO DE AGUA.COLOCA-SE ESTA MASSA SOBRE OS PALITOS E LEVA-SE AO FRIGORIFICO DURANTE VARIOS MESES.
(DE PREFERENCIA ATE MAIO DE 2007)
SERVE-SE AO POVO COM CREME CHANANA.

UM ABRACO
MAU DICK
(MESTRE PASTELEIRO TIMORENSE DE CINCO ESTRELAS)

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Ramos-Horta vai dirigir novo Governo timorense

DN
9-06.2006

Abel Coelho de Morais*

Xanana Gusmão anunciou ontem a nomeação de José Ramos-Horta para o cargo de primeiro-ministro de Timor-Leste, revelando ainda que ele será secundado por dois vice-primeiros-ministros da Fretilin. "Concordámos que haveria uma tróica a liderar o Governo", declarou o líder timorense.

O novo chefe do Executivo deve tomar posse amanhã e terá como prioridade "resolver a crise para que o povo possa voltar às suas casas", afirmou Xanana Gusmão.

O Governo deverá ser menor do que o Executivo de Mari Alkatiri, escrevendo a agência Lusa, a partir de Díli, que aquele não deve ultrapassar a fasquia dos 20 membros, enquanto o cessante se compunha de 43. Citando declarações de Ramos-Horta, no final de Junho, em que este afirmou poder Timor-Leste "funcionar perfeitamente com um Governo de 20 elementos", a Lusa adianta ser provável a acumulação de pastas, devendo os Negócios Estrangeiros e a Defesa permanecerem nas mãos de Ramos-Horta, como sucedeu no período em que este dirigiu interinamente o Governo.

Xanana afirmou que o novo Governo "é constitucional" e "vai responder a esta crise até às eleições"; mas o Presidente timorense escusou-se a clarificar se se referia a eleições antecipadas, como foi defendido por alguns durante a crise, ou se tinha em mente as legislativas previstas para 2007.

Ramos-Horta, nas declarações já citadas, mostrara-se contra a antecipação de eleições, argumentando com a "falta de condições políticas e psicológicas" e sublinhando a necessidade de a ONU supervisionar a organização do escrutínio, "porque o Governo timorense não está preparado para isso". Permanecem evidentes as tensões no país, vivendo-se, apesar da presença das forças portuguesas, australianas, neozelandesas e malaias, um clima de insegurança, com 15% da população em campos de deslocados na sequência dos incidentes resultantes da contestação dos 591 militares, em Abril.

O anúncio da nomeação foi feito no final de um encontro de Xanana com uma delegação da Fretilin e põe termo a um período de duas semanas em que, após a demissão de Mari Alkatiri, o Governo foi dirigido interinamente por Ramos-Horta.

Um porta-voz da Presidência timorense, José Guterres, ouvido pelas agências, fez notar que a Fretilin insistia em indicar o nome do chefe do Governo, mas que, para Xanana, "Horta é o melhor candidato para responder à actual crise" e que o partido acabou por aceitar a escolha.

A Fretilin, que ganhou as eleições de 2001 com 57% dos votos e que detém 55 dos 88 lugares do Parlamento, terá evitado o agravar do confronto com o Presidente, apostando na normalização da vida política. O seu presidente, Francisco Guterres, garantiu à Lusa que o "novo Governo vai ser maioritariamente formado por quadros da Fretilin", além dos dois vice-primeiros-ministros, que devem ser Rui Araújo, que foi ministro da Saúde, e Estanislau da Silva, que ocupou a pasta da Agricultura. "Já se iniciaram contactos com o primeiro-ministro indigitado", referiu Guterres, que anunciou para hoje uma reunião do partido para "debater a composição" do Governo" e o relacionamento com Ramos-Horta.

Na região, o Governo australiano reagiu a esta nomeação, tendo um porta-voz da diplomacia de Camberra afirmado que "a liderança política timorense está a começar a resolver os seus problemas". O mesmo porta-voz caracterizou Ramos-Horta como "um bom amigo" do MNE australiano, Alexander Downer, e desejou-lhe "felicidades" no seu novo cargo.

* Com Susana Salvador

Novo primeiro-ministro de Timor-Leste define prioridades

Entrevista de Ramos-Horta ao PÚBLICO
Novo primeiro-ministro de Timor-Leste define prioridades

08.07.2006 - 16h02
Adelino Gomes (PÚBLICO)

Garantir a segurança em Díli; assegurar o regresso dos deslocados às suas cidades e casas; reabrir as escolas; fazer acertos no Orçamento Geral de Estado e promover o diálogo para a reconciliação. Estas são as prioridades de José Ramos-Horta, desde hoje o novo primeiro-ministro de Timor-Leste.

Numa entrevista ao PÚBLICO, Ramos-Horta diz que não há alteração nenhuma a fazer na política petrolífera, porque todo esse processo “foi seguido com agilidade pelo dr. Mari Alkatiri” e com o seu apoio.

O primeiro-ministro de Timor-Leste diz que vai continuar a apostar “nas boas relações com a Austrália, a Indonésia, a China, o Japão, os EUA, Cuba, assim como com um dos países mais nossos amigos, que é Portugal, bem como com a CPLP”.


(A entrevista será publicada na íntegra na edição de amanhã, domingo, do PÚBLICO)

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Ramos Horta numa entrevista exclusiva à RR

RR

Timor-Leste: "Governo vai manter-se intacto", diz Ramos Horta

Novo Primeiro-ministro timorense não faz alterações no governo

O novo Primeiro-ministro timorense toma posse na segunda-feira. Ramos Horta não quer, para já, fazer grandes alterações ao Governo. Portugal não está surpreso com nomeação.

08/07/2006

Declarações de Ramos Horta e de João Cravinho

(14:39) Em declarações à RR, o novo Primeiro-ministro diz que vai manter nos cargos quem está mais bem preparado para os desempenhar.

"Eu não vou ter qualquer dificuldade, porque tenho estado num Governo de maioria Freitilin. Esse governo, praticamente, vai manter-se intacto, vai apenas ter algumas alterações, mas não de imediato", explica Ramos Horta.

"Vou tentar, em consulta com a Comissão Política Nacional da Freitilin, fazer alguns ajustes em termos da composição, mas não é algo prioritário", acrescenta.

Ramos Horta vai ter dois vice-primeiro ministros, Rui Araújo e Estanislau da Silva, que, no entanto, disse Ramos Horta, vão acumular as pastas da Saúde e da Agricultura.

Portugal e novo Primeiro-ministro timorense

O nome de Ramos Horta para Primeiro-ministro não constitui surpresa para Portugal.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, diz mesmo que era a solução mais natural: "Ramos Horta é uma personalidade muito bem conhecida, com enormes qualidades".

O novo Primeiro-ministro "é uma pessoa que soube, durante este tempo mais recente em Timor, manter as pontes entre toda a gente, em Timor. Um indivíduo em que podemos depositar toda a nossa confiança para a criação de um bom clima, um clima de diálogo, entre os timorenses - um dos ingredientes fundamentais para se sair da actual crise", explica João Cravinho.

Ramos Horta numa entrevista exclusiva à RR

(16:59) Ramos Horta, hoje indigitado Primeiro-ministro, assegura que não vai fazer grandes alterações, porque se trata de um Executivo provisório, que vai estar em funções apenas até às eleições da próxima Primavera.

Ramos Horta promete algumas alterações pontuais

Ramos Horta foi hoje indigitado Primeiro-ministro

O novo Primeiro-ministro timorense, em entrevista exclusiva à Renascença, explica que o novo Governo de Timor-Leste não deve ser muito diferente do actual. 08/07/2006
Há, no entanto, mudanças pontuais. É o caso da pasta do Petróleo, que deixa de estar nas mãos do Primeiro-ministro para passar para as do vice-ministro da Energia.

O novo Chefe de Governo disse que não vai acumular a pasta do Petróleo prefere antes que o actual vice-ministro do Petróleo e dos Assuntos Energeticos, José Teixeira, passe a assumir essa função: "Eu não tenho a intenção de tomar conta desse pelouro como foi o caso do ex-Primeiro-ministro".

Quanto ao seu novo cargo e escolhas inerentes a este, o Chefe de Governo assegura que a sua preferência é manter-se independente. Se "a liderança Freitilin pensar que o meu regresso é importante e vital, obviamente eu o consideraria positivamente e voltaria, mas neste momento não é essa a minha intenção".

Ramos Horta garante algumas acções no decurso do seu mandato, nomeadamente, formar um orgão consultativo que envolva a Igreja, a sociedade civil e as ONG´s, mas presidido pelo Presidente e pelo Primeiro-ministro.

O objectivo é que "cada parte da sociedade seja consultada sobre cada decisão tomada", salienta o novo Chefe de Governo.

Quando questionado sobre as pastas da Saúde e da Agricultura, Ramos Horta diz que prefere que "dois ministros acumulem as actuais pastas que têm. E, que não são necessárias quaisquer outras alterações.

No que diz respeito ao Orçamento, o Primeiro-ministro diz que não antecipa "quaisquer problemas, quer da bancada da Fretilin quer dos partidos da oposição".

"Não antecipo qualquer dificuldade na passagem do orçamento, que deverá ser ajustado nos próximos dias. Mas, não me parece que haja necessidades de grandes alterações", explica.

O novo Primeiro-ministro, que toma posse na segunda-feira, adianta que não espera problemas com a maioria Fretilin, que suporta o actual Executivo.

Questionado sobre a possível ocupação de Mari Alkatiri, Ramos Horta anuncia que o ex-Primeiro-ministro "quer retomar a suas funções no Parlamento" e "pode dar uma grande ajuda ao Governo, à bancada da Fretilin e ao Parlamento no seu todo".

As Nações Unidas já disseram que desaconselham as eleições antecipadas. Ramos Horta não só concorda, como também assegura que é essa a principal "preocupação".

Ramos Horta é "capaz de corresponder a este desafio"

João Gomes Cravinho diz que esta foi uma boa solução

Para o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, a escolha de Ramos Horta para o cargo de Primeiro-ministro foi uma boa solução. Agora, há condições para haver paz.

08/07/2006

Declarações de João Gomes Cravinho

(17:23) Durante as últimas semanas "já se assiste a um processo de desanuviamento - há um clima de diálogo entre os timorenses", sublinha o secretário de Estado.

Segundo João Gomes Cravinho, Ramos Horta tem um bom relacionamento "com as diferentes elementos que representam diferentes partes da sociedade timorense" e que, assim, "há condições para a pacificação do território".

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Do Canto do Cirne

DA BOUNDARY, DA EQUIDISTÂNCIA, DO TIMOR GAP, DAS FIGURAS PATÉTICAS DE XANANA E HORTA, DOS RECEPTADORES, DO CRIME ORGANIZADO E DA PULHICE EM GERAL


Em Fevereiro de 1942 o Japão desembarcou em Timor uma força de 20.000 homens (mais do que o equivalente a uma Divisão, próximo de um Corpo de Exército) e ocupou a colónia portuguesa, sem sequer dizer “água vai”. Preparavam-se para lançar dali, o território mais próximo da Austrália, a invasão. Os timorenses, enquadrados por uma companhia de comandos australiana, cujo comandante ainda era idolatrado pelos naturais há 38 anos e tive o privilégio de conhecer pessoalmente já coronel reformado, lutaram heroicamente contra os nipónicos, infligindo-lhes pesadas baixas e paralisarando o esforço militar japonês. Morreram entre 60 e 70 mil timorenses mas, provavelmente, pouparam a Austrália à guerra no seu território e a muito sofrimento!

Nobre povo e nação valente!

Gente brava (às vezes demais!), obstinada, dedicada às causas em que se envolve e nobre. Lamentavelmente iletrados, embora cultos à sua maneira. Não sabem quem foi Gandhi, quem é o Dalai Lama, ou Boaventura Sousa Santos, mas têm uma filosofia da vida em que vale a pena meditar.

Pois este povo, para quem a Austrália tem uma dívida de gratidão e devia lamber-lhes o rabo, é tratado abaixo de cão pela pulhice “australopiteca”.

De acordo com a lei internacional, os países marinhos têm direitos económicos sobre uma área com 200 milhas de largura, a partir da linha de costa. Quando entre dois países a distância é inferior a 400 milhas, essa distância é dividida ao meio. É o principio da equidistância. Fácil, justo, cristalino e até um jurista ilustre tem dificuldade em distorcer tal princípio.

Em 1972, a Austrália arranjou uma desculpa qualquer, completamente esfarrapada, usando o argumento da plataforma continental e apoderou-se de 85% daquela distância. Portugal, potência administrante, não aceitou, recorreu para o Tribunal Internacional de Justiça de Haia e ali, com aquelas subtilezas jurídicas que conhecemos, o Tribunal arranjou maneira de dizer "nim".

Ficou então uma área, ”mar de ninguém”, conhecida por Timor Gap (ver mapa - JPDA significa Joint Petroleum Development Area, uma trafulhice constante no "Timor Sea Treaty"). Por extraordinária coincidência, é aí que estão localizadas as reservas principais de petróleo e gás natural como Bayu-Undan, Sunrise e Troubadour!!

Quando Indonésia começou a dar sinais de que podia invadir Timor Leste, graças à clarividência, senso político e inteligência granítica da rapaziada do Movimento das Forças Armadas, o embaixador australiano em Jacarta mandou um telegrama confidencial ao seu governo dizendo que encerrar o problema do Timor Gap podia ser mais fácil com a Indonésia do que com Portugal. Daí ao fechar dos olhos das autoridades australianas ao atropelo da invasão foi um passo de minhoca. Os americanos, que como as companhias petrolíferas e os bancários suíços, estão sempre envolvidos em tudo quanto seja porcaria deste estilo, disseram amén. E lá vieram anos de sofrimento para os pobres timorenses, atirado sobre eles pelos amigos do “paipar”, “tudai”, “chocolaitou” “tomaitou” e outras palavras terminadas em diabo que os carregue. Além de serem ingratos, são estupores! Mordem a mão que deviam beijar.

Então, a troco de continuarem com os olhos fechados para as arbitrariedades de Suharto e “sus muchachos”, em 1989 assinaram com a Indonésia o Tratado do Timor Gap, reconhecendo a soberania da Indonésia sobre Timor Leste, coisa que nenhum país ocidental tinha feito até à data. Sobre isto, o Professor Roger Clark, autoridade mundial em Direito Marítimo, escreveu: "[...] é como adquirir material a um ladrão [...] o facto é que eles não têm direito histórico, nem legal, nem moral sobreTimor-leste e os seus recursos".

Mas os australianos assinavam tudo, até a crucificação do pai, por uns barris de petróleo.
Então, surge uma personalidade sinistra, que até dizem ser comunista, vejam lá, a pedir contas à Austrália!

Alkatiri!!

O homem viveu 24 anos em Moçambique, na fase marxista do país e foi ali educado. Com as reservas e dificuldades que está a levantar a esta negociata do petróleo, só pode ser comunista!

É preciso abatê-lo!

Como?
Fácil!!!

O Major Alfredo Reinado, antigo exilado na Austrália e treinado na Academia Militar de Camberra, é o homem certo para começar a complicar a vida a Alkatiri. E Ramos Horta, que tirou um curso de diplomacia, provavelmente por correspondência, em Sidney, é o candidato ideal para primeiro ministro.

E Xanana?

Quem é?!!! Aquele que gravou para a TV uma entrevista patética com Abílio Araújo, depois de feito prisioneiro pelos indonésios? Que faz aqueles discursos fluentes e brilhantes? Que nem deve saber o que é o Timor Gap? Por amor de Deus!! Não estamos a falar de gente muito estimulante, mas esse...!!!

E a Igreja?

Bom, aqui para nós, os Senhores Bispos não são grandes ”espingardas” intelectuais. Frequentaram o Seminário Maior em Macau, segundo parece, e aquilo da Filosofia, da Teologia, do Direito Canónico e assim, deixou-os exaustos. E ainda têm uns “fumos” de anti-colonialismo. Vocês não viram a distância de D. Ximenes Belo quando foi recebido em Lisboa pelo generoso povo daquele País, que parecia ter recebido Jesus Cristo no Aeroporto da Portela? Com esses não há problema. Só vão perceber o que é colonialismo quando compreenderem o que é isto do Tratado do Timor Gap. Só daqui a muitos anos! E vão perceber que o colonialismo português em Timor era um luxo do Salazar. Só dava despesa! Mas servia, juntamente com Goa, Damão e Diu, para compor a panóplia do “País do Minho a Timor”. Por aí, não há problema.

Mas acham que o Alkatiri é mesmo comunista?

Sabemos lá se é! Provavelmente, não. Mas dá jeito dizer que sim. Também, se for, no tempo actual isso é uma doença que tem cura espontânea e não tem consequências. Assim como a maior parte das infecções pelo vírus de Epstein-Barr!

Ramos Horta, Primeiro Ministro de Timor Leste!

Que tristeza!...

Estou triste porque há coisas naquela terra que não vou esquecer nunca mais. A cadeira onde fiz consulta no Hospital de Baucau durante ano e meio e era o banco de um tanque japonês, adaptado com engenho timorense àquela inesperada função. As grutas que haviam sido enormes paióis, escavadas nas montanhas por milhares de indígenas recrutados pelos nipónicos e abatidos sumariamente no fim para não revelarem aos australianos a sua localização. A ternura dos “moradores”, espécie de guarda pretoriana dos” liurais”, que me ajudavam como se fosse uma criança a vencer os difíceis caminhos para as terras onde me deslocava em “acção psico-social”. As recepções dos chefes nativos, que me contemplavam invariavelmente com belíssimo sarapatel, acompanhado por cerveja “Laurentina” choca, muito melhor do que qualquer champagne, whisky, ou vinho do restaurante do Hotel Negresco, em Nice. E a solidariedade do condutor de Unimog que quase morria afogado numa ribeira, com a preocupação única de me pôr a salvo.

Como posso aceitar o que se passa em Timor Leste, entregue a Xanana e Horta e com australianos a garantir a paz.

Peacekeepers or Petroleum Predators?

ONU considera "muito difícil" antecipação de eleições legislativas

Díli, 09 Jul (Lusa) - As Nações Unidas consideram não haver condições para antecipar a realização de eleições legislativas em Timor-Leste, previstas para Abril ou Maio de 2007, disse hoje em Díli o enviado especial do secretário-geral da organização.

Ian Martin, que falava à imprensa no final de uma missão de duas semanas no país, para avaliação das necessidades relativamente ao envio dentro de meses de uma nova missão da ONU, acrescentou que a consulta ao eleitorado se deverá realizar dentro dos prazos constitucionalmente previstos.

"Certamente que seria muito difícil realizar eleições antes da época das chuvas (que se inicia em Novembro e decorre até Abril). Há muitos passos que têm de ser dados, como a aprovação de uma lei eleitoral, e consultas com os partidos políticos e a sociedade civil", afirmou.

"Acreditamos que as eleições se possam realizar no prazo constitucional", adiantou.

Ian Martin referiu que vai elaborar um relatório sobre as consultas que manteve em Timor-Leste nestas últimas duas semanas, e que incluíram contactos e reuniões de trabalho com as autoridades, sociedade civil e Igreja Católica, defendeu que as suas recomendações vão no sentido da assistência da ONU e da comunidade internacional a Timor-Leste "não ser apenas durante um ano ou dois, mas muitos mais".

"A assistência da ONU e da comunidade internacional deverá continuar por muitos mais anos, mas isso não quer dizer que os 'capacetes azuis' fiquem esse tempo todo. As responsabilidades serão progressivamente transferidas para o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e outras agências", frisou.

Quanto ao formato e áreas de intervenção da futura missão da ONU, Ian Martin manifestou-se favorável ao reforço da componente policial, incluindo a formação da Polícia Nacional de Timor-Leste, bem como no apoio à organização das eleições a realizar em 2007, "de molde a garantir um escrutínio justo, credível e aceite por todos".

"Apresentámos várias opções aos timorenses, e certamente que todos esperam que as Nações Unidas colaborem no que for necessário para garantir a imparcialidade e credibilidade das eleições", acrescentou.

Ian Martin sustentou ainda que a futura missão deverá prestar também assistência a Timor-Leste no sector da Justiça, sobretudo tendo em conta a presente crise.

"As Nações Unidas estão prontas a colaborar no reforço das instituições democráticas e a participar no processo de reconciliação", disse.

"Sei pela minha experiência de 1999 quão corajoso é o povo de Timor-Leste e esta crise colocou mais uma vez à prova a resiliência dos timorenses", vincou.

Ian Martin chefiou a missão da ONU responsável pelo referendo em que os timorenses escolheram a independência, em Agosto de 1999.

Antes do período de perguntas e respostas, numa breve declaração, Ian Martin saudou a formação do próximo governo timorense, que terá como primeiro-ministro José Ramos Horta, a quem prometeu o apoio da comunidade internacional.

O novo governo vai ser empossado segunda-feira de manhã (hora local) pelo Presidente Xanana Gusmão, e na cerimónia será dada posse ao primeiro-ministro, que é independente, e aos dois vice-primeiro- ministro, Estanislau da Silva, do Comité Central da FRETILIN, e Rui Araújo, também independente.

EL.

Dos leitores

Ouvi dizer a um oficial general americano na reserva que o General Taur Matan Ruak poderia emparceirar com muitos dos oficiais de igual patente americanos!
As suas caracterísicas pessoais, morais e militares são motivo de orgulho para Timor-Leste!
A provar agora esta afirmação foi a sua atitude institucional, contida e e controlada durante toda esta crise.
Ele e todos os seus companheiros das montanhas, são foram e serão os verdadeiros heróis do seu país.
Talvez agora se compreenda quão injustos foram os políticos que não respeitaram devidamente quem deu a vida, e o melhor dos seus anos a lutar por uma independência, agora quase desperdiçada, pela inabilidade política e tratamento injusto e desrespeitoso aos seus heróis.(As ossadas dos mortos já estão em repouso no monumento?)
Repare-se que quem são os "peticionários" são aqueles que não lutaram realmente durante 24 anos nas montanhas! Reivindicavam, reivindicavam...reivindicavam. Dólares?...O cheiro do dinheiro não era conhecido pelos veteranos. e...já agora, para que se saiba, no dia que receberam em parada os seus primeiros dólares (o vil metal) pediram (num ritual comovedor) desculpa aos mortos por terem que aceitar esse pagamento!!!! Pouquissimas pessoas sabem disto!
Pensem bem quem alguma vez ponha em causa ou dúvida a integridade, generosidade, valentia daqueles ex-guerrilheiros!
À frente deles esteve um Homem, bem acompanhado por outros tantos que humildenente se calam, porque os verdadeiros Homens não precisam de dizer que o são. Eles são-no, simplesmente!
Respeito, muito respeito.
E cuidem-se quem alguma vez pensou que estes heróis alguma vez voltarão as suas armas contra o seu povo.Além de não as voltarem contra o povo...também não as largarão! Seguramente!
A História repete-se... os melhores filhos das revoluções são ESQUECIDOS pela própria revolução.
Não conhecem outro exemplo em português????

Grande abraço ao General Taur e todos os seus heróis e companheiros!
Tenham fé! Timor-Leste continuará a existir. Não foi em vão o vosso sangue derramado!
Viva Timor-Leste!

Austrália felicita nomeação de Ramos Horta para primeiro-ministro

Camberra, 08 Jul (Lusa) - A Austrália felicitou hoje a nomeação do Prémio Nobel da Paz José Ramos Horta para primeiro- ministro de Timor-Leste.

"José Ramos Horta é um amigo pessoal e desejamos-lhe felicidades", refere um comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer.

O Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, anunciou hoje que o II Governo constitucional timorense será liderado por José Ramos Horta.

O anúncio da constituição do novo governo foi feito à imprensa no Palácio das Cinzas, sede da Presidência da República, no final de um encontro entre uma delegação da FRETILIN, o partido maioritário em Timor-Leste, e o chefe de Estado.

O anterior primeiro-ministro, Mari Alkatiri, pediu a demissão do cargo no passado dia 26 de Junho e o Executivo passou a ser coordenado por José Ramos Horta, um dos fundadores da FRETILIN, partido que abandonou durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.

A Austrália lidera uma missão de paz internacional em Timor- Leste, que também inclui forças portuguesas, destacada para o país na sequência da crise política-militar despoletada em Maio passado.

"Felicitamos o facto da liderança política de Timor-Leste ter começado a resolver os seus problemas", acrescentou Downer.

MSE.

Novo governo deverá ter cerca de metade do actual executivo

Eduardo Lobão, da agência Lusa Díli, 08 Jul (Lusa) - O II Governo Constitucional de Timor- Leste, que vai ser empossado segunda-feira em Díli, deverá ter cerca de metade dos actuais 43 governantes, de acordo com o indigitado primeiro-ministro, José Ramos Horta.

O actual governo dispunha de 17 ministros, 15 vice-ministros e 11 secretários de Estado, sendo a composição resultante da profunda remodelação que sofreu a 27 de Junho de 2005 e na qual passou a ter mais 12.

O I Governo Constitucional, liderado por Mari Alkatiri, tomou posse a 20 de Maio de 2002 e tinha apenas 25 governantes.

Mari Alkatiri demitiu-se do cargo no passado dia 26 de Junho, na sequência de um prolongado "braço de ferro" com o Presidente Xanana Gusmão, tendo como cenário a crise político-militar, espoletada em finais de Abril por confrontos protagonizados por ex-militares e forças de defesa e de segurança.

A crise agudizou-se ao longo de Maio e Junho, resultando na desintegração da Polícia Nacional e em divisões no seio das forças armadas, para além da actividade criminosa de grupos de civis.

A situação provocou que cerca de 15 por cento do milhão de habitantes de Timor-Leste esteja hoje deslocada, fora das suas zonas de residência, distribuídas por dezenas de campos de acolhimento.

A demissão de Mari Alkatiri resultou ainda de acusações sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis, pelas quais prestará declarações no Ministério Público no próximo dia 20.

No passado dia 26 de Junho, numa entrevista à Lusa, RTP, RDP e Diário de Notícias, José Ramos Horta, já com a demissão de Mari Alkatiri aceite pelo Presidente da República, defendeu que o próximo governo deveria ter cerca de metade de governantes.

"O país pode funcionar perfeitamente com um governo de 20 elementos", defendeu.

Na ocasião, Ramos Horta, que detém no I Governo Constitucional os cargos de ministro de Estado, dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e da Defesa, disse que "teria de ser persuadido a aceitar o posto de primeiro-ministro" de um futuro executivo.

Na eventualidade de vir a ser nomeado primeiro-ministro, Ramos Horta adiantou que gostaria de continuar com as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.

O novo governo vai ter sobre os ombros a missão de estabilizar o país, e preparar a realização de eleições legislativas, previsivelmente em Abril ou Maio de 2007.

Também a este respeito, Ramos Horta declarou, na referida entrevista, deverem ser as Nações Unidas a organizar esse processo eleitoral.

"O país não está preparado devido à falta de condições políticas e psicológicas", afirmou.

"Quero que as Nações Unidas dirijam a organização das eleições, porque o governo timorense não está preparado para isso", reforçou.

Em plena crise, no final de Maio passado, Mari Alkatiri foi reeleito secretário-geral da FRETILIN, num congresso marcado pela substituição do voto secreto por uma votação de braço no ar, alteração que levou à desistência da única candidatura alternativa, protagonizada pelo embaixador de Timor-Leste em Washington e na ONU, José Luís Guterres.

Nos últimos dias de Maio, as autoridades timorenses reconheceram a sua incapacidade para manter a ordem no país, pedindo a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia o envio de forças militares e policiais, e apelando à ONU para que enviasse uma força internacional.

A nomeação de Mari Alkatiri para primeiro-ministro decorreu da vitória da FRETILIN, nas eleições de Agosto de 2001 para a Assembleia Constituinte, nas quais obteve 57,37 por cento dos votos.

Este órgão redigiu e aprovou a Constituição da República que entrou em vigor a 20 de Maio de 2002, dia em que Timor-Leste se tornou independente após 24 anos de ocupação indonésia (1975-1999) e de um curto período sob administração da ONU.

Posteriormente, a Assembleia Constituinte aprovou a sua transformação no actual Parlamento Nacional, cujo partido maioritário, a FRETILIN (55 dos 88 deputados), formou o I Governo Constitucional.

Pesos-pesados na defesa de Alkatiri

Publico - Sábado, 8 de Julho de 2006

Pesos-pesados na defesa de Alkatiri
Adelino Gomes

Figuras da advocacia portuguesa como o docente universitário Germano Marques da Silva, o jurisconsulto Miguel Galvão Teles, e o advogado e antigo líder do MRPP Arnaldo Matos integram uma equipa internacional, organizada por José António Barreiros para a defesa em tribunal do primeiro-ministro demissionário de Timor-Leste, Mari Alkatiri, acusado de envolvimento na distribuição de armas a civis com a intenção de eliminar adversários políticos.

O advogado português desloca-se nos próximos dias a Díli, para prestar assistência jurídica a Alkatiri, que foi convocado pelo Ministério Público para uma audição no próximo dia 20.

O veterano da resistência anti-indonésia, Vicente da Conceição Railós, acusou o ex-primeiro-ministro de lhe ter dado ordens directamente para que eliminasse militares que tinham abandonado os Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e os líderes da oposição, usando para isso armas e outros equipamentos que lhe haviam sido distribuídas a mando do ex-ministro do Interior, Rogério Lobato. Actualmente retido em casa, por ordem judicial, Lobato confirmou a distribuição de armas da polícia a um grupo chefiado por Railós, mas Mari Alkatiri tem negado repetidamente as acusações de que é alvo, reconhecendo apenas que se encontrou com este antigo guerrilheiro no âmbito do congresso da Fretilin de Maio passado (ver PÚBLICO de 9-06 e de 30-06-2006)

Além dos nomes indicados, constituem a equipa de juristas que prestará apoio a Mari Alkatiri o assistente universitário Carlos Soares, e os advogados Arlindo Sanches e José Manuel Guterres (ambos timorenses), Otto Cornellis Hagilis (Indonésia) e Dato Sayed Ahmad Idid (Malásia).

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O longo silêncio do General Taur (Matan Ruak)

Transcrição (da Margarida) do Expresso, por não estar on-line:

Com um novo Governo em Timor, o problema agora é lidar com um Exército que se vê como o pilar da soberania.

O LONGO SILÊNCIO DO GENERAL TAUR
Micael Pereira, Expresso, 08/07/06

Em Dili, há um homem que tem resistido em silêncio a todas as provocações feitas ao Exército timorense desde que começou a crise no país, a 28 de Abril, depois dos militares se terem envolvido em confrontos com desertores e civis, provocando vários mortos e dezenas de feridos. Não se sabe ainda quando é que o General Taur Matan Ruak estará disposto a contar publicamente a sua versão dos factos (ainda ontem recusou dar uma entrevista ao Expresso), mas é nele que vão estar concentradas as atenções, depois de passada a euforia mediática em torno do novo primeiro-ministro de Timor-Leste, cujo anúncio é esperado para hoje.

Considerado mais do que certo no cargo, Ramos-Horta tem consciência para onde canalizar as suas energias nas próximas semanas, dizendo há dias ao Expresso, numa tentativa “mediática” de aproximação: “Tenho uma admiração pessoal pelos membros das Falantil-FDTL, em particular pelo general Taur Matan Ruak, e pelos outros heróis veteranos da nossa luta, que sofreram e viram o seu orgulho e prestígio abalados por esta crise.” Ramos-Horta acrescentou mesmo que, se há uma coisa que não gostaria de abdicar no novo Governo, é precisamente a pasta da Defesa, que acumulou com os Negócios Estrangeiros desde que o ministro Roque Rodrigues se demitiu. “Ficaria decepcionado se isso acontecesse”.

Passada a fase mais delicada do diálogo entre Xanana Gusmão e os líderes da Fretilin, a verdade é que um dos problemas-chave que o Governo de gestão de Timor tem pela frente é o Exército. Sobretudo porque o seu núcleo-duro de 800 militares (todos eles antigos guerrilheiros das montanhas) se mantém armados nos quartéis e continua a obedecer à cadeia de comando. O sentimento generalizado entre eles é de que são, de facto, os verdadeiros herdeiros da resistência durante a ocupação indonésia.

Embora assumindo uma posição de respeito institucional, ao remeter para os políticos a resolução da crise, Matan Ruak não parece disposto a abrir mão daquilo que ele considera ser o pilar da soberania nacional.

Ao Contrário da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), que acabou por se desmembrar nos confrontos de 22 a 25 de Maio e foi desarmada mais tarde pelas forças australianas, os militares das Falantil não estarão dispostos a ser desmobilizados. Fontes próximas do chefe do Estado-Maior-General das F-FDTL garantem que, para ele, a desmobilização não é vista sequer como uma hipótese aceitável.

Sem Xanana. O futuro mais imediato das Falantil também passa pela reconciliação entre a cúpula militar e as instituições políticas em Dili.

Depois de quebrado o elo de confiança com o Governo de Mari Alkatiri, que se mostrou incapaz de lidar com a reivindicação de 600 desertores do Exército (conhecidos por “peticionários”) e chegou a pedir a intervenção dos militares numa manifestação, a ligação do Exército ao Presidente da república também saiu deteriorada.

Durante os confrontos de 22 a 25 de Maio, Xanana Gusmão não contactou uma única vez com Taur, apesar de ser ele o chefe supremo das Forças Armadas. A falta de apoio de Xanana foi muito notada e mal compreendida, sabe-se. Daí a preocupação redobrada de Ramos Horta, que percebeu que é a ele que cabe agora dar um “afago” aos velhos heróis de Timor.

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Quem beneficia da confusão em Timor-Leste?

Tradução da Margarida:

The Canberra Times - Sábado, Julho 8

Comentário: Quem beneficia da confusão em Timor-Leste?

Por Bruce Haigh [antigo diplomata Australiano e comentador politico. Durante o tempo em que esteve no DFAT trabalhou em questões Indonésias.]

Os media parecem ter a intenção de evitarem investigar as causas subjacentes da tensão em Timor-Leste. Há mais perguntas que respostas. Há contudo, alguns factos conhecidos. Xanana Gusmão e José Ramos Horta mudaram para se alinharem com a liderança de ambas a Austrália e a Indonésia. Ambos concordaram em engavetar acusações contra soldados Indonésios acusados de matar civis em Timor-Leste em 1999. Essa postura acalmou ambas Austrália e Indonésia. Ambos favorecem investimento privado dos interesses da Austrália e da Indonésia.

Nem a Indonésia nem a Austrália gostam de Mari Alkatiri. Ele é a favor da prossecução dos soldados Indonésios. Nesta questão a Indonésia tudo tem feito para evitar ter de responder por esses crimes e a Austrália mudou para evitar embaraçar a Indonésia.

O Ministro dos Estrangeiros Downer foi provocado pelas negociações teimosas de Alkatiri sobre as reservas de petróleo e gás no Mar de Timor.

O Primeiro-Ministro desconfia profundamente do seu passado comunista, da sua precaução com os homens de negócios e da sua hostilidade com o Banco Mundial e o FMI. Howard está preocupado com as suas ligações a Cuba e meteu na cabeça que o governo de Alkatiri podia ter-se preparado para abrigar terroristas. Esta linha de pensamento é apoiada pela Administração dos USA. Isto pode parecer um tanto histérico, mas a atmosfera intelectual dominante nos gabinetes de Howard e do Presidente Bush nesta altura. Por preguiça ou ignorância os media Australianos alinharam com este pensamento dominante e, a grande maioria, relata os eventos de Timor-Leste através desta óptica. À esquerda temos o mau, Mari Alkatiri e à direita temos Gusmão e Horta. Há tensão real em Timor-leste mas está a ser encorajada por influências superiores estrangeiras? Quem são os jovens do oeste de Timor-Leste?

Na minha opinião a sua tenacidade em se amotinarem foram para além da afronta e tiveram uma elasticidade e foco para além duma vulgar emoção compreensível. Destruíram provas forenses contra soldados indonésios guardados no Gabinete do Procurador-Geral em Dili e roubaram 36 computadores. Quantos amotinados alvejariam provas forenses e pilhariam 36 computadores quando podiam ter levado TVs ou aparelhagens de hi-fi? Mais recentemente alvejaram as casas de líderes da resistência que se mantiveram hostis à Indonésia. Porque é que estava um oficial treinado pelos Australianos das forças de defesa de Timor-Leste sentado nas montanhas a pedir a resignação de Alkatiri, tendo a sua família, antes, saído para a Austrália onde permanece com familiares? Alkatiri tinha e continua a ter apoio popular. Não foi derrotado no Parlamento Nacional, então do que é que este oficial reclamava? Porque é que Alkatiri sentiu a necessidade de demitir 600 soldados?

A ilusória teoria do esquadrão de ataque que foi trobeteada pela ABC pode ter alguma coisa a ver com isso mas a pergunta precisa de ser feita, de quem estava Alkatiri a procurar proteger-se? Em caso algum o pequeno número de pessoas alegadamente recrutadas por Alkatiri não seriam suficientes para cumprir o programa de assassinatos a que são ligados e com toda a certeza não podiam tomar conta das 600 tropas a quem Alkatiri deu guia de marcha. E porque é que o Ministro da Agricultura, que é um candidato ao posto de Primeiro-Ministro, veio à Austrália no clímax dos motins em Dili?

Se há uma uma não santa aliança entre a Indonésia e a Austrália sobre o desejo mútuo para se verem livres de Alkatiri, não durará para além do presente plano de jogo. A Austrália não quer que Timor-Leste seja um Estado pedinte. A Indonésia quer; seria um exemplo para outras províncias inquietas. Portanto continuará a mexer a panela. A Austrália aparentemente sabe isso. Há uma propostas para erigir rapidamente quartéis para abrigarem 3000 soldados. (Donde virão?) Contudo, nesta altura, na ausência de reportagens abrangentes ou investigativas, prevalece o spin. O spin dominou durante um tempo em 1999 quando o Downer disse que não havia ligação entre as forças armadas Indonésias e as chamadas milicias (elementos vadios, segundo Downer) mas a verdade veio a lume antes do fim desse ano, sem o mínimo pedido de desculpas de Downer ou de Howard, e o mesmo se passará outra vez.

Contudo, o perigo é que, a tentativa para embaraçar Alkatiri por uns meios ou por outros, tendo falhado, ele possa continuar numa posição que estrague o plano do jogo Australiano para a criação duma entidade concordante e ajude o plano do jogo Indonésio de manter Timor-Leste num estado de desassossego. Com dois vizinhos poderosos e rivais será sempre assim para Timor-Leste? Somente por causa dos jogadores envolvidos, os media Australianos não se deviam manter de fora nem se devia permitir que o spin dominasse. Precisamos de saber quem tirou vantagens dos motins prolongados quando, tendo em conta a dor reconhecida e mutualmente partilhada no passado, todos os Timorenses têm interesse em investirem num acordo negociado. É do interesse de quem ver-se livre de Alkatiri? Quem é que está a mexer a panela, qual a razão e o que é que se ganha com isso?

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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