domingo, março 04, 2007

Timor-Leste: mortos e feridos no ataque australiano, Alfredo Reinado ferido e preso

04.03.2007 - 00h19 PUBLICO.PT

O ataque australiano contra o major Alfredo Reinado, em Same (Timor-Leste), fez mortos e feridos, em número indeterminado, segundo informação do deputado Leandro Isaac, que se encontra no local.

Alfredo Reinado ficou ferido e foi capturado pelas forças australianas, segundo adiantou fonte policial à TSF.

Em declarações à rádio TSF, Leandro Isaac disse que há militares australianos na rua em Same, no sul do país, e que o ataque envolveu helicópteros, aviões, tanques de guerra e forças especiais.

Manifestou-se convicto de que a situação “vai complicar-se”. Segundo Issac, "a guerra foi declarada" por Ramos-Horta.

Há também relatos de tensão em Díli após o ataque a Same. Ataques com armas de fogo, apedrejamentos e barreiras de estrada começaram em vários pontos da cidade, pouco depois do início da operação das tropas australianas contra Alfredo Reinado, noticia a Lusa citando fonte policial.

Recebido no forum-loriku

"Carissimos

Acabo de receber telefonema de Same informando que por ordem de X e RH o tiroteio comecou em Same por volta das duas e trinta da madrugada, havendo ja feridos. A guerra cicil e agora uma realidade quase eminente, alem de naturalmente se iniciar uma guerra contra os soldados australianos pois ha muito povo e muita gente armada com o Alfredo.

Um abraco
JVCarrascalaoBEGIN:VCARDVERSION:2.1N:Carrascalao;JoaoFN:Joao CarrascalaoEMAIL;PREF;INTERNET:joaocarrascalao@bigpond.com

REV:20070303T175133ZEND:VCARD"


NOTA DE RODAPÉ:

Com o Alfredo não estão mais de 60 pessoas. À excepção de Díli e Ermera, não houve distúrbios a noite passada.

E a esta hora em Díli e Ermera a situação é de tranquilidade.

Mas parece haver muita gente a gostar da ideia de uma guerra civil...

População de Same ilesa

O ataque australiano em Same não provocou baixas ou feridos na população.

As tropas australianas assumiram o controlo do mercado de Same a poucos metros das posições onde se encontram Reinado, Leandro Isaac e cerca de 60 membros do grupo.

Segundo últimas informações, os seus movimentos estão controlados e a operação deverá estar prestes a terminar.

Mas corre o boato em Same de que Reinado fugiu.

Em Dìli a situação acalmou, não se ouvem tiros e helicópteros sobrevoam a cidade.

Ontem à noite o armazém do Ministério da Educação em Vila Verde e o edifício Distrital do Ministério da Educação em Ermera arderam.

Aguarda-se o discurso do Presidente à Nação.

Operação australiana pode ter provocado mortos

TSF

A operação levada a cabo pelas tropas australianas contra o major Alfredo reinado terá provocado mortos segundo fonte policial em Dili contactada pela TSF. Na capital timorense, o ambiente é de tensão, depois de ataques com armas de fogo, apedrejamento e barreiras de estrada terem começado após o início da operação das tropas australianas.

( 23:19 / 03 de Março 07 )

A operação das tropas australianas contra o major Alfredo reinado, em Same, terá provocado vítimas mortais segundo fonte policial em Dili contactada pela TSF.

Também o deputado Leandro Isaac, que se encontra junto das forças do major Reinado, contactado pela TSF, confirmou a existência de mortos sem, no entanto, confirmar números.

Recorde-se que ao início da madrugada de domingo em Timor (17:00 de sábado em Lisboa), as tropas australianas iniciaram um ataque contra Alfredo Reinado, que desde terça-feira estava sitiado em Same, com o objectivo de capturar o major rebelde.

Pouco depois do início da operação das tropas australianas, a capital timorense foi assolada por ataques com armas de fogo, apedrejamento e barreiras de estrada.

Os ataques em Díli foram desencadeados em vários pontos da cidade em simultâneo, aparentemente sem ter um alvo específico, adiantou fonte policial.

Até ao momento, não há notícia de incidentes envolvendo a comunidade portuguesa mas há registo de vários cidadãos nacionais e estrangeiros estarem abrigados no quartel da GNR em Díli.

Às 04:15 da madrugada (hora local), as Nações Unidas difundiram uma mensagem escrita (SMS) pela missão internacional, com ordens para «todo o pessoal ficar em casa, luzes apagadas, longe de portas e janelas, devido a distúrbios em Díli».

O chefe de Estado timorense, Xanana Gusmão, faz este domingo (11:00 locais) uma comunicação ao país sobre a situação de crise provocada pelo major Reinado.

Ataques com armas de fogo em Díli

Timor-Leste: mortos e feridos no ataque australiano contra Alfredo Reinado
04.03.2007 - 00h19 PUBLICO.PT

O ataque australiano contra o major Alfredo Reinado, em Same (Timor-Leste), fez mortos e feridos, em número indeterminado, segundo informação do deputado Leandro Isaac, que se encontra no local.

Em declarações à rádio TSF, Leandro Isaac disse que há militares australianos na rua em Same, no sul do país, e que o ataque envolveu helicópteros, aviões, tanques de guerra e forças especiais.

Desconhecia no entanto o estado de Alfredo Reinado e manifestou-se convicto de que a situação “vai complicar-se”. Segundo Issac, "a guerra foi declarada" por Ramos-Horta.

Há também relatos de tensão em Díli após o ataque a Same. Ataques com armas de fogo, apedrejamentos e barreiras de estrada começaram em vários pontos da cidade, pouco depois do início da operação das tropas australianas contra Alfredo Reinado, noticia a Lusa citando fonte policial.

Reinado pode já não estar em Same, noite de violência em Díli

Díli, 04 Mar (Lusa) - O major Alfredo Reinado poderá ter fugido de Same ou sido retirado por tropas australianas, que, segundo o deputado Leandro Isaac, dispararam três mísseis e provocaram várias baixas.

"Morto ou vivo, o major Alfredo é sempre a vitória do nosso povo nesta guerra do Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta", declarou o deputado independente à Lusa.

"A luta continua", acrescentou Leandro Isaac num contacto telefónico, cerca das 07:00 (22:00 de sábado em Lisboa), depois de quatro horas em que os números de telemóvel dele e do major Alfredo respondiam apenas com a gravação da Timor Telecom, "desligado ou fora da área de cobertura".

Leandro Isaac disse que há vários mortos e feridos, sem especificar se se trata de civis ou de homens do grupo que está desde o início da semana com o major Alfredo Reinado, em Same.

O deputado contou que helicópteros Black Hawk australianos dispararam três mísseis, entre a 01:30 e as 04:30 locais, hora a que abandonaram Same.

As tropas australianas mantêm o cerco no terreno, ainda segundo Leandro Isaac.

"Não há assistência médica nenhuma, não há nada aqui", referiu Leandro Isaac mais adiante, desabafando: "os nossos feridos já estão todos mortos!".

O porta-voz das Forças de Estabilização Internacionais não prestou qualquer confirmação ou desmentido sobre o ataque a Same, remetendo todas as informações para uma conferência de imprensa do brigadeiro Mal Rerden.

O comandante das ISF falará à imprensa às 10:00 locais, uma hora antes de uma anunciada comunicação ao país do Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão.

Em Díli, a notícia do ataque contra Alfredo Reinado desencadeou uma série de incidentes, embora não haja nenhuma declaração oficial que leia esta coincidência.

Os distúrbios, com disparos de armas de fogo, apedrejamentos, barreiras de estrada e ataques a algumas casas, eclodiram cerca da 01:00 local.

Nas sete horas seguintes, o subagrupamento Bravo da GNR teve os seus três batalhões operacionais em simultâneo na rua, o que, segundo um oficial contactado esta manhã pela Lusa, dá uma dimensão da dificuldade da situação.

As zonas mais afectadas foram as de Taibessi, Bairro Pité, a área do Cemitério Chinês, Vila Verde e a rua do quartel-general das Nações Unidas, as Obrigado Barracks.

À medida que os vários focos de violência foram sendo controlados, as forças da GNR concentraram-se junto ao Obrigado Barracks, onde a situação foi mais difícil de resolver.

A Lusa confirmou que o chamado Bairro da Cooperação, em Vila Verde, não foi afectado pelos incidentes e nenhum professor português correu perigo nessa ou noutra área da cidade.

O único caso relacionado com um cidadão português ocorreu com um funcionário da embaixada de Portugal que, por viver numa área isolada, teve de ser retirado da sua residência por elementos do Grupo de Operações Especiais.

Uma volta de carro por toda a cidade, ao princípio da manhã, mostrou as sequelas de uma noite violenta.

Instalações de um armazém e do auditório do Ministério da Educação continuam a ser consumidas pelas chamas, e no recinto do edifício principal há três viaturas carbonizadas.

Em Banana Road, a sudoeste da cidade, um grupo de jovens concentrava-se em torno de cartazes e de um grande retrato de Alfredo Reinado, com slogans de glorificação do militar e contra a "Fretilin Maputo".

"Nós somos defensores do major Reinado, herói da justiça", explicou um dos manifestantes, diante de um retrato pintado em Ermera. "Estamos prontos para morrer para o defender".

PRM-Lusa/Fim

Ataques em Dili após início operação militar contra major Reinado

Díli, 03 Mar (Lusa) - Ataques com armas de fogo, apedrejamento e barreiras de estrada começaram em vários pontos da cidade de Díli pouco depois do início da operação das tropas australianas contra Alfredo Reinado, em Same, no sul do país, confirmou à Lusa fonte policial.

Os ataques na capital foram desencadeados "em vários pontos da cidade em simultâneo, aparentemente sem ter um alvo específico", disse à Lusa uma fonte da polícia internacional a meio da madrugada de domingo (fim da tarde de sábado, em Lisboa).

Os disparos e apedrejamentos começaram antes das 02:00 (17:00 em Lisboa) em bairros diferentes da periferia e do centro da cidade, como Bidau, Taibessi, Mandarim, Colmera e Becora, confirmou a Lusa junto de vários residentes.

O Ministério da Educação timorense, no bairro central de Vila Verde, foi um dos alvos atacados.

Tanto quanto foi possível confirmar numa ronda de contactos telefónicos, não há registo de nenhum incidente envolvendo a comunidade portuguesa residente em Díli.

às 04:15 da madrugada (hora local), as Nações Unidas difundiram uma mensagem escrita (SMS) pela missão internacional, com ordens para "todo o pessoal ficar em casa, luzes apagadas, longe de portas e janelas, devido a distúrbios em Díli".

Tanto as forças de segurança como os civis contactados pela Lusa foram unânimes na identificação da hora a que se iniciaram os distúrbios: "à hora do ataque a Alfredo Reinado", embora não haja nenhuma confirmação oficial de que os incidentes na capital são uma resposta ao avanço das Forças de Estabilização Internacionais em Same.

Desde terça-feira que Alfredo Reinado e o seu grupo estavam cercados por tropas australianas, em Same, depois de o Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, ter autorizado uma operação de captura.

O chefe de Estado faz dentro de algumas horas, às 11:00 locais, uma comunicação ao país sobre a situação de crise provocada pelo major Reinado.

PRM-Lusa/Fim

Leandro Isaac diz que o ataque a Same está iminente

Diário Digital / Lusa
03-03-2007 17:32:00

Helicópteros Black Hawk e aviões australianos sobrevoam a baixa altitude as posições do major Alfredo Reinado e o ataque a Same está iminente, segundo o deputado Leandro Isaac.

Em dois contactos telefónicos muito curtos com a Lusa, cerca da 1:45 de domingo (16:45 de sábado em Lisboa), o deputado independente afirmou que «as tropas australianas reduziram o perímetro e estão a apenas 200 ou 300 metros» do local onde está refugiado o major Alfredo Reinado.
Em fundo podia ouvir-se o barulho de helicópetros e o ruído (familiar aos residentes de Díli em dias de confronto de rua) distinto de barras de metal a bater.

«É o povo indefeso de Same a desafiar o grande exército australiano, que foi enviado pelo Prémio Nobel da Paz, digo, pelo Prémio Nobel da Guerra, senhor José Ramos-Horta», respondeu Leandro Isaac quando questionado sobre o que se estava a passar.

Depois, o contacto por telemóvel com o deputado caiu.

Alfredo Reinado e os seus homens, entre os quais se encontrava «por acaso» desde segunda-feira o deputado Leandro Isaac, segundo o próprio disse à Lusa, estão cercados há seis dias pelas Forças de Estabilização Internacionais (ISF).

O Presidente da Republica, Xanana Gusmão, faz um anúncio à nação às 11 horas da manhã, sobre a crise provocada pelo major Reinado.

Nas últimas 48 horas, cerca de uma dezena de aviões Hércules C-130 australianos aterraram em Díli, onde ao longo da tarde e noite de sábado se registou um movimento intenso de aviões e helicópteros militares, que continua neste momento.

Governo de Lisboa garante que portugueses estão em segurança

Lisboa, 02 Mar (Lusa) - O secretário de Estado das Comunidades português, António Braga, garantiu hoje à Agência Lusa que os portugueses residentes em Timor-Leste estão em segurança, não sendo necessário para já activar qualquer plano de evacuação.

"A presença das Nações Unidas garante toda a segurança aos portugueses" que vivem em Timor-Leste, disse António Braga, salientando que Portugal "está permanentemente a acompanhar a situação" através da embaixada e dos diplomatas portugueses no país.

O responsável pela pasta da Emigração salientou que "para já não há razão" para planos de retirada de portugueses.

No entanto, o secretário de Estado adiantou que Portugal tem "permanentemente um plano de emergência" preparado para actuar em situações que o justifiquem.

A Austrália actualizou hoje os seus alertas de viagem para Timor-Leste, que estão no nível máximo de risco, e cidadãos australianos em Díli receberam a indicação de "fazer uma mala" para uma eventual retirada do país.

Analistas australianos e das Nações Unidas receiam acções de violência, ou mesmo uma possibilidade de guerra civil, no caso de soldados australianos ferirem ou matarem o militar rebelde Alfredo Reinado.

Reinado e cerca de 150 dos seus seguidores, "fortemente armados, estão actualmente cercados por tropas australianas na cidade de Same, a sul de Díli.

O major rebelde advertiu hoje que "milhares de pessoas" se "levantarão violentamente" no caso de lhe acontecer qualquer coisa.

"As pessoas vão começar a matar-se umas às outras se alguma coisa me acontecer. Haverá guerra civil", ameaçou Reinado, antigo comandante da Polícia Militar de Timor-Leste.

CMP/LAS-Lusa/Fim

Ainda se ouvem tiros em Díli e em Same

A operação de captura de Reinado continua em Same, ouvindo-se disparos de vez em quando.

Em Díli também se ouvem tiros, apesar de ter baixado a intensidade dos mesmos.

Dos leitores

Comentário sobre a sua postagem "Pm Likely New President Says Expert":

I'll await the people's verdict rather than accept anything pre-ordained by Kingsbury, who claimes that Indonesian is more widely spoken than Tetum. If that is so, then why did the PD, of which he thinks so highly, publish a versions of its manifesto in Tetum, Portuguese, English, even Chinese but not Indonesian?

On the one hand, he rails against the 'Jakarta Lobby', yet on the other, he spouts their propaganda.

Tradução da Margarida:

Esperarei pelo veredicto popular em vez de aceitar seja o que for pré-ordenado por Kingsbury, que afirma que o Indonésio é mais falado do que o Tétum. Se fosse assim, então porque é que o PD, de quem tem tão boa opinião, publica a versão do seu manifesto em Tétum, Português, Inglês, até em Chinês mas não o Indonésio?

Por um lado ele ataca o 'lobby de Jacarta ', contudo por outro ele espalha a propaganda deles.

"Sinais não são bons" em Same, PR fala domingo sobre Reinado

Díli, 03 Mar (Lusa) - O deputado independente Leandro Isaac, que acompanha o grupo do major Alfredo Reinado, cercado há cinco dias por tropas australianas em Same, Timor-Leste, admitiu hoje que o conflito poderá terminar com "sangue a correr".

"Os sinais não são bons sobre a existência de bom- senso e a vontade de resolver a crise de forma pacífica", declarou à Agência Lusa Leandro Isaac.

O deputado disse que um dos pedidos apresentados sexta-feira por Reinado para ajudar a desbloquear a situação, durante o encontro com o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, foi a livre circulação da população de Same, o que não está a acontecer.

"Os australianos continuam a apertar o cerco", afirmou hoje ao fim da tarde em Timor-Leste (início da manhã em Lisboa) o deputado Leandro Isaac, que se encontra desde terça-feira com o grupo de Alfredo Reinado, na região interior Sul do país.

"Tudo está dependente do encontro de ontem [sexta- feira]", explicou.

"Se o Estado se consciencializar que a solução pacífica seria o melhor caminho, a crise resolve-se".

"Mas se o Estado ou o Governo consideram que não podem voltar atrás nas suas decisões, não posso prever o que pode acontecer", acrescentou o deputado, alertando que "sangue pode correr".

O Presidente da República, Xanana Gusmão, faz domingo, às 11:00 (02:00 em Lisboa) uma declaração sobre a crise desencadeada por Alfredo Reinado.

Xanana Gusmão autorizou segunda-feira a realização de uma operação militar para capturar Alfredo Reinado, evadido da cadeia de Becora desde finais de Agosto quando cumpria prisão preventiva por alegada posse de armas de guerra.

A decisão do chefe de Estado timorense surgiu depois de o major e o seu grupo de revoltosos terem assaltado três postos da Polícia de Fronteira no sudoeste do país, no final da semana passada.

As tropas australianas das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) foram reforçadas sexta-feira com a chegada de 100 elementos da unidade de elite SAS (Special Air Service).

Em Díli continuaram hoje a aterrar aviões de grande envergadura, incluindo, durante a tarde, três Hércules C- 130.

Desde quinta-feira à noite e durante a madrugada e dia de sexta-feira, aterraram em Díli pelo menos cinco destes aviões de transporte de tropas e material.

Jornais australianos do grupo Fairfax noticiaram na sua edição de hoje a chegada dos SAS, adiantando que o reforço de tropas foi decidido numa reunião de alto nível em Camberra.

O Governo australiano receia que o desfecho do caso Reinado, no caso de ele ser morto ou capturado, desencadeie uma escalada de violência que, vista de Camberra, pode acabar numa nova guerra civil.

PRM/AB-Lusa/Fim

Tropas apoiam alerta de segurança máxima

(Tradução da Margarida)

SMH – Março 3, 2007
Lindsay Murdoch em Dili

O Governo Federal enviou um contingente de soldados SAS para Timor-Leste no meio de receios crescentes de que a violência irrompa outra vez e alveje Australianos.

Quatro aviões das Forças de Defesa Australiana aterraram em Dili transportando cerca de 100 soldados, destacados a seguir a uma reunião em Camberra do comité de segurança nacional.

A chegada de tropas adicionais, que apoiarão os 800 Australianos e as 120 tropas da Nova Zelândia que já cá estão, chegam quando a Austrália aumenta o seu alerta de segurança para cinco, o nível mais alto, para as centenas de Australianos em Timor-Leste.

Oficiais de segurança Australianos e da ONU em Dili receiam que a violência alastrada, possivelmente mesmo a guerra civil, pode rebentar se soldados Australianos matarem ou ferirem o líder amotinado, Alfredo Reinado, apanhado numa cilada com outros 150 homens pesadamente armadas numa cidade nas montanhas do centro onde se cultiva o café.

Reinado, que se tornou um herói de culto, disse ontem que se alguma coisa lhe acontecer "pessoas levantar-se-ão violentamente aos milhares ". Afirma que comanda 700 soldados amotinados cujo despedimento no ano passado desencadeou um levantamento violento que deixou dúzias de pessoas mortas e forçou 100,000 pessoas das suas casas. Várias centenas de jovens apoiantes pelo país estavam também à espera de ordens suas, disse.

"As pessoas vão começar a matar-se umas às outras se alguma coisa me acontecer," disse Reinado por telefone da cidade de Same, que está bloqueada por dúzias de soldados Australianos. "Haverá uma guerra civil."

Reinado, o antigo responsável da polícia militar de Timor-Leste treinado pelos Australianos, disse que os seus apoiantes não estavam prontos a lutar por causa da sua popularidade mas por causa "daquilo por que luto ".

Reinado, procurado por homicídio e rebelião, afirma que o governo Timorense é corrupto e que a presença de tropas Australianas e da Nova Zelândia é uma invasão ilegal.

Uma nova tentativa pos líderes de Timor-Leste para convencer Reinado a render-se falhou ontem quando soldados Australianos recusaram autorizar o Procurador-Geral do país, Longuinhos Monteiro, a entrar em Same.

Reinado enfureceu-se quando o Sr Monteiro lhe telefonou dizendo que queria encontrar-se com ele para lhe passar uma mensagem do Governo para se render, mas que não tinha autoridade para negociar um acordo.

"Não queria falar com um carteiro, queria falar com o Procurador-Geral," disse Reinado. "Estão todos a tentar manipular-me."

O comandante das tropas Australianas em Timor-Leste, Mal Rerden, declinou comentar ontem sobre adicionais tropas SAS em Dili. O Brigadeiro General Rerden repetiu o seu pedido anterior para Reinado entregar as armas e apresentar-se ao sistema judicial de Timor-Leste.

Mas disse que as suas tropas estão a "apoiar o Governo … em todas as maneiras possíveis para encontrarem uma resolução pacífica para a situação."

O General Rerden descreveu o elevar do alerta de segurança da Austrália como uma "medida prudente".

Foi justificado pelas acções de Reinado que tinha rompido as negociações com o governo e liderou assaltos a postos de polícia da fronteira no último fim-de-semana, capturando 25 armas de alta potência, disse.

"Os seus actos foram deliberados e bastante significativos e isso cria naturalmente preocupações," disse o General Rerden.

CRISE - Major Reinado e militares australianos preparados para a luta

Expresso - Sábado, 3 de Março de 2007

Timor: No alto do cerco

Pedro Rosa Mendes, em Same, Exclusivo Expresso/Lusa

Same, no litoral sul timorense, deu uma ironia topográfica ao cerco das tropas especiais australianas ao major Alfredo Reinado. Same é um buraco; o ar é mais respirável do que em Dili e até há o luxo de um arrepio nocturno. Mas é um facto penoso que Same fica a mais de quatro horas de Díli, num bom jipe.

Os militares australianos tiveram, portanto, que descer bastante, com os seus jipes cor de «Outback», depois de o Presidente Xanana Gusmão autorizar diante da nação a captura do evadido mais famoso de Timor-Leste (porque há outros, e muitos estão com o major desde a evasão prisional de 30 de Agosto de 2006). Same, é sombra de um pico de dois mil metros de altitude, tem uma colina a que Reinado conseguiu agarrar-se durante a semana. O militar chegou a Same depois de ter passado no domingo por três esquadras de fronteira, na região de Maliana, e ter levado 25 pistolas automáticas e alguns polícias. Este é o monte onde fica a antiga casa do administrador de posto do tempo colonial e uma antena de transmissões. De lá domina-se a localidade e os acessos: com uma arma adequada, faz-se mira directa à estrada que sai do coração da montanha com as 'microletes' vergadas de gente na estrada do norte. Ou outros perigos.

É claro que a topografia é sempre uma verdade relativa (como provou a Resistência). Assim: se Reinado se manteve quatro dias acima dos SAS e dos veículos blindados, os helicópteros de combate e vigilância zurziram quatro dias em cima de Reinado. Vigiando do alto e enervando de perto.

“Estamos à beira da guerra civil!”, gritava, terça-feira, no início do cerco, o deputado independente Leandro Isaac, apanhado “por acaso", disse, na companhia de Reinado e do seu grupo quando os australianos apertaram a tenaz. Montado o cerco, ninguém saiu nem entrou de Same. Incluindo os jornalistas. “Não se pode passar. Há uma coisa grande a acontecer”, explicava na quarta-feira o oficial da patrulha que impedia a passagem na entrada norte da vila.

A uma distância respeitável das barreiras australianas, os residentes da periferia aglomeravam-se no segundo dia e lamentavam o impasse do quotidiano: “Não nos deixam ir ao mercado nem as crianças podem ir à escola”.

Durante o cerco, em entrevistas telefónicas para órgãos timorenses, portugueses ou australianos, Reinado deixou o seu programa. O major é tão directo a falar como tem fama de ser no gatilho: promete atirar sobre qualquer ISF a quem possa ver o branco dos olhos; desgosta de Xanana Gusmão, de Mari Alkatiri, um pouco também de José Ramos-Horta; gosta da Austrália, mas tem vergonha disso também; da GNR gostaria mais se o subagrupamento Bravo estivesse em Portugal; da Fretilin, passe a expressão, “talvez só à bala”.

Para um número indeterminado de timorenses, seguramente para muitos jovens, Alfredo Reinado não é o renegado ou o homem que traiu uma negociação pacífica, mas o herói que teve a coragem de resistir ao “Governo dos comunistas”. “Já reparou quantos jovens em Díli usam o cabelo cortado à Reinado?”, pergunta-se num café da capital, na véspera de o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, ir a Same (de helicóptero) para comunicar ao major as condições de rendição. O comandante das ISF, brigadeiro Mal Rerden, é muito explícito: “Em qualquer situação de ameaça, tenta-se conter a ameaça. Tendo feito isso, decide-se como lidar com ela”. O que é claro para um militar é menos límpido para os políticos. Em Same, na 'Hamburguer Hill' do major Reinado, o país vive suspenso de uma situação em que nem tudo, ou muito pouco, será resolvido por um gatilho australiano. Mesmo os seus inimigos concordam: Alfredo é um inevitável vencedor, agora ou no futuro. “A menos que o matem, o que é pouco provável”, comenta um militar ocidental em Díli. “Ninguém precisa de um mártir”.

Alkatiri copia Durão e Santana

O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste decidiu convidar Einhart da Paz, especialista brasileiro em «marketing» político, para dirigir a sua campanha nas próximas eleições legislativas, que deverão ocorrer entre Maio e Junho deste ano. Einhart confirmou ao Expresso que esteve em Díli antes do Carnaval para preparar uma proposta, aguardando a resposta final de Mari Alkatiri já esta semana. “Tendo em conta que não existem meios de comunicação de massas em Timor, vai ser um desafio interessante”. Em Portugal, Einhart da Paz foi o director de campanha de Durão Barroso (em 2002) e de Santana Lopes (em 2001 e em 2004).

Começou ataque australiano a Reinado

Diário Digital / Lusa
03-03-2007

As tropas australianas lançaram o ataque contra Alfredo Reinado e ocuparam cerca das 2:00 de domingo (17:00 de sábado em Lisboa) o antigo mercado no centro de Same, afirmou à Lusa o deputado Leandro Isaac.

«O ataque começou com helicópteros e infantaria», contou o deputado independente.

«Dispararam um míssil de um helicóptero contra a área onde estamos». Alfredo Reinado, fugido de uma prisão de Díli desde 30 de Agosto, encontra-se desde terça-feira cercado em Same, ocupando com os seus homens a colina onde se situa a antiga casa do administrador de posto.

A área do mercado que, segundo Leandro Isaac, foi atacada pelas Forças de Estabilização Internacionais, «era onde estava concentrada a população». 17:56:00

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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