domingo, março 04, 2007

Reinado pode já não estar em Same, noite de violência em Díli

Díli, 04 Mar (Lusa) - O major Alfredo Reinado poderá ter fugido de Same ou sido retirado por tropas australianas, que, segundo o deputado Leandro Isaac, dispararam três mísseis e provocaram várias baixas.

"Morto ou vivo, o major Alfredo é sempre a vitória do nosso povo nesta guerra do Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta", declarou o deputado independente à Lusa.

"A luta continua", acrescentou Leandro Isaac num contacto telefónico, cerca das 07:00 (22:00 de sábado em Lisboa), depois de quatro horas em que os números de telemóvel dele e do major Alfredo respondiam apenas com a gravação da Timor Telecom, "desligado ou fora da área de cobertura".

Leandro Isaac disse que há vários mortos e feridos, sem especificar se se trata de civis ou de homens do grupo que está desde o início da semana com o major Alfredo Reinado, em Same.

O deputado contou que helicópteros Black Hawk australianos dispararam três mísseis, entre a 01:30 e as 04:30 locais, hora a que abandonaram Same.

As tropas australianas mantêm o cerco no terreno, ainda segundo Leandro Isaac.

"Não há assistência médica nenhuma, não há nada aqui", referiu Leandro Isaac mais adiante, desabafando: "os nossos feridos já estão todos mortos!".

O porta-voz das Forças de Estabilização Internacionais não prestou qualquer confirmação ou desmentido sobre o ataque a Same, remetendo todas as informações para uma conferência de imprensa do brigadeiro Mal Rerden.

O comandante das ISF falará à imprensa às 10:00 locais, uma hora antes de uma anunciada comunicação ao país do Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão.

Em Díli, a notícia do ataque contra Alfredo Reinado desencadeou uma série de incidentes, embora não haja nenhuma declaração oficial que leia esta coincidência.

Os distúrbios, com disparos de armas de fogo, apedrejamentos, barreiras de estrada e ataques a algumas casas, eclodiram cerca da 01:00 local.

Nas sete horas seguintes, o subagrupamento Bravo da GNR teve os seus três batalhões operacionais em simultâneo na rua, o que, segundo um oficial contactado esta manhã pela Lusa, dá uma dimensão da dificuldade da situação.

As zonas mais afectadas foram as de Taibessi, Bairro Pité, a área do Cemitério Chinês, Vila Verde e a rua do quartel-general das Nações Unidas, as Obrigado Barracks.

À medida que os vários focos de violência foram sendo controlados, as forças da GNR concentraram-se junto ao Obrigado Barracks, onde a situação foi mais difícil de resolver.

A Lusa confirmou que o chamado Bairro da Cooperação, em Vila Verde, não foi afectado pelos incidentes e nenhum professor português correu perigo nessa ou noutra área da cidade.

O único caso relacionado com um cidadão português ocorreu com um funcionário da embaixada de Portugal que, por viver numa área isolada, teve de ser retirado da sua residência por elementos do Grupo de Operações Especiais.

Uma volta de carro por toda a cidade, ao princípio da manhã, mostrou as sequelas de uma noite violenta.

Instalações de um armazém e do auditório do Ministério da Educação continuam a ser consumidas pelas chamas, e no recinto do edifício principal há três viaturas carbonizadas.

Em Banana Road, a sudoeste da cidade, um grupo de jovens concentrava-se em torno de cartazes e de um grande retrato de Alfredo Reinado, com slogans de glorificação do militar e contra a "Fretilin Maputo".

"Nós somos defensores do major Reinado, herói da justiça", explicou um dos manifestantes, diante de um retrato pintado em Ermera. "Estamos prontos para morrer para o defender".

PRM-Lusa/Fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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