sábado, agosto 25, 2007

PRESIDENTE EXIGE PEDIDO DE DESCULPAS DO FORUM DOS EMPRESÁRIOS

Tradução da Margarida:

COMUNICADO AOS MEDIA
Dili, 24 Agosto 2007

O Presidente da República exigiu um pedido público e pessoal de desculpas do Forum dos Empresários de Timor-Leste - FETL pela declaração insultuosa publicada no jornal Diário em 20 de Agosto de 2007, e assinada pelos líderes da organização, Julio Alfaro, Oscar Lima e Frankelino Castro.

A declaração dizia que em parte a objecção do Presidente para o pedido do Sr Alfaro de dar preferência aos comerciantes locais em detrimento dos investidores estrangeiros cá, dá a impressão que “o Presidente é o Presidente dos estrangeiros em vez de ser o Presidente de Timor-Leste.”

Esta declaração é um insulto e um desrespeito para o Chefe do Estado mas também pessoal para o Dr José Ramos-Horta, que tem mais do que ninguém ajudado os comerciantes locais e tem promovido Timor-Leste aos investidores através do mundo.

O Sr Júlio Alfaro tinha pedido ao Presidente durante um encontro com empreendedores Timorenses e internacionais realizado no Memorial Hall na Quinta-feira, 16 de Agosto, que “os projectos do Estado financiados com dinheiro do governo sejam oferecidos exclusivamente a companhias Timorenses.” Escandalosamente o Sr. Alfaro, como exemplo, visou especificamente os cidadãos de um país amigo.

Assim com razão o Presidente rejeitou o apelo do Sr. Alfaro para excluir comerciantes estrangeiros de certos projectos em Timor-Leste. “Enquanto for Presidente de Timor-Leste não aceitarei qualquer tentativa de Timorenses, do governo ou do sector privado para discriminar contra estrangeiros,” disse o Presidente.

“Apelo ao Parlamento Nacional e ao Governo para nem sequer sonharem em introduzir medidas discriminatórias. O que o Sr Alafro disse é muito perigoso dado que pode levar a começar a acusar estrangeiros se perderem um contrato para um projecto. Isso aconteceu no regime de Soeharto – ele discriminou contra os Chineses, e isso aconteceu no Uganda, onde sob Idi Amin perseguiram os Indianos e expulsaram centenas de milhares do dia para a noite. Isso não acontecerá cá.”
O Presidente estava particularmente preocupado quando entre outros comentários racistas, o Sr. Júlio Alfaro disse que não queria que Timor-Leste fosse como outros países da África onde os “Indianos” se tornam ricos enquanto os locais continuam pobres.

O Presidente reagiu e disse que muitas vezes “governantes incompetentes e corruptos em África e na Ásia fazem acusações demagógicas contra grupos particulares para esconder a sua própria incompetência e má governação.”

“Quero dizer ao Sr Alfaro que se os empresários locais querem ter sucesso , o governo ajudá-los-à a serem mais profissionais, mais competitivos, mas que eles têm de trabalhar no duro. Mas discriminar contra investidores estrangeiros, absolutamente não. É completamente inaceitável,” disse o Presidente.

O Presidente urgiu a todos os investidores estrangeiros em Timor-Leste a resignarem do Forum dos Empresários de Timor-Leste – FETL. –Fim.

PRESIDENT DEMANDS APOLOGY FROM FORUM DOS EMPRESÁRIOS

MEDIA RELEASE
Dili, 24 Agustu 2007

H.E. the President of the Republic has demanded a public and personal apology from the Forum dos Empresários de Timor-Leste - FETL (Timor-Leste Business Forum) for the insultuous statement published in the newspaper Diário on August 20, 2007, and signed by the leaders of that organization, Julio Alfaro, Oscar Lima and Frankelino Castro.

The statement said in part that the objection of H.E. the President to the request by Mr Alfaro to give preference to local businesses in detriment of foreign investors here, gives the impression that “the President is the President for foreigners instead of the Presidente of Timor-Leste.”

This statement is an insult to and disrespectful of the Head of State but also personally to Dr José Ramos-Horta, who more than anybody else has helped local businesses and has promoted Timor-Leste to investors throughout the world.

Mr Julio Alfaro had asked H.E. the President during a meeting with Timorese and international entrepreneurs held at Memorial Hall on Thursday, August 16, that “State projects funded by government money be offered exclusively to Timorese companies.” Outrageously Mr. Alfaro, as an example, targeted specifically the citizens of a friendly country.

Rightly so H.E. the President rejected Mr. Alfaro’s call to exclude foreign businesses from certain projects in Timor-Leste. “While I’m President of Timor-Leste I will not accept any attempt by Timorese, the government or the private sector to discriminate against foreigners,” the President said.

“I will urge National Parliament and the Government not to even dream about introducing such discriminatory measure. What Mr Alafro said is very dangerous as it can lead to some starting to blame foreigners if they loose a contract for a project. It happen in the Soeharto regime – he discriminated against the Chinese, and it happened in Uganda, where under Idi Amin they persecuted Indians and expelled hundreds of thousands overnight. It will not happen here.”
The President was particularly upset when Mr. Julio Alfaro said among other racist comments that he did not want Timor-Leste to be like countries in Africa where “Indians” become rich while locals remain poor.

The President reacted and said often “incompetent and corrupt rulers in Africa and Asia make demagogic accusations against particular groups to cover up for their own incompetence and misrule.”

“I want to tell Mr Alfaro that if the local entrepreneurs want to succeed, the government will help them to be more professional, more competitive, but they have to work hard. But discriminating against foreign investors absolutely not. It is completely unacceptable,” H.E. the President said.

H.E. the President has urged all foreign investors in Timor-Leste to resign from the Forum dos Empresários de Timor-Leste – FETL. –ends.

Mais uma hipótese...

No Banco Mundial?...

Perguntas indiscretas...

Onde está o programa do Governo (que não o apresentou na campanha eleitoral porque ainda não o tinham)?

Numa secretária em Camberra ou na UNMIT?...

Autralianos acusados de crimes de guerra

Tradução da Margarida:


AAP – Agosto 24, 2007 12:15pm
Por Max Blenkin

O amotinado Timorense Alfredo Reinado acusou tropas Australianas de partirem os pescoços de dois homens feridos e de terem matado civis num ataque ao seu esconderijo.

A Defesa rejeitou hoje as queixas.

As queixas de Reinado emergiram numa reportagem na edição da revista Time.

Reinado acusou os soldados Australianos de matarem a tiro um dos seus apoiantes armados quando ele pedia tréguas, de mataram dois civis desarmados e de partirem os pescoços a dois homens feridos em 4 de Março.

"A maneira como fazem operaçõoes é como se fossemos animais ou inimigos," disse no artigo. "Vieram ensinar-nos sobre a Convenção de Genebra. São eles que não a respeitam."

Reinado, um antigo major das forças armadas Timorenses, liderou o motim contra o governo da Fretilin o ano passado que desencadeou a violência alargada e levou ao regresso das tropas Australianas.
O porta-voz da Defesa Brigadeiro Andrew Nikolic disse que soldados Australianos mataram a tiro cinco apoiantes armados de Reinado no ataque na vila de Same, 110 km a sul de Dili, em 4 de Março.

"A Defesa conduziu uma investigação pós-operação sobre a operação de Same de acordo com os procedimentos normais . Essa investigação concluiu que o pessoal Australiano actuou em auto-defesa quando alvejado por membros do grupo de Reinado," disse.

As queixas de Reinado não reflectem com exactidão o que aconteceu, disse.

"Nas primeiras horas de 4 Março 2007 durante um confronto com apoiantes armados de Alfredo Reinado, soldados Australianos actuaram em auto-defesa e devolveram fogo, resultando nas mortes de cinco dos homens de Reinado," disse.

"Num segundo incidente em 4 Março 2007, a Defesa pode confirmar que um homem Timorense, detido por suspeita de associação com o grupo de Reinado, escapou. Nem este homem, nem nenhum detido, nacional Timorense, civil não identificado ou pessoa da ADF foi ferido ou morto em resultado deste incidente."

Brig. Nikolic disse que autoridades Timorenses, incluindo o Srrviço do Ministério Público, tinham revisto os incidentes e decidiram não conduzir mais investigações.

Autópsias dos cinco mortos confirmaram que nenhum tinha o pescoço partido.

Brig. Nikolic disse que Reinado era um criminoso foragido do sistema de justiça Timorense que tinha ameaçado as tropas Australianas.

Num separado, mais recente incidente, um oficial junior enfrenta possível acção disciplinar sobre o arrancar de três bandeiras da Fretilin por tropas Australianas.

Isso esteve perto de desencadear um incidente diplomático sério, desencadeando pedidos de desculpas dos envolvidos e a expressão pública de lamento do Brigadeiro John Hutcheson, comandante da Força Internacional de Estabilização liderada pelos Australianos .

Brig. Nikolic disse que uma patrulha Australiana tirou as três bandeiras quando passavam através da vila de Bercoli no caminho de Viqueque para Baucau em 18 de Agosto.

Foram recuperadas e devolvidas com pedidos de desculpas.

"As acções do pequeno número de soldados da Força Internacional de estabilização envolvidos na retirada das bandeiras foi inadequada e insensível culturalmente," disse Brig. Nikolic.

Nota de Rodapé:

Reinado lá sabe dos métodos do exército australiano, por quem foi treinado na Austrália.

Dos Leitores

Tradução da Margarida:

Comentário na sua mensagem "Defence Rejects Unfounded Timor Allegations":

Carar Maukita Gagita,

Lamento muito dizer-lhe que isto é verdade, não foi propaganda lançada por alguém. Eu estava a viver em Timor-Leste nessa altura, o comportamento da ADF foi desgraçado, iam aos bairos em toda a cidade, fazendo afirmações como estas, estava constantemente a receber telefonemas porque a ADF andava a causar problemas a pessoas que era sabido apoiavam a Fretilin. De facto eu fiz um relatório sobre direitos humanos sobre a ADF. Tenho também relatos deles dizerem a pessos nos distritos do leste para mudarem a sua lealdade em 2006. - Não sou membro da Fretilin estou apenas interessada na verdade.

Quando ao facto de Lu-Olo e Alkatiri terem participado na chamada das tropas internacionais, eles foram forçados por Xanana a enviar as F-FDTL de volta para os quartéis e a polícia tinha desertado, não tiveram escolha senão acordar em chamar ajuda do exterior, o que na minha opinião foi um erro grave dado que a Austrália estava à espera no horizonte para voltar a pôr os pés em Timor-Leste.

O facto é que a ADF nada fez para acalmar a violência, estavam parados a observar as casas a arder e virar pessoas a serem atacadas até haver muitas queixas contra o comportamento deles, e o facto de o muitíssimo maior número de deslocados ser da região leste, que é percebida ser aquela onde a Fretilin tem o maior apoio, apesar de obviamente ter membros em muitos dos distritos do oeste fala por si. Também alguns apoiantes da Fretilin dos distritos do oeste tiveram as casas queimadas.

Lidia Tindle

lidia.tindle@googlemail.com

New unrest flares in Timor-Leste, UN police reports

UN News Centre – 23 August 2007

Fighting involving 100 to 300 people armed with machetes, steel darts and bows broke out in Timor-Leste today, almost completely destroying a market in the town of Metinaro in the latest violence following inconclusive elections two months ago, the United Nations Police (UNPOL) reported today.

Latest reports indicate that trouble flared up again in the afternoon and 10 houses and a motorcycle were set on fire. The police and the fire brigade are in attendance. Three people were arrested. The International Stabilization Force (ISF) and other police units rushed to the scene, east of Dili, the capital.

Two people were also reported to have been killed in a confrontation in Ermera, another eastern region of the small South-East Asian country that the UN helped shepherd to independence from Indonesia in 2002, but no further details were available, UNPOL said.

In Dili, UNPOL attended to eight incidents, firing tear gas to control the crowds and arresting six people. Large groups engaged in sporadic fighting in the vicinity of Surik Mas and Bairo Pite.
Separately, a fire was also reported near the Comoro roundabout, which was extinguished with only minor damage. A small fight near Bebonuk primary school was also brought under control by police.

Timor-Leste has been shaken by unrest after the formation of a new government following the June elections, which failed to produce a single outright winner.

The UN enhanced its peacekeeping and policing roles in the country last year after violence attributed to differences between eastern and western regions killed at least 37 people and forced 155,000 others, 15 per cent of the population, to flee their homes.

Diggers accused of war crimes

AAP – August 24, 2007 12:15pm
By Max Blenkin

East Timorese rebel leader Alfredo Reinado has accused Australian troops of breaking the necks of two wounded men and killing civilians in a raid on his hideout.

Defence rejected the claims today.

Reinado's claims emerged in a report in the online edition of Time magazine.

Reinado accused the Australian soldiers of shooting dead one of his armed supporters while he was asking for a truce, killing two unarmed civilians and breaking the necks of two wounded men, on March 4.

"The way they do operation is like we are animals or enemy," he said in the article. "They come to teach us about the Geneva Convention. They are the ones that don't respect it."

Reinado, a former East Timorese army major, led the rebellion against the Fretilin government last year which sparked widespread violence and prompted the return of Australian troops.
Defence spokesman Brigadier Andrew Nikolic said Australian soldiers shot five armed supporters of Reinado in the raid on the village of Same, 110km south of Dili, on March 4.

"Defence has conducted a post-operation investigation regarding the Same operation in accordance with its normal processes. That investigation found that Australian personnel acted in self-defence when shot at by members of Reinado's group," he said.

Reinado's claims did not accurately reflect what happened, he said.

"In the early hours of 4 March 2007 during a confrontation with armed supporters of Alfredo Reinado, Australian soldiers acted in self-defence and returned fire resulting in the deaths of five of Reinado's men," he said.

"In a second incident on 4 March 2007, Defence can confirm that a Timorese man, detained on suspicion of association with the Reinado group, escaped. Neither this man, nor any detainee, Timorese national, unidentified civilian or ADF person was injured or killed as a result of this incident."

Brig. Nikolic said East Timorese authorities, including the Public Prosecutions Service, had reviewed the incidents and decided not to conduct further investigations.

Autopsies of the five dead men confirmed none had a broken neck.

Brig. Nikolic said Reinado was a fugitive from the Timorese criminal justice system who had threatened Australian troops.

In a separate, more recent incident, a junior officer is facing possible disciplinary action over the souveniring of three Fretilin flags by Australian troops.

That came close to sparking a major diplomatic incident, prompting apologies from those involved and public expression of regret from Brigadier John Hutcheson, commander of the Australian-led International Stabilisation Force.

Brig. Nikolic said an Australian patrol took the three flags as they passed through the village of Bercoli on the way from Viqueque to Baucau on August 18.

They were recovered and returned with apologies.

"The actions of the small number of International Stabilisation Force soldiers involved in taking the flags were inappropriate and culturally insensitive," Brig. Nikolic said.

Nota de Rodapé:

Reinado lá sabe dos métodos do exército australiano, por quem foi treinado na Austrália.

Timor: as razões do golpe

Odiario.info Online – 24.08.07

O golpe de estado em Timor promovido pelo tandem Xanana-Horta, só possível pela presença no território timorense das forças australianas, que cada vez mais se assumem como tropa de ocupação, pretende iniciar «um ciclo de independência tutelada, em subordinação ao “poder regional”, a Austrália».
José Paulo Gascão

Quando, em 28 de Novembro de 1992, ouvi as respostas de Xanana Gusmão na entrevista que lhe estava a ser feita na cadeia pelo governador de Timor nomeado pela Indonésia, não tive dúvidas de que tinha traído a sua luta anterior, os seus ideais, os seus companheiros da guerrilha. Apesar da pouca informação disponível, foi isso mesmo que escrevi no Jornal do Fundão seguinte, em 4 de Dezembro: “e não há que escamotear a questão: um lutador, um resistente durante 17 anos, no fim meia dúzia de dias nas mãos de torcionários, não resistiu e assumiu o papel de renegado”.

A informação que havia sobre Timor era escassa e as notícias davam a prisão como uma vitória da ditadura de Suharto. Pensei que fora mais um caso infelizmente semelhante a tantos outros. Incapaz de resistir à tortura, Xanana Gusmão, o até então líder da resistência armada timorense, passara-se de armas e bagagens para o lado do até aí seu inimigo. Por isso escrevi que “a sua [de Xanana] traição não é um crime menor do regime de torcionários de Suharto – pela violência mais brutal, desrespeitando os direitos mais elementares do Homem, transformá-lo ali, à nossa frente, num renegado, é um crime sem perdão”.

Enganei-me.

Mais tarde, noticiou-se que Xanana não fora preso mas desertara, que já antes da simulação da prisão passava semanas seguidas em casa de familiares em Dili, a negociar com os representantes da Indonésia em Timor, a sua vida futura. As suas condições na prisão, cumulado de mordomias e com um regime prisional inimaginável para um preso político, quanto mais para um guerrilheiro, tornaram ilegítimas quaisquer dúvidas.

Apesar do profundo golpe sofrido, a Fretilin e o povo timorense continuaram a sua luta, sempre ignorada pelos media, contra a ocupação Indonésia.

Se o massacre de Santa Cruz em 12 de Novembro de 1991 catapultou a luta do povo timorense para as primeiras páginas dos jornais, os heróis promovidos foram Xanana e Ramos Horta, ambos ausentes de Timor.

Ramos Horta, mais polido, sem o discurso sonolento e embrulhado de Xanana, sempre se moveu muito bem junto dos lobbys norte-americanos e mostrou saber conviver com o poder australiano. Daí não surpreender, nas negociações sobre o petróleo com a Austrália, a sua persistência na apresentação de três propostas todas elas “do agrado Howard Downer [Primeiro-Ministro australiano], mas cujo resultado era a diminuição dos recebimentos para o seu país”. (1)

Se em 2006 Timor recebeu já alguns milhões de dólares, proveniente de petróleo que havia sido explorado pela Austrália, a partir de 2007 os montantes vão crescer de forma considerável.
Enquanto o governo da Fretilin presidido por Mari Alkatiri tinha aprovado bases rigorosas, unanimemente reconhecidas como a melhor prática internacional e um meio transparente para a gestão das receitas nacionais do petróleo, Xanana Gusmão já em 2006 propunha “acabar(-se) com o controlo na utilização dos recebimentos do petróleo”.

Mas este golpe iniciado com o apoio de Xanana ao golpista Alfredo Reinaldo e a exigência do pedido de demissão do Primeiro-Ministro Mari Alkatiri, logo secundado por Ramos Horta, então ministro dos Negócios Estrangeiros, não seria possível sem o apoio claro da Austrália.

Em 9 de Junho de 2006, Howard, Primeiro-Ministro da Austrália, começou por afirmar, numa clara e inadmissível ingerência nos assuntos internos de Timor que o problema era uma “governabilidade pobre”. Dois dias depois, a 11 de Junho, interrogado sobre o que pensava a Austrália fazer respondeu: ”Estamos num caminho difícil de percorrer. Por um lado queremos ajudar, somos o poder regional, estamos em posição de fazê-lo. Temos a responsabilidade de ajudar, mas quero respeitar a independência dos timorenses. Por outro lado, eles devem desempenhar essa independência ou assumir a responsabilidade dessa independência com mais eficácia do que a têm tido nos últimos anos”…

A sintonia entre o tandem Xanana-Horta e o governo australiano era tão perfeita que Ramos Horta, então ministro dos Negócios Estrangeiros do governo presidido por Mari Alkatiri, à saída da inconclusiva reunião do Conselho de Estado em plena crise, logo completou a insinuação e o desejo do Primeiro–Ministro Australiano: “ o que agora é necessário é uma solução da actual crise política, o que implica, obviamente, que o Primeiro-Ministro vá no sentido que muita gente quer e se demita”.

Mas se Ramos Horta sabia o que fazia e dizia, Xanana apresentava provas de correr por conta alheia, chegando ao ponto de permitir, numa manifestação clara de que sabia quem mandava, que a mulher, uma australiana sem qualquer cargo em Timor, fosse à rádio nacional fazer uma declaração patética em seu nome!

A 26 de Junho, 15 dias depois da declaração da ingerência, Mari Alkatiri sai do governo, não sem antes denunciar que estava em curso um golpe de estado, o que agora se pretende consumar com o afastamento da Fretilin de todos os cargos de Estado, ao arrepio das regras constitucionais.

Ramos Horta, ao afastar inconstitucionalmente a Fretilin da indigitação do Primeiro-Ministro, que “avançou desde início com um Governo de Grande Inclusão”, como ele próprio havia proposto após as eleições, pretende concluir o golpe de estado iniciado há ano e meio, e dar início a um ciclo de independência tutelada, em subordinação ao “poder regional”.

(1) Tim Anderson, Professor de Política Económica da Universidade de Sydney, Independência: Eleições em Timor Leste, in Sinpermiso

Timor-Leste: Presidente reúne com Reinado

Correio da Manhã – 24 de Agosto de 2007

Patrulha da GNR prende desordeiros
F. J. Gonçalves

A força da GNR ao serviço em Timor-Leste controlou ontem distúrbios em Metinaro, localidade a 25 km de Díli, realizando a detenção de três jovens com idades entre 18 e 20 anos.

Fontes em Timor afirmaram ao Correio da Manhã que grupos de jovens rivais envolveram-se em batalhas, disparando setas e lanças. Algumas casas foram incendiadas durante os distúrbios mas não há vítimas a lamentar.

Os militares da GNR, chamados ao local pelas nove horas da manhã, foram atacados, mas controlaram a situação e fizeram uma primeira detenção. As restantes aconteceram ao início da tarde, quando a violência se reacendeu na localidade.

Aproveitando a actual situação de concórdia, o presidente José Ramos-Horta encontrou-se com o major rebelde Alfredo Reinado para negociar a sua rendição. Durante o encontro, realizado no domingo, ambas as partes “manifestaram apoio a um processo de diálogo”, afirmou o Centro para o Diálogo Humanitário.

«Timor já não necessita de medidas de excepção»

Portugal Diário – 2007/08/24-15:05

Disse Ramos-Horta em Jacarta, onde se deslocou para discutir situação política e social do país.
O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, disse hoje no Parlamento que Timor-Leste «precisa mais de uma força policial do que uma força de paz», devido à disponibilidade da Austrália em manter-se no país até Dezembro, noticia a agência Lusa.

Ramos-Horta esteve hoje no Parlamento depois de se ter deslocado quarta -feira a Jacarta para participar num fórum da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Em Jacarta, Ramos-Horta encontrou-se com o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros Nur Hassan Wirajuda, a quem fez «um ponto da situação política e social» em Timor-Leste, segundo comunicado do seu gabinete.

Na sessão parlamentar, que demorou pouco mais 90 minutos, o chefe do Governo de Timor-Leste recordou que as próximas eleições devem «ser organizadas por um órgão independente que assuma também a fiscalização do acto eleitoral».

Ramos-Horta garantiu ainda aos deputados que entre o Governo e a Presidência da República «existe uma grande coordenação» e que o Conselho de Estado entendeu que não seria necessário prorrogar as medidas de excepção de segurança que tinham sido aplicadas em Maio.
O primeiro-ministro timorense aproveitou também para explicar aos deputados o processo de reactivação da Polícia Nacional e os objectivos da comissão de avaliação daquela força, já aprovada em Conselho de Ministros.

Aos deputados, Ramos-Horta garantiu ainda que o Governo está «preocupado» com a situação dos deslocados, aos quais «irá continuar a prestar assistência humanitária», ao mesmo tempo que fará o «possível para que estes regressem às suas casas antes do tempo da chuva», entre o final do ano e o início de 2007.

«O Governo irá implementar um plano de construção de habitações para os mais necessitados», disse, salientando que entre as causas da crise no país também estiveram os problemas sociais e económicos de Timor-Leste.

Nota de Rodapé:

Será que Ramos-Horta ainda pensa que é Primeiro-Ministro ou que é o porta-voz do Governo?...

Há falta de melhor...

East Timor: Fretilin says no to joining government as calm returns to capital

Dili, 24 August (AKI) - As a veneer of calm descends on East Timor after Thursday's clashes, the political tension remains high.

In an interview with Adnkronos International (AKI) Jose Texeira, an MP with the largest party, Fretilin, said that his party will not accept prime minister Xanana Gusmao's invitation to join his government.

"Fretilin will not join the government. That is for sure," he said. "We still consider the current government unconstitutional and we will have no part in it."

The daily Timor Post quoted Gusmao as saying "there will be Fretilin people sitting in the government cabinet."

The paper also cited deputy prime minister Jose Luis Guterres as saying "I know that the prime minister has sent several letters to a Fretilin leader to ask whether several party members can come into this government."

Guterres is a former Fretilin member, who led a group of defectors into Gusmao's camp prior to the election.

The alleged overture is widely seen as a gesture to appease Fretilin, who won the largest share of the vote in the June polls but was left out of government after president Jose Ramos-Horta decided to appoint Fretilin rival Gusmao as premier.

Gusmao leads a coalition of four minority parties that controls 37 of the 65 seats in parliament.

Gusmao's appointment has been labelled as unconstitutional by Fretilin, which had also said to be willing to lead a government of national unity

Fretilin secretary general, Mari Alkatiri, has stated that Ramos-Horta should have allowed Fretilin to form a minority government and then let parliament decide whether to accept its programme.

Ramos-Horta refused on the ground that it would have led to more instability.

If a government's programme is voted down twice by MPs, the president is left with little option but to dissolve the parliament and call for a new vote.

Gusmao's appointment has also led to sporadic clashes between supporters of the two fronts.

Clashes were reported in several parts of the country on Thursday and two people have been confirmed dead.

Sources in Dili however reported the situation was calmer on Friday at least in the capital, where international peacekeepers and UN police are patrolling the territory.

The UN enhanced its peacekeeping and policing roles in the country last year after clashes broadly between ethnic groups from the east and west of the country killed at least 37 people and forced 150,000 others to flee their homes.

Fretilin lately gained the lion share of its vote in the three eastern districts, where it is now seen as the defender of easterners' rights.

Dos Leitores

Comentário na sua mensagem "Defence Rejects Unfounded Timor Allegations":

Dear Maukita Gagita,

I am very sorry to tell you it is true, it was not propaganda launched by anyone. I was living in Timor Leste at the time, the ADF's behaviour was disgraceful, they went into barios all over Dili, making statements like this. I was constantly phoned for help because the ADF were causing problems for people who were known to support Fretilin. In fact I did a human rights report on the ADF. I also have accounts of them telling people in the eastern districts to change their alliance in 2006. - I'm not a Fretilin member just interested in the truth.

As to Lu-Olo and Alkatiri taking part in calling for international troops, when they were forced to send F-FDTL back to barracks by Xanana and the police had deserted, they had little choice but to agree to calling on outside help, which in my opinion was a grave mistake as Australia had been waiting on the horizon to get a foot back into Timor Leste.

Fact that the ADF did nothing to quell the violence, stood by and watched houses burning and watched attacks on people until there were many complaints on their behaviour, and the fact that by far the highest number of IDP's are from the eastern region, which is perceived to be where Fretilin has the largest support, though of course it has members in many of the western districts speaks volumes. Some Fretilin supporters from the western districts had there houses burnt as well.

Lidia Tindle

lidia.tindle@googlemail.com

Dos Leitores

Jose Terena deixou um novo comentário na sua mensagem "Defence Rejects Unfounded Timor Allegations":

O comunicado das Forcas Armadas da Australia diz que Alfredo Reinado "is a fugitive from the Timorese criminal justice system and who has threatened the safety of Australian troops." Não há novidade nesta afirmação.

Uma grande falha no documento esta em não informar os motivos pelos quais os australianos não cumprem o mandato de captura emitido contra o ex-major. A ordem foi recentemente confirmada pela Justiça, mas ele continua concedendo entrevistas e se encontrando com figuras publicas sem que nada lhe aconteça.

A denuncia tardia feita no comunicado somente pode ser explicada como retaliação pelo fato de um protegido ter revelado uma parte dos métodos de repressão utilizados pelas tropas de ocupação australianas. Outras demonstrações de forca contra um povo desarmado já vieram a publico, incluídos ataques contra acampamentos de deslocados em Dili, mas os detalhes são novos e bastante reveladores.

As declarações do ex-major devem ser levadas a sério. Ele foi treinado em quartéis australianos e certamente conhece por dentro o pensamento expansionista da direita militar e civil que, em defesa dos seus interesses, conduzem uma politica externa agressiva.

Estas informações são úteis para se avaliar ate onde poderão chegar os dirigentes da Austrália, em termos de ocupação e repressão, na sua tentativa de controlar recursos energéticos e posições estratégicas na região.

Também constituem um alerta aos colaboracionistas que criaram condições para esta nova ocupação estrangeira. Quando se trata de garantir o controle sobre milhões de dólares em gás e petróleo, para os dirigentes australianos a prioridade esta na defesa dos seus interesses. Não há amigos nem aliados eternos. Mais cedo ou mais tarde também estes podem parar na linha de fogo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.