quarta-feira, junho 21, 2006

Obrigado, Margarida.

Tradução:

Petróleo, gás e poder
Por detrás da intervenção da Austrália em Timor-Leste

Por: John Catalinotto
Workers World

Publicado Junho 8, 2006 8:55 PM

Uma intervenção militar liderada pelos Australianos pôs Timor-Leste de regresso aos cabeçalhos dos media, quatro anos depois da sua independência. Mais de 2,500 tropas e polícias — alguns 1,500 da Austrália, e o resto da Nova Zelândia, Malásia e Portugal — aterraram em Dili, a capital de Timor-Leste, por volta de 5 de Junho.

O destacamento dessas tropas e polícias segue-se a uma rebelião, começada em Março por cerca de um terço das suas 1,800 tropas, nas forças armadas Timorenses, e uma semana de lutas de ruas em Maio entre grupos em Dili chamados “gangs” nos media dos grandes negócios. Dezenas de milhares de Timorenses fugiram das redondezas de Dili onde têm queimado casas e as lutas continuam.

Apesar do governo Timorense ter convidado oficialmente a intervenção da Austrália, há três razões que muitos suspeitam levaram o governo Australiano a ter um papel no provocar da crise que desestabilizou Timor_leste.

Só demorou dois dias depois do convite para o governo Australiano fazer aterrar 1,500 tropas em Dili. Tal destacamento requere preparação.

O líder nominal das tropas Timorenses que se rebelaram, Maj. Alfredo Alves Reinado, recebeu treino em Canberra, Austrália, somente três meses antes da intervenção militar.

E Timor-Leste e a Austrália têm estado embrulhadas sobre a exploração das substanciais reservas de petróleo e gás localizadas no oceano entre os dois países, na área conhecida como Timor Gap.

Estrada sangrenta para a independência

Timor-Leste tem um tamanho parecido com o de Massachusetts e uma população de cerca de 900,000, ocupa a metade leste duma ilha no fim sudeste do arquipélago Indonésio no Oceano Índico. Fica a cerca de 200 milhas da costa norte da Austrália.

O destino dos Timorenses tem sido complicado pelo papel da Austrália e da Indonésia, que são os dois poderes regionais; de Portugal, que é a antigo potência colonial; e do imperialismo dos USA, um antigo fiador dos sangrentos militares indonésios.

Depois de 400 anos como uma colónia Portuguesa, Timor-Leste esteve perto da independência em 1975. Um ano antes, guerras de libertação nacional nas colónias africanas de Portugal tinham aberto uma revolução no próprio Portugal contra o regime fascista colonial lá. Em 1975, o novo governo Português estava a alcançar acordos com todos os movimentos de libertação nacional nas colónias, na base de auto-determinação, de modo a parar a luta. Essas negociações incluiam um acordo com a Fretilin, o movimento de libertação nacional em Timor-Leste.

Estrategistas dos USA, contudo, estavam preocupados que a Fretilin a transformasse num país pro-socialista: uma “Cuba no Oceano Índico.”

Em Dezembro 1975, quando Portugal anunciou que iria terminar o seu domínio colonial sobre Timor-Leste, o regime Indonésio — dirigido pelo ditador militar Suharto — preparou uma invasão em Timor-Leste.

Durante uma reunião em Jakarta mesmo antes da invasão, Suharto disse ao Presidente dos USA, Gerald Ford e ao seu Secretário de Estado Henry Kissinger acerca dos planos para invadir Timor-Leste.

“Nós compreenderemos e não o pressionaremos sobre o assunto,” respondeu Ford, de acordo com documentos do governo dos USA. Kissinger acrescentou, “É importante que seja o que for que façam, que o façam rapidamente.”

A invasão que se seguiu e os 24 anos de ocupação custaram a vida a 200,000 Timorenses — cerca de um terço da população. Mas o governo dos USA permaneceu um aliado firme da Indonésia, sobrepondo a sua aliança estratégica com o regime anti-comunista de Suharto às vidas dos Timorenses. A Fretilin empreendeu uma luta heróica, mas teve perdas pesadas.

Quando o governo de Suharto foi finalmente removido na Indonésia em 1998, os Timorenses organizaram um referendo e votaram esmagadoramente pela independência. Em resposta, as milícias pro-Indonésias lançaram um banho de sangue. Os grupos Timorenses requereram assistência à Austrália e a outros países. Em 20 de Maio, 2002, os Timorenses finalmente estabeleceram um novo, independente Timor-Leste.

Petróleo e a crise corrente

Hoje, Timor-Leste – um dos mais pobres países do mundo — tem a expectativa de um rendimento potencial de $25 biliões dos depósitos de petróleo e de gás nos próximos 20 anos — se tudo não lhes for tirado.

No ano passado, o governo Australiano pressionou continuamente o Primeiro Ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, a renunciar a direitos desses recursos. De acordo com a Lei Internacional das Fronteiras, 80 por cento do petróleo e do gás estão debaixo de águas Timorenses. A Austrália tem insistido numa divisão de 50-50.

A Austrália tem também alinhado internacionalmente com o imperialismo dos USA e do UK, mandando tropas para o Iraque e o Afeganistão. Na percussão dos seus próprios interesses económicos, tropas Australianas também foram para a Papua Nova Guiné.

Mesmo apesar de navios militares Australianos estarem nas águas de Timor durante o congresso da Fretilin, em 17-19 de Maio último, e a Austrália ser agudamente crítica de Alkatiri, a antiga frente de libertação, escolheu-o outra vez como seu líder. A Fretilin, que ganhou 57 por cento dos votos nas eleições de 2001, é de longe o partido mais popular. Como partido de governo, tinha também seleccionado Alkatiri como primeiro ministro em 2002.

Alkatiri tinha convidado algumas dúzias de doutores Cubanos e enviou alguns Timorenses para Cuba para estudar medicina. Estas pequenas tentativas para melhorar a vida dos Timorenses levantaram acusações do Major Reinado e de outros que Alkatiri é um “comunista.” O governo Australiano e os media chamam-lhe “incompetente.”

A verdade é que ele tem tentado obter um melhor pedaço para Timor do rendimento do petróleo e do gás.

Alguns outros líderes políticos Timorenses que são opositores de Alkatiri — tais como o Presidente Xanana Gusmão e o Ministro dos Estrangeiros José Ramos-Horta — também têm raízes no movimento da independência. Mas Alkatiri tem o apoio da Fretilin e tem sido dito que mobilizaria 100,000 apoiantes se é deposto. Esta talvez seja a única razão porque tem sobrevivido tanto.

Em Março, alguns 600 soldados Timorenses fizeram greve, queixando-se de discriminação porque eram do lado ocidental do país. Falam a mesma língua e partilham a mesma religião das pessoas do lado oriental. A diferença mais importante é que as pessoas da parte ocidental, acredita-se terem colaborado mais com a ocupação indonésia. Alkatiri despediu os soldados, por isso eles se rebelaram.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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