Díli, 20 Jun (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, gar antiu hoje nunca ter dado ordens para matar os seus adversários políticos, rejei tando acusações de que ordenou a distribuição de armas a civis para esse efeito.
"Eu nunca dei ordens para matar ninguém, antes pelo contrário. Nunca de i armas a ninguém. Tenho a consciência tranquila", afirmou Mari Alkatiri, em ent revista à Lusa e RTP, em Díli.
Mari Alkatiri respondia às acusações formuladas pelo militante da FRETI LIN Vicente da Conceição "Railos", um veterano da resistência contra a ocupação indonésia, e que estão na base da abertura pelo Ministério Público de um process o de averiguações contra o seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato.
Sobre Vicente da Conceição "Railos", o primeiro-ministro revelou ter re cebido hoje de manhã um telefonema daquele militante da FRETILIN.
"Interessante que ele telefonou-me esta manhã para me pedir desculpas p elo que disse. Na verdade, ele sabe melhor que ninguém que não tenho nada a ver com isso", afirmou Alkatiri.
O comandante "Railos" denunciou há cerca de duas semanas ter recebido a rmas e fardamento de uma das unidades de elite da Polícia Nacional de Timor-Lest e (PNTL) e um plano de acção que visava eliminar adversários políticos do primei ro-ministro e da FRETILIN.
Segundo "Railos", o plano e as armas foram alegadamente distribuídos pe lo ex-ministro Rogério Lobato, que tutelava a PNTL, seguindo indicações de Mari Alkatiri, na sequência de uma reunião em casa do primeiro-ministro.
Referindo-se às declarações de "Railos", proferidas segunda-feira em Le utala, 50 quilómetros a oeste de Díli, na sequência de uma visita àquela aldeia do ministro da Defesa, José Ramos Horta, o primeiro-ministro rejeitou as acusaçõ es.
"Depois de tantos 'abaixo Alkatri', recebi hoje um telefonema do senhor 'Railos'. Ele pediu algumas coisas, claro que eu não vou mandar nada, porque nã o estou aqui para alimentar pessoas que usam fardas e armas da polícia, e estão completamente fora das instituições e aceitam ser instrumentos de outrem no assa lto ao poder", frisou.
Questionado se o seu governo e a FRETILIN saem fragilizados deste proce sso, Mari Alkatiri disse não ter "dúvidas nenhumas" sobre esse objectivo.
"Esse é o objectivo. Não haja dúvidas: fragilizar o governo e ao fazê-l o, fragilizar a FRETILIN. Talvez seja uma esperança de reduzir a vantagem da FRE TILIN para as eleições de 2007", respondeu.
A FRETILIN venceu confortavelmente as primeiras eleições gerais, realiz adas em 2001, com 57,37 por cento.
Quanto à abertura de um processo de averiguações contra Rogério Lobato, que é também vice-presidente da FRETILIN, Mari Alkatiri considerou que o facto da investigação se iniciar desta maneira indicia uma "perseguição".
"Acho que começar logo por ele dá um sentido de perseguição. Mas tudo b em, se nós próprios tomámos a decisão de fazer um inquérito, tem que começar por alguém", afirmou.
Alkatiri disse estar disponível para colaborar com os investigadores, s e para tal for solicitado.
"Naturalmente que tenho consciência disso [de que pode ser solicitado a prestar declarações] e também tenho a consciência bem tranquila", disse.
Implicado por "Railos" no processo de distribuição de armas a outros gr upos de militantes da FRETILIN, Mari Alkatiri rejeita essa terminologia.
"Implicado não é a melhor palavra para ser usada. Mas se for solicitado para depor, irei", assegurou.
Com o processo de averiguações a começar pela audição de Rogério Lobato , Mari Alkatiri disse que falou hoje ao telefone por duas vezes com o seu ex-min istro.
"E falei uma vez presencialmente, olhos nos olhos. Ele disse-me que vai depor. Porque é que não há-de depor?", questionou.
Em entrevista publicada na última edição do semanário Expresso, Rogério Lobato reconheceu que preparou o grupo de "Railos" para ajudar a polícia a "act uar numa situação de guerrilha".
A este respeito, Mari Alkatiri comentou que se Rogério Lobato admitiu t er preparado o grupo "vai ter agora de apresentar a justificação das suas razões ".
Rogério Lobato "é um indivíduo responsável", sublinhou.
Relativamente à existência de grupos armados, Mari Alkatiri reconheceu ser tradicional em Timor a existência do que denominou "unidades de segunda linh a".
"Neste país sempre houve, historicamente, as unidades de segunda linha.
Sempre houve. Já no tempo português havia a segunda linha, de tal forma que a f ronteira era guardada por essas unidades. E as primeiras forças da FRETILIN eram da fronteira, formadas pela segunda linha", recordou.
O primeiro-ministro timorense garantiu que não foram criadas unidades d e segunda linha com o objectivo de eliminar os seus adversários políticos.
"Isso de certeza que não. Falei com ele [Rogério Lobato] hoje e depois de ter dado a entrevista ao Expresso. Não há de certeza interesse nenhum. Muito menos de liquidar todos os peticionários. Isso seria um massacre", salientou, re ferindo-se aos cerca de 600 ex-membros das forças armadas, cujo afastamento este ve na base do actual conflito em Timor-Leste.
"Francamente. E abater um [Fernando] Lasama (líder do maior partido da oposição, o Partido Democrático)? Qual o interesse da FRETILIN em abater o presi dente de um outro partido? Isso tudo soa-me a manipulação", continuou.
A referência aos peticionários e aos líderes da oposição como constando da alegada lista de alvos a eliminar foi feita segunda-feira por "Railos".
"Como se utilizaram todos os argumentos para tentar denegrir alguém, pa ra tentar endemoninhar alguém, agora têm que utilizar mais um. Depois disto não sei o que virá. Estou convencido que não vão ficar por aqui", acrescentou Mari A lkatiri.
EL.
quarta-feira, junho 21, 2006
"Eu nunca dei ordens para matar ninguém" PM Alkatiri
Por Malai Azul 2 à(s) 05:56
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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