terça-feira, fevereiro 12, 2008

Declarado o estado de sítio em Timor

JN, 12/02/08

Paulo F. Silva *

Com 45 minutos de diferença, nos arredores de Díli, o presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, foram alvo de um duplo atentado às primeiras horas da manhã. O regime timorense esteve à beira de cair às mãos do major rebelde Alfredo Reinado, que foi abatido pelas forças de segurança do presidente. Alvejado por duas balas, Ramos-Horta foi submetido a duas intervenções cirúrgicas (em Díli e em Darwin, na Austrália). Xanana Gusmão saiu ileso e, ao fim da manhã, declarou o estado de sítio em todo o território, com o correspondente recolher obrigatório entre as 20 e as 6 horas locais. A comunidade internacional uniu-se num raro coro unânime de protesto, com a condenação "nos mais fortes termos possíveis" do Conselho de Segurança das Nações Unidas à cabeça.

Aparentemente, Ramos-Hortas está livre de perigo (ver texto ao lado) e as próximas 24 a 48 horas, na unidade de cuidados intensivos do Royal Darwin Hospital, serão determinantes.

As circunstâncias estranhas em que o duplo atentado ocorreu constituem, de momento, um grande mistério. A escolta presidencial não pediu sequer socorro em tempo útil, para evitar que Ramos-Horta (no seu "jogging" matinal e avisado de um primeiro tiroteio) fosse vítima de uma segunda carga (ver página 4). E estranha-se que ninguém tenha ouvido os alertas de há uma semana do comandante das forças de Defesa de Timor, brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

Na impossibilidade de Ramos--Horta, Timor é presidido interinamente por Vicente Guterres, vice-presidente do Parlamento timorense, visto que o presidente daquele órgão de soberania, Fernando "La Sama" Araújo, está em Lisboa, onde, ontem, foi recebido pelo presidente da República, Cavaco Silva.

A pedido de Timor, que deseja um aumento "substancial e significativo" de forças militares e policiais, a Austrália anunciou um reforço "imediato e forte". "Vamos responder de forma imediata com o envio de uma companhia (das Forças de Defesa) e o destacamento de entre 50 e 70 agentes policiais", disse o primeiro-ministro Kevin Rudd em Camberra. Os primeiros homens chegam hojea Díli. A caminho, vai uma fragata, também.

Posição ligeiramente diferente assumiu Portugal. Numa reunião de 30 minutos com o primeiro-ministro,"La Sama" Araújo ouviu que, neste momento, é prematuro falar em novos apoios de Portugal. Segundo Sócrates, um eventual aumento do número de militares da GNR em Timor terá de passar por uma avaliação que será necessariamente feita no âmbito das Nações Unidas.

A condenação internacional, além de unânime, foi rápida. O presidente das Comissão Europeia, Durão Barroso, classificou os atentados como um "ataque brutal" contra a "jovem democracia de Timor-Leste".

Para Ana Gomes, antiga embaixadora de Portugal na Indonésia, os ataques de ontem resultam de uma "atitude contemporizadora" para com Reinado.

* com agências

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Traduções

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Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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