Díli, 29 Out (Lusa) - A FRETILIN considera que a crise em Timor-Leste conduzirá a um "Plano B" que prevê o recurso a "actos terroristas mais selectivos ", pensado por "actores internos e externos" com o fim de destruir a ordem institucional.
Um relatório da comissão das Nações Unidas, divulgado na semana passada , aconselha ao aprofundamento das investigações sobre o eventual papel do antigo primeiro-ministro, Mari Alkatiri, na decisão de distribuir de armas a civis, al udindo ainda a responsabilidades dos ex-ministros da Defesa (Roque Rodrigues), d o Interior (Rogério Lobato) e do comandante das Forças Armadas (Taur Matan Ruak) na gestão dos confrontos violentos que eclodiram em Abril último em Timor-Leste .
Reagindo a este documento, e analisando o regresso da violência às ruas de Díli, na última semana, o Comité Central da FRETILIN, reunido hoje na capita l timorense, defendeu que a actual crise é mais um reflexo dos esforços encetados há quatro anos, quando da formação do primeiro governo constitucional, "para pôr em causa a ordem constitucional" envolvendo "actores internos e externos" que , todavia, não são identificados.
Na reunião do Comité Central da FRETILIN, co-presidida por Francisco Gu terres "Lu-Olo", presidente do partido, e Mari Alkatiri, secretário-geral, foram aprovados dois documentos: "Análise da Situação e Perspectivas" e "Declaração - A Hora de Reafirmação".
No primeiro documento, de seis páginas, a FRETILIN evidencia uma tomada de posição extremamente critica, considerando que a crise assenta "essencialmen te num conflito de natureza política onde o desrespeito pela ordem constituciona l democrática e os meios e formas de agir reflectem o carácter profundamente ant i-democrático e golpista".
Segundo esta tese, este plano conspirativo terá começado logo em 2002, com "a tentativa de forçar a criação de um Governo de Unidade Nacional", tendo a ssumido, ainda segundo a FRETILIN, diversas formas até à crise actual.
"Durante estes quatro anos, um plano bem traçado de contra-inteligência foi sendo implementado" e dele fizeram parte a exploração de alegadas rivalidad es e de um "clima de suspeição mútua" entre as forças armadas e a polícia nacion al.
A utilização na imprensa do boato "para manchar a imagem do governo, em particular do primeiro-ministro" (Mari Alkatiri), tentanto "aprofundar as difer enças de postura" entre o Presidente da República e o chefe do governo, os esfor ços para dividir a FRETILIN e a organização de manifestações anti-governamentais foram os mecanismos identificados pela FRETILIN no referido "plano de contra-inteligência".
A FRETILIN alerta ainda para a criação de um "clima de caos e de ingovernabilidade", bem como para o aliciamento das forças armadas no sentido de parti ciparem num golpe que derrubasse o I Governo Constitucional.
"A crise (...) resultou de acções conjugadas e próprias de uma conspiração muito bem urdida e bem executada", lê-se ainda no referido documento. A utilização da imprensa, designadamente da australiana, foi fundamental para cumprir com eficácia o alegado plano.
Em virtude dos objectivos previstos não terem sido "totalmente atingidos", a FFRETILIN acredita que os mesmos responsáveis, nunca descritos nem nomeado s, vão agora lançar mão de um denominado "Plano B", que inclui actos terroristas "mais selectivos".
"Acredita-se na possibilidade da entrada em execução do 'Plano B', que se crê ser de acção mais selectiva de terrorismo, por um lado, e de utilização m ais cuidadosa e extensiva" de medidas de vários tipos.
A FRETILIN salienta que essas medidas, de carácter político, administrativo, económico e de justiça visam "reduzir ainda mais a autoridade do Estado, d ecepar a Nação da sua liderança histórica, incitar as populações para obter a su a reacção generalizada".
O objectivo é "criar um clima de instabilidade social e política de modo a declarar Timor-Leste um Estado falhado e assim intervir com mais força ainda em nome das necessidades humanitárias e da segurança regional e internacional", denuncia-se no documento.
"Um país como Timor-Leste, nascido de uma longa Luta pela Libertação na cional, vale por aquilo que vale a determinação do seu povo e a capacidade da su a Liderança de mobilizar e unir este povo em torno das grandes metas da Nação", destaca-se no documento.
"A liderança histórica caiu numa armadilha bem traçada, numa conspiração bem planeada, envolvendo actores internos e externos" e a forma de impedir a e xecução do plano alegadamente traçado assenta no reconhecimento "unânime e sem c omplexos" que se deu "espaço à manipulação política", que "existem responsabilid ades colectivas e individuais" e que as responsabilidades sejam objecto de "análise profunda e que as causas da crise sejam reconhecidas".
Divulgar "toda a verdade ao povo" e accionar os mecanismos judiciais co nstituem os últimos pontos do acto de contrição defendido pela FRETILIN.
"Assim, nesta hora crucial de decisão, a liderança timorense deve saber ultrapassar as suas diferenças e lutar juntos pela reafirmação da dignidade nac ional, pelo restabelecimento da Lei e da Ordem, pela reposição da autoridade do Estado em todos os domínios, pela soberania e independência nacionais", frisa-se no documento.
Para tal, quer o governo quer o Parlamento "devem mostrar mais autoridade na defesa da soberania do Estado".
"Devem ser tomadas medidas mais fortes com vista à normalização da segurança e a rápida reactivação" da polícia Nacional, de molde a permitir o regress o dos deslocados às suas áreas de residência.
"Todo o povo espera que isto aconteça e aconteça já", conclui o documento.
A crise político-militar em Timor-Leste, desencadeada em Abril, provocou mais de meia centena de mortos e a fuga de cerca de 180 mil pessoas.
Esse clima de instabilidade motivou a intervenção de forças militares a ustralianas, neozelandesas e malaias, a 25 de Maio, encontrando-se ainda hoje em Timor-Leste cerca de 1.000 soldados australianos e forças policiais de 15 paíse s, entre os quais 140 portugueses da GNR e 37 da PSP.
Politicamente, o conflito ditou a demissão de Mari Alkatiri e a nomeaçã o de José Ramos-Horta como primeiro-ministro.
EL-Lusa/Fim
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segunda-feira, outubro 30, 2006
FRETILIN acusa "actores internos e externos" de "plano B" e terrorismo
Por Malai Azul 2 à(s) 12:52
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
4 comentários:
Ja leram o que diz este esse cara sobre as organizacoes de artes marciais no Timor?
Anonymous said...
So uma correccao:
"O seu gang, o Coração Sagrado" - diz o texto deste post.
No telejornal de ontem da RTTL mostravam imagens de um funeral de um rapaz a quem - explicavam os familiares enlutados - alguem tinha decepado completamente a cabeca, depois de ele ter desaparecido quando se dirigia para a Universidade para se inscrever. Muitos dos jovens presentes no funeral usavam uniformes e insignias da Perguruan Seni Ilmu Beladiri Kung Fu Ikatan Keluarga Silat "Putera Indonesia" Kera Sakti - esta e uma escola (ou estilo) de kung fu nascida na Indonesia, conhecida habitualmente apenas por "Kera Sakti", que nao e "Coracao Sagrado" mas sim "Macaco Sagrado", o que tem a ver com o facto de os movimentos marciais se inspirarem, como em muitos outros estilos de wu shu, nos movimentos de um animal, neste caso o macaco. Para mais informacao consultar
http://webzoom.freewebs.com/jpesperanca/Tudo_sobre_as_artes_marciais_em_Timor.pdf
Sexta-feira, Outubro 27, 2006 5:16:57 PM
A Fretilin deveria fazer um pouco de investigacao sociologica no Timor antes de andar espalhando baboseiras sobre acao de terroristas...
La voltamos nos `as conspiracoes para as quais "nao consiguimos precisar". Agora ate ja existe um "plano B". Vejam so isto.
Esta mais que claro que isto sim nao passa se um "plano" concertado do grupo de Maputo para distrair as atencoes do relatorio da Comissao Especial de Inquerito e as suas recomendacoes e fugir a justica.
Alias o que pretendem estes senhores? Que seja formado um tribunal politico constituido por comissarios politicos?
E que tal processar os autores dos crimes comprovados pela CEI?
Soe piadas deit desde uluk.....Fretilin nunca barani atu hatudu se los mak actor interna e externa.....
Biasa mau lempar batu sembunyi tangan....
makan itu partai mu...
Se a maralha da Fretilim vem agora bla, bla, bla conspiracao, plano B etc...eu julgo que ja sabiam disso desde 2002 e nada fizeram para travar?So mais uma vez demonstra que sao incompetentes e que os "conspiradores" sao mais inteligentes e consequentemente devem governar.Depois do inquerito da ONU, vem a Comissao do parlamento para analizar o inquerito da ONU e, depois vem a Comissao dos conspiradores para analizar a do parlamento.Depois vem a judicial para analizar a dos conspiradores, parlamento e da ONU.
Quando e que vao comecar a portar-se como adultos?
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