Lisboa, 28 Mai (Lusa) - A actual crise que se vive em Timor-Leste é um resultado directo de "falhas espectaculares múltiplas" da liderança timorense, das Nações Unidas e da Austrália, de acordo com o editorial do jornal australiano Sunday Age.
O jornal refere um relatório de 2002 do Australian Strategic Policy Institute, que já antecipava, na altura, problemas nas forças de defesa e segurança de Timor-Leste que "podem desenvolver-se de formas indesejáveis".
É no entanto à liderança política e militar timorense que o Sunday Age atribui a "principal responsabilidade" pela actual crise, considerando que não souberam responder adequadamente à situação criada pelos soldados peticionários que foram, posteriormente, demitidos das F-FDTL, e por não terem "nem vontade nem capacidade para definir um papel para o seu exército".
Enumerando vários líderes timorenses, o jornal considera que perante o desenvolvimento da crise, o Presidente da República, Xanana Gusmão, "pareceu tímido e desligado, emocional e fisicamente imobilizado na sua residência nas montanhas frescas sobre o Díli quente".
Sobre Mari Alkatiri, o jornal considera que tem sido "provocador e inflexível, indiferente às queixas dos soldados e cego à crise de segurança criada pelas deserções", considerando que o ministro da Defesa, Roque Rodrigues, foi "fatalmente incompetente, ignorando conselhos que poderiam ter prevenido o desastre".
Relativamente ao ministro do Interior, Rogério Lobato, o jornal refere que se mostrou "empenhado na intriga, explorando a deslealdade e os protestos enquanto procurava moldar a polícia nacional como um feudo pessoal".
O Sunday Age critica ainda Ramos-Horta notando que o chefe da diplomacia timorense "falhou em avaliar a amplitude da crise", e recordando que há duas semanas o próprio rejeitou a necessidade de apoio militar ou policial internacional.
No que toca à ONU, o jornal refere que a crise representa "o colapso da sua montra de sucesso na criação de uma nação", em particular pelos compromissos falhados com que criou o exército timorense.
ASP.
domingo, maio 28, 2006
Líderes timorenses, ONU, Camberra criticados na imprensa Austrália
Por Malai Azul 2 à(s) 10:55
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
8 comentários:
E sobre a actuação, ou seja, não actuação dos militares australianos?!!!!
As imagens que estão a passar na BBC World são impressionantes: jovens a atacar, atterrorizar e queimar - e os militares australianos a olhar, parados, impassíveis!
O que fazem os jornalistas portugueses em Timor???????
Obvio.
Falhanços estão a ser colectivos, nas lideranças timorenses.
Mas a ONU não tem a consciência do que faz, ou não faz, nestes casos.
3 anos para construir um País?
Pobres burocratas, e coitadas de todas as diplomacia circundantes. Devem ter sentido alivio e por certo a consciencia tranquila quando a ONU decidiu retirar.
Limpem agora as mãos à parede!
Nota: Leiam com atenção os dois últimos parágrafos
Editorial do Jornal Público, sexta-feira, 26 de Maio de 2006:
"O mundo é sempre mais difícil do que se pensa
A interrogação é inevitável: será que, depois de tanta luta e tanto sofrimento para obter a sua independência, Timor-Leste se pode transformar num Estado falhado? Será que não bastava a pobreza, também tinha de regressar a divisão e pairar a ameaça de guerra civil?
Todos desejamos que este prognóstico sombrio não se cumpra, mas o que se está a passar em Timor-Leste deve obrigar-nos a maior frieza e a muito mais cepticismo e determinação quando se lida com países tão frágeis. Na verdade a primeira indicação que podemos tirar dos acontecimentos dos últimos dias é que quase todos se enganaram quando traçaram um retrato cor-de-rosa do "milagre" da transição timorense. Que muitas vezes quisemos fechar os olhos às tensões que afloravam aqui e além, acreditando mais depressa na "bondade" natural do povo e na sua insuperável "coragem". Estes retratos voluntaristas, mesmo que alimentados por uma história a todos os títulos exemplar, cegam-nos para os problemas que construir um país - e era disso que se tratava - sempre implica.
Timor-Leste era e é pobre; não possui uma elite nem política, nem económica, a maioria da população é muito jovem, não tem trabalho e possui a agressividade natural de quem atravessa esse período da vida; os poucos quadros existentes nutrem ódios antigos, inimizades com décadas, desejos de desforra que, de resto, radicam na cultura local; há mais diferenças entre as suas comunidades (no pequeno território falam-se 19 dialectos diferentes) do que as recomendáveis para construir depressa uma identidade nacional que não radicasse apenas na oposição ao ocupante; e alguns dos heróis da luta pela independência têm defeitos a que se fechou os olhos por compaixão ou admiração cega.
Com este quadro era preciso mais do que um milagre para que do caos nascesse um país, sobretudo em tão pouco tempo. Para esse mais do que milagre teria sido muito importante que as Nações Unidas não tivessem retirado de Timor tão cedo, não por pensarem genuinamente que tudo estava bem, mas porque a comunidade internacional tinha perdido a paciência para mais investimentos e a opinião pública virara-se para outras parte do mundo. O erro cometido noutros países pelas Nações Unidas - o erro da pressa - não ajudou Timor-Leste nem serviu de amparo a líderes que ainda necessitavam de ajuda, conselho e incentivo.
Agora que, depois de uma confusa acumulação de diferentes mal-estares, o barril parece à beira de explodir, a Austrália precipitou-se, o Conselho de Segurança recordou-se e até Portugal tratou de regressar a correr. Tudo isso pode ajudar a impedir a catástrofe - mas não nos deve inibir de olhar para o que se passou e pedir também responsabilidades aos líderes timorenses.
Isso custa, porque isso implica questionar antes do mais Xanana Gusmão. Presidente da República, não manda no país e sabe que detesta o primeiro-ministro, Alkatiri. Contudo, se a este sobra inteligência e determinação, falta-lhe aquilo que só Xanana possui: magnetismo pessoal, capacidade para, com uma palavra, um discurso, um gesto, dizer alto ao desvario e ser ouvido pelos desvairados. Por que é que o não fez? Por que é que parece ter preferido assistir ao martírio do homem que abomina? Por que é que, ao fazê-lo, não entendeu que Timor-leste pode cair com Alkatiri, não por causa deste, mas da sua inacção?
Custa distanciarmo-nos de um ídolo, interrogarmo-nos sobre o lado menos nobre de um herói. Mas sem o fazermos podemos voltar a cair nos mesmos erros, e em Timor eles passaram por certo por não se entender que mais do que de homens grandiosos, um país, um povo e uma democracia necessitam de leis justas e de uma tradição de respeito pelos outros. Porque a democracia é o governo dos homens banais, o governo que dispensa heróis e iluminados, antes serve a todos."
É necessário apagar esse incendio com velocidade!
A degradaçao da ordem social e politica pode levar uma intervençao australiana bem diferente de sua proposta original.
A politica internacional é outra. Bill Clinton, bem ou mal, hoje nao tem a força quando ai esteve para prestigiar a independencia.
Em mais um esforço, cobrem do Brasil uma açao solidária, que somada a GNR portuguesa pode embaralhar o xadres dos mal intencionados.
Saudaçoes
Alfredo (Brasil)
Anonymous said...
E sobre a actuação, ou seja, não actuação dos militares australianos?!!!!
Podem ler isto:
Timor-Leste: Casas de membros do governo e de deputados incendiadas
Díli, 28 Mai (Lusa) - As casas de pelo menos dois membros do governo e de dois deputados da Fretilin foram incendiadas nas últimas horas, com confrontos graves nas zonas de Becora e no Bairro Pité, confirmaram fontes do governo.
Contactada telefonicamente, uma fonte do governo disse à Lusa que há ainda notícias de confrontos, envolvendo grupos rivais de jovens, em Surik Mas e Cacaulirun, além de saques e destruição de casas em Udilaran.
As casas do secretário para os Veteranos, David Ximenes (em Cacaulirun), a do secretário de Estado para a Coordenação da Região 1, José Reis, e a de pelo menos dois deputados da Fretilin, foram queimadas, disse a fonte do executivo timorense.
"A situação continua grave", disse a fonte, aludindo em particular às situações em Becora e na zona do Bairro Pité que tinha já no sábado sido uma das zonas de confrontos mais intensos.
"Em Becora várias casas foram destruídas, a população está em fuga. É preciso que a GNR venha rapidamente", disse fonte do gabinete do chefe do governo, Mari Alkatiri.
Os indivíduos envolvidos nos ataques usam tanto armas brancas, como catanas, arcos e flechas e espadas, como, em alguns casos, armas de fogo.
Em alguns pontos da cidade vêem-se colunas de fumo, o que confirma a destruição de propriedade, havendo informações que apontam ainda para saques a comércios e para a destruição de algumas viaturas.
A actuação de vários grupos armados, alguns à civil, outros com fardas de militares, tem vindo a intensificar-se nas últimas 48 horas, provocando um número determinado de baixas.
Grande parte dos actos são descritos por residentes contactados pela Lusa como "acções de vingança" enquanto outros falam de ataques "que visam alguns objectivos precisos", sejam familiares de timorenses naturais da parte leste do país, de militares ou de polícias.
Uma fonte do gabinete do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, afirmou hoje que as tropas australianas no terreno "estão a desiludir", afirmando que os militares "não actuam" limitando-se a "ver" o que está a ocorrer.
"A situação piorou desde que os australianos entraram. Eles assistem, vêm o que se passa e não actuam. Os helicópteros sobrevoam as zonas onde há confrontos mas depois não actuam", afirmou.
"Isto é uma desilusão esperávamos mais dos australianos. Eles parecem estar só a assistir. As pessoas são perseguidas e atacadas mesmo à sua frente e os australianos não fazem nada", disse.
Uma notícia da edição de hoje do jornal australiano "Sydney Morning Herald usa mesmo como título a expressão de um residente de Díli: "Penso que estes australianos não são independentesÓ porque é que não disparam?".
O artigo relata um incidente no sábado no bairro de Delta- Comoro, na parte oriental da cidade, quando efectivos da companhia Delta do 3RAR australiano se confrontaram "com um grupo de 50 rebeldes armados e centenas de residentes locais com armas brancas".
Os residentes explicaram que os atacantes tinham destruído várias casas, mas, explica o jornal, depois de inicialmente enviar mediadores, o responsável militar australiano no local mandou recuar.
"Foi um comando em sincronização com as regras de actuação para os australianos: não fazem qualquer tentativa para desarmar qualquer dos lados, ficar sempre neutro", escreve o jornal.
Essa decisão, explica, provocou insultos de muitos dos residentes, um deles afirmando: "se não dispararem contra eles não conseguiremos viver aqui".
ASP.
Lusa/Fim
O que fazem os jornalistas portugueses em Timor???????
Estão no hotel Timor, aos copos!!! Para que trabalhar? Não há nada a relatar...
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