segunda-feira, janeiro 28, 2008

Suharto: Xanana Gusmão recorda «lado bom e lado mau»

Diário Digital / Lusa
27-01-2008 6:47:00

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, recorda «um lado bom e um lado mau na passagem pela História» do ex-Presidente Suharto da Indonésia.

«Suharto teve um lado bom e um lado mau» como Presidente da Indonésia, declarou Xanana Gusmão à Agência Lusa.

O ex-comandante da resistência timorense recordou que o ex-ditador indonésio «foi o promotor do desenvolvimento de um grande país, de um país difícil».

«Não foi fácil desenvolver um país assim, que é o quinto país mais populoso do mundo», acrescentou Xanana Gusmão.

Por outro lado, «Suharto teve os seus lados fracos, sobretudo a violação dos direitos humanos, a ditadura e a corrupção», afirmou Xanana Gusmão à Lusa.

«Quando estive na prisão (de Cipinang, em Jacarta), eu costumava encontrar-me com jovens universitários indonésios e dizia-lhes que não podiam olhar apenas para o lado mau mas também para o lado bom para avaliar uma pessoa no fim da sua vida», sublinhou o ex-comandante da guerrilha timorense.

Xanana Gusmão, para quem Suharto «teve algum brilho em várias questões», coloca a ditadura indonésia no contexto da Guerra Fria.

«O relatório da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR) não refere apenas a culpa da Indonésia mas também a culpa de toda a comunidade internacional», explicou.

Xanana Gusmão nunca se encontrou com Suharto, que esteve no poder enre 1965 e 1998.

«Em 2001, fui ao Palácio de Sândalo (em Jacarta), mas Suharto estava doente e encontrei-me com uma das filhas», contou Xanana Gusmão.

«Eu transmiti à filha de Suharto que o importante para nós foi vencer a luta de libertação».
«A filha dele pediu a reconciliação com o povo de Timor e para compreendermos o contexto de reforma que se estava a processar na Indonésia», contou Xanana Gusmão à Lusa.

«Quando eu ganhei as eleições presidenciais (em 2001), Suharto mandou saudações», recorda também o actual primeiro-ministro timorense.

«Recordo-o como um agente histórico, um actor da História do Sudeste Asiático», disse ainda Xanana Gusmão à Lusa.

«Os políticos vendem a sua alma por lucro», escreveu Xanana Gusmão em 1995, na prisão de Cipinang, numa «Carta do Comandante» incluída, em 2005, num álbum exaustivo de fotografias e ensaios que assinalou os 50 anos da independência da Indonésia.

«Os líderes praticam o cinismo, uma política de duas caras cujo objectivo é não apenas a opressão do seu próprio povo mas, ainda pior, são cúmplices da opressão de outros», escreveu o prisioneiro Xanana Gusmão sobre a ditadura de Suharto.

«A verdadeira independência é o reconhecimento da liberdade dos outros», acrescentava a «carta», reproduzida no livro «Indonesia in the Soeharto Years».

Xanana Gusmão acrescenta, na mesma declaração, que «quando (o ex-primeiro-ministro australiano) Paul Keating se inclina perante o assassino Suharto, desce mais baixo do que (o ex-Presidente filipino) Fidel Ramos obedecendo às ordens de Ali Alatas», antigo chefe da diplomacia indonésia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em referencia ao paragrafo escrito por Xanana sobre o ditador Suharto que dizia 'os politicos praticam o cinismo ,uma politica de duas caras cujo objectivo e nao apenas a opressao do seu povo mas ainda pior sao cumplices da opressao dos outros' e desalientar que o Xanana estando ja a aplicar tambem o sistema do Suharto em Timor Leste.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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