segunda-feira, janeiro 28, 2008

Suharto morreu com 86 anos

Sol
27 Janeiro 2008

O ex-presidente da Indonésia, Suharto, morreu no domingo após doença prolongada. Tido como o pai do desenvolvimento por alguns indonésios e acusado de corrupção e abuso dos direitos humanos por outros, ao longo dos seus 32 anos no poder, tinha 86 anos, e estava no hospital desde o dia 4 de Janeiro

Tinha 86 anos e estava no hospital em coma com problemas no coração, pulmões e rins.

«Em nome deste país, do povo, do governo e em meu nome, gostaria de prestar o meu pesar pela morte do Sr. Haji Muhammad Suharto e chamo todas as pessoas da Indonésia a rezarem por ele», disse o president Susilo Bambang Yudhoyono num comentário radiofónico.

Os membros da família de Suharto foram-se reunindo pela noite dentro junto do hospital Pertamina em Jakarta, onde ele estava internado.

Mardjo Soediandono, o chefe da equipa médica que tratou Suharto, anunciou numa conferência de imprensa que Suharto faleceu pacificamente às 13h10, hora local; 6h10 hora de Lisboa.

Suharto, acusado pelos críticos de amealhar uma fortuna de biliões de dólares ao longo do seu poderio numa das nações islâmicas mais populosas e de desrespeito pelos direitos humanos, nomeadamente contra o povo de Timor Leste, sofria de problemas de saúde desde 1998, quando saiu do poder.

Enquanto a sua condição se ia agravando, por todo o arquipélago discutia-se se se deveria avançar com um processo contra os seus actos.

«O caso tem de ser suspenso porque não estamos em posição de representar o senhor Suharto por ele ter falecido. E agora os advogados têm de falar com a família para resolver», disse Mohammed Assegaf, um dos advogados de Suharto.

O corpo do ex-presidente foi levado de ambulância do hospital para a sua casa em Jakarta, onde uma multidão de jornalistas e apoiantes se tinha agrupado.

Várias mulheres começaram a chorar quando a ambulância chegou. Algumas subiram a vedação ou tentaram tocar na ambulância quando estava passava pelo portão da casa.

«Lembrar-me-ei dele sempre e das grandes coisas que fez por esta nação. Lembro-me que no tempo de Suharto as coisas eram bem melhores», comentou Helmi, uma dona de casa com 53 anos.

O presidente Yudhoyono e a mulher, assim como antigos ministros e líderes religiosos, também foram à casa prestar os seus pêsames.

«Pelo bem da humanidade, devemos perdoá-lo. Baseado na religião, os seus crimes serão julgados por Deus», disse Amidan, membro do Concelho Ulema na Indonésia, um grupo do clero islâmico.

Caos social e económico

Suharto chegou ao poder ao deixar o sector militar em 1965, naquela que foi oficialmente declarada como uma tentativa comunista. Mais de 500 mil pessoas foram mortas na vaga anti-comunista que se seguiu.

Nas três décadas seguintes, as forças armadas de Suharto cometeram numerosos abusos dos direitos humanos, assassinatos de activistas estudantis, criminosos e opositores ao regime nas províncias de Aceh, Papua e Timor Leste, que foi invadida em 1975.

Foi forçado a sair do poder em 1998 quando a crise económica asiática lançou o caos social, levando ao pedido da democracia.

Quando Suharto foi forçado a se demitir, ele e a sua mulher e associados tinham passado por quase todos os sectores da economia indonésia. Eram donos da companhia de aviação, hotéis, portagens, estações de televisão e rádio, e faziam de ponte para qualquer estrangeiro que quisesse fazer negócio lá.

«O ex-presidente também era uma figura muito controversa na área dos direitos humanos e Timor Leste, e muitos discordaram da sua abordagem», disse o primeiro-ministro australiano Kevin Rudd.

Os críticos dizem que Suharto e a sua família arrecadaram 45 mil milhões de dólares em negócios onde a influência política era determinante para o contrato.

A sua família negou qualquer má conduta e Suharto sempre se declarou inocente.

Depois de deixar o seu gabinete, Suharto foi acusado de desviar centenas de milhões de dólares de fundos públicos, mas o Governo acabou por desistir do caso por causa da sua saúde.

No ano passado, a procuradoria avançou com um processo cível em busca de 440 milhões de dólares de fundos do Estado e mil milhões por danos causados com a má conduta das suas fundações de caridade.

«Eu sugiro que a família peça publicamente desculpa ao povo da Indonésia através de uma conferência de imprensa por todos os actos errados de Suharto», disse Soehardjo, autor de uma carta publicada no jornal Kompas.

Reuters/ SOL

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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