quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Timor-Leste é, afinal, viável?

DN, 13/02/08
António Perez Metelo, redactor principal

A pergunta, que muitos põem, tem desde logo uma linha de resposta: sim, é viável, já que sustenta uma população de um milhão de habitantes, em rápido crescimento demográfico (3% ao ano), três quartos dos quais vivem da agricultura tradicional de subsistência. Mas a incógnita mantém-se sobre a capacidade de os timorenses, agora independentes, conseguirem arrancar para um processo sustentado de crescimento económico, capaz de reduzir os níveis altíssimos de pobreza absoluta (41% da população) e relativa (o PIB por habitante, mesmo ajustado à paridade de poder de compra, não chega aos 800 dólares dos EUA por ano!).

A resposta é, de novo, afirmativa. O Fundo Petrolífero - considerado o terceiro mais bem gerido do mundo, à frente do norte-americano e do australiano...-, atingiu, em fins de 2007, os 2.086 milhões de dólares, o equivalente a seis anos de produto interno. E está a crescer a uma média de cem milhões de dólares ao mês. Capitais próprios para investir não faltam, pois.

Ideias, também não! Em Março de 2006 foi aprovada a versão actualizada do Plano de Desenvolvimento Nacional, um documento detalhado, que se propunha, então, duplicar o investimento público até atingir os 600 milhões de dólares entre 2006 e 2010. As infra-estruturas, estradas e pontes, electrificação, água potável, centros de saúde, escolas, agricultura, eram os sectores prioritários para 400 projectos já estabelecidos, espalhados por 17 sectores económicos. O investimento na indústria e nos serviços, hoje incipientes, viria do investimento estrangeiro directo, ao qual se dariam todas as devidas garantias.

O objectivo é fazer crescer a economia de Timor-Leste a 7-8% ao ano, para reduzir a pobreza a metade. O Plano é bom, disse-o o Banco Mundial e o FMI, em Abril de 2006. Só que...uma semana depois de tudo isto acordado, rebentou a sedição dos 600 peticionários das FFDTL. A partir de então, nada passou do papel à prática.

Conclusão: Timor-Leste é viável, sim, desde que encontre a estabilidade e pacificação internas, que permitam pôr mãos a uma imensa obra.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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