terça-feira, setembro 05, 2006

Então foi por isso que o soltaram?...

Tradução da Margarida.

O dobro das tropas para ficarem em Timor
Mark Dodd
Setembro 05, 2006

A Austrália dobrará o número de tropas que vai deixar em Timor-Leste no meio de medos com a escalada de segurança antes das eleições do próximo ano.

Depois dos encontros em Dili ontem, o Ministro dos Estrangeiros Alexander Downer disse que estava preocupado com centenas de pistolas das forças armadas e da polícia, e milhares de munições continuarem em falta depois da violência política deste ano.

Disse que as armas, combinadas com a fuga em massa na semana passada da prisão de 57 presos incluindo o líder amotinado Alfredo Reinado, criou um "ambiente político razoavelmente volátil ".

O Ministro dos Estrangeiros Indonésio Hassan Wirajuda, que se encontrou com Mr Downer ontem, disse que Jakarta tinha reforçado a segurança ao longo da fronteira de 240 km com Timor-Leste após a fuga da prisão.

A Austrália enviou 1200 tropas Australianas para Timor-Leste para liderar uma força multinacional depois da explosão de violência em Abril e Maio.

Estão gradualmente a regressar à Austrália mas Mr Downer criticou como demasiada fraca a proposta da ONU para 350 tropas Australianas permanecerem para ajudar a manter a paz em Dili.

Falando depois dos encontros com o Dr Wirajuda, o Primeiro-Ministro Timorense José Ramos Horta e o Ministro dos Estrangeiros José Luís Guterres, Mr Downer disse que a contribuição militar da Austrália para apoiar uma nova missão da ONU no jovem país será elevada para 650.

Disse que é também esperado que a Nova Zelândia e outros países contribuam para a aumentada presença militar.

Mr Downer, que teve também encontros com comandantes de topo da polícia e forças armadas Australianas em Timor-Leste, disse que era necessária uma presença militar forte para combater o perigo criado por pessoas com armas ilegais.

"Estou muito preocupado com o número de armas que ainda estão à solta," disse. "Falei disto com o Presidente (Xanana Gusmão) e é uma preocupação que ele partilha.

"Têm 57 pessoas, muitas das quais são assassinos condenados, fugiram da prisão e têm um ambiente político razoavelmente volátil a caminho de eleições no próximo ano, e nesta mistura têm muitas armas.

"É uma das razões porque penso que precisam duma presença militar mais robusta aqui do que a proposta pela ONU. Pode haver uma situação onde haja um ataque montado contra Timorenses por gente que tenha acesso a este tipo de armas. Podem ter uma situação como esta e seria muito difícil à polícia lidar com ela e os militares (Australianos) teriam que resolver o problema."

Nenhum dos presos que fugiu da prisão de Becora na semana passada foi recapturado. Sabe-se que eles estavam guardados atrás de duas portas trancadas com cadeados.

Mr Downer disse que acredita que era improvável que o Major Reinado regressasse a Dili "com pistolas a disparar " mas disse que era importante que ele e os outros 56 fugitivos fossem rapidamente cercados - um trabalho que admitiu estava a provar ser difícil.

O Sr Ramos Horta disse que a possibilidade das armas desaparecidas acabarem nas mãos erradas era perturbador.

"Mais de 200 armas de assalto da polícia não se encontraram," disse em exclusivo ao The Australian.

"Isso é razão para preocupação pelas pessoas comuns mas estou confiante que seremos capazes de recuperar a maioria delas."

Mr Ramos Horta também disse que faltavam milhares de munições.

Sabe-se que a vistoria das forças Australianas ao arsenal das Forças de Defesa de Timor-Leste revelou que pelo menos faltavam 50 espingardas de assalto M-16A2.

Preocupações que as armas acabassem em mãos de criminosos foram sublinhadas a semana passada durante um ataque mortal num campo de deslocados no centro da cidade envolvendo alegadamente um antigo polícia armado.

Cinco pessoas sofreram ferimentos por tiros e um outro foi ferido num ataque com catana.

Polícias renegados Timorenses estiveram envolvidos provavelmente, disse o Sr Ramos Horta. Mas disse também que a violência por gangs e os fogos postos têm mais a ver com argumentos não resolvidos sobre terras e propriedades do que por ódio étnico.
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2 comentários:

Anónimo disse...

Mais tropas!!!... Nao!!! Precisamos eh de trapos e nao de tropas.

Anónimo disse...

"Mas disse também que a violência por gangs e os fogos postos têm mais a ver com argumentos não resolvidos sobre terras e propriedades do que por ódio étnico."

Ora aqui está uma explicação muito mais razoável.

E este problema que é sério, foi deixado para trás pela UNTAET e nunca resolvido pelo I governo.

Já aqui neste bolgue foi levantado este assunto.

Muitos dos habitantes originários do leste do país, radicaram-se em Díli após o retorno em 1999/2000. E foram ocupando as casas vazias que encontravam, por os donos ainda não terem regressado, ou serem casas de indonésios que as abandonaram. E recusavam-se a devolvê-las aos respectivos donos.

Esta questão já tinha sido levantada ainda no tempo de Sérgio Vieira de Melo, mas ele achou que era assunto demasiado delicado, que poderia dar confusões e não só. A própria UNTAET estava a practicar actos idênticos. Ocupou edifícios particulares, recusou-se a devolvê-los e mesmo a pagar renda.
Um deles, por exemplo, era o edifício onde esteve em tempos o supermercado "Hello Mister", que pagava renda, imagine-se, à UNTAET quando o edifício tinha dono e era um particular.

Voltamos sempre ao mesmo, quando há injustiças há instabilidade e no caso de Timor, violência.

Este é apenas um exemplo das injustiças que estão por ser reparadas em muitos e muitos casos da sociedade timorense.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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