terça-feira, setembro 05, 2006

Comunicado - PM


REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

INFORMAÇÃO À IMPRENSA



Transcrição conferência imprensa conjunta

Transcrição da conferência de imprensa no final da reunião trilateral de Díli entre os Governos de Timor-Leste, Indonésia e Austrália, realizada esta segunda-feira, 4 de Setembro, no Palácio do Governo. A conferência de imprensa decorreu em língua inglesa.

José Ramos-Horta, primeiro-ministro:

Esta foi a terceira reunião entre os três países. A primeira teve lugar em Bali, em 2002; a segunda aconteceu em Adelaide, há dois anos, e agora tivemos a terceira, aqui, em Timor-Leste.

Na reunião revimos as relações entre os nossos três países e foi também muito importante para ilustrar a iniciativa e o apoio dos dois vizinhos de Timor-Leste, Austrália e Indonésia. Este é um diálogo que se mantém, e que começou há mais de quatro anos. Deveríamos ter tido aqui a reunião há dois anos, mas por causa das eleições na Austrália e Indonésia, adiámo-la.

Passámos em revista uma série de assuntos, mas sobretudo a cooperação trilateral ao nível das trocas comerciais entre os nossos países e a forma como poderemos encorajar mais investimentos nas nossas economias respectivas. Eu fiz também um ponto da situação sobre as condições de segurança aqui; a nova missão das Nações Unidas em Timor-Leste; e sobre as eleições do próximo ano. Terminei com uma nota de confiança de que ultrapassaremos a situação actual. Neste momento, já estamos mais estáveis do que há dois meses. Agradecemos às forças da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal, pela sua resposta pronta e agradecemos à Indonésia por, no auge da crise, nos ter facilitado generosa ajuda humanitária enquanto estava a ser atingida por um terramoto, mas também foi pela cooperação indonésia que não tivemos quaisquer problemas na fronteira. Eu agradeço-vos por isso.

Alexander Downer, ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália:

(…) Foi uma boa oportunidade para fazermos o ponto da situação com o primeiro-ministro sobre as questões de segurança e com os comandantes militar e policial australiano. Embora ainda haja incidentes, o relato que me foi feito é que a situação está muito melhor, estamos satisfeitos por isso. Tivemos uma oportunidade para falar da nova missão das Nações Unidas com 1600 polícias, da qual somos grandes apoiantes. É um número grande, ambicioso, mas que ajudará a providenciar segurança. Eu expliquei a posição do Governo australiano: pensamos que é melhor que haja um contingente militar de apoio para esses polícias em situações extremas. (…)

Foi uma boa reunião. Foi bom estar de volta aqui. A Austrália sempre apoiou Timor-Leste e assim continuará quais forem as circunstâncias.

Hassan Wirajuda, ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia:

Estou muito contente por aqui estar. (…) Discutimos formas de cooperação entre os nossos três países. Temos hábitos de diálogo que têm sido mantidos, mesmo quando Timor-Leste passou por dificuldades. Nós ajudámos Timor-Leste no que pudemos para alcançar a paz e a segurança e também para resolver os problemas relacionados com as consequências do ponto de vista humanitário. Nós mantivemos a segurança e a estabilidade na zona fronteiriça, mas temos uma capacidade limitada de ajudar Timor-Leste humanitariamente. Por isso, a Indonésia encoraja os outros países da Ásia para contribuírem com grupos de polícia, ao lado das tropas australianas, de forma a ajudarem Timor-Leste.

Saudamos Timor-Leste pela suave transição operada no Governo. Vimos aqui em Díli reflexos do apoio ao novo Governo e à liderança do primeiro-ministro Ramos-Horta.

Na reunião falámos na cooperação trilateral, promoção do comércio e investimentos, e discutimos a possibilidade de aumentar os voos de Denpasar para Díli, porque os transportes aéreos são uma das componentes da promoção do comércio e investimentos. E discutimos como poderemos acelerar os processos de transposição de fronteiras em relação às trocas fronteiriças regulares e tradicionais entre a Indonésia e Timor-Leste.

Desde 1997, desenvolvemos cooperação com o Norte da Austrália, em termos comerciais. Agora juntámos Timor-Leste a este triângulo de cooperação.


Na fase das perguntas e respostas, a Alexander Downer foi perguntado se a Austrália estava em Timor-Leste numa lógica de esfera de influência, ao que respondeu:

A Austrália não opera por qualquer lógica de esfera de influência, mas sim porque quer ajudar, não queremos influenciar. (…)

A Ramos-Horta foi perguntado se, tal como foi insinuado por uma reportagem recente exibida pela SBS, a Austrália poderá ter estado numa tentativa de golpe para derrubar o anterior Governo timorense, ao que respondeu:

Será que tenho de responder a todas as perguntas imaginativas da SBS? Como já disse centenas de vezes, a crise que aqui aconteceu é da nossa responsabilidade. Nós timorenses, da mesma maneira que estamos orgulhosos de ser independentes e soberanos, temos de ser humildes e aceitar as nossas responsabilidades.
Quando o problema aconteceu nos finais de Abril, Maio, pedimos, por favor, à Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal se podiam vir ajudar. E vieram no mais depressa possível. Agora, se pudessem ir amanhã, iriam amanhã. Nós é que lhes estamos a pedir para não saírem tão depressa porque ainda aqui são precisos.
Mas há pessoas que gostam muito de teorias da conspiração, como essa de que serviria os interesses australianos desestabilizar Timor-Leste.
O II Governo de Timor-Leste, a que presido, tal como o Governo anterior, do Dr. Mari Alkatiri, teve sempre uma relação muito boa com a Austrália. Não há grandes diferenças entre nós e a Austrália em relação àquilo que acontecia com o Dr. Mari Alkatiri como primeiro-ministro.
E foi durante a liderança do Dr. Mari Alkatiri que negociámos os dois mais importantes acordos com a Austrália: Bayu-Undan e Greater Sunrise. E com a condução da negociação a cargo do próprio Dr. Mari Alkatiri. Então, do que é que estamos a falar? Por favor, digam aos meus amigos da SBS que estou impressionado com a sua imaginação, mas não é consistente com a realidade. Talvez seja consistente com ficção.

Nota: transcrição não oficial nem integral (partes inaudíveis).


Díli, 4 de Setembro de 2006

4 comentários:

Anónimo disse...

"Por favor, digam aos meus amigos da SBS que estou impressionado com a sua imaginação, mas não é consistente com a realidade. Talvez seja consistente com ficção."

E aos seus amigos do "Four Corners" não tem nada a dizer Senhor Primeiro Ministro?!

E ao Presidente da República que provoca a demissão do anterior PM enviando uma cassete do programa do "Four Corners" também não tem nada a dizer?!

E ao deputado do Parlamento Nacional que enfrenta as câmaras armado também não tem nada a dizer?!

Poupe-nos a tanta palhaçada Senhor Ramos Horta!!

Anónimo disse...

O que não é "consistente com ficção" Senhor Ramos Horta é a alegria do Presidente da República assim como o seu sorriso de alegria incontido enquanto o povo sofre e continua em campos de refugiados.

O povo sim não acredita em "ficção" e por isso não abandona os campos por serem os únicos lugares que lhes dá a segurança que não lhes é dada pelos lideres desse país!

Anónimo disse...

Nos campos de "deslocados" e não de "refugiados" encontram-se aqueles que quiseram e bem fugir ao caos. Mas convém dizer que certamente, apesar das condições inaceitáveis de tal posição, que os deslocados estão pelo menos mais seguros ali bem como têm acesso a alimentação... coisas a que um Governo não deu resposta cabal durante 5 anos... ponham a mão na consciência senhores políticos, especialmente, como tão repetidamente gostam de apregoar, votados massivamente...

Anónimo disse...

O desemprego galopava e galopa... nada foi feito. Um estudante formado no exterior, ao voltar, se quiser ou tiver oportunidade para trabalhar na função pública, tem que ser ou inscrever-se na FRETILIN.... porquê?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.