DN
23.06.06
Armando Rafael
Timor-Leste pode estar à beira de uma guerra civil. É isto que resulta das declarações que ontem foram proferidas pelos principais dirigentes timorenses. A começar por Xanana Gusmão, que, aparentemente, só se antecipou àquilo que a Fretilin se preparava para lhe dizer. Ou seja, que não cederia às suas pressões e que o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, iria continuar. Com ou sem o beneplácito do Presidente.
Encostado à parede pelas declarações que José Reis fez no final da Comissão Política Nacional da Fretilin e que depois foram de alguma forma repetidas pelo próprio Alkatiri, Xanana passou ao ataque, dirigindo-se ao país pela rádio e pela televisão. Tendo, previamente, feito distribuir duas versões do seu discurso: uma em português e a outra em tétum. Só que a versão em tétum é a que contém a sua ameaça de renunciar hoje ao cargo de Presidente da República, caso o primeiro-ministro não tome a iniciativa de se demitir, uma hipótese que Mari Alkatiri já recusou por diversas vezes. Contando, para o efeito, com o apoio do seu partido, que é largamente maioritário no Parlamento.
Seja como for, a opção do Presidente só contribuiu para radicalizar - ainda mais - as posições dos principais protagonistas desta crise. Sem que se perceba quais são as saídas que ainda restam e quem é que poderá assumir o papel de mediador.
Com a Igreja Católica e o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Ramos-Horta, remetidos ao silêncio, o que pode querer dizer tudo ou nada, restam os estrangeiros.
Nomeadamente Portugal, a Austrália e a ONU, numa altura em que Kofi Annan se prepara para enviar novamente Ian Martin a Díli.
Mas quando Xanana diz, como fez ontem no seu discurso, que não reconhece legitimidade aos dirigentes eleitos pelo recente congresso da Fretilin, que saídas é que ainda existem? E quando o Presidente acusa o primeiro-ministro e o Governo de instrumentalizarem a polícia e de terem tentado fazer o mesmo com as forças armadas, o que se pode esperar? E que dizer da expressão - "os esfomeados do poder" - que Xanana Gusmão utilizou para designar quem exerce a acção governativa?
As próximas horas serão por isso decisivas. Com centenas de armas à solta, qualquer incidente pode, de um momento para o outro, transformar o país num caos. Sem que se perceba o que sucederá depois.
Se Xanana Gusmão renunciar hoje ao cargo de Presidente da República, será substituído pelo presidente do Parlamento. E da Fretilin. Ou seja, um dos tais "ilegítimos".
Se o Presidente optar por demitir Alkatiri, já sabe, à partida, que a Fretilin chumbará todos os governos de iniciativa presidencial. O que poderia levar à dissolução do Parlamento e à convocação de eleições sem que exista legislação adequada ou ambiente para campanhas eleitorais.
Como sair deste impasse sem que a Constituição seja suspensa?
Será que a reunião que Xanana e Alkatiri tinham marcada para hoje ainda se concretizará?
Todos os manifestantes vão dar a Díli.
sexta-feira, junho 23, 2006
Renúncia de Xanana pode provocar uma guerra civil
Por Malai Azul 2 à(s) 15:57
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
info. dos corredores do poder
Mari Alkatiri ja aceitou resignar-se!
Viva Kay Rala Xanana Gusmao
Viva Ramos Horta
Viva os Bispos de Timor
Viva o Povo Maubere
Viva a Restauracao da Democracia
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