Kofi Annan está «decepcionado»
Kofi Annan admite enviar uma missão reforçada da ONU para Timor-Leste. Koffi Annan voltou a afirmar-se muito desiludido com este país que as Nações Unidas ajudaram a nascer. Um jurista da Plataforma de Juristas para Timor fala em «choque de legitimidades» e pede que se respeite a democracia no país.
( 17:59 / 22 de Junho 06 )
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, afirmou hoje em Genebra que «o que se passou em Timor-Leste foi uma grande decepção para todos», indicando que a organização poderá enviar uma missão reforçada para aquele país asiático.
O secretário-geral considera que esta crise tem sido mal gerida, não só pelas entidades governamentais mas também pela polícia. Annan considera ainda que houve um choque de personalidades.
«A ONU ajudou a criar uma nova Nação», disse Annan durante uma conferência de imprensa em Genebra, onde assistiu à abertura das sessões do novo Conselho dos Direitos Humanos e a uma reunião da Conferência do Desarmamento.
Também José Manuel Pureza, da Plataforma de Juristas para Timor, fala em choque de legitimidades. Este jurista teme que este confronto profundo entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri possa conduzir novamente à violência.
«Receio que este confronto venha a assumir, como assumiu recentemente, um rosto violento. E é muito importante arranjar mecanismos de arbitragem», afirmou.
«Mas a questão mais importante e saber se neste choque de legitimidades se vai optar por esmagar uma em favor da outra, ou se se vai respeitar a democracia e o voto do povo que tanto votou no Presidente como no Primeiro-ministro», acrescenta Manuel Pureza.
sexta-feira, junho 23, 2006
Dos leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 16:09
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
9 comentários:
«Mas a questão mais importante e saber se neste choque de legitimidades se vai optar por esmagar uma em favor da outra, ou se se vai respeitar a democracia e o voto do povo que tanto votou no Presidente como no Primeiro-ministro»
Será que é assim tão dificil entender ente principio básico da democracia?!
Mari Alkatiri ja aceitou resignar-se!
E quem é que acredita em democracia quando estão em jogo os milhões do petróleo! Que se dane a democracia!
Estou a ser irónico, claro!!! Mas não deixa de ser verdade!
"Também o presidente do Parlamento Nacional diz que a demissão do chefe de Estado não serve os interesses do país. Em declarações à RR afirma que o país precisa de todos e "espera de uma posição consensual para ultrapassar a crise".
Uma postura ao nivel de um Presidente.
Pena é que não seja o da República.
info. dos corredores do poder
Mari Alkatiri ja aceitou resignar-se!
Viva Kay Rala Xanana Gusmao
Viva Ramos Horta
Viva os Bispos de Timor
Viva o Povo Maubere
Viva a Restauracao da Democracia
Caros, posso agora desabafar, não contra as manipulações australianas e das Nações Unidas, mas contra as portuguesas? Também acho que Lisboa merece, não é? Nem é preciso escrever nada de original, só quero transcrever partes de um ensaio de Maria Johanna Schouten, chamado Antropologia e Colonialismo no Timor Português. Está em http://www.lusotopie.sciencespobordeaux.fr/schouten.rtf
Tem, de facto, muito a ver com a actualidade. Quantos de nós não sabemos que “Alacatiri é amigo de Portugal?” Quantos de nós não conhecemos dois grupos étnicos agora muito em voga em Timor? Quantos de nós não ouvimos falar “na herança portuguesa” em Timor? E Quantos de nós não privamos com portugueses em Timor que acham que estão em missão civilizadora?
Mendes Correia e António de Almeida – contribuições para a antropologia de Timor
Com a sua taxinomia da população indígena, Almeida enquadrava-se nas tendências gerais dos poderes coloniais, que costumavam salientar a diversidade étnica dos povos submetidos. Cada grupo étnico era encarado e tratado de forma diferente, de acordo com ideias (baseadas ou não em pesquisas antropológicas) sobre a sua vida social e cultural, a sua fisiologia e o seu carácter.
O regime colonial português aproveitou-se do interesse antropológico pela fisiologia. Estudos de antropobiologia pareciam permitir uma avaliação da utilidade e das aptidões dos indígenas. Mendes Correia, no seu artigo « Valor psico-social comparado das raças coloniais », abordava (nomeada¬mente entre os africanos) factores como « aptidão para o trabalho », « impulsividade », « inteligência global » e « educabilidade ». O tipo físico forneceria, para tal, já algumas indicações (Correia 1934).
Outras dimensões eram « moralidade » ; « sugestibilidade » ; « resolução ou decisão », « previdência », « tenacidade » ; « inteligência global », « educabilidade ». Este artigo assenta numa metodologia duvidosa, o que o próprio autor também reconhecia mas que não o impediu de apresentar os resultados.
Nesta abordagem raramente se considerava a possibilidade de influên¬cias dos contactos existentes entre grupos, ou de mudanças sociais. Almeida nega explicitamente quaisquer influências culturais do lado dos chineses e de pessoas oriundas das ilhas da Indonésia presentes em Timor português (Almeida 1961 : 39 ;1994 : 461). No entanto, havia um povo que, segundo ele, exercia grande impacto cultural : os portugueses.
A mudança da sociedade timorense sob a influência portuguesa é um tema recorrente na obra de Almeida : « Ao longo de mais de quatro séculos, a actividade civilizadora dos Portugueses impressionou funda e duradoura¬mente os naturais de Timor » (Almeida 1961 : 39 ; 1994 : 461). Confirmava, assim, com a sua autoridade de antropólogo, uma ideia já difundida em Portugal, e que se juntava às mensagens do Estado Novo. A introdução da civilização portuguesa, considerada superior, era uma missão sagrada, servindo, ao mesmo tempo, como justificação da presença lusitana.
Desta chamada actividade civilizadora, Almeida dá exemplos : para além de serviços de saúde e de polícia, os portugueses introduziram o milho, o boi, o porco de boas raças, a enxada e outros utensílios, fósforos e produtos de nylon ou de elástico. Eles ensinaram os timorenses a fazer queijo e manteiga, e melhoraram-se as habitações (Almeida 1961 : 37 ; 1994 : 459). Hoje sabemos sobre todos estes exemplos, que a sua introdução apenas se limitava nalgumas áreas geográficas, e mesmo lá não era acessível a todos.
Almeida assinalava em conclusão que « [a] nossa presença faz extinguir ou esmorecer a frequência de velhas práticas ergológicas nativas » (Almeida 1961 : 36-37 ; 1994 : 458-459). Uma tendência deste género seria lamentada por muitos antropólogos, atendendo ao respeito e fascínio que esse categoria profissional por hábito tem pela diversidade de expressões culturais. Não era o caso de Almeida.
No princípio dos anos 1960, considerou já como numerosos os testemunhos de « portuguesismo » entre os timorenses (Almeida 1961 : 38 ; 1994 : 460), devido, em primeiro lugar, à acção missionária. Era, segundo uma autoridade das missões católicas portuguesas, o « impregnar de portuguesismo a paisagem africana » neste caso extensível a Timor (Silva Rego (1962) in Valverde 1997 : 91).
As suas publicações, redigidas para um grande público ou um fóro internacional, serviam também para criar e corroborar uma imagem da febril actividade científica dos portu¬gueses nas colónias, uma « ocupação científica » que seguia a ocupação militar e política, nas palavras de Mendes Correia (Correia 1945 : 3).
No Estado Novo, era geral a ideia de que as culturas dos povos colonizados eram pobres e inferiores. A rejeição da cultura indígena, por parte dos portugueses, evidenciou-se também em medidas oficiais, tal como no caso de Timor, em 1954, quando foi oficial¬mente proibido o uso da lipa como parte do vestuário dos homens (Castelo 1998 : 122).
A actuação dos portugueses durante a maior parte do período de contactos com Timor caracterizou-se pela indiferença, por campanhas militares sangrentas e pela exploração económica. Na visão de muitos dos oficiais coloniais em Timor e noutros territórios, o mais importante elemento da missão civilizadora era ensinar a trabalhar – quer isto dizer, sob as condições dos Portugueses. Ver sobre esta questão Schlicher 1996 : 299-305. Era oficial a opinião de que era fundamental « ensinar o negro a trabalhar, dando-lhe os meios e obrigando-o a tanto », nas palavras de Armindo Monteiro, Ministro das Colónias e dos Negócios Estrangeiros nos anos 30. Ver CASTELO 1998 : 85-86.
É, não é?
Timor-Leste continua a surpreender-nos.
Será sempre assim?
sim, sim grande povo de Timor-Leste muita força para a tarefa futura.
Um grande abraço
Também junto aqui a minha voz:
SIM TIMOR-LESTE DEVE SEMPRE SURPREENDER-NOS E SIRPREENDER TODOS OS OUTROS PAÍSES COM AS SOLUÇÕES MAIS IMPREVISÍVEIS QUE SAIBAM FAZER!
Mas NUNCA E JAMAIS ANDAREM AOS TIROS UNS AOS OUTROS... ora para isso não pode haver injustiça social, não havendo injustiça social as pessoas poderão sentir-se realizadas e abandonarem o hábito de "roubaste-me o ovo, mato-te a galinha" , "roubaste-me a galinha, corto a cabeça de..." e por aí fora.
Sabem uma coisa, façam o que gostem e entendam desde que o que façam não seja nada que impeça a liberdade dos outros...
Viva Timor-Leste!
O que pretendeu a ONU com a independência de TL? No campo internacional havia um claro recado para Israel. Imaginava-se que Díli era Jerusalem e Oecussi a faicha de Gaza. Isso só podia passar pela cabeça do Annam. A realidade é bem diferente. Em TL, como em qualquer parte do mundo o dinheiro seduz, as vaidades se acendem e o povo fica a sofrer.
O que falta é uma cultura democrática para que se possa superar esta e futuras divergências.
Alfredo
Br
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