E By Jonathan Head
South East Asia correspondent, BBC News
It was with a characteristically unemotional performance that Mari Alkatiri announced the end of his - and East Timor's - first prime ministerial term.
Mari Alkatiri has been blamed for all that has gone wrong"Having reflected deeply on the present situation prevailing in the country, assuming my own share of responsibility for the crisis, I am ready to resign from my position as prime minister," he told a press conference in Dili.
This, after weeks of pressure, during which he had repeatedly insisted his resignation would solve nothing, and had received the full backing of his party, Fretilin, which holds a majority of the seats in parliament.
So why the change of heart?
Mr Alkatiri referred to his desire to avoid a threatened resignation by President Xanana Gusmao - but that threat was made last week, and then withdrawn, so it is difficult to understand why it would have changed his mind now.
More likely it was the continued discussions with his colleagues in government on how to get East Timor out of the mess it is in that persuaded Mr Alkatiri to go.
He has long been indifferent to his own unpopularity, but in the current chaos the country needs a less divisive leader.
There was jubilation over the decision across the capital, Dili, and probably in many other areas of East Timor.
Mr Alkatiri has become a hate-figure, blamed for everything that has gone wrong in the country, and it was hard to see how rebuilding confidence and stability after the traumatic events of the past few weeks could start while he remained in office.
But was he really so bad?
Brusque manner You hear many complaints about Mr Alkatiri, some of them obviously
unjust.
I have often heard young people complain that he is a Muslim, as though that is a crime in a supposedly democratic and tolerant country.
President Gusmao has a popularist touch
They also accuse him of being a communist, because of his left-wing views and his long years living in Mozambique.
But these may at times have served East Timor well. His instinctive mistrust of Western help led him to drive a very hard bargain with Australia over East Timor's rights to oil and gas in the Timor Sea, helped by his skills as a negotiator.
It is unlikely anyone else could have done as well for the country.
He also has a deep personal commitment to the sustainable development of his country, and has tried hard to avoid too much aid dependency - ideas formed during his African exile.
Much of his unpopularity is due to his brusque, business-like manner.
He is an intellectual, impatient with people who express poorly thought-out ideas.
He has never seemed able to empathise with the suffering experienced by much of the population during the Indonesian occupation, or to find the right words to comfort those who are often unable to articulate what they feel about those years.
By contrast, President Gusmao is a master of the art of healing.
With a few simple words, or just a hug, he can move crowds to tears.
Shortage of talent
The two men who have been running the country since independence could hardly have more different styles, and they have had a very uneasy relationship with each other.
Much of that goes back to Mr Gusmao's distrust of the Fretilin party, which he blames for harsh treatment of its rivals during the bitter struggle against Indonesian rule.
Mr Alkatiri is a consummate party man - Fretilin reaffirmed its backing for him three times in recent weeks, the last time less than 24 hours before he resigned.
The party remained loyal to the end, but he was arguably the wrong kind of leader for a country as traumatised as East Timor.
Crowds have been calling for Mr Alkatiri to go for weeks
More serious are the charges against Mr Alkatiri of corruption, and abuses of power.
Some of these will now be examined by an internationally-supervised investigation, as East Timor's infant judiciary is not up to the job.
Some corruption is perhaps inevitable, given the traditions of patronage and money-politics that prevail elsewhere in the region, but the charges of abusing his power are more serious.
A documentary by the Australian Broadcasting Corporation's Four Corners programme claims to have documentary evidence that Mr Alkatiri tacitly approved of the distribution of police weapons to civilians - a charge that has already led to the arrest of former
Interior Minister Rogerio Lobato, at one time an ally of the prime minister.
Mr Alkatiri has denied the charges, and the prosecutor-general says he has not yet uncovered any evidence against him. Certainly the murky events leading up to and after the fateful decision by Mr Alkatiri to endorse sacking more than a third of the army earlier this year need more investigation.
The fact that he was re-elected at the Fretilin party congress last month by a show of hands, rather by a secret ballot, does not reflect well on his democratic values.
But it is also worth remembering that East Timor has few capable leaders.
Education levels are among the world's lowest, and the long years of conflict under Indonesia's occupation, and Indonesia's chaotic withdrawal in 1999, left few local people with experience of government.
Mari Alkatiri is among the best they have. The country can ill-afford the loss of his abilities.
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quarta-feira, junho 28, 2006
E Timor's 'wrong kind of leader'
Por Malai Azul 2 à(s) 12:57
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Alkatiri is a Kafir (Arabic: كافر kāfir; plural كفّار kuffār) is an Arabic word meaning a person who hides, denies, or covers the truth.
Tradução:
O “líder de tipo errado” de Timor-Leste
Por Jonathan Head
Correspondente da Ásia do Sudeste, BBC News
Foi com uma actuação caracteristicamente não emotiva que Mari Alkatiri anunciou o fim do seu – e de Timor-Leste – primeiro mandato como primeiro-ministro.
Mari Alkatiri tem sido acusado de tudo que tem corrido mal "tendo reflectido profundamente na presente situação que prevalece no país, assumindo a minha parte da responsabilidade na crise, estou pronto a resignar como primeiro-ministro," disse numa conferência de imprensa em Dili.
Isto, depois de semanas de pressão, durante as quais ele insistiu repetidamente que a sua resignação não resolveria nada, e tinha recebido o apoio complete do seu partido, a Fretilin, que tem a maioria dos lugares no parlamento.
Então porquê a mudança de ideia?
O Sr Alkatiri referiu-se ao seu desejo de evitar uma ameaça de resignação do Presidente Xanana Gusmão – mas aquela ameaça foi feita na semana passada, e depois retirada, portanto é difícil de perceber porque é que isso teria mudado a sua ideia agora.
Mais provavelmente foi a continuada discussão com os seus colegas no governo sobre como tirar Timor-Leste da confusão que persuadiu o Sr Alkatiri a sair.
Há muito que é indiferente à sua própria impopularidade, mas no caos corrente, o país precisa de um líder menos divisor. Houve júbilo sobre a decisão, na capital, Dili, e provavelmente em muitas outras áreas de Timor-Leste.
O Sr Alkatiri tornou-se numa figura-a-odiar, acusado de tudo o que corre mal no país, e era difícil ver como se poderia começar a reconstruir confiança e estabilidade no país, depois dos traumáticos eventos das poucas últimas semanas, enquanto ele se mantivesse no gabinete.
Mas era realmente ele assim tão mau?
Maneiras bruscas. Ouvem-se muitas queixas contra o Sr Alkatiri, algumas delas obviamente injustas.
Tenho ouvido muitos jovens a queixarem-se que ele é um muçulmano, como se isso fosse um crime num país supostamente democrático e tolerante.
O Presidente Gusmão tem um toque de populismo
Também o acusam de ser um comunista, por causa das suas ideias de esquerda e dos muitos anos em que viveu em Moçambique.
Mas isso também, em tempos serviu bem Timor. A sua desconfiança instintiva do Ocidente ajudou-o a conduzir uma negociação muito dura com a Austrália sobre os direitos de Timor-Leste ao petróleo e ao gás no Mar de Timor, ajudado pela sua habilidade negocial.
É improvável que mais alguém pudesse ter feito tão bem pelo país.
Ele também tem um compromisso profundo com o desenvolvimento sustentado do seu país, e tem tentado duramente evitar demasiada dependência dos dadores - ideias que formou durante o seu exílio Africano.
Muita da sua impopularidade deve-se ao seu modo brusco, aos seus modos do tipo dos homens de negócios..
Ele é um intelectual, impaciente com pessoas que expressam ideias pouco pensadas.
Nunca pareceu capaz de enfatizar com o sofrimento experimentado por muita da população durante a ocupação Indonésia, ou de encontrar as palavras certas para confortar os que muitas vezes não conseguem expressar o que sentem acerca desses anos.
Por contraste, o Presidente Gusmão é um mestre da arte da cura.
Com algumas poucas palavras simples, ou somente um abraço, pode levar multidões às lágrimas.
Défice de talento
Os dois homens que têm estado à frente do país desde a independência podiam dificilmente ter estilos mais diferentes, e têm tido um difícil relacionamento um com o outro.
Muito disto tem a ver com a desconfiança do Sr Gusmão com o partido Fretilin, a quem ele acusa de tratamento áspero com os seus rivais durante a luta azeda contra a dominação Indonásia.
O Sr Alkatiri é um homem de partido consumado – a Fretilin reafirmou o se apoio a ele por três vezes em semanas recentes, a última vez menos de 24 horas antes dele resignar.
O partido permaneceu-lhe leal até ao fim, mas ele era discutivelmente o tipo errado de líder num país tão traumatizado como Timor-Leste.
Multidões têm reclamado durante semanas a saída do Sr Alkatiri
Mais sérias são as acusaões contra o Sr Alkatiri de corrupção e abuso de poder.
Algumas destas serão agora examinadas por uma investigação com supervisão internacional, porque o jovem poder judiciário de Timor-Leste não está à altura.
Alguma corrupção é talvez inevitável, dadas as tradições de apadrinhamento e de políticas-de-dinheiro que prevalecem em toda a região, mas as acusações de abuso de poder são mais sérias.
Um documentário do programa Four Corners da Australian Broadcasting Corporation clama ter evidência documental que o Sr Alkatiri aprovou tacitamente a distribuição de armas da polícia a civis – uma acusação que já levou à prisão do antigo Ministro do Interior Rogério Lobato, um aliado do primeiro-ministro.
O Sr Alkatiri tem negado as acusações, e o procurador-geral diz que ainda não encontrou nenhuma evidência contra ele. Certamente que os escuros eventos e os posteriores que levaram à decisão do Sr Alkatiri de endossar o despedimento de mais de um terço das forças armadas no início do ano, precisam de mais investigação.
O facto dele ter sido re-eleito no Congresso da Fretilin no mês passado por braço levantado, em vez de por voto secreto, não reflecte bem os seus valores democráticos.
Mas vale também a pena lembrar que Timor-Leste tem poucos líderes capazes.
Os níveis de educação estão entre os mais baixos do mundo, e os longos anos de conflito sob a ocupação Indonésia e a sua caótica retirada em 1999, deixaram poucas pessoas locais com experiência de governo.
Mari Alkatiri está entre os melhores que têm. O país dificilmente pode suportar a perda das suas capacidades.
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