terça-feira, abril 08, 2008

Feridos e detenções em Atambua entre ex-refugiados de Timor-Leste

Díli, 07 Abr (Lusa) - Uma manifestação de ex-refugiados timorenses terminou hoje em confrontos com a polícia em Atambua, na parte indonésia da ilha de Timor, afirmou à Agência Lusa um oficial das forças de segurança.

Os confrontos provocaram um ferido entre a polícia de intervenção e nove feridos entre os manifestantes, afirmou à Lusa Apolinário da Silva, tenente das forças de segurança indonésias.

Quatro organizadores da manifestação foram detidos pela polícia e estavam segunda-feira à noite (final da manhã em Lisboa) a ser ouvidos pelas autoridades, acrescentou o tenente Apolinário da Silva.

O tenente da polícia indonésia, natural de Timor-Leste e fluente em português, foi contactado por telefone pela Lusa a partir de Díli.

Na origem dos confrontos está um protesto de ex-refugiados de Timor-Leste que, após a consulta popular sobre o estatuto do território em 1999, optaram por ficar na parte ocidental e tornar-se cidadãos indonésios.

"Estou a cumprir o meu dever como polícia", explicou o tenente indonésio sobre o facto de "estar no meio" de uma batalha entre autoridades indonésias e antigos concidadãos timorenses.

Nos confrontos de hoje, a polícia usou gás lacrimogéneo e canhões de água e "o ataque entre as duas partes durou mais de uma hora", afirmou o tenente Apolinário da Silva à Lusa.

Os ex-refugiados, organizados no Fórum Humanitário dos Cidadãos Indonésios, reclamam há uma semana o pagamento de apoios estatais à sua reintegração social, tendo ocupado o Conselho Legislativo do distrito de Belu, com capital em Atambua.

"Ficaremos no edifício do Conselho até o governo nos explicar onde foi gasto o dinheiro que era para nós", afirmou a semana passada o secretário-geral do Fórum Humanitário, Mateus Guedes, citado pelas agências noticiosas.

Mateus Guedes acrescentou que os ex-refugiados deviam ter recebido uma soma de 80 mil milhões de rupias indonésias (cerca de 5,6 milhões de euros) em assistência nos últimos três anos.

Cada família devia ter recebido quatro milhões de rupias (280 euros), acrescentou ainda Mateus Guedes.

"Dado que cada família recebeu apenas 503 mil rupias, onde está o resto do dinheiro?"

Segundo o tenente Apolinário da Silva, o governo de Jacarta enviou uma delegação a Atambua para explicar aos ex-refugiados que "já não há mais alocação nem imposto a pagar, porque agora eles são povo da Indonésia".

O tenente recorda, entretanto, que os ex-timorenses acusam as autoridades indonésias de "não terem atenção com o seu futuro".

O oficial sublinha que milhares de famílias refugiadas na Indonésia receberam apoio financeiro e lotes de terreno para se instalarem no país.

O responsável dos serviços sociais da província de Nusa Tenggara Oriental, Frans Salim, declarou ao jornal indonésio de língua inglesa "The Jakarta Post" que o governo alocou apenas o equivalente a 2,8 milhões de euros para os programas de integração social dos ex-refugiados.

Esse dinheiro destinou-se a oito cidades e concelhos do Timor Ocidental, incluindo Belu, que recebeu apenas 8 mil milhões de rupias (550 mil euros) para 1500 famílias.

Frans Salim acrescentou que o problema existe porque todos os antigos elementos das Forças Armadas e da Polícia Nacional e funcionários públicos indonésios estão a reclamar apoio financeiro.

O dinheiro, segundo o governo provincial, destina-se apenas a ex-refugiados que se tenham integrado nas comunidades locais.

"Não é para todos os antigos refugiados de Timor-Leste", explicou Frans Salim ao "The Jakarta Post".

Cerca de duas mil famílias, que não se registaram em 2005, não terão direito a assistência do governo, afirmou ainda o chefe dos serviços sociais da província.

Na parte ocidental vivem cerca de 50 mil antigos refugiados de Timor-Leste, reunidos em cerca de 16.400 famílias, segundo o tenente Apolinário da Silva.


PRM
Lusa/fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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