segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A Frustrating Manhunt in Timor

Time - Sunday, Feb. 17, 2008

By RORY CALLINAN/DILI

Just before dawn on Feb. 16, dozens of Australian soldiers crept silently into Fatu Metan, a district in the west of the East Timorese capital, Dili. They surrounded a small house and laid a ladder up against the partially completed second story; across the road, snipers with laser sights took up positions on the roof of a partly demolished house.

The soldiers, members of the International Stabilization Force attempting to restore calm to East Timor, believed that hiding inside the three-bedroom home was one of the country's most wanted men, Lieutenant Gustao Salsinha ­ sought in connection with the Feb. 11 attacks on President Jose Ramos-Horta and Prime Minister Xanana Gusmao. They slipped up the ladder, through the upper story, down the stairs and into one of the bedrooms, where they tapped the leg of a figure lying on a bed.

Their prize gave a piercing girlish scream. It was not the ruthless guerrilla fighter they were hoping for, but the teenage daughter of an East Timorese legislator, lawyer Vitor Dos Santos.

A furious Dos Santos, who was woken by the raid, said the soldiers apologized, and offered him $100 to buy some candy for his children.

"I'm still traumatized," he says. "They cannot just enter a house at night unless they see the suspect run in." He warns that if such raids continue "in breach of human rights, they will lose the support of the people." The clumsy offer of compensation did little to ease his anger. "I did not accept the money," he says.

For six days, Australian troops and UN police have been hunting the band of rebels thought to be behind the attacks on Gusmao and Ramos-Horta, who is recovering from his wounds in an Australian hospital. A spokesman for the ISF confirmed the search of Dos Santos' house, and said such operations would continue. The Chief of Australia's Defence Force, Air Chief Marshal Angus Houston, said that Australian forces "will assist authorities in bringing these people to justice." But as Saturday's raid demonstrates, it will be no easy task.

Australia last week sent an extra 200 troops to join its existing contingent of 780 men, who, along with 170 New Zealanders, make up the ISF. The men they are pursuing spent the past two years under the leadership of rebel leader Major Alfredo Reinado, who was killed during what the government labeled an assassination attempt on Ramos-Horta. Under Reinado's leadership, the rebels were regularly hunted by the ISF's highly trained special forces but always managed to stay one step ahead of them.

Asked if the ISF will catch Salsinha and his men, politician Leandro Isaac, who once supported Reinado, smiled. "For over 20 years, they have experience with the Indonesian army chasing them," says Isaac, who spent two months in the jungle with Reinado and Salsinha. "The reason why they cannot catch them is they don't have any cooperation with the local community." Isaac has since fallen out with the rebels over their armed activities, but says the single battalion of Australian troops hunting them are wasting their time. "There are the hills, the mountains, caves, rivers to hide in. Indonesia had 18 battalions in Timor," he says, referring to the time Jakarta tried to suppress the Timorese independence movement, "and they never succeeded against the guerrillas in the forest." And, he says, the rebels enjoy popular support. "The local people will not tell them where they are hiding."

Just what information the soldiers are relying on is not being revealed, but many of the rebels may be changing their mobile phone SIM cards to avoid having their locations triangulated. In the absence of reliable intelligence, the ISF is forced to resort to broad-brush tactics. Earlier last week, Australian forces conducted a sweep around the tiny village of Dare, perched on the western mountain range that rises steeply behind Dili. The soldiers threw up checkpoints on the roads and declared the area a "media-free zone," denying access to journalists, but allowing Timorese to pass.

TIME's reporters walked around the checkpoint and spoke to Dare villagers, who said they had been well aware of the Australian operations but had not seen any rebels. "We know the helicopters come and drop special forces in the hills," said one farmer who did not want to give his name. As we walked further into the area, two Australian soldiers wearing camouflage paint on their faces burst out of the bushes and ordered us at gunpoint to get down on the ground. One of the soldiers, corporal Simon Zapelli, said he was detaining us "for your own safety" but declined to explain why locals were allowed to continue through the village if it was so dangerous.

After three hours the soldiers released us, with one observing that there had been "some dangerous types in the area." When asked to eleborate, he said: "You're pissing in the wind there, buddy." Then we watched the soldiers return to fruitlessly searching the hillsides around us.


Tradução:

Uma frustante caça ao homem em Timor

Time - Domingo, Fev. 17, 2008
Por RORY CALLINAN/DILI

Mesmo antes do nascer do dia em 16 de Fevereiro, dúzias de soldados Australianos trepam em silêncio para Fatu Metan, um distrito a oeste da capital Timorense, Dili. Cercaram uma casa pequena e encostaram uma escada contra o segundo andar parcialmente acabado; do outro lado da estrada, snipers com visão nocturna tomaram posições no telhado duma casa parcialmente demolida.

Os soldados, membros da Força Internacional de Estabilização que tentavam restaurar a calma em Timor-Leste, acreditavam que Escondido dentro da casa de três quartos estava um dos homens mais procurados do país, o tenente Gastão Salsinha procurado em conexão com os ataques de 11 de Fevereiro ao Presidente José Ramos-Horta e Primeiro-Ministro Xanana Gusmão. Subiram a escada, passaram pelo andar de cima, desceram as escadas até um dos quartos onde descobriram a perna duma pessoa deitada numa cama.

O prémio deles soltou um grito perfurante de rapariga. Essa não era o guerrilheiro bruto que procuravam mas a adolescente filha do deputado e advogado Timorense Vítor Dos Santos.
Um Dos Santos furioso, que tinha sido acordado pelo assalto, disse que os soldados pediram desculpa, e que lhe ofereceram $100 para comprar rebuçados para os filhos.

"Ainda estou traumatizado," diz. "eles não podem assim sem mais entrar à noite numa casa a não ser que tenham visto um suspeito lá entrar." Avisa que se tais assaltos continuarem "em violação dos direitos humanos, que eles perderão o apoio das pessoas." A apalhaçada oferta de compensação pouco fez para acalmar a sua fúria. "Eu não aceitei o dinheiro," diz.

Durante seis dias, tropas Australianas e policies da ONU têm andado à procura do bando de amotinados que pensam terem estado por detrás dos ataques a Gusmão e Ramos-Horta, que está a recuperar dos ferimentos num hospital Australiano. Um porta-voz da ISF confirmou a busca em casa de Dos Santos e disse que tais operações vão continuar. O Chefe da Força de Defesa da Austrália, o Marechal da Força Aérea Angus Houston, disse que as forças Australianas "vão assistir as autoridades a levarem essa gente à justiça." Mas como o assalto de Sábado mostrou, isso não será fácil.

Na semana passada a Austrália enviou mais 200 tropas extras para se juntarem ao seu contingente actual de 780 homens, que, juntamente com 170 da Nova Zelândia formam a ISF.

Os homens que estão a perseguir passaram os dois últimos anos sob a liderança do líder amotinado Major Alfredo Reinado, que foi morto durante o que o governo rotulou de tentativa de assassínio a Ramos-Horta. Sob a liderança de Reinado, os amotinados foram regularmente caçados pelas forças especiais altamente treinadas da ISF mas conseguiram sempre andar um passo à frente deles.

Perguntado se ISF apanhará Salsinha e os seus homens, o político Leandro Isaac, que antes apoiou Reinado, sorriu. "Durante mais de 20 anos, tiveram a experiência da perseguição das forças armadas Indonésias," diz Isaac, que passou dois meses no mato com Reinado e Salsinha.

"A razão porque não os podem apanhar é porque não têm nenhuma cooperação da comunidade local." Desde então Isaac deixou os amotinados por causa das suas actividades armadas, mas diz que o único batalhão de tropas Australianas à caça deles está a perder o tempo. "Há os montes, as montanhas, grutas, rios para esconderijos. A Indonésia teve 8 batalhões em Timor," diz, referindo-se ao tempo em que Jacarta tentou suprimir o movimento da independência Timorense, "e eles nunca tiveram sucesso contra a guerrilha na floresta." E, diz, os amotinados gozam de apoio popular. "As pessoas locais não lhes dirão onde é que eles se escondem."

Não é revelada qual a informação em que os soldados se apoiam, mas muitos dos amotinados podem ter mudado os seus cartões SIM dos telemóveis para evitarem ter as suas localizações trianguladas. Na ausência de dados fiáveis, a ISF é forçada a deitar mão de tácticas de busca amplas. No princípio da semana passada, as forças Australianas conduziram uma limpeza à volta da pequena aldeia de Dare, pendurada na linha de montanhas do oeste que se levanta abruptamente por detrás de Dili. Os soldados montaram postos de controlo nas estradas e declararam a área uma "zona proibida para os media," negando o acesso aos jornalistas mas deixando passar os Timorenses.

Os repórteres da TIME andaram à volta do posto de controlo e falaram com aldeões de Dare, que disseram que sabiam das operações Australianas mas que não tinham visto nenhum amotinado. "Sabemos que vieram os helicópteros e que desembarcaram algumas forças especiais nos montes," disse um agricultor que não quis dar o nome. Enquanto caminhávamos mais na área, saíram do mato dois soldados Australianos com a cara pintada com tinta de camuflagem e que nos ordenaram de armas na mão para nos deitarmos no chão. Um dos soldados, o cabo Simon Zapelli, disse que nos estava a deter "para a vossa própria segurança" mas declinou explicar porque é que autorizavam os locais a continuar para a aldeia se era assim tão perigoso.

Passadas três horas os soldados libertaram-nos, com um a dizer que tinham estado "alguns tipos muito perigosos na área." Quando lhe foi pedido que elaborasse, disse: "Estão a mijar contra o vento lá, amigos." Depois observámos os soldados a regressarem da infrutífera busca nos montes à nossa volta.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tradução:
Uma frustante caça ao homem em Timor
Time - Domingo, Fev. 17, 2008

Por RORY CALLINAN/DILI

Mesmo antes do nascer do dia em 16 de Fevereiro, dúzias de soldados Australianos trepam em silêncio para Fatu Metan, um distrito a oeste da capital Timorense, Dili. Cercaram uma casa pequena e encostaram uma escada contra o segundo andar parcialmente acabado; do outro lado da estrada, snipers com visão nocturna tomaram posições no telhado duma casa parcialmente demolida.

Os soldados, membros da Força Internacional de Estabilização que tentavam restaurar a calma em Timor-Leste, acreditavam que Escondido dentro da casa de três quartos estava um dos homens mais procurados do país, o tenente Gastão Salsinha procurado em conexão com os ataques de 11 de Fevereiro ao Presidente José Ramos-Horta e Primeiro-Ministro Xanana Gusmão. Subiram a escada, passaram pelo andar de cima, desceram as escadas até um dos quartos onde descobriram a perna duma pessoa deitada numa cama.

O prémio deles soltou um grito perfurante de rapariga. Essa não era o guerrilheiro bruto que procuravam mas a adolescente filha do deputado e advogado Timorense Vítor Dos Santos.

Um Dos Santos furioso, que tinha sido acordado pelo assalto, disse que os soldados pediram desculpa, e que lhe ofereceram $100 para comprar rebuçados para os filhos.

"Ainda estou traumatizado," diz. "eles não podem assim sem mais entrar à noite numa casa a não ser que tenham visto um suspeito lá entrar." Avisa que se tais assaltos continuarem "em violação dos direitos humanos, que eles perderão o apoio das pessoas." A apalhaçada oferta de compensação pouco fez para acalmar a sua fúria. "Eu não aceitei o dinheiro," diz.

Durante seis dias, tropas Australianas e policies da ONU têm andado à procura do bando de amotinados que pensam terem estado por detrás dos ataques a Gusmão e Ramos-Horta, que está a recuperar dos ferimentos num hospital Australiano. Um porta-voz da ISF confirmou a busca em casa de Dos Santos e disse que tais operações vão continuar. O Chefe da Força de Defesa da Austrália, o Marechal da Força Aérea Angus Houston, disse que as forças Australianas "vão assistir as autoridades a levarem essa gente à justiça." Mas como o assalto de Sábado mostrou, isso não será fácil.

Na semana passada a Austrália enviou mais 200 tropas extras para se juntarem ao seu contingente actual de 780 homens, que, juntamente com 170 da Nova Zelândia formam a ISF. Os homens que estão a perseguir passaram os dois últimos anos sob a liderança do líder amotinado Major Alfredo Reinado, que foi morto durante o que o governo rotulou de tentativa de assassínio a Ramos-Horta. Sob a liderança de Reinado, os amotinados foram regularmente caçados pelas forças especiais altamente treinadas da ISF mas conseguiram sempre andar um passo à frente deles.

Perguntado se ISF apanhará Salsinha e os seus homens, o político Leandro Isaac, que antes apoiou Reinado, sorriu. "Durante mais de 20 anos, tiveram a experiência da perseguição das forças armadas Indonésias," diz Isaac, que passou dois meses no mato com Reinado e Salsinha. "A razão porque não os podem apanhar é porque não têm nenhuma cooperação da comunidade local." Desde então Isaac deixou os amotinados por causa das suas actividades armadas, mas diz que o único batalhão de tropas Australianas à caça deles está a perder o tempo. "Há os montes, as montanhas, grutas, rios para esconderijos. A Indonésia teve 8 batalhões em Timor," diz, referindo-se ao tempo em que Jacarta tentou suprimir o movimento da independência Timorense, "e eles nunca tiveram sucesso contra a guerrilha na floresta." E, diz, os amotinados gozam de apoio popular. "As pessoas locais não lhes dirão onde é que eles se escondem."

Não é revelada qual a informação em que os soldados se apoiam, mas muitos dos amotinados podem ter mudado os seus cartões SIM dos telemóveis para evitarem ter as suas localizações trianguladas. Na ausência de dados fiáveis, a ISF é forçada a deitar mão de tácticas de busca amplas. No princípio da semana passada, as forças Australianas conduziram uma limpeza à volta da pequena aldeia de Dare, pendurada na linha de montanhas do oeste que se levanta abruptamente por detrás de Dili. Os soldados montaram postos de controlo nas estradas e declararam a área uma "zona proibida para os media," negando o acesso aos jornalistas mas deixando passar os Timorenses.

Os repórteres da TIME andaram à volta do posto de controlo e falaram com aldeões de Dare, que disseram que sabiam das operações Australianas mas que não tinham visto nenhum amotinado. "Sabemos que vieram os helicópteros e que desembarcaram algumas forças especiais nos montes," disse um agricultor que não quis dar o nome. Enquanto caminhávamos mais na área, saíram do mato dois soldados Australianos com a cara pintada com tinta de camuflagem e que nos ordenaram de armas na mão para nos deitarmos no chão. Um dos soldados, o cabo Simon Zapelli, disse que nos estava a deter "para a vossa própria segurança" mas declinou explicar porque é que autorizavam os locais a continuar para a aldeia se era assim tão perigoso.

Passadas três horas os soldados libertaram-nos, com um a dizer que tinham estado "alguns tipos muito perigosos na área." Quando lhe foi pedido que elaborasse, disse: "Estão a mijar contra o vento lá, amigos." Depois observámos os soldados a regressarem da infrutífera busca nos montes à nossa volta.

Anónimo disse...

Que grande palhaçada!

Eu até tinha uma boa impressão da tropa australiana, antes deste fiasco que está a ser Timor-Leste.

Primeiro foi a encenação de Same.

Agora andam a acordar rapariguinhas entrando-lhes em casa de madrugada, o que até é ilegal. Terão visto bem debaixo da cama?

Isto chama-se uma tropa fandanga.

Assim não vão longe, não. Que incompetentes! Que matumbos! Aguardam-se novos episódios...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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