quarta-feira, janeiro 30, 2008

In death, Suharto cheats justice

Economist

Indonesia

Jan 28th 2008 BANGKOK
From Economist.com

An end to the ex-dictator’s deathbed saga

AP
FOR weeks, Indonesia’s former dictator, General Suharto, had been lingering on his deathbed in a hospital in Jakarta, attended by a team of doctors and a scrum of reporters. Some of the country’s 226m people, meanwhile, debated his legacy: was he a nation-builder or a plunderer of the nation’s wealth? A bringer of stability or a murderous destroyer of liberty? As his life ebbed away, the enigmatic ex-soldier who had ruled with a rod of iron for 32 years until 1998 was visited by two fellow retired autocrats—Malaysia’s Mahathir Mohamed and Singapore’s Lee Kuan Yew—who, naturally, emphasised his achievements as a statesman and staunch anti-communist. At last he died on Sunday January 27th, aged 86.

His burial, in line with Muslim tradition, took place the next day. Tens of thousands lined the streets as his body was driven through the royal city of Solo in central Java, to the family mausoleum. Born in 1921 when Indonesia was still a Dutch colony, Mr Suharto was officially recorded as being the son of peasant farmers, although rumours suggested that he might have been the illegitimate son of a Javanese aristocrat or perhaps a wealthy businessman.

Mr Suharto joined the colonial Dutch army, then served under the occupying Japanese forces in the second world war, after which he fought for independence. In 1965 he shoved aside the then president, Sukarno, after the murders of six army generals in what was later officially claimed to have been a communist plot. Whatever the truth, Mr Suharto used it as an excuse to launch a bloody crackdown on communists, Sukarno supporters and anyone else in his way. Hundreds of thousands were slaughtered.

From then on all dissent was crushed in the name of stability and economic progress: Mr Suharto liked to be called the “Father of Development”. For a while it seemed to work as economic growth accelerated, roads and factories were built, foreign investment flowed. A hugely disparate archipelago of tens of thousands of islands, which had seemed at risk of shattering, was united.

However, behind a façade of modernity and mock democracy Mr Suharto was creating a mafia state, with himself as godfather, built on patronage, corruption and repression. Separatist movements in Aceh, Papua and especially that in East Timor, a former Portuguese colony which Mr Suharto had invaded in 1975, were repressed with exceptional brutality—again, the body-count ran into the hundreds of thousands.

By the 1990s the rot was obvious. Mr Suharto’s former backers in the West regretted praising him so effusively. With the 1997 Asian crisis the whole decayed structure collapsed. Amid street protests and a plunging economy, Mr Suharto was forced to resign the next year. The survival, however, of many of his cronies ensured he was never brought to justice. He continued to live comfortably in downtown Jakarta, suffering periodic bouts of serious illness that correlated, suspiciously, with spasmodic attempts to prosecute him.

In May 2006 the country’s attorney-general dropped all criminal proceedings against the former dictator. A civil case was then launched to try to recover some of the billions that he, his family and his “charities” allegedly looted (which he continued, to the end, to deny). Earlier this month his supporters in parliament urged the dropping of even this case.

By his death Mr Suharto has cheated justice. Like Chairman Mao, the Philippines’ Ferdinand Marcos and even Cambodia’s Pol Pot, he leaves behind a coterie of diehard supporters with irrational nostalgia for the supposedly golden days of autocratic rule. Indonesia suffered years of chaos and low growth after the collapse of his rotten regime. But recently democracy and civil society have begun to blossom, the public finances have been repaired, a peace agreement has been struck to end Aceh’s separatist conflict and the country has come to terms with the loss of East Timor (now independent Timor-Leste). Progress in curbing corruption and reforming broken state institutions has been ploddingly slow but the country seems to be heading in the right direction. Although some did well out of the Suharto regime, Indonesia today is, overall, a freer and more prosperous place than it was under his rule.

Tradução:

Suharto finta a justiça na morte Economist

Indonesia
Jan 28th 2008 BANGKOKDe Economist.com
Um fim da saga do leito de morte do ex-ditador


APDurante semanas o antigo ditador da Indonésia, General Suharto, esteve a desvanecer-se no seu leito de morte num hospital em Jacarta, atendido por uma equipa de médicos e um cortejo de repórteres. Alguns dos 226 milhões de cidadãos do país, entretanto, debateram a sua herança: foi ele um construtor da nação ou um pilhador da riqueza da nação? Um que trouxe a estabilidade ou um destruidor assassino da liberdade? Enquanto a sua vida se desvanecia, o enigmático ex-soldado que tinha governado com um punho de ferro durante 32 anos até 1998 foi visitado por dois parceiros autocratas reformados—Mahathir Mohamed da Malásia e Lee Kuan Yew de Singapura—que, naturalmente, enfatizaram as suas realizações como estadista e campeão anti-comunista. Acabou por morrer no Domingo, 27 de Janeiro, com 86 anos.


O seu enterro, em linha com a tradição muçulmana , realizou-se no dia seguinte. Dezenas de milhares alinharam-se nas ruas quando o seu corpo foi conduzido através da cidade real de Solo em central Java, para o mausoléu da família. Nascido em 1921 quando a Indonésia era ainda uma colónia Holandesa, o Sr Suharto foi oficialmente descrito como sendo o filho de camponeses, apesar de rumores sugerirem que ele pode ter sido o filho ilegítimo dum aristocrata Javanês ou talvez dum rico comerciante.


O Sr Suharto alistou-se nas forças armadas coloniais Holandesas, depois serviu com as forças ocupantes Japonesas na segunda guerra mundial, depois do que lutou pela independência. Em 1965 empurrou para o lado e então presidente, Sukarno, depois do assassínio de seis generais das forças armadas no que foi mais tarde oficialmente descrito ter sido uma conspiração comunista. Seja qual for a verdade, o Sr Suharto usou isso como desculpa para lançar uma repressão sangrenta sobre os comunistas, sobre os apoiantes de Sukarno e qualquer outra pessoa que se atravessasse no seu caminho. Centenas de milhares foram massacrados.


Desde então todos os dissidentes foram esmagados em nome da estabilidade e do progresso económico: o Sr Suharto gostava de ser chamado o “Pai do Desenvolvimento”. Durante algum tempo, isso parecia resultar quando se acelerou o crescimento económico, as estradas e fábricas estavam a ser construídas, entrava investimento estrangeiro. Um enorme e variado arquipélago de dezenas de milhares de ilhas, que tinha parecido estar à beira de se desmoronar, estava unido.


Contudo, por detrás duma fachada de modernidade e de fingida democracia o Sr Suharto estava a criar um Estado mafioso, com ele próprio a ser o padrinho, construído em compadrio, corrupção e repressão. Movimentos separatistas em Aceh, Papua e especialmente o de Timor-Leste, uma antiga colónia Portuguesa que o Sr Suharto tinha invadido em 1975, foram reprimidos com excepcional brutalidade—mais uma vez a contagem dos corpos foi de centenas de milhares.
Pelos anos de 1990s a podridão era obvia. Os antigos apoiantes do Sr Suharto do Ocidente elogiaram-no efusivamente. Com a crise Asiática de 1997 a totalidade da estrutura decadente ruiu. No meio de protestos de rua e duma economia em queda acelerada, o Sr Suharto foi forçado a resignar no ano seguinte. A sobrevivência contudo de muitos dos seus amigalhaços garantiram que ele nunca fosse levado à justiça. Ele continuou a viver confortavelmente na baixa de Jacarta, sofrendo ataques periódicos de doenças sérias, correlacionadas, suspeitosamente com tentativas esporádicas para ser processado.


Em Maio de 2006 o procurador-geral do país deixou cair todos os processos criminais contra o antigo ditador. Foi então lançada uma acção civil para tentar recuperar alguns dos biliões que ele, a sua família e as suas “caridades” alegadamente pilharam (o que ele continuou a negar até ao fim). No princípio deste mês os seus apoiantes no parlamento até pediram para se deixar cair mesmo este caso.


Com a morte o Sr Suharto enganou a justiça. Como o Presidente Mao, Ferdinand Marcos das Filipinas e mesmo Pol Pot do Cambodia, ele deixa para trás um conjunto de dedicados apoiantes com uma nostalgia irracional dos supostos dias dourados da governação autocrática. A Indonésia sofreu anos de caos e de baixo crescimento depois do colapso do seu regime apodrecido. Mas recentemente, a democracia e a sociedade civil começaram a florescer, as finanças públicas foram restauradas, acordou-se num pacto de paz para acabar com o conflito separatista em Aceh e o país chegou a um entendimento com a perda do leste de Timor (agora o independente Timor-Leste). Têm sido lentos os progressos para reduzir a corrupção e reformar as instituições partidas do Estado e o país parece direccionar-se na direcção certa. Apesar de alguns se terem safado bem no regime de Suharto, hoje a Indonésia é, no geral, um lugar mais livre e mais próspero do que sob a sua governação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:

Suharto finta a justiça na morte
Economist

Indonesia

Jan 28th 2008 BANGKOK
De Economist.com

Um fim da saga do leito de morte do ex-ditador

AP
Durante semanas o antigo ditador da Indonésia, General Suharto, esteve a desvanecer-se no seu leito de morte num hospital em Jacarta, atendido por uma equipa de médicos e um cortejo de repórteres. Alguns dos 226 milhões de cidadãos do país, entretanto, debateram a sua herança: foi ele um construtor da nação ou um pilhador da riqueza da nação? Um que trouxe a estabilidade ou um destruidor assassino da liberdade? Enquanto a sua vida se desvanecia, o enigmático ex-soldado que tinha governado com um punho de ferro durante 32 anos até 1998 foi visitado por dois parceiros autocratas reformados—Mahathir Mohamed da Malásia e Lee Kuan Yew de Singapura—que, naturalmente, enfatizaram as suas realizações como estadista e campeão anti-comunista. Acabou por morrer no Domingo, 27 de Janeiro, com 86 anos.

O seu enterro, em linha com a tradição muçulmana , realizou-se no dia seguinte. Dezenas de milhares alinharam-se nas ruas quando o seu corpo foi conduzido através da cidade real de Solo em central Java, para o mausoléu da família. Nascido em 1921 quando a Indonésia era ainda uma colónia Holandesa, o Sr Suharto foi oficialmente descrito como sendo o filho de camponeses, apesar de rumores sugerirem que ele pode ter sido o filho ilegítimo dum aristocrata Javanês ou talvez dum rico comerciante.

O Sr Suharto alistou-se nas forças armadas coloniais Holandesas, depois serviu com as forças ocupantes Japonesas na segunda guerra mundial, depois do que lutou pela independência. Em 1965 empurrou para o lado e então presidente, Sukarno, depois do assassínio de seis generais das forças armadas no que foi mais tarde oficialmente descrito ter sido uma conspiração comunista. Seja qual for a verdade, o Sr Suharto usou isso como desculpa para lançar uma repressão sangrenta sobre os comunistas, sobre os apoiantes de Sukarno e qualquer outra pessoa que se atravessasse no seu caminho. Centenas de milhares foram massacrados.

Desde então todos os dissidentes foram esmagados em nome da estabilidade e do progresso económico: o Sr Suharto gostava de ser chamado o “Pai do Desenvolvimento”. Durante algum tempo, isso parecia resultar quando se acelerou o crescimento económico, as estradas e fábricas estavam a ser construídas, entrava investimento estrangeiro. Um enorme e variado arquipélago de dezenas de milhares de ilhas, que tinha parecido estar à beira de se desmoronar, estava unido.

Contudo, por detrás duma fachada de modernidade e de fingida democracia o Sr Suharto estava a criar um Estado mafioso, com ele próprio a ser o padrinho, construído em compadrio, corrupção e repressão. Movimentos separatistas em Aceh, Papua e especialmente o de Timor-Leste, uma antiga colónia Portuguesa que o Sr Suharto tinha invadido em 1975, foram reprimidos com excepcional brutalidade—mais uma vez a contagem dos corpos foi de centenas de milhares.

Pelos anos de 1990s a podridão era obvia. Os antigos apoiantes do Sr Suharto do Ocidente elogiaram-no efusivamente. Com a crise Asiática de 1997 a totalidade da estrutura decadente ruiu. No meio de protestos de rua e duma economia em queda acelerada, o Sr Suharto foi forçado a resignar no ano seguinte. A sobrevivência contudo de muitos dos seus amigalhaços garantiram que ele nunca fosse levado à justiça. Ele continuou a viver confortavelmente na baixa de Jacarta, sofrendo ataques periódicos de doenças sérias, correlacionadas, suspeitosamente com tentativas esporádicas para ser processado.

Em Maio de 2006 o procurador-geral do país deixou cair todos os processos criminais contra o antigo ditador. Foi então lançada uma acção civil para tentar recuperar alguns dos biliões que ele, a sua família e as suas “caridades” alegadamente pilharam (o que ele continuou a negar até ao fim). No princípio deste mês os seus apoiantes no parlamento até pediram para se deixar cair mesmo este caso.

Com a morte o Sr Suharto enganou a justiça. Como o Presidente Mao, Ferdinand Marcos das Filipinas e mesmo Pol Pot do Cambodia, ele deixa para trás um conjunto de dedicados apoiantes com uma nostalgia irracional dos supostos dias dourados da governação autocrática. A Indonésia sofreu anos de caos e de baixo crescimento depois do colapso do seu regime apodrecido. Mas recentemente, a democracia e a sociedade civil começaram a florescer, as finanças públicas foram restauradas, acordou-se num pacto de paz para acabar com o conflito separatista em Aceh e o país chegou a um entendimento com a perda do leste de Timor (agora o independente Timor-Leste). Têm sido lentos os progressos para reduzir a corrupção e reformar as instituições partidas do Estado e o país parece direccionar-se na direcção certa. Apesar de alguns se terem safado bem no regime de Suharto, hoje a Indonésia é, no geral, um lugar mais livre e mais próspero do que sob a sua governação.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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