terça-feira, junho 06, 2006

GNR aposta em maior coordenação a quatro

DN Online - 6.06.2006

O comando da GNR em Timor- -Leste espera que as reuniões marcadas para hoje entre as quatro forças internacionais que estão no terreno - Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia - consigam tradu- zir o entendimento necessário para que não existam sobreposições ou duplicação de esforços.

A polícia tem de manter a ordem pública e estar a postos para situações mais complicadas, como é a função da GNR, mas há também necessidade de alguma investigação criminal, tarefa que deverá ser desempenhada pelos 190 homens que Camberra está a fazer chegar a Díli.

Apesar de a Austrália continuar a aumentar a sua presença em Timor-Leste e a querer coordenar os militares e de estar a solicitar à ONU que oriente as polícias, o facto é que Camberra mantém, segundo uma fonte portuguesa que acompanha o processo, "uma visível vontade de comando mesmo em áreas que não são suas".

Ontem, durante a reabertura dos trabalhos parlamentares, Francisco Guterres (Lu Olo), que preside ao Parlamento, viu os militares australianos a tentar desarmar os polícias da Malásia que lhe fazem segurança.

"Uma descoordenação total", diria, depois, à Lusa, Harald Mocho, o chefe de gabinete de Lu Olo.

Apesar destes, e doutros casos, o capitão Gonçalo Carvalho, que comanda o contingente da GNR em Timor-Leste, garante que "começa já a existir algum diálogo" entre as quatro forças ali estacionadas.

O que poderá ganhar força com a criação do gabinete de coordenação - "algo sobre o qual já existe consenso" - no decorrer da reunião que está prevista para hoje e que deverá juntar Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia. PAA

4 comentários:

Anónimo disse...

Deve-se estar muito bem em Maubisse a comandar uma revolta em chinelinho de enfiar no dedo

Depois de ter sido fotografado fardado acompanhado por soldados australianos na pousada de Maubisse, o ex-major das forças armadas timorenses Alfredo Reinado, comandante de uma revolta que já causou vários mortos em Timor, volta a deixar-se fotografar agora em…traje de passeio. Dizem as legendas das fotos da agência Lusa, que a cena se passa na vila de Maubisse, a cerca de 80 quilómetros de Dili, e que Alfredo Reinado ali se dirigiu para ser entrevistado. Fotos únicas. Deve ser a primeira vez que um militar revoltoso, que se intitula como comandante de todos os homens armados nas montanhas, que ameaçou o estado direito de um país, que já comandou acções que causaram a morte de civis, se instala numa pousada rodeada por uma luxuriante vegetação e se apronta para dar entrevistas como quem vai para a praia. Deve-se estar muito bem em Maubisse. Especialmente se se puder comandar uma revolta armada de “t shirt” de alças, bermudas, chinelinho de enfiar no dedo e óculos escuros.
http://blogs.publico.pt/timor/

Vejam as fotos!

Anónimo disse...

A 21 Abril de 1999, quando pela primeira vez cheguei a Díli, uma das coisas que logo me chamou a atenção foram as crianças. Escrevi, logo nesse dia, uma crónica que, se a memória não falha, intitulei como “Díli, a cidade das crianças”. Falava sobre a enorme quantidade de meninos e meninas que andavam pelas ruas da cidade ainda ocupada pela Indonésia. Como brincavam inocentes entre os blindados e carros de transporte de militares indonésios que permanentemente circulavam pela cidade. Encantei-me com a beleza daqueles meninos. Ao longo desse ano, e nos seguintes, já depois do referendo que libertou Timor, escrevi dezenas de textos com crianças timorenses dentro. Textos sofridos sobre crianças que passavam fome, que viviam escondidas nas montanhas, que eram perseguidas e mortas pelos militares ocupantes. Crianças que aprenderam a chorar em silêncio para não atraírem o inimigo ou que, de tanto sofrer, já não tinham mais lágrimas para soltar. Perdi a conta às vezes que também eu chorei sozinho, à noite, no quarto do hotel então chamado Makota, o sofrimento daquelas crianças. Escrevi também textos felizes sobre as crianças timorenses: como elas aprenderam depressa, já depois do referendo, as palavras que, antes votação libertadora, os pais se limitavam a sussurrar. Palavras como independência, liberdade, Xanana Gusmão, Timor Lorosae (nesses anos todos eram de Timor Lorosae, mesmo os de Timor Loromonu). As imagens dos últimos dias das crianças nos campos de refugiados voltaram a trazer-me à memória os dias tristes e sofridos dos meninos e meninas timorenses, que agora voltam a ser as principais vitimas. Vitimas dos bandos que incendeiam, pilham e matam em Díli. Vitimas dos chamados militares revoltosos que ameaçam chantageiam o país. Vitimas dos políticos timorenses e estrangeiros que colocam os seus interesses pessoais e políticos acima das pessoas. Será que esta gente não vê que estas crianças estão outra vez a sofrer. Será que não percebem que estas crianças voltaram a não viver em liberdade. Será que esqueceram tão depressa o que foi o sofrimento de todos no passado. (Fotos Mark Baker/AP)
Luciano Alvarez Segunda-feira, Junho 05, 2006

Anónimo disse...

Dois comentários aos 'comentários': Maubisse não é propriamente na costa e não está rodeada de vegetação luxuriante. A 'Pousada' de Maubisse é uma antiga 'casa de administrador' português que foi transformada em 'pousada' e estava a ser explorada pela Ensul (salvo erro). Fica localizada num monte sobranceiro à vila de Maubisse, que por sua vez está rodeado por montanhas mais altas e praticamente sem vegetação. Trata-se de um local 'estratégico' porque se vê a aproximação de gente/carros a uma grande distância, mas está relativamente isolada e poderia ser facilmente objecto de uma acção de cerco. I.e. se quisessem apanhal o 'Major' Reinado lá.

Quanto às criancinhas de Timor: é tudo verdade, é muito comovente. Mas o comentador tenha presente que essas crianças que viu em 1999, hoje provavelmente já são adoslescentes e alguns deles podem esta agora a fazer parte dos gangs que pilham e queimam as casas em Comoro, Becora, etc.

O que é mais triste de tudo é ver que Timor em quatro semanas conseguiu destruir quase tudo o que tanto esforço conseguira construir em quatro anos: as instituições, casas e sobretudo a confiança do povo e da comunidade internacional.

Ai Timor!

Anónimo disse...

Há quanto tempo não vai a Maubisse?

Olhe que a casa do administrador mudou muito! Bem como o enquadramento que, felizmente, jah nao eh varrido com as queimadas tão frequentes que o fustigavam.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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