terça-feira, junho 06, 2006

Mozambique: Journalists Call for Solidarity With Timorese Government

Agencia de Informacao de Mocambique (Maputo) - Posted to the web June 5, 2006

Mozambique: Journalists Call for Solidarity With Timorese Government

Two prominent Mozambican journalists, in the latest edition of the
independent weekly "Savana", have written in defence of embattled East
Timorese Prime Minister Mari Alkatiri, who has been subjected to all
manner of slander and insult from the right wing Australian media and
from the Catholic Church. During the current crisis, Alkatiri has been
literally demonised, with some posters from his Catholic opponents
declaring "Alkatiri is a communist and a devil".

But many Mozambican journalists have a very different picture of
Alkatiri. For in exile he lived in Maputo, where he played a key role
in the attempts to mobilise international solidarity against the
Indonesian invasion of East Timor.

In the dark days of the late 1970s and the 1980s, it was not
Australia, and not even the former colonial power, Portugal, that kept
the Timorese issue alive in international fora - that task fell on the
shoulders of Mozambique and Angola.

During those long years Mozambican journalists and other intellectuals
came to know and admire Alkatiri, and have no time for absurd claims
that he is "a devil".

In his "Savana" column, Fernando Lima notes that Alkatiri has been
subjected to the rage of the Catholic church since 2002.

Among the causes for this were the Timorese government's attempt to
separate church and state - but also Catholic hostility to a
politician of moslem descent (though Alkatiri has never defined
himself in terms of religion).

The fact remains that Alkatiri is popular - particularly in the ranks
of the movement that fought for Timorese independence and is now the
country's ruling party, Fretilin (Revolutionary Front for an
Independent East Timor). At the recent Fretilin congress, Alkatiri was
easily re- elected as the party's leader: his sole opponent dropped
out of the race before the final vote. Lima believes it was no
coincidence that the unrest in Timor erupted immediately after the
Congress - because "the wrong man won".

Some of the more ridiculous columns in the Australian press claim that
Alkatiri was indoctrinated by "communists" in his years of exile. But
by the time Alkatiri left, Mozambique had long since jettisoned
marxism as its official ideology.

Lima argues that Alkatiri learnt quite a different lesson in Maputo.
He had watched the growth of corruption in Mozambique in the 1990s,
and was determined that the same should not happen in Timor.

Alkatiri, Lima points out, is the architect of petroleum legislation
that has won international praise - but which certain sectors,
coveting the oil under the Timor Sea, do not like.

This position is shared by the second column, written by Joao Machado
da Graca, who believes that supposed ethnic divisions in East Timor,
about which there has been so much chatter, is secondary to the issue
of Timor's potential oil wealth.

Machado da Graca notes that the Australian government is no supporter
of Alkatiri - for Alkatiri fought long and hard over the delimitation
of East Timor's maritime border with Australia, an issue of key
importance given the "millions of barrels of oil waiting to be
extracted" under the seabed.

"The government of Timor is not corrupt and things were not resolved
in favour of Australia through a few million dollars deposited in
Swiss banks as the Australians may have imagined", wrote Machado da
Graca.

The sequence of events last week was most interesting.

Machado da Graca notes that on Monday it became publicly known that no
Australian company had won the oil exploration tenders launched by the
Timorese government. On Tuesday, the violence in the Timorese capital,
Dili, worsened dramatically. On Wednesday Australian troops arrived in
Dili.

As for the Timorese "rebels", these are mutineers led by a man who
played no role in the Timorese struggle against Indonesian occupation.
Instead he spent the whole period living comfortably in Australia.
When Timorese independence was retired he rose to a senior position
thanks to Australian advisers who were then with the United Nations
force.

In the background are the Americans, who seem to have thrown their lot
in with the Catholic church. Machado da Graca notes the presence of
the US ambassador at the Catholic church demonstration against the
Timorese government's decision to end compulsory teaching of the
catholic religion in state schools.

One might have expected the US embassy to applaud this: after all, the
Alkatiri government was merely following the separation of church and
state that was first declared in the Constitution of the United States
of America.

Machado da Graca warns that "after a short period of independence, a
prolonged period of Australian tutelage, with American support, on the
pretext of maintaining law and order, could be disastrous. Mainly
because it would take away from Timor the strength to negotiate
independently its main wealth, the oil under its territorial waters".

The article concludes with a call for solidarity "with the legitimate
government of East Timor, led by Mari Alkatiri, in this difficult
moment".

2 comentários:

Anónimo disse...

A tradução:

Moçambique: Jornalistas apelam à solidariedade com o governo timorense

Agencia de Informação de Moçambique (Maputo) - Posted to the web June 5, 2006

Dois importantes jornalistas Moçambicanos, na última edição do semanário independente "Savana", escreveram em defesa do combativo Primeiro-Ministro
Timorense Mari Alkatiri, que tem estado sujeito a todos os tipos de calúnias e de insultos dos media da direita Australiana e da Igreja Católica. Durante a crise corrente, Alkatiri tem sido literalmente demonisado, com alguns cartazes dos seus opositores católicos a dizerem que "Alkatiri é um comunista e um diabo ".

Mas muitos jornalistas Moçambicanos têm uma imagem diferente de Alkatiri. Porque no exílio ele viveu em Maputo, onde desempenhou um papel chave na tentativa de mobilizar a solidariedade internacional contra a invasão
Indonésia de Timor-Leste.

Nos dias negros dos finais dos anos 1970s e nos anos 1980s, não foi a Australia, e nem mesmo a antiga potência colonial, Portugal, quem manteve viva a questão Timorense nos fóruns internacionais – essa tarefa esteve a cargo de Moçambique e de Angola.

Durante esses longos anos os jornalistas e outros intelectuais Moçambicanos vieram a conhecer e a admirar Alkatiri, e não têm tempo para reclamações absurdas de que ele é “um diabo”.

Na sua coluna "Savana", Fernando Lima nota que ele tem estado sujeito à raiva da Igreja Católica desde 2002.

Entra as razões para isso estiveram as tentativas do governo Timorense para separar a Igreja do Estado – mas também a hostilidade dos Católicos a um político de descendência muçulmana (apesar de Alkatiri nunca se ter definido ele próprio em termos de religião).

Permanece o facto de Alkatiri ser popular – particularmente nas fileiras do movimento que lutou pela independência Timorense e que é hoje o partido que governa, a Fretilin (A Frente Revolucionária para a Independência de Timor-Leste). No recente congresso da Fretilin congress, Alkatiri foi re-eleito o líder do partido: o seu único opositor desistiu da corrida antes do voto final. Lima acredita que não é
coincidência que os distúrbios em Timor tenham irrompido imediatamente depois do Congresso – porque “ganhou o homem errado ".

Algumas das colunas mais ridículas da imprensa Australiana reivindicam que
Alkatiri foi indoutrinado por "comunistas" nos seus anos no exílio. Mas na altura em que Alkatiri partiu, Moçambique já há muito tinha abandonado o marxismo como sua ideologia oficial.

Lima argumenta que Alkatiri aprendeu uma lição bastante diferente em Maputo.
Ele tinha observado o crescimento da corrupção em Moçambique nos anos de 1990s,
e estava determinado que o mesmo não deveria acontecer em Timor.

Lima aponta que Alkatiri é o arquitecto da legislação sobre o petróleo que recebeu louvores internacionais – mas de que certos sectores, que cobiçam o petróleo debaixo do mar de Timor, não gostam.

Esta posição é partilhada pela segunda coluna escrita por João Machado da Graça, que acredita que supostas divisões étnicas em Timor-Leste, acerca das quais tanto se tem falado, são secundárias relativamente à questão da potencial riqueza de petróleo de Timor.

Machado da Graça nota que o governo Australiano não é apoiante de Alkatiri – porque Alkatiri lutou longa e duramente sobre a delimitação da fronteira marítima de Timor-Leste com a Australia, uma questão de capital importância dados os "milhões de barris de petróleo à espera de serem extraídos” debaixo do mar.

"O governo de Timor não é corrupto e as coisas não se resolveram a favor da Australia através do depósito dalguns milhões de dólares em bancos Suíços como os Australianos possam ter calculado ", escreveu Machado da Graça.

A sequência dos eventos da semana passada foi muito interessante.

Machado da Graça nota que na segunda-feira se tornou publicamente conhecido que nenhuma companhia Australiana vencera os leilões de exploração de petróleo lançados pelo governo Timorense. Na terça-feira, a violência em Dili, a capital Timorense, piorou dramaticamente. Na quarta-feira, as tropas Australianas chegaram a Dili.

Quanto aos “rebeldes” Timorenses, são amotinados conduzidos por um homem que não desempenhou qualquer papel na luta Timorense contra a ocupação Indonesia.
Em vez disso passou esse período completo a viver comfortavelmente na Australia.
Quando a independência de Timor foi estabelecida ele subiu a uma posição importante graças aos conselheiros Australianos que estavam então na força das Nações Unidas.

Nos bastidores estão os Americanos, que parece estão a juntos com a Igreja Católica. Machado da Graça nota a presença do Embaixador dos USA na manifestação da Igreja Católica contra a decisão do governo Timorense de acabar com o ensino obrigatório da religião católica nas escolas do Estado.

Podia-se esperar que a Embaixada dos USA aplaudissem essa medida: afinal, o governo de Alkatiri estava meramente a dar sequência à separação da igreja e do Estado que foi pela primeira vez declarada na Constituição dos USA.

Machado da Graça alerta que "depois de um curto período de independência, um período prolongado de tutela Australiana, com o apoio Americano, sob o pretexto de manter a lei e a ordem, pode ser desastroso. Principalmente porque tiraria a Timor a força para negociar independentemente a sua riqueza principal, o petróleo debaixo das suas águas territoriais ".

O artigo conclui com um apelo à solidariedade "com o legítimo governo de Timor-Leste, conduzido por Mari Alkatiri, neste momento difícil ".

Anónimo disse...

Resta saber se o tal louvavel fundo petrolifero vai ressuscitar as pessoas que perderam a vida nesta crise. Nem o petroleo podera lavar o sangue das maos deste governo.
Se sabem receber os louros devem saber tambem aceitar os erros que neste caso foram gravissimos!

Forca mocambique. tinha que ser mas tardaram-se um bocado nao acham? O PM nao deve estar muito satisfeito com a vossa tardia!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.