sábado, março 03, 2007

Transcrição da Conferência de Imprensa da UNMIT - 1 Março 2007

(Tradução da Margarida)

Obrigado Barrcks, Caicoli, Dili

Allison Cooper, porta-vos da UNMIT: Bom dia a todos e obrigado por terem vindo. Antes de avançarmos quero dar-lhes algumas respostas sobre acreditação da imprensa que levantaram na semana passada. Há formulários que podem recolher aqui, que precisam de preencher, devolver ao Escritório de Informação Pública com uma cópia das vossas credenciais de imprensa ou uma carta do vosso editor. A partir disso vamos emitir autorizações. Pode demorar uma semana ou 10 dias a partir de agora mas isso facilitará a vossa entrada no quartel e identificará vocês como imprensa para as autoridades. A outra coisa que vos quero dar a conhecer, em nome dos meus colegas no STAE e na CNE em relação com as eleições presidenciais esta tarde, há um evento no Tribunal de Apelo, sortearão os lugares dos nomes nos boletins de voto e a CNE e o STAE convidam-vos a todos para estarem presentes. Penso que alguém da organização os contactará mas também me pediram para vos dar esta informação a vocês. Repetindo, será às três horas no Tribunal de Apelo. Agora vou passar a palavra ao SRSG Sr. Atul Khare, que fará uma declaração seguindo-se o Vice-SRSG Reske-Nielsen depois abrimos as perguntas. O Brigadeiro Rerden junta-se hoje a nós bem como o Comissário da UNPPOL Sr. Tor e estaremos todos disponíveis para responder às vossas perguntas. Obrigado.

SRSG Khare: Bom dia, obrigado Allison. A situação de segurança em Dili manteve-se estável durante a última semana.

A polícia da ONU continua a focar-se nos grupos de artes marciais e na violência relacionada com algumas tácticas incluindo números reforçados de polícias, polícia dedicada e móvel e polícia estática em áreas de alto risco.

Como anunciámos a semana passada, três novos postos estáticos de polícia abriram em Kampung Baru, Fatuhada e Bairro Pité. Estamos a negociar com o Governo instalações permanentes para mais forças estáticas da polícia.

Sobre a questão do fugitivo major Reinado compreendem que há muito pouco que posso dizer quando à saída da situação corrente e não é coisa sobre a qual gostaria de especular.

Há dias semanas atrás, em 12 de Fevereiro, disse ao Conselho de Segurança que a justiça é uma condição prévia para a reconciliação nacional. Todos os líderes de Timor-Leste me têm dito repetidamente que a impunidade não prevalecerá neste país.

Vimos a declaração do Presidente Xanana Gusmão emitida pela RTTL.

As Nações Unidas saúdam o apelo do Presidente Gusmão aos cidadãos de Timor-Leste para manterem a paz e a calma.

Agora, a prioridade das Nações Unidas é assistir o Governo de Timor-Leste com a ajuda das Forças de Estabilização Internacional (ISF) para dar segurança ao ambiente nos preparativos para a condução de eleições democráticas.

A UNMIT juntamente com o Governo de TL e a ISF pede a Reinado para se entregar às autoridades e para permitir que os Timorenses continuem a resolver as suas diferenças democraticamente, pacificamente e judicialmente.

A UNMIT, em consulta com o Governo de Timor-Leste e a ISF está correntemente a considerar opções possíveis para lidar com a situação corrente.
Claramente há questões de segurança operacionais que impedirão qualquer discussão de planos potenciais.

Quaisquer acções que possam ser tomadas serão consistentes com o apoio da ONU ao Governo de Timor-Leste, as ISF e todas as instituições relevantes para consolidar a estabilidade.

A UNPol tem oficiais destacados no distrito de Same que estão a assistir as ISF na operação. (NOTA: estão fechados dentro da esquadra da PNTL, apenas com rações de combate para comer)

As Nações Unidas também dão segurança aos membros do seu pessoal que estão a trabalhar no distrito de Same.

A UNMIT, o Governo de Timor-Leste e as ISF mantê-los-ão informados de quaisquer outros desenvolvimentos nesta matéria.

Deixem-me passar para o Vice-Representante Especial Finn Reske-Nielsen dizer algumas palavras.

Vice-SRSG Reske Nielsen: Bom dia. Queria dizer umas palavras sobre a situação humanitária no país. A carência de arroz foi um factor que contribuiu para os distúrbios em Dili na semana passada mas como sabem o governo com o apoio do Programa de Alimentação Mundiale o IOM começaram a venda de arroz em vários locais em Dili na Sexta-feira e isso continuou num período de alguns dias.

O governo adoptou uma estratégia que continuará a venda de arroz pelo país com aproximadamente 130 toneladas para o leste, 130 toneladas para a região do centro e 130 toneladas para o oeste. Esta operação está a começar mesmo agora e continuará até a distribuição estar completa. Entretanto é esperado que fornecimentos comerciais cheguem nas próximas semanas mas que a carência de arroz não ficará totalmente resolvida até ao fim do mês. Quero anotar que a carência de arroz não é exclusiva a Timor-Leste, há carências similares noutros países na sub-região.

Deixem-me dizer algumas palavras sobre a situação nos campos de deslocados. Durante o mês passado mais ou menos vimos um aumento de mais de 5000 pessoas nos campos e quatro novos campos foram estabelecidos.

As Nações Unidas estão a trabalhar com o governo de Timor-Leste de modo a responder à situação e estamos também em contacto com os dadores para ver, para pedir-lhes para fornecerem apoio humanitário adicional de acordo com o apelo que foi emitido em Janeiro deste ano. Realizaram-se várias reuniões nos últimos dias de alto nível, entre as Nações Unidas e o governo e mais reuniões se realizarão entre hoje e amanhã para alcançar um acordo em como juntos podemos responder melhor a esta situação.

Presentemente, foram prometidos aproximadamente $US 8 milhões de dólares para o apelo de Janeiro passado e isso significa que temos ainda uma desvantagem de $US 8.5 milhões. Estamos a tentar cobrir isso com mais consultas à comunidade dadora.

SRSG Khare: Obrigada. Aceitamos algumad perguntas, mas peço que quem as quiser fazer para levantar a mão e identificar-se e a que organização pertence e estaremos aqui nos próximos 20 minutes a meia hora para responder. Vi a Lusa primeiro, sim Pedro?

P: Obrigado. Sr. Reske-Nielsen pode cdetslhar quantos mais deslocados estão agora em Dili ae quantas pessoas estão a receber ajuda alimentar?

Vice-SRSG Reske-Nielsen: Obrigado. È muito difícil dar-lhe um número preciso porque a população flutua nos campos. Temos, contudo, uma estimativa dado que no princípio de Janeiro havia aproximadamente entre 25,000-29,000 pessoas nos campos em Dili. E como mencionei no mês passado, vimos um aumento de mais de 5000 e será esse o número. Em termos da distribuição da comida, durante os últimos meses, fornecemos alimentação a cerca de 70,000 pessoas por mês o que significa que nos últimos meses distribuímos alimentação a uma população maior do que a actual população nos campos.
No fim do ano passado decidimos que no início de 2007 acabaríamos com esta distribuição em Dili e que nos focaríamos somente em grupos vulneráveis. Contudo, depois dos eventos das últimas semanas achámos prudente aconselhar o governo de que continuaríamos a distribuição de alimentação de modo a estabilizar a situação.

P: Porque é que as pessoas se decidiram mudar para os campos de deslocados?

Vice-SRSG Reske-Nielsen: Quando analisamos o aumento de 5000 sobre o mês passado, vemos que o maior aumento foi de facto na semana passada e foi sem qualquer dúvida relacionado com os distúrbios que vimos no princípio da semana que foram postos sob controlo pelo fim de Quarta-feira.

P: Deram uma data-limite para Alfredo se render?

Comandante das ISF Mal Rerden: Penso que é importante nesta altura da situação com Alfredo Reinado certificarmo-nos que não especulamos com questões relacionadas com as operações.

P: Com a corrente situação e na preparação para a eleição, o governo da Nova Zelândia afirmou que estão preparados para mandar mais tropas para assistir a segurança durante as eleições. A minha pergunta é: isso é necessário? Segunda, é verdade que o Procurador-Geral está agora envolvido nas negociações com o major Alfredo?

SRSG Khare: Obrigado. Sabe que a resolução adoptada pelo Conselho de Segurança em 22 de Fevereiro a nosso pedido concordou na provisão de uma unidade adicional de polícia formada até mais 240. Esta força adicional de polícia que por recomendação nossa foi aprovada pelo General de Segurança tinha sido sancionada especificamente para os períodos pré-eleitoral, eleitoral e imediato pós-eleitoral. Estamos a fazer todos os esforços para esta gente chegar em breve. No que diz respeito às ISF peço ao Brigadeiro General Rerden para responder à mesma pergunta e também à sua segunda pergunta.

Brigadeiro General Rerden: Em relação à segurança na eleição, as Forças Internacionais têm trabalhado estreitamente com a UNPOL e o governo para desenvolver um robusto plano de segurança, que tem os ingredientes importantes de todos os aspectos de capacidades da UNPOL e as capacidades das forças de segurança. Estes foram integrados num plano, que agora foi resumido bem e com verdade ao governo. Em relação às outras perguntas relacionadas com Alfredo Reinado, as Forças Internacionais continuam a apoiar o governo de Timor-Leste e as Nações Unidas em todos os aspectos da segurança para assegurar que o povo de Timor-Leste pode gozar um ambiente seguro e resolver as suas diferenças de modo pacífico e democrático e continuaremos a fazer isso.

SRSG Khare: Associated Press seguido pela Lusa

Guido, Associated Press: A minha pergunta é para o Brigadeiro. A informação que recebi do lado de Alfredo, disse que as ISF lhe tinham dado uma data-limite até às 17:00 horas de hoje para se render. Tem algum comentário sobre isto?

Brigadier Rerden: Não há nenhuma data-limite. Só houve uma mensagem para Reinado. Que ele tem de se render, tem de entregar as armas e tem de sujeitar-se ao processo de justiça de Timor-Leste. Não há nenhuma negociação, há um requerimento que ele se sujeite ao sistema de justiça e entregue as armas.

Lusa: Numa reunião particular ontem da presidência com os media nacionais o Presidente Xanana basicamente pediu silêncio total sobre o Reinado. A missão prestou atenção a isto, e se sim, não é isto preocupante num período pré-eleitoral? Tenho uma segunda pergunta para o Brigadeiro Rerden que emitiu, se alguém emitiu a regre de evitr qye os jornalistas vão a Same. Foram as ISF, foi o governo Timorense ou ambos?

SRSG Khare: Obrigado. Obviamente não comentarei sobre reuniões particulares, que foram realizadas por autoridades deste país. Correntemente a situação em Same é difícil e desafiadora. A UNPOL tem ajudado a escoltar estrangeiros e também alguns representantes dos media para fora de Same para sua própria segurança e protecção. Continuaremos a pedir aos media para nos ajudarem em garantir que os representantes dos media não estão em perigo por movimentos na área de operações.

P: Sobre a segunda pergunta sir, não houve resposta, quem emitiu a ordem? Houve uma ordem muito precisa para impedir os jornalistas, porque isso não tem que acontecer em qualquer situação de conflito?

Brigadeiro General Rerden: Não houve nenhuma ordem emitida relacionada com movimentos de jornalistas. Houve simplesmente um pedido do governo de Timor-Leste para nós garantirmos que as pessoas não se movessem para a área de Same, a toda a gente para reduzir o risco de pôr em risco a segurança e protecção de qualquer cidadão nesta situação difícil. Como sempre e em todas estas circunstâncias a preocupação principal é a segurança e protecção dos cidadãos de Timor-Leste.

P: Brigadeiro Rerden, você disse que não quer fazer especulações. Mas está a dizer que alguma coisa está a acontecer. Assim qual é a situação em Same? Essa declaração dará oportunidade às pessoas para fazerem especulações. Pode explicar com clareza, vai prendê-lo ou não?

Brigadeiro General Rerden: A pergunta tem uma via; não há nenhuma especulação da minha parte. Estamos a assistir o governo de Timor-Leste a resolver uma situação de segurança e as circunstâncias desse plano operacional e não vou entrar em detalhes.

P: Vai tomar algumas precauções em não [inaudivel]

SRSG Khare: Nesta altura, os oficiais da polícia da ONU mantém-se em serviço ao lado dos seus contrapartes da PNTL, muitos poucos civis desarmados, funcionários da ONU que estavam a assistir no processo eleitoral foram trazidos para Dili. Algumas pessoas que pediram assistência à UNPOL para virem para Dili foram escoltados dessa maneira, como lhes disse, alguns jornalistas para sua própria protecção, foram trazidos de volta para Dili. Não há nenhuma razão para um (regresso) em grande escala de Same e continuaremos a examinar esses casos numa base de caso-a-caso conforme cheguem ao nosso conhecimento. Sim?

P: Que tal sobre as condições dos civis em relação a comida, água, por causa do bloqueio da estrada as pessoas não se podem movimentar… [inaudivel…]?

Brigadeiro General Rerden: Conhecemos a situação lá. Está a ser respondida e é tudo quanto lhe posso dizer.

SRSG Khare: Sim, o último.

P: Com as consequências…[inaudivel]… porão em perigo …[inaudivel]?

Brigadeiro General Rerden: Este é uma situação séria e penso que é importante que todos percebam que as consequências desta situação são directamente da responsabilidade de Alfredo Reinado.

As suas acções levaram a esta situação e mais ninguém. E se o povo de Timor-Leste quer compreender as circunstâncias precisam de compreender porque é que as suas acções levaram a isto. As Forças de Segurança Internacionais, o governo e as Nações Unidas estão a tentar resolver uma situação muito difícil que requer compreensão do povo. Mas as consequências são unicamente da responsabilidade de Alfredo Reinado. Ele tem uma opção. Ele pode ajudar o povo de Timor-Leste entregando-se e removendo as ameaças das suas armas do povo que ele tem agora mesmo. É da sua responsabilidade se se preocupa com o povo de Timor-Leste, se se preocupa com as pessoas que estão agora com ele, entregará as armas e render-se-à. Seja o que for que aconteça a partir de agora é da sua responsabilidade.

SRSG Khare: Sugiro que não dramatizemos a situação, ainda não há nenhuma criança a morrer sem alimentos, nada disto até agora. (ainda não há... incrível! Do género quando houver vamo-nos preocupar...)

Por isso não dramatizemos a situação porque (se o fizerem) considerarei que é desnecessariamente provocadora. Quero sublinhar outra vez o que tem sido sublinhado. Disse no Conselho de Segurança em 12 de Fevereiro que estão a ser feitos esforços para assegurar que o Reinado se submeta à justiça de modo pacífico. Podem ler a declaração que fiz no Conselho de Segurança em 12 de Fevereiro. Como indicou o próprio Presidente Gusmão, foram feitos vários esforços nos dois últimos meses para assegurar que o processo de justiça possa continuar de um modo pacífico. Como disse o Brigadeiro Rerden e como disse o Presidente Gusmão na sua declaração é de certeza da responsabilidade de Alfredo Reinado a situação que enfrentamos agora. E encorajo-o fortemente outra vez como disse na minha declaração, que tenho esperança que ele se sujeite à justiça de modo pacífico se realmente ama o povo de Timor-Leste e se realmente quer estabilidade neste país.

P: Os soldados da Nova Zelândia que estão a chegar, são forças adicionais ou substitutas?

Brigadeiro Rerden: Essa pergunta deve ser dirigida ao governo da Nova Zelândia. É decisão dele o tamanho do seu compromisso com as Forças Internacionais. Estamos muito gratos com os Neo-Zelandezes, um aliado há muito tempo da Austráliae as Forças Internacionais beneficiam grande,ente da sua inclusão nas Forças de Segurança Internacional.

SRSG Khare: Obrigado, obrigado. Paramos aqui. Obrigado por terem vindo e vêmo-nos na próxima semana.

NOTA DE RODAPÉ:

A população de Same NÃO tem nada para comer e não pode sair de Same. Estão aterrorizados pelo bando de Reinado e ninguém os protege.

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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