sábado, março 03, 2007

Explicações - precisam-se!

Diário de Notícias – Quinta, 1 de Março de 2007
Ruben de Carvalho

Ao fim de mais de quatro décadas de jornais, rádios, televisões e outras deambulações profissionais, mantenho certa perplexidade face à forma como se desenvolve aquilo a que se convencionou chamar a "agenda" da comunicação social, o agenda setting que a investigação anglo-saxónica coloca no centro do processo de comunicação de massas.

Note-se que se escreveu "se desenvolve" e não, como poderia ser plausível, qualquer interrogação do estilo "quais são os critérios".

A primeira questão é exactamente a de que a experiência ensina que o estabelecimento desta agenda é um processo de certa forma elusivo, evidentemente subsidiário de padrões ideológicos dominantes, mas que adquire uma espécie de autonomia face aos próprios critérios profissionais, à sua aplicação e às suas opções.

Vem isto a propósito de um assunto que ainda há poucos meses ocupou primeiras páginas e prime times noticiosos e que entretanto praticamente desapareceu. Na certeza de que seguramente nenhum jornalista português o considerará irrelevante ou desinteressante: Timor.

E com Timor passou-se um conjunto de situações que não podem passar sem comentário.

Note-se como, após uma primeira fase intensamente noticiosa sobre um puro e simples golpe de Estado, se verificou o mais absoluto silêncio.

Pode argumentar-se que o facto de aparentemente o golpe ter atingido os seus fins acabou a determinar uma estabilização pouco propícia à criação de factos novos, de notícias. Mas pela ordem natural do ritmo informativo, ao período noticioso mais agitado seguir-se-iam trabalhos mais extensos, documentados, procurando enquadramento, explicação, pormenorização de um processo que, ainda por cima, teve contornos mais que confusos.

Ora essa foi a primeira ausência e, no fundo, política e informativamente mais significativa. Pese que na violência, contra pessoas e bens, esteve longe de desaparecer.

Entretanto, um nada inocente palhaço a que o Expresso deu foros de herói, o "major" Reinado, reaparece - e voltam as notícias.

Explicações - nenhumas. E precisam-se.

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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