quinta-feira, junho 22, 2006

Os protagonistas da crise, segundo Mari Alkatiri

DN, 21/08/06

Na entrevista de ontem do DN do João Pedro Fonseca com o PM de Timor-Leste Mari Alkatiti constava ainda esta peça que não estava on-line.



Taúr Matan Ruak: “Esteve muito bem. No início não estava no país. Foi um profissional que tentou defender a Constituição.”

Paulo Martins: “Ou perdeu o controlo ou, intencionalmente desistiu do comando. Concentrou em si o comando e depois abandonou-o. A polícia ficou muito afectada. Devia estar em Dili a participar no processo de reorganização da polícia, mas continua na sua terra, em Aileu, com polícias armados. O que não o ajuda em nada.”

Tenente Gastão Salsinha: “Conheço-o mal. Falei com ele em Abril, notei que perdera o controlo dos manifestantes.”

Major Alfredo Reinado: “Apareceu um pouco como um cowboy, a tentar projecção, porque fala bem inglês. Os seus objectivos não são claros, estou convencido de que é instrumentalizado mas não sei por quem.”

Bispos de Dili e Baucau: “Têm sido discretos. Estão preocupados com a situação e acredito que vão continuar a participar na busca de uma solução”.

Rogério Lobato: “Tornou-se figura principal na crise porque o seu ministério tutela a polícia, que ficou descomandada. Naturalmente que o ministro é responsável. Não quero dizer que não tenha culpas, todos nós teremos”.

Roque Rodrigues: “É um caso diferente. É um ministro político. Nunca quis intervir nas forças armadas. Nunca se substituiu ao comando. Pecou por defeito. Por ausência”.

Leandro Isaac: “Figura com altos e baixos. Busca sempre protagonismo nos momentos de crise. Lembro-me que nas manifestações da Igreja foi apoiante do Governo. Mantinha boa ligação comigo até ao dia em que começou o congresso da Fretilin. A partir daí, excluiu-se. Dizem que tem estado envolvido com os polícias. Não tenho provas.”

Mário Carrascalão: “Esteve ausente.”

Fernando Lassama Araújo: “Esteve muito perto, mas escondido.”

Majores Alves Tara e Marcos Tillman: “Não tenho informações sobre eles. Vi-os num programa australiano dizerem que tinham provas de que eu distribuí dez armas a cada delegado da Fretilin no congresso – 600 delegados. Acho que é uma loucura.”

Vicente da Conceição (Railós): “Foi delegado ao congresso da Fetilin, em Maio. Esteve cinco minutos comigo. Falámos da segurança em Liquiçá. Mal o conheço. Soube agora que foi afastado das FDTL, no primeiro grupo de 40 expulsos. Há aqui um bocadinho de vingança.”


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5 comentários:

Rui Martins disse...

No meio de toda esta confusão e das tentativas australianas para transformar Timor num protectora "de facto" seguindo o modelo aplicado nos anos oitenta pela Austrália na Nova Papua, A figura de Alkatiri parece a única à altura dos acontecimentos...

pressionado por todos os lados, mesmo pelos "inatacáveis" mas rendidos aos aussies ramos horta e xanana, alkatiti mantêm-se fiel a timor, à democracia e aos seus princípios. Bem Haja. Mas resistirá mais quanto tempo?...

Anónimo disse...

Tantos maus contra um imaculado! A coisa mais ridicula que ja vi na minha vida.
Timor e o Alkatiri e o resto e paisagem.
Alkatiri andou 24 anos a lutar no mato para conquistar a independencia. Chora e sofre pelo povo que jurou defender e soube defender ate a morte. Viu muitos dos seus companheiros tombar ao seu lado e as inumeras dificuldades que atravessou no seio do solo sagrado de timor aprendeu a ser democratico e amante da paz. Isto tudo mereceu-lhe a confianca do seu povo que jamais o abondonara. Foi preso pelo barbaro invasor e ainda na prisao nunca traiu a sua patria. Soube sempre ser fiel ao pedido que o seu povo outora lhe tinha feito em solo patrio. Continua a luta Alkatiri porque es a chama do povo massacrado.
viva mari alkatiri.
Comandante em chefe da Fretilin

Anónimo disse...

o povo timorense reconhece no Xanana o filho, irmao, pai, avo, tio que lutou e comeu do mesmo pao amargo amassado pelos barbaros indonesios que eles foram obrigados a comer.
O povo nada sente pelo alkatiri ate porque ele de timorense so tem o nascimento.

Anónimo disse...

Anónimo das 1:47:11 AM: o povo timorense não é diferente dos outros povos nem a sociedade timorense é única na sua originalidade. Em todas as sociedades há os que têm e os que não têm, e há os que têm muito, assim-assim ou pouco. E há sociedades que têm Constituições que reconhecem mais os direitos de todos e outras cujas Constituições reconhecem mais os direitos dos mais ricos e dos que mais possuem.

Timor tem a sorte de ter uma Constituição que reconhece mais os direitos de todos. Diz logo no seu Artigo 1º: “A República de Timor-Leste é um Estado de direito democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito pela dignidade da pessoa humana”.

E diz ainda no seu Artigo 16ª:
“1. Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres.
2. Ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental”.

E finalmente não se esqueça que no dia das eleições o seu voto vale rigorosamente o mesmo que o voto do Xanana ou o voto do Alkatiri, todos valem só um voto.

Mas politicamente o voto de Alkatiri vai juntar-se ao voto do seu partido e é por juntarem tantos votos que sendo só um o voto do Alkatiri vai contar mais.

Pois como dizia o grande poeta chileno Pablo Neruda, no poema dedicado ao seu partido: "Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo."

É essa a grande força do Alkatiri, ser um homem de partido, do grande partido que é a Fretilin.

E deixo-lhe o poema de Pablo Neruda:

“Ao meu Partido”
Deste-me a fraternidade para com o que não conheço.
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como sobre uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.

Anónimo disse...

Invariavelmente a mesma estratégia de sempre... partido único... verdadeira democracia... (sic)

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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