sábado, junho 24, 2006

Militantes FRETILIN não têm condições para deliberar - "Lu-Olo"


Díli, 24 Jun (Lusa) - A reunião do Comité Central da FRETILIN, partido no poder em Timor-Leste, foi adiada para domingo, "devido à falta de condições psicológicas e de segurança", disse hoje à Agência Lusa o presidente do partido, Francisco Guterres Lu-Olo".

"Adiámos a reunião devido à falta de condições de acesso dos membros do Comité Central, provocada pelos manifestantes", precisou Francisco Guterres "Lu-Olo".

"Uma delegação do partido já se encontrou com o senhor Ministro da Defesa, dos Negócios Estrangeiros e Prémio Nobel da Paz, senhor José Ramos Horta, para que ele informasse o senhor Presidente Kay Rala Xanana Gusmão, da falta de condições para podermos deliberar em condições de segurança", acrescentou.

O presidente da FRETILIN disse ainda à Lusa que o adiamento passou para domingo, e que a reunião "apenas se realizará se estiverem reunidas as condições de acesso e de segurança".

"Os membros do Comité Central não dispunham hoje de condições psicológicas para debater e tomar as importantes decisões que são esperadas", adiantou.

Francisco Guterres "Lu-Olo" referia-se à concentração de centenas de manifestantes, transportados em dezenas de viaturas civis e em motociclos, defronte da sede do Comité Central da FRETILIN, na Avenida dos Direitos Humanos, na estrada que liga o centro da cidade ao aeroporto de Díli.

A presença dos manifestantes, que gritaram palavras de ordem e empunharam panos e cartazes com dizeres contra o primeiro-ministro Mari Alkatiri, foi controlada por efectivos da GNR, que criaram dois corredores, um de cada lado da coluna automóvel dos manifestantes, para que o trânsito fluísse.

O oficial de comando aos efectivos da GNR no local disse à Agência Lusa que "apesar da presença dos manifestantes, o trânsito não chegou a ser cortado".

Agendada para as 09:00 horas locais (01:00 em Lisboa), a reunião do Comité Central foi adiada para as 10:00 (02:00) de domingo, anunciou entretanto Estanislau da Silva, membro daquele órgão partidário.

Segundo Estanislau da Silva, o motivo invocado para o adiamento da reunião foi a falta de quórum, provocada pela concentração dos manifestantes que exigiram a demissão do primeiro-ministro e líder da FRETILIN, Mari Alkatiri.

Os manifestantes concentraram-se frente à sede do Comité Central a partir das 10:30 (02:30 em Lisboa), e mantiveram-se no local cerca de três horas.

Integram o Comité Central 79 membros eleitos no recente congresso do partido, e o secretário-geral e o Presidente da FRETILIN, Mari Alkatiri e Francisco Guterres "Lu-Olo", respectivamente.

A reunião foi convocada para discutir a eventual demissão do chefe do governo timorense e encontrar um possível sucessor.

A coluna automóvel dos manifestantes tem vindo a percorrer a cidade desde o início da manhã, tendo à cabeça bandeiras de Timor- Leste e da Austrália.

EL.


Reunião do Comité Central da FRETILIN adiada para domingo


Díli, 24 Jun (Lusa) - A reunião do Comité Central da FRETILIN, partido no poder em Timor-Leste, agendada para as 09:00 horas locais (01:00 em Lisboa), foi adiada para as 10:00 (02:00) de domingo, anunciou hoje Estanislau da Silva, membro daquele órgão partidário.

Segundo Estanislau da Silva, o motivo invocado para o adiamento da reunião foi a falta de quórum, provocada pela concentração dos manifestantes que exigiram a demissão do primeiro-ministro e líder da FRETILIN, Mari Alkatiri.

Os manifestantes concentraram-se frente à sede do Comité Central a partir das 10:30 (02:30 em Lisboa), exigindo a demissão do primeiro- ministro Mari Alkatiri, e durante as cerca de três horas que durou o protesto o trânsito não foi cortado.

Os manifestantes chegaram ao local a bordo de dezenas de viaturas civis, mas não violaram o perímetro de segurança montado pela GNR e posteriormente reforçado com a chegada de militares australianos.

Entretanto os militares australianos abandonaram o local, ficando a segurança entregue apenas à GNR, embora um helicóptero Black Hawk australiano tenha continuado a sobrevoar a área.

A reunião do Comité Central da FRETILIN foi convocada para discutir a eventual demissão do chefe do governo timorense e encontrar um possível sucessor.

EL.


Centenas de pessoas continuam concentradas frente à sede da FRETILIN


Díli, 24 Jun (Lusa) - Centenas de pessoas continuam hoje a manifestar-se frente à sede do Comité Central da FRETILIN, em Díli, exigindo a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, testemunhou hoje a Agência Lusa.

Os manifestantes chegaram ao local a bordo de dezenas de viaturas civis, mas não violaram o perímetro de segurança montado pela GNR e posteriormente reforçado com a chegada de militares australianos.

Entretanto os militares australianos já abandonaram o local da manifestação, ficando a segurança entregue apenas à GNR, embora um helicóptero Black Hawk australiano continue a sobrevoar a área.

A reunião do Comité Central da FRETILIN, agendada para as 09:00 locais (01:00 em Lisboa), foi convocada para discutir a eventual demissão de Mari Alkatiri e encontrar um possível sucessor.

Os manifestantes que se encontram junto à sede do Comité Central da FRETILIN dizem que a reunião já não precisa de se realizar porque "Mari Alkatiri tem de entregar o poder a Xanana Gusmão (presidente da República) incondicionalmente".

"Já não vale a pena realizar a reunião porque o povo é que tem poder para entregar o poder. Não é a FRETILIN", disse Benedito dos Santos, porta-voz dos manifestantes, através de uma aparelhagem sonora montada numa carrinha de caixa aberta, estacionada frente ao edifício.

Os manifestantes receiam que da reunião do Comité Central saia a nomeação de Ana Pessoa, ministra de Estado e da Administração Estatal, para substituir o actual chefe de governo.

"Ana Pessoa é a perna e mão de Mari Alkatiri. Ela antes de tomar decisões vai sempre ouvir as palavras de Mari Alkatiri e Rogério Lobato (ex-ministro do Interior)", referiu o mesmo porta-voz.

Os manifestantes que se encontram à frente do Comité Central são os mesmos que sexta-feira se concentraram junto ao Palácio do Governo para exigir a demissão de Alkatiri.

Entre os cartazes exibidos pelos manifestantes destacam-se aqueles que criticam o primeiro-ministro "Alkatiri comunista, Alkatiri terrorista" e os que demonstram o apoio ao presidente da República, "Viva Xanana Gusmão".

Muitos dos manifestantes que se encontram junto à sede da FRETILIN envergam camisolas com a fotografia do chefe de Estado timorense e gritam palavras de ordem como "Abaixo Alkatiti" ou "Alkatiri ladrão".

EL/LMP.

Lusa/fim


Mari Alkatiri diz-se disponível para se demitir, decisão na CCF


Lisboa, 24 Jun (Lusa) - O primeiro-ministro Mari Alkatiri confirmou hoje que está disponível para se demitir, posição que transmitiu a Xanana Gusmão mas que só será decidida na reunião de hoje do Comité Central da FRETILIN que se pode prolongar "um ou dois dias".

Em declarações à Lusa, Mari Alkatiri disse ter transmitido a sua disponibilidade para abdicar do cargo directamente a Xanana Gusmão quando este o confrontou com a possibilidade de ele próprio se demitir do cargo de chefe de Estado se o primeiro-ministro não se afastasse.

"A questão que se põe vem do Conselho de Estado em que Xanana Gusmão ameaçou demitir-se se eu não me demitisse", disse contactado telefonicamente pela Agência Lusa, horas antes do início da reunião do Comité Central da FRETILIN.

"E eu imediatamente repliquei. Se a questão se põe entre um ou outro, então pode ter a certeza que a titulo pessoal prefiro ser eu a demitir-me. Mas disse que tenho outros compromissos. Eu sou PM designado pela FRETILIN e portanto é a FRETILIN que vai decidir sobre isso", afirmou Alkatiri.

Apesar dessa disponibilidade, Mari Alkatiri explicou à Lusa que nenhuma solução pode ainda ser excluída, relembrando que cabe ao CCF "analisar toda esta situação e tomar decisões".

"Dizer que já me demiti é contra os meus princípios de devolver à FRETILIN a decisão. Vou transmitir o que aconteceu no Conselho de Estado e estou sempre disponível para a FRETILIN, para tomar qualquer decisão que evite um eventual banho de sangue", afirmou.

O chefe do governo timorense disse à Lusa que não deverá inicialmente apresentar nenhum nome para a sua sucessão, em particular porque, "para propor alguém" tem primeiro "que falar com essa pessoa".

Ainda assim, questionado directamente sobre se a número dois do governo, Ana Pessoa, o pode suceder no cargo, Mari Alkatiri admite que essa possibilidade pode ser um dos motivos para atrasos no fim da reunião do CCF.

Ana Pessoa está em Bali, na Indonésia, onde chegou sexta-feira no regresso de uma viagem a Portugal, e só poderá seguir para a capital timorense, Díli, domingo visto não haver, como anteriormente, voos para Timor-Leste aos sábados.

Segundo Alkatiri, esse facto pode adiar, pelo menos para domingo, uma decisão da CCF.

"A reunião pode não terminar por causa disso, porque se for ela a pessoa indicada tem que ser ouvida", sublinhou.

"O Comité Central pode reunir-se durante um, dois ou mais dias.

Tudo faremos para que seja o mais rápido possível mas estamos a tratar de situações sérias que têm que ser debatidas detalhadamente", disse.

O primeiro-ministro timorense confirmou igualmente informações obtidas pela Lusa de que tem havido contactos, de fora de Timor-Leste, no intuito de procurar promover um encontro de mediação entre Mari Alkatiri e Xanana Gusmão que ajude a resolver a crise.

Fontes diplomáticas confirmaram à Lusa que responsáveis das Nações Unidas, da União Europeia e de vários governos têm tentado contactos com o primeiro-ministro e com o presidente da República para viabilizar esse encontro.

"Eu pelo menos, tenho sido contactado por pessoas dentro e fora de Timor. Não sei se os esforços de contacto com Xanana têm sido ou não frutíferos", afirmou.

"Tudo o que contribua para uma solução estável terá sempre o meu apoio", sublinhou Alkatiti, admitindo que o representante especial do Secretário-Geral da ONU, Ian Martin, que chega segunda-feira a Díli, pode ser um eventual mediador adequado.

"É uma pessoa que ambos reconhecemos, séria, honesta e capaz e representando o SG das Nações Unidas melhor ainda", disse.

O primeiro-ministro timorense recusou-se a comentar a declaração à nação feita quinta-feira pelo presidente Xanana Gusmão, bem como comentários de elementos da FRETILIN que a consideraram uma "provocação" e uma "humilhação".

"Se tivesse que comentar utilizaria mais adjectivos", limitou-se a dizer o primeiro-ministro.

Mari Alkatiri recusou também comentários alargados sobre a manifestação de hoje em frente ao palácio do governo, onde Xanana Gusmão discursou ao lado de Vicente da Conceição "Railos", veterano da luta de resistência e comandante do alegado "esquadrão da morte", supostamente criado pelo ex-ministro do Interior Rogério Lobato, e major Alves Tara, um dos oficiais das forças armadas timorenses que abandonou em Maio a cadeia de comando.

"Cada um pode interpretar as imagens para ver o que realmente aconteceu neste país. Aquilo é um pedaço do que têm sido os acontecimentos deste país", afirmou.

Questionado sobre se considerava que Railos e Tara estariam envolvidos numa tentativa de o depor do cargo, Mari Alkatiri respondeu: "sem dúvida".

Já confrontado com a pergunta sobre se Xanana Gusmão estaria implicado nessa tentativa de o depor do cargo, afirmou apenas:

"dispenso comentários".

ASP.

1 comentário:

Anónimo disse...

Xanana Gusmão está preocupado, não quer a FRETILIN: quer o poder absoluto!

A FRETILIN não tem estado a facilitar as coisas a australianos e aos poucos* timorenses que se manifestam contra Mari Alkatiri.

Há, no entanto, aqui vários problemas.

Primeiro acharam que seria massacrando Mari Alkatiri que conseguiriam alterar as coisas. Agora perceberam que Mari Alkatiri não está agarrado ao Poder, mas sim agarrado à Constituição da República.

E perceberam também que a FRETILIN sabe continuar a respeitar a Constituição da República e que o fará sempre - contrariando a vontade de Xanana Gusmão e seus pares.

Surge o independente ministro José Ramos Horta, não surpreendentemente, a posicionar-se para reentrar na FRETILIN, para tomar o poder por dentro - quiçá para aceder a primeiro-ministro sem ser por iniciativa presidencial -, controlar o partido e mudar o rumo do mesmo mais para os interesses de Camberra e de Washington -, e até já "autorizou" o seu embaixador americano a regressar a Dili.

Xanana Gusmão cometeu outro erro estratégico no processo do assalto ao poder- e aqui não leva aspas pois é mesmo de assalto ao poder que se trata em Timor -, na sua provincial declaração deixou escapar da primeira à última linha que o que se pretende é a decapitação da FRETILIN e a sua anulação política e partidária.

Xanana Gusmão, que esteve e está, desde a primeira hora, numa política de enfraquecimento da FRETILIN - criando** partidos políticos e estímulando a sua acção -, tem agora o maior desafio da sua estratégia comum a José Ramos Horta e aos amigos americanos e australianos, que é o de provocar o declínio do maior partido timorense.

A execução do plano de aniquilação do partido político FRETILIN ainda está em marcha.

O passo seguinte é o que está a acontecer.

A FRETILIN percebeu desde o início a estratégia de Xanana Gusmão. Conduziu as coisas até a ponto em que estamos.

Xanana Gusmão, provinciano que é, mal preparado e mal aconselhado, perdeu as estribeiras e veio a público gritar brejeiramente, em tom e conteúdo bulhento, contra a FRETILIN e pessoas às quais o país deve muito, como é o caso do comandante Lu'olo.

O plano seguinte também já está em marcha.

Xanana Gusmão, ontem de forma burlesca, dirigiu-se aos seus homens - aqueles que ele tem controlado desde a primeira hora e protegido -, em pleno centro da cidade, protegidos pelos militares australianos***, para lhes agradecer a dedicação, usando as suas palavras, a "esta guerra".

Agora a hora é de passar à destruição da FRETILIN.
As tropas pseudo-políticas (a quem Xanana vai ter da pagar as promessas, pois caso contrário ...), de Xanana Gusmão, com Fernando de Araújo, Leandro Isaac, Manuel Tilman, Mário Carrascalão, Ângela Carrascalão, Lúcia Lobato, Joe Gonçalves, entre tantos outros pela primeira vez, nestes últimos anos podem andar a gritar vitória com os manifestantes pelas ruas de Díli.

Provocar a FRETILIN para uma reacção violenta ao circo montado em seu torno é o objectivo dos manifestantes, coordenados com a chefia máxima, de forma a provocar o governo de iniciativa presidencial. De outra forma, na forma actual, será a FRETILIN a decidir quem e como governa. A Constituição está viva e a FRETLIN, ao contrário do Presidente da República continua a ser o único pilar que sustém a Democracia, a Soberania ea Unidade Nacional.

Xanana Gusmão e José Ramos Horta sabem-no e estão a desesperar, estão emparedados.

A ofensiva seguinte está aí, os desertores passaram a Frente Nacional - com o sorriso de Xanana Gusmão - e já tomaram várias medidas, como a do encerrar o Parlamento Nacional e tomar conta dos movimentos na cidade de Dili.

* Poucos manifestantes, duas a três mil pessoas não têm "quórum" para a representação de um Povo Soberano e Democrata;

** sobre a consituição do PD e do PSD todos sabem dentro e fóra destes partidos como se processou o seu nascimento nos bastidores e o contributo que o "fotógrafo" deu ao surgir nos comícios como que por acaso;

***A entrada dos militares australianos era fundamental. De tal forma, que José Ramos Horta, com o "cc" de Xanana Gusmão, assinou o acordo, à revelia do governo ao qual pertence, dotando de poderes totais as tropas australianas - há sempre um preço a pagar nestas coisas.
Sem as tropas inoperantes, mas a comandar internamente, Xanana Gusmão e José Ramos Horta não tinham conseguido levar o processo até ao ponto em que está.

Reparem como os manifestantes foram introduzidos na cidade com o apoio das tropas e a sua segurança é assegurada pelos militares. reparem como Xanana Gusmão não respeita os seus pares e "deixa" promover provocações em caravana automóvel a casa do primeiro-ministro e em frente às instalações da FRETILIN.

Enquanto isso, nas estradas do país, as tropas australianas estão a bloquear os militantes da FRETILIN que organizados por si e em grupos pretendem dirigir-se a Dili.

Conclusão prévia:

Mesmo sem Mari a dirigir o Governo, vitimado por um golpe de Estado presidencial, a FRETILIN continuará a ser o partido que formou o governo em funções, com ou sem Mari Alkatiri.

Sabemos, todos nós ,que as coisas não ficam por aqui.

Xanana Gusmão, os amigos e a Austrália não estão satisfeitos - não esquecendo os USA, que já manifestaram todo o apoio à Austrália nas suas decisões para com Timor-Leste -, daí que se esperem mais ofensivas contra a pacificidade da FRETILIN, hoje, amanhã, mas não para sempre - desde que José Ramos Horta consiga entrar lá para dentro.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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