REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
DECLARAÇÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
DECLARAÇÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO
Os militares australianos estão desde ontem a patrulhar o perímetro de segurança. Hoje também os da Malásia. Esta zona de intervenção das forças internacionais definida pelo Governo, em coordenação com o Presidente da República, está a ser operacionalizada pelos comandos das Forças de Defesa de Timor-Leste, australiano e malasiano.
A decisão de solicitar o apoio internacional foi uma medida naturalmente muito ponderada e teve na sua essência a vontade inequívoca do Governo de travar a onda de violência, evitando mais derramamento de sangue.
Obviamente, que em primeiro lugar esperamos que esta intervenção ponha termo à violência que temos vivido nos últimos dias. Isto demorará o seu tempo. Os militares e os polícias estrangeiros acabaram de chegar e começam agora a tentar controlar Díli – uma cidade que ainda não lhes é familiar.
Estou crente, no entanto, que a partir do momento que os timorenses começarem a sentir a presença constante destes homens e mulheres, os níveis de confiança subirão possibilitando um gradual regresso à normalidade, essencial para a preservação quer do Estado de Direito Democrático, quer dos bens e da população em geral.
Grande parte da violência ocorrida na capital de Timor-Leste nas últimas horas, ao contrário do que possa parecer a algumas pessoas e interesses, já não está relacionada com um problema muito grave que se traduziu em confrontos entre as nossas Forças de Defesa e alguns elementos da Polícia, mas trata-se sim de uma violência derivada da acção concertada e oportunista de grupos de marginais, que têm pilhado e queimado casas e haveres, e ameaçado o nosso martirizado povo.
As forças internacionais têm recebido indicações da parte do Governo para porem termo a estes incidentes. Aguardamos que em breve se possa dizer que já controlam a situação, revelando eficácia nas suas acções.
O Governo em momento algum deixou de trabalhar. Ainda esta manhã, sob a minha presidência, reuniu-se o Conselho de Ministros. Fizemos o ponto da situação. E aprovámos decisões importantes para dar eficácia à coordenação das autoridades de Timor-Leste com as forças internacionais.
Acusam-nos agora de não sabermos governar. Contudo, lembro aqui que as políticas delineadas e seguidas pelo Governo de que me orgulho chefiar têm recebido os mais insuspeitos elogios de toda a comunidade internacional. Destaco apenas a título de exemplo o aplauso sincero que o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, no mês passado e que repetiu agora no dia 25, fez às políticas deste Governo, aqui nesta mesma sala. Será que apenas num mês deixámos de ser um caso de exemplar sucesso, passando a ser um caso de manifesta incapacidade? Que fique claro: em todo este processo temos algumas culpas, nomeadamente na dificuldade de resolver atempadamente quaisquer injustiças que eventualmente existam no seio das Forças de Defesa de Timor-Leste. Mas garanto que o Governo saberá sempre assumir as suas responsabilidades. Espero que outros órgãos de soberania o façam também.
Eu, primeiro-ministro de Timor-Leste, mantenho as minhas declarações anteriores. Está em marcha uma tentativa de um golpe de Estado. Contudo, estou confiante que o senhor Presidente da República, com quem tenho mantido contacto, não deixará de respeitar a Constituição da República Democrática de Timor-Leste, que jurou cumprir. E não esquecerá nunca os interesses do povo de Timor-Leste, pelos quais todos lutámos durante 24 anos e milhares de irmãos deram a vida.
Díli, 27 de Maio de 2006
O primeiro-ministro
Mari Alkatiri
4 comentários:
Sem deixar de salientar a importância do que foi afirmado nos primeiros parágrafos desta declaração, parece-me, e posso estar aler mal, que o sr. PM acusa, "delicadamente", o PR de tentativa de golpe de Estado!!!!
Estarei realmente a ler mal???
A ser verdade, quais as VERDADEIRAS causas para o referido golpe de Estado do PR????
CabD
Não está a ler mal e o Mari, advogado, deveria ser mais cuidadoso na redacção --- pelo menos numa altura destas. Mesmo que quisesse dizer o que disse e enviar um recado, há formas alternativas para o fazer. Não é só o Xanana que tem de aprender a não dizer asneiras, nomeadamente quando chega a Dili de uma viagem, perfeitamente dispensável, a Portugal e à Suiça...
a ser a verdade.... c todos soubessem alguem iria responder a pergunta d kuais as razoes pro referido golpe de estado... k perguntem a kem saibam k ta a conspirar...
Aqui, do outro lado do mundo, desde o início foi possível perceber que esta quartelada estava acompanhada de uma tentativa de golpe, ou para retirar o PM, ou para retirar o PR, ou mesmo para retirar os dois juntos. O debate politico e as suas disputas são saudáveis desde que feitos na normalidade democrática.
Dizer que o sr. Gusmão fala "asneiras" não é um bom começo para estabelecer um diálogo construtivo.
Qualquer arranhão no estado de direito seria péssimo para a imagem de TL.
Esses conflitos, apesar de dolorosos, serão superados com o aprofundamento dos princípios éticos e legais.
Saudações
Alfredo (Brasil)
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