sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Centenas de pessoas despediram-se de Reinado como um "herói" e "campeão"

** Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa **

Díli, 14 Fev (Lusa) - Centenas de pessoas participaram hoje no funeral de Alfredo Reinado, no Bairro Marconi, em Díli, num cortejo sem incidentes, quase silencioso, entre a casa do seu pai por adopção e a casa do major.

Alfredo Alves Reinado, 39 anos, ex-comandante da Polícia Militar timorense, desertor das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), fugitivo à justiça desde 2006, estava acusado de crimes de homicídio, rebelião contra o Estado e posse de material de guerra.

Hoje, Alfredo Reinado foi levado a enterrar, no seu próprio quintal, por uma multidão para quem o major era, não apenas isso, ou muito mais que isso: era um "herói" e um "campeão".

Era isso que diziam muitas das faixas e estandartes exibidos pela multidão, muito jovem, que prestou homenagem ao homem que morreu segunda-feira no ataque que liderou contra a residência do Presidente da República, José Ramos-Horta.

Leopoldino Mendonça Exposto, 30 anos, também natural de Maubisse (oeste), um dos homens do grupo de Alfredo Reinado e que era co-arguido no mesmo processo, morreu no mesmo ataque que o major e teve, por isso, direito a partilhar com o chefe o velório e a campa.

Uma campa para os dois caixões foi aberta hoje no quintal da casa de Alfredo Reinado e coberta com cimento armado perante a multidão.

As pessoas, enchendo a rua, apertadas contra as grades da casa sob um calor sufocante, lançavam flores e velas para dentro de baldes de plástico que passavam sobre as suas cabeças, de mão em mão, como se lançassem moedas no fim de um espectáculo de rua.

Como já acontecera no velório, quarta-feira, houve cenas de convulsão e grande tensão entre o círculo mais restrito de Alfredo Reinado.

Num muro fronteiro, um grande retrato do major, pintado em Ermera (oeste), foi pendurado num muro. É o mesmo retrato que, em Fevereiro de 2007, apareceu na Banana Road, em Díli, depois de o major ter assaltado três postos da polícia fronteiriça.

Para o empresário Vítor Alves, o homem que cuidou como um pai de Alfredo Reinado desde os seus três anos de idade, o envolvimento no atentado que deixou José Ramos-Horta em estado crítico não diminuiu a aura do major fugitivo.

"O que está a parecer, é o que está a acontecer", respondeu Vítor Alves, fazendo um gesto para a multidão no Bairro Marconi, quando questionado sobre o impacto negativo dos ataques de segunda-feira. "Isso são provas. Amanhã, se passarem cá, continuará a vir gente na mesma".

"Nunca esperava isto. É qualquer coisa que este meu filho adoptivo deixou na juventude. É uma solidariedade, um sentimento profundo, uma crença entre a juventude e ele. Não sei medir isso", explicou Vítor Alves em português correcto, com um sotaque do Minho.

O empresário timorense é filho de um empreiteiro de Monção que, nos anos 1950, veio para Timor para realizar contratos de obras públicas.

"A sepultura de Alfredo vai ser um local de peregrinação", explicou Vítor Alves à Agência Lusa, já depois do funeral, de volta a sua casa, distante cerca de 300 metros da do seu filho adoptivo.

À sua frente, debaixo do toldo azul que protegeu o caixão de Alfredo Reinado, uma fila de jovens aproximava-se de uma fila de mesas carregadas de travessas e pratos. O banquete ia começar, em redor também de outra série de iguarias que ocupava a rua da casa de Vítor Alves.

Em Timor-Leste, a grandeza do defunto mede-se em grande medida nesta boda póstuma. Para as exéquias de Alfredo Reinado foram mortos "uns dez búfalos", explicou Vítor Alves.

Quem não soubesse, diria que tanta comida e tranquilidade seria de um banquete de casamento. Não era, mas o funeral de Alfredo Reinado teve a marca delicada, ritual, da sua agitada vida sentimental.

Vítor Alves, pai e, portanto, sogro por adopção, entregou, por tradição, uma bandeira de Timor-Leste (porque o morto era um militar) e um pano tradicional (porque o morto era seu marido) à mulher "tradicional" de Alfredo Reinado.

Houve outro pano, devido à esposa "católica" do major, que será enviado para Perth, Austrália, onde a primeira mulher de Reinado vive com os quatro filhos do casal. Não pôde estar presente, mas eram "suas" as flores de plástico que velaram a cabeceira do caixão de Reinado.

"Os panos para as viúvas são uma forma de elas recordarem o Alfredo. É como dizer: enrola o teu coração em mim, agora que morri", explicou Vítor Alves à Lusa imitando o gesto das mulheres timorenses quando enrolam o tronco num "tais".

A colocação do cimento sobre a dupla campa de Alfredo e Leopoldino continuou. Os rituais fúnebres vão também continuar. Vítor Alves deixou o quintal do seu filho, passando ao lado das quatro palmeiras que têm uma placa metálica, como se num estranho jardim botânico, dizendo "Pahotologia".

"No fundo é um jardim", comentou Vítor Alves sobre o costume das sepulturas no quintal.

O "pai" de Reinado caminhou pela rua cheia de lama, recebendo "condolências da grande família" - como diziam, em indonésio, muitas das coroas de flores e das camisolas estampadas. Ia descalço, pés no barro, como em todo o funeral. "O meu filho nasceu pobre. Esta é a última homenagem que posso dar-lhe", disse, embargado por um momento, o ex-páraquedista português.

Lusa/fim

1 comentário:

Anónimo disse...

AS INFUNDADAS CRITICAS DA EURODEPUTADA SOCIALISTA ANA GOMES SOBRE OS MELANCÓLICOS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS DO DIA 11 DE FEVEREIRO DE 2008 NA CAPITAL DE TIMOR LESTE – DÍLI.

As críticas borradas e irreflectidas da Eurodeputada Socialista ANA GOMES sobre a morte do nosso valoroso soldado das FDTL / POLICIA MILITAR Major Alfredo Reinado Alves são totalmente infundadas e que a Sra. deve ter mais juizinho nas suas histéricas críticas. A Sra. embora tenha toda a plena liberdade de expressar as suas devidas opiniões face a actual crise politica timorense, mas a senhora também deve saber encetar as suas figuristas como se fosse uma autentica politica de imparcialidade e independente e fazendo sempre em primeiro lugar as suas apreciações e análises correctas dentro de um contexto político multidimensional com relação aos ocorridos eventos. Mas não, lamentavelmente lançar impensadamente grosseiras palavras irreflectidas em defesa dos seus namoricos, Horta e Xanana, os tais liderzecos que foram os primeiros a denegrir o bom nome do Estado da RDTL e cagou nas instituições estatais da própria RDTL e simultaneamente enalteceram-se ate aos píncaros da lua e elevaram-se a si próprios acima da Constituição da RDTL e finalmente julgaram-se e continuam a julgar-se a si mesmos, serem eles os únicos senhores poderosos e ditadores de novas ordens acima da Lei e que podem fazer-se do ESTADO da RDTL a “laia coboiada” como eles queriam que os seus caprichos de loucos lideres prevalecem contra a dignidade dos patriotas e nacionalistas, os asuwains e valorosos filhos timorenses que durante sob o jugo colonial português e posteriormente subjugados por outras formas selváticas das acções desumanas movidas pelo sistema neo-colonial indonésio estes nacionalistas e patriotas mauberes foram vítimas de todas as mais cruéis e veladas formas de exploração e opressão do homem pelo homem no seu solo maternal de Timor Loro Sae de outrora. E agora estes senhores liderzecos da RDTL passam a ser mais carrascos e vis peões avançados dos anacrónicos colonialistas do passado como do presente.
A todos os líderes psicopatas do mundo inteiro que papagueiam aos quatro ventos, da democracia e da liberdade, da justiça e da razão para todos os seres humanos que vivem neste Planeta, Terra, e afirmam pomposamente e hipocritamente que todos os seres humanos tenham os mesmos direitos e privilégios perante a lei e a ordem da justiça social dum modo tergiversador aprazível para enganar os “só saloios” da nossa sociedade humana, como tal
esses vampiros políticos e criminosos seres humanos costumam falar ao público com tom de intocáveis mitos mas que tragam sempre a “bata quente” na boca e porcalhadamente aplicam “dois pesos e duas medidas” em relação as suas facínoras práticas de moribundos ditadores da nossa sociedade humana. A estes poltrões políticos jamais lhes vergaremos e perdoaremos, pelo contrário exigimos-lhes que a justiça seja feita para que os povos oprimidos e explorados do mundo inteiro em geral e em particular para Timor Leste venham gozar os verdadeiros frutos da verdadeira democracia e verdadeira liberdade que tantos aspiramos tê-los um dia e que seja prevalecida de geração para geração.
Esse episódio do dia 11 de Fevereiro de 2008 era um estalo ou alias uma quebra de um “ICEBERG” e advento das verdadeiras REVELAÇÕES que estão escritas no SAGRADO LIVRO DAS REVELAÇÕES DO NOVO TESTAMENTO. Como prelúdio dos novos “TSUNAMIS” que na hora certa e no dia D., os hipócritas, assassinos e despóticos lideres timorenses só têm uma solução para suas sobrevivências no solo Pátrio do Povo Martirizado Maubere. Arrependem-se já de imediato das suas facínoras políticas na governação da RDTL e que devem preparar-se para hora H e o dia D. terão que ajustar as severas contas perante ao Juiz do Povo pequeno e débil Maubere que tanto sofreu por vossas psicopatas e imorais praticas de falsos líderes do Povo sofredor Maubere ou serão exclusos da sociedade Maubere uma vez para sempre, só assim o débil e pobre Povo Maubere pode de facto vir libertar-se de todos os cancerosos males herdados por tiranos, despóticos e imorais liderzecos da nossa RDTL desde que assumiram o poder governativo da RDTL a partir do ano 2002 ate ao presente momento.
A verdadeira Historia ditara um dia e o Maubere será vencedor e derrotara os seus inimigos, os despóticos e tiranos líderes, os vergonhosos macabros e peões avançados dos colonialistas e neocolonialistas do solo Pátrio TL e posteriormente governara a si mesmo com o seu próprio modo de viver com suas culturas e tradições milenárias de um verdadeiro Povo com sua própria Identidade, dignidade inalterável com uma genuína cultura prevalecida.
Finalmente enviamos as nossas mais profundas e sinceras condolências aos entes familiares dos saudosos Major Alfredo e ao seu camarada Leopoldino Mendonça Exposto e que os seus sucessores sejam firmes e determinados levar ao cabo a missão que Deus vos entregou. Asuwains não havereis de temer das hipócritas acusações dos líderes psicopatas e arrogantes do mundo que criticaram sem bases as vossas honrosas acções sob chefia do vosso lúcido comandante Major Alfredo Reinado Alves, o Comando activo por ele comandado na busca da justiça e verdade que todo o Povo de Timor Leste deseja ao bem-estar da Paz e estabilidade, para o desenvolvimento e progresso da sua própria Terra Mãe TL, mas que estes monstros lideres são os mais calibres assassinos dos homens amantes da paz do cinco continentes deste Globo, estão tagarelando e confundindo a verdade com a mentira para enganar os povos com intuito de eliminar os povos pobres e pequenos passo a passo na nossa sociedade humana com as suas facínoras praticas de uso de dois pesos e duas mediadas em relação aos repugnantes vómitos da falsa democracia e liberdade que eles cantam e rezam todos os dias com motivos puramente para gerir os seus interesses administrativos do que verdadeiramente sirvam os supremos interesses do martirizado Povo Maubere. Que vergonhas tanto se orgulham esses mamíferos, carrascos, assassinos da humanidade e agora vêem mandar bocas em Timor Leste sem ter em conta a verdadeira realidade dos factos ocorridos.
A nossa luta contínua em todas as frentes ate que almejaremos total e por completa os nossos verdadeiros objectivos que e a nossa verdadeira libertação das garras desses monstros, assassinos e mentirosos líderes da RDTL, só assim permitiremos aos nossos vindouros que sirvam melhor o nosso Povo com todo o coração e alma e juntos saborearão melhor os frutos dos nossos abnegados sacrifícios consentidos.

Nos matos e montanhas de Timor Leste aos treze dias do mês de Fevereiro de 2008.-

Maubere mano aman kokorek nafatin iha RAMKABIA.-

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.