Publico
Cinquenta e sete presos da cadeia de Becora, em Díli, incluindo o major Alfredo Reinado, antigo comandante da polícia militar detido em Julho pelas forças australianas por posse ilegal de armas, evadiram-se ontem à tarde (cerca das 07h15 em Lisboa) e encontram-se a monte, provavelmente nas regiões montanhosas de Aileu, Maubisse e Ermera.
Os 57, que representavam 28,5 por cento dos detidos naquele local, segundo a Lusa, saíram pela porta principal, aparentemente sem qualquer oposição do contingente de 21 neo-zelandeses que guarda a zona. Alguns elementos das milícias que se tinham oposto a que Timor-Leste se separasse da Indonésia estavam entre os fugitivos, que derrubaram alguns muros da ala oriental, contou à Associated Press australiana o carcereiro Carlos Sarmento.
Este incidente ocorreu num feriado, o Dia da Consulta Popular, que assinala o referendo de 1999 em que a maioria da população timorense se pronunciou a favor da independência, e Sarmento atribui-o à escassez de guardas, dado que muitos não regressaram ao serviço depois da crise desencadeada no fim de Abril. Reinado chefiou um grupo que nessa altura se rebelou contra o então primeiro-ministro Mari Alkatiri, episódio ontem evocado durante uma hora pela televisão pública australiana, SBS, na qual Alkatiri se defendeu das acusações de que teria armado um esquadrão para eliminar os seus adversários políticos.
Contactados pelo PÚBLICO o presidente do Parlamento, Francisco Guterres, e os gabinetes do Presidente Xanana Gusmão e do primeiro-ministro José Ramos-Horta, ninguém soube esclarecer o que é que na verdade se verificara quanto à fuga de um tão grande número de presos.
Não foram tomadas quaisquer medidas de emergência na sequência deste episódio nem decretado o recolher obrigatório, apenas tendo havido nos meios oficiais quem associasse os acontecimentos de ontem ao recente abandono pelo tenente-coronel Pedro Donaciano Gomes do lugar de assessor militar de Xanana Gusmão.
Tanto Reinado como o major Marcos Tilman, o major Augusto de Araújo, "Tara", e o tenente Salsinha (conjurados do fim de Abril) são naturais da parte mais ocidental do país, Loro Monu, tal como Donanciano Gomes, "Klamar Fuik", enquanto muitos dos amigos de Alkatiri são da zona oriental, Loro Sae.
Estas divergências entre as duas comunidades também se nota nos bandos de jovens que desde há 15 dias se digladiam nas ruas de Díli, incendiando casas e apedrejando automóveis. Só nas instalações das Madres Canossianas, nove religiosas estão agora a dar guarida a 17.000 pessoas vítimas da violência que não deixa de assolar a cidade, enquanto se aguarda para daqui a semanas a chegada da maior parte dos 1.608 polícias na semana passada aprovados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Nesse contingente da ONU se irão integrar os 127 homens da GNR actualmente presentes em Timor-Leste, aos quais se deverão juntar mais 50, segundo ontem disse ao PÚBLICO um oficial do subagrupamento Bravo destacado em Díli, o tenente Cabrita.
Jorge Heitor
31 de Agosto de 2006
quinta-feira, agosto 31, 2006
Tentar compreender Timor
Por Malai Azul 2 à(s) 05:15
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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