O vencedor do Prémio Nobel José Ramos Horta recebeu o posto de Primeiro-Ministro de Timor-Leste de Mari Alkatiri. Mesmo apesar de a mudança ter finalizado semanas de caos na jovem nação, Horta enfrenta um caminho difícil.
Por Loro Horta para IDSS (21/07/06)
Em 25 de Junho de 2006, o combative Primeiro-Ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri anunciou a sua resignação no meio da pior crise da mais jovem nação do mundo desde a sua independência em 2002 que levou à morte de 38 pessoas e criou cerca de 150,000 deslocados.
Desde então, houve negociações frenéticas para a escolha de um novo primeiro-ministro. Depois de duas semanas, José Ramos Horta, o ministro dos estrangeiros do país e ultimamente também ministro da defesa, subiu a primeiro-ministro da nação com problemas. A sua nomeação foi largamente bem recebida pelos grupos mais influents de Timor-Leste tais como a Igreja Católica e também, mais significativamente, por muitos membros da Fretilin, o partido do governo que originalmente apoiava Alkatiri.
Liderará Ramos Horta sem resistência?
A reacção internacional a esta nomeação foi globalmente positiva. Alexander Downer, o ministro dos estrangeiros da Austrália, o mais próximo vizinho do sul de Timor, disse que Ramos Horta era "uma boa escolha e um amigo pessoal." Ao mesmo tempo que publicamente não comentava a nomeação os membros chave da, ASEAN tais como a Indonésia, Malásia e Tailândia pareciam felizes com a saída, como ficou demonstrado nos editoriais dos seus jornais. Assim parece que Ramos Horta tem todo o apoio doméstico e internacional que podia esperar.
Ou tem? O novo primeiro-ministro parece ser uma figura bem mais consensual do que Alkatiri. Ramos Horta tem sido também um aliado próximo do Presidente Xanana Gusmão que, é relatado, insistiu na sua nomeação. Ramos Horta também goza do apoio de personalidades da altamente influente Igreja Católica tais como os Bispos Belo e D. Basilio.
Contudo, a Fretilin mantém-se como o maior e mais organizado partido em Timor-Leste e Alkatiri mantém-se o seu secretário-geral. O governo corrente de gestão retém as suas funções até se realizarem eleições em Abril ou Maio do próximo ano.
As eleições serão dominadas pela Fretilin que tem dois dos seus membros como vice primeiro-ministros. Um deles é Estanislao da Silva, o ministro da agricultura e aliado próximo de Alkatiri que tem sido também um crítico duro de Ramos Horta no passado.
Quão eficaz será este governo de gestão e quão bem liderará Ramos Horta um governo que é dominado por membros da Fretilin, alguns dos quais têm tido muito fortes reservas sobre ele? E quando se realizarem finalmente as eleições o que é que fará Ramos Horta?
Concorrerá ele a PM e sob que circunstâncias assim o fará? Regressará ele à Fretilin como muitos dos seus membros querem ou ele e Gusmão formarão o seu próprio partido?
Uma coisa é certa - Alkatiri recuperou alguma da sua popularidade perdida ao resignar e evitar que milhares dos seus apoiantes continuassem o desassossego. Num modo responsável, ordenou-lhes que regressassem às suas casas e prometeu dedicar-se ao partido e ganhar as eleições do próximo ano.
O poder de Alkatiri continua
Alkatiri é um homem com notáveis qualidades organizacionais ao mesmo tempo que a sua arrogância e falta de sensibilidade lhe grangearam muitos inimigos, sem necessidade. Ninguém alguma vez questionou o seu nationalismo e patriotismo e apesar de algumas reportagens dos media dizerem o contrário, é um homem de grande integridade e honestidade.
Está também à frente da Fretilin, o partido que nas eleições regionais do ano passado aniquilou a oposição incompetente do país ao ganhar em todas as regiões do país, menos numa.
A menos que Ramos Horta regresse à Fretilin ou forme uma aliança com Xanana, ou forme um partido politico com o apoio tácito da Igreja Católica, Alkatiri pode mais uma vez regressar ao poder.
Será capaz de se re-eleger usando o poder da Fretilin para compensar a sua falta de apoio pessoal. Numa tal eventualidade, Timor-Leste poderá vir a enfrentar uma crise similar ou mesmo uma mais catastrófica.
Não devemos perder de vista que enquanto Alkatiri só por si não consegue ter o apoio que Ramos Horta tem, já para nem falar de Xanana Gusmão, tem ainda o controlo da maior força política da nação.
O seu poder ficou vivamente demonstrado quando foi capaz de mobilizar 10,000 apoiantes para marcharem em Dili no dia da resignação de Alkatiri. Isto aconteceu apesar da forte intimidação contra os membros do partido e do facto de nessa altura Alkatiri ter ficado crescentemente isolado no seio do seu próprio partido. Em contraste, os soldados rebeldes só conseguiram juntar uns meros 2,000 manifestantes.
Enquanto Alkatiri mantiver o controlo da Fretilin manterá uma força formidável.
Assim Ramos Horta terá de ponderar muito cuidadosamente o seu próximo movimento pois tem pela frente um opositor duro e valoroso, um opositor que apesar da sua relativa obscuridade conseguiu lutar contra forças poderosas tanto internamente como externamente.
Alkatiri é um sobrevivente, um descendente das orgulhosas tribos nómadas do Sul do Yemen - um homem que não deve ser subestimado.
O problema acrescido do novo primeiro-ministro
Contudo, Alkatiri pode não ser o único problema de Ramos Horta. Na verdade, o seu problema real podem ser as dúzias de grupos que se juntaram para opor Alkatiri.
Eles agrupam-se em soldados rebeldes, oficiais de polícia desertores, antigas milícias pró-Indonésia, políticos oportunistas e gangs organizados. Muitos destes grupos, ao mesmo tempo que reclamam estar a lutar pelo Presidente Gusmão, têm as suas próprias agendas duvidosas. Isto ficou demonstrado com clareza quando o rebelde Major Tilman deu a Gusmão um ultimato para dissolver o parlamente e convocar novas eleições ou "enfrentar a fúria dos Timorenses."
A maneira irresponsável como os líderes rebeldes usaram e abusaram das divisões regionais e étnicas para lançarem a sua causa, criando um divisor étnico que nunca existira antes, levanta questões sérias sobre a credibilidade desses grupos. Pois o Major Tilman pode estar simplesmente a fazer bluff, é altamente improvável que tenha qualquer chance para desafiar a coligação ponderosa do Presidente Gusmão, Horta e a Igreja que tem o apoio da comunidade internacional.
Pessoas como Tilman e outros candidatos que são quesilentos senhores da guerra têm o potencial para provocar futuros desassossegos se não forem postos na ordem. Os mesmos grupos que ajudaram a provocar o colapso de Alkatiri têm uma capacidade igual para minar severamente a estabilidade do país seja quem for o primeiro-ministro.
O Ramos Horta de 57 anos, um vencedor do Prémio Nobel da Paz e a voz da nação no exterior durante três décadas, precisará de toda a ajuda para dirigir a sua nação com problemas nos tempos difíceis vindouros.
.
Reprinted with permission from IDSS. Copyright (c) 2006 Institute of Defence and Strategic Studies, Nanyang Technological University, Blk S4, Level B4, Nanyang Avenue, Singapore 639798. The views and opinions expressed herein are those of the author only, not the International Relations and Security Network (ISN).
sexta-feira, julho 28, 2006
Novo PM de Timor-Leste: não há saída fácil - Tradução da Margarida
Por Malai Azul 2 à(s) 02:28
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
16 comentários:
"Liderará Ramos Horta sem resistência?"
"O poder de Alkatiri continua"
"O problema acrescido do novo primeiro-ministro"
Gosto dos negritos... parecem o bate bate, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...
Poder, Poder... 30 anos depois Poder... 50 anos depois mais Poder... 100 Anos Depois o Centenário Mais Poder... enterram-se todos no Poder.
Então e o resto?
AKATIRI ' Bin Laden' is FINISH...........Major Alfredo is the HERO of Western's
you have a choice between Alkatiri 'Bin Laden' and Alexandre Mussolini, Jose Ramos-Pinochet, Alfredo Qadafi, Gastao Sisiseko, Fernando Idi Amin .....
Justica Popular da FRETELIN:
All of them, as mentioned on Anonimous 12:53:20, to JAIL.
Both side will be happy since our desired are fulfilled.
How about Taur Matan HET e Lere BEIKTEN e Falur MATE ONA.......JAIL?????
FRETILIN mantem-se serena e determinada, tal como nos velhos tempos de luta. Em tempos dificeis, recua-se... e o inimigo fica confuso. Sao 34 anos de experinecias acumuladas de luta, meus leitores. Nem sempre o silencio significa derrota. A FRETILIN sempre viveu no seio do povo e assim permanecera.
Que a oposicao trabalhe mais para ganhar assentos no Parlamento. Nao se limitem apenas a criticas sem fundamentos e, muito menos, aos insultos. A FRETILIN nao morrera porque tem lideres de grande calibre.
Ou seja, mantém intacta a estratégia ML?
A luta de 34 anos foi do povo de Timor, não foi exclusivo da FRETILIN. Enquanto persistirem em confundir Timor com FRETILIN e vice-versa, o granel vai continuar.
Ou o silêncio é indicativo de que a Direcção está a perder o apoio das bases?
Tanto quanto se sabe, qualquer das teorias é válidas até prova em contrário.
Que a FRETILIN não morrerá, isso é seguro e ainda bem. Se os líderes de grande calibre serão estes ou outros, a ver vamos.
Há muito mais questões para serem respondidas que certezas para serem afirmadas.
Mais este Loro
è um racista. Porque
a gente continua a ligar com ele?
Se nao fora o filho do RH,
talvez nao teria toda esta consideracao,
è este um caso de nepotismo?
anonimo:6:56:43 PM estou acordo comtigo
Timor asli fali sa te!! Saida maka Timor asli? O dehan Mari Alkatiri la Timor ka? Tanba nia raan Timor uitoan deit mos laiha. Knuak mos laiha, Uma lisan mos laiha. Ne'e hanesan fali o dehan Mari malai arabe! Uza netik o nia kakutak pa!!
anonimo 10:24:09 hau kondorda 100% ho o nia liafuan nee. Loloos nia naran timorbeikten!
anónimo10:26:16 PM
hau la hatene saida mak o dehan nee mas pronto hau komprende ho o nia ignorancia....o hatete piada nee furak mas o haluhan tia o nia ann hau hakarak hare deit o nia matenek nee to iha nebe..mas final das contas ita bot haluhan tia ita bot nia ann...
anónimo:10:24:09 PM
hau seidauk dehan mari alkatir nee laos ema timor..o rona hau dehan nia arabe arabe nee bele ema timro mos arabe nune tenke le didiak mak hakerek ok..hau dehan hau nia id timorasli tamba hau timor asli duni hau labele nega hau nia rais.bele hau beik ten ou nauk ten ou filador ou grandes kriminoju iha mundu nee mas se timor hau dehan timor duni ida tan para o hatene katak hau timorasli timor asli laos hanesan o rona.se o hakarak dehan koalia ho ulun hau uja ulun mak koalia laos hanesan o uja matan mas ulun o lahare saida mak timor agora hetan nee
A referencia a golpada da UDT em 1975 parece ter provocado um terramoto que poe a cabeca tonta a muita boa gente. A UDT tinha o apoio de altas figuras da hierarquia da policia em Timor e dos indonesios. A UDT era apenas uma marionete nas maos dos interesses estranhos a Timor. O ambiente pre-golpe era identico a situacao pre-golpe actual: boatos, acusacoes, insultos, difamacao! Sao sempre os mesmos. Mas o golpe falhou, porque nao esperavam pronta resposta dos militares Timorenses integrados no Exercito Portugues de entao. A UDT fugiu em debandada para Atambua. Enquanto os dirigentes da UDT passavam uma boa nos Hoteis e nas praias em Bali, a Fretilin organizava o Povo e as FALINTIL para a resistencia. Em Bali assinaram a integracao de Timor na Indonesia. O resultado da integracao todos nos sabemos. A resistencia durou 24 anos mas a independencia foi conquistada. So a Fretilin lutou? Nao! Todo o Povo lutou! A Fretilin sempre disse isso desde o inicio, qua a luta pela independencia eh de todo o Povo Maubere. Mas em 1974-75 ouvia-se dizer: So o pequeno grupo da Fretilin eh que quer a independencia, mas o Povo nao! Mas quando a resistencia se consolidava voltaram a dizer - eh o Povo que esta a lutar nao eh a Fretilin. Sao ridiculos e mau pagadores, esses penduras!
Concordo plenamente com o comentario das 10:01:43. Que diga mais verdades para calar a boca a esses rufias.
E eu também concordo plenamente com o comentário das 10:01:43. É muito difícil a quem se imagina "elite" compreender a ligação profunda da Fretilin com o povo, aliás essa "elite" nem a tenta compreender. Porque os interesses dessa "elite" são interesses apostos aos interesses da maioria dos timorenses e à "elite" - qualquer "elite" em qualquer parte do mundo - só interessa a satisfação dos seus interesses egoístas. Mas o povo sabe que só tem os seus interesses assegurados se os seus interesses forem alargados a todos os timorenses. O povo quer empregos, educação e saúde para todos, quer apoios para o desenvolvimento rural, quer obras públicas e agora quer principalmente justiça contra os vândalos que apedrejam os deslocados e que continuam a ameaçar queimar as suas casas e os edifícios públicos. O povo quer segurança e quer voltar para as suas cass com confiança de que não tem que fugir novamente. A Fretilin quer segurança e justiça porque isso é fundamental para o bem estar do povo mas a "elite" chafurda na insegurança porque tem os Australianos a fazer a sua segurança. A "elite" acolhe nas suas casas e fazendas os vândalos que assustam os deslocados. Em 1975 a "elite" chamou os indonésios e agora 30 anos depois chama os australianos. A "elite comete os mesmos erros, a Fretilin com o apoio da maioria dos Timorenses dará a mesma resposta nas eleições de 2007 e retomará com reforçada legitimidade e renovado entusiasmo a direcção dos destinos da nação. Não tenham dúvida, amigos, vocês da Fretilin estão no caminho certo.
Enviar um comentário