terça-feira, novembro 20, 2007

Comentários da juventude sobre o dia 12 de Novembro - “Condecoração das vítimas é apenas um primeiro passo”

Jornal Nacional Semanário - 17 de Novembro de 2007

Membro da juventude de Timor-Leste, Zito Aquino afirma que a condecoração das vítimas e familiares de vítimas do massacre 12 de Novembro é apenas uma primeira parte do reconhecimento mas é importante, pois o Estado deve dar atenção às vítimas e familiares sobreviventes.

Zito Aquino referiu-se a esta questão ao Jornal Nacional Semanário após ter participado no 16º aniversário da comemoração do dia 12 de Novembro em Santa Cruz, na semana passada.
«Como jovem e coluna vertebral da Nação desejo afirmar que a condecoração atribuída pelo Estado às vítimas e familiares das vítimas ainda não é suficicente, porque isto é apenas uma parte do reconhecimento. O importante é que o Estado e o Governo devem dar atenção às necessidades dos que lutaram pela independência do País. Por uma parte, a condecoração foi atribuída mas o mais importante é dar atenção às suas vidas. Isso significa que os que tombaram receberam condecorações mas se tiverem pais, irmãos e filhos ou alguma família que vivem em condições menos favoráveis, temos de dar atenção às suas vidas. Por exemplo, em relação aos sobreviventes que receberam condecorações e desejam continuar os estudos, o Estado e o Governo deve dar-lhes atenção para aumentar as suas capacidades. Se não querem continuar os estudos, o Estado deve prestar atenção em facilitar as suas vidas», afirma Zito.

Como jovem, concorda quando o Estado pretende construir um monumento em homenagem aos heróis jovens que perderam as suas vidas para a libertação do País no dia 12 de Novembro. É «símbolo de reconhecimento. Caso contrário significa que não valorizamos a contribuição dos jovens nessa luta».

Zito acrescentou que o dia 12 de Novembro é comemorado todos os anos para recordar a a contribuição da juventude na luta pela independência.

«Todos os anos celebramos este dia histórico marcado na vida dos jovens. Como jovem e como cidadão de Timor-Leste os meus sentimentos neste dia são que através da comemoração do dia 12 de Novembro podemos recordar os nossos jovens que deram contribuição para a libertação e independência do amado País Timor-Leste. Principalmente os nossos colegas que tombaram, como o saudoso Sebastião Gomes e outros colegas. Também os colegas sobreviventes envolvidos no acontecimento que deram também as suas contribuições para valorizar a vida do País num momento difícil», afirma Zito.

Salientou que a juventude e todos os cidadãos do país devem ter um espírito de nacionalismo e patriotismo forte para alcançar os objectivos de Timor-Leste através do desenvolvimento nacional, a fim de libertar o povo da pobreza e da miséria.

Zito comentou ainda que no massacre de 12 de Novembro os jovens demonstraram as suas capacidades abrindo o caminho e as portas do país ao mundo internacional, a fim de que este desse atenção a Timor-Leste e para que Timor-Leste pudesse obter a sua dignidade e a sua independência.

«O Estado tem o dever de construir um monumento em homenagem aos heróis do massacre de 12 de Novembro de 1991», referiu Zito.

Especial para a juventude

Também a vítima do 12 de Novembro Anselmo Gusmão afirmou ao JNS, domingo (11/11) na sua residência em Aimutin, que o dia 12 de Novembro é um dia muito especial para a juventude de Timor-Leste, pois foi nesse dia que muitos jovens perderam as suas vidas na luta pela independência de Timor-Leste. Na altura, os militares indonésios massacraram os jovens que participavam numa manifestação com o objectivo de declarar ao mundo internacional que Timor-Leste desejava a independência.

Anselmo afirmou que o dia 12 de Novembro é importante para a juventude de Timor-Leste, para recordar o massacre, em essencial relembrar os jovens que os militares massacraram no cemitério de Santa Cruz.

Anselmo exige ao Governo que dê mais atenção aos jovens vítimas da luta contra os militares indonésios. Uns foram mortos e outros sobreviveram. Na altura, a juventude tinha um único princípio, que era o da libertação e da independência do País, que no fim tornou-se realidade.
«Como jovem, fico triste por ter lembrado os nossos irmãos que com coragem deram as suas vidas pelo País. Peço ainda aos companheiros jovens para participarem no dia da comemoração do massacre de 12 de Novembro a fim de recordarmos os nossos heróis que tombaram e derramaram o seu sangue e os seus ossos, espalhados por todos os lados por causa deste nosso amado País», rogou Anselmo.

No mesmo local, Almeida Gusmão afirmou que através desta tragédia, a juventude deu as suas vidas para comprar a liberdade e a independência de Timor-Leste.

«Como jovem desejo pedir aos meus colegas que nos demos as mãos, para, unidos, assegurarmos o nosso princípio de independência, deixado pelos nossos companheiros jovens da passada geração», afirmou.

As mesmas opiniões foram referidas por Serafim Gusmão, que se sente satisfeito pelo facto de poder assistir à comemoração do dia 12 de Novembro, o dia de luta da juventude. Por outro lado, sentiu-se triste por recordar os jovens que contribuíram para a libertação da Nação, alguns dos quais hoje em dia se encontram sem túmulos e não podem participar na comemoração deste dia histórico.

«Portanto nós os sobreviventes devemos dar as mãos uns aos outros, estabelecer a paz, em vez de nos sentarmos nas estradas, bebendo vinho e fazendo “ check point ” a nós mesmos. Essas atitudes não demonstram respeito pelos nossos objectivos de luta no passado a fim alcançar a libertação e a independência nacional», concluiu Serafim.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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