sábado, junho 30, 2007

Timor-Leste/Eleições: Crise política de 2006 acabou por ser salutar, diz PR Ramos-Horta

Lusa – 30 Junho 2007 - 03:54

Díli - A crise política de 2006 em Timor-Leste acabou por ser “salutar”, uma vez que tornou os líderes políticos “mais realistas, humildes e prudentes”, afirmou hoje o presidente timorense, José Ramos-Horta, depois de votar nas eleições legislativas.

“A crise foi salutar. Tornou-nos a todos mais realistas, humildes e prudentes. Acredito que vamos entrar num novo capítulo na vida deste país”, sublinhou o chefe de Estado timorense, numa “conversa” com os jornalistas após ter votado, cerca das 10:15 locais (02:15 em Lisboa), numa escola de Meti Haut, bairro onde reside, no leste de Díli.

Ramos-Horta sublinhou acreditar que a “crispação” que reinou na campanha eleitoral entre o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, e Xanana Gusmão, líder do Congresso Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), serão ultrapassadas após a votação, “até porque são amigos”.

“Segui essas divergências com alguma consternação, porque, ao fim e ao cabo, Alkatiri e Xanana são amigos, e comungam as mesmas preocupações. Mas é natural que, durante a campanha, seja difícil sermos mais comedidos com a linguagem. Tenho falado com os dois, e Alkatiri só teve palavras de amizade para com Xanana Gusmão”, disse.

Aceitando que pode “ajudar a aproximar posições”, o Nobel da Paz de 1996 assegurou que, seja qual for o partido vencedor, terá de conversar com outras forças políticas, uma vez que “será difícil” que qualquer um obtenha maioria absoluta.

“Mas estarei sempre disponível para aproximar posições entre os diferentes partidos para que o país possa ter um governo estável o mais depressa possível”, frisou, acrescentando: “Não vejo qual é a impossibilidade de os dois partidos cooperarem a nível da governação”.
Visivelmente bem disposto, Ramos-Horta recusou revelar o seu sentido de voto, mas, ironizando, disse ter votado “nos meus amigos jornalistas”.

“Quem lê o que os jornalistas, portugueses e timorenses, escreveram ao longo de anos, se nós os colocássemos a governar em vez de nós, em vez de as nossas águas e ribeiras estarem sujas, teríamos leite e mel a jorrar, em vez das estradas com buracos, elas estariam cobertas de ouro, e as árvores ao longo das estradas teriam frutos saborosos, como no Paraíso”, brincou.

“Os jornalistas não são maus, são sonhadores e é preciso sonhar. De tanto escreverem assim, fiquei convencido e votei nos meus amigos jornalistas”, concluiu.

Após votar, o presidente timorense entrou num táxi colectivo e, de sapatilhas e jeans, com uma camisa branca e sem óculos escuros, decidiu ir “dar uma volta pela cidade”.

“Vou passear pela cidade. Assim chama menos a atenção, não gosto de viaturas de escolta”, disse.
JSD/PRM-Lusa/fim

NOTA DE RODAPÉ:

Com o número de vitímas desta crise, no mínimo Ramos-Horta, o Presidente da República deveria ter mais sentido de Estado e mostrar respeito pelas famílias que sofreram ao longo de 2006 e 2007.

1 comentário:

Anónimo disse...

Também acho que "salutar" foi um adjectivo de muito mau gosto escolhido pelo Presidente. Há sempre lições a aprender com os maus momentos, mas RH devia ter escolhido outras palavras.

Quanto ao que "escreveram ao longo de anos""jornalistas, portugueses e timorenses", deve ser lapso de RH, pois não me lembro de quaisquer jornalistas portugueses no STL...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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