quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Governo garante importação de arroz na "estação da fome"

Díli, 21 Fev (Lusa) À O Governo timorense anunciou hoje a importação de 6.700 toneladas de arroz, que chegarão a Díli nas próximas quatro semanas.
O preço máximo do arroz foi fixado em 37 cêntimos de dólar por quilo, ou 9,25 dólares por uma saca de 25 quilos, anunciaram em conferência de imprensa dois membros do Executivo.


A escassez do produto e a triplicação dos preços no mercado provocaram uma degradação sensível da situação de segurança na capital desde o início da semana.

Um armazém do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas foi atacado e continua cercado por populares. Um outro armazém do PAM sofreu uma tentativa de pilhagem dia 19, segunda-feira.

Um responsável do PAM contactado pela Lusa confirmou a situação delicada de dois armazéns da agência, que desde hoje são guardados por soldados australianos das Forças de Segurança Internacionais (ISF).

"De um dos armazéns atacados, as pessoas levaram o arroz, deixando tudo o resto. De outro, roubaram algum óleo alimentar", acrescentou o mesmo responsável do PAM.

Arsénio Bano, ministro do Trabalho e da Solidariedade, e Arcanjo da Silva, que tutela a pasta do Desenvolvimento, explicaram em conferência de imprensa as medidas com que o Governo pretende resolver a crise alimentar e atalhar a tensão crescente.

Os dois ministros pediram a colaboração e a compreensão da população, explicando que algum do atraso na distribuição do arroz nos armazéns do PAM tem a ver com a demora em embalar o produto em sacas de 25 quilos (em vez das sacas de 50 quilos do PAM, que seriam demasiado caras para a bolsa do cidadão médio).

Pelo calendário dos contratos firmados pelo Governo, 2000 toneladas de arroz chegarão a Díli até 28 de Fevereiro, mais 2000 toneladas até 14 de Março, 2500 toneladas até 19 de Março e mais 2000 toneladas até dia 24.

Até ao fim de Março, entrarão no país 11 mil toneladas de arroz, incluindo o que os importadores privados farão chegar ao porto de Díli.

Arsénio Bano explicou que, a prazo, "o Governo retira-se quando o abastecimento do arroz estiver em cima e o preço do produto estiver outra vez em baixo".

Por enquanto, a intervenção conjugada de vários ministérios é necessária para atalhar a situação explosiva provocada pela falta de arroz.

"Estamos na chamada estação da fome", analisa o especialista do PAM consultado pela Lusa, "uma vez que Timor vive sob uma seca prolongada, mesmo em estação das chuvas, e as colheitas foram pobres devido à crise do ano passado".

Com cerca de 45 mil deslocados do interior, "há mais consumo e houve menos produção" de cereais neste início de ano.

Ao mesmo tempo, as colheitas nos países produtores como a Tailândia e o Vietname estão apenas a começar agora, o que adicionou um factor regional à escassez do arroz. "Nenhum país na região pode exportar nesta época grandes quantidades de arroz".

Um outro factor pode ter contribuído para a crise: "As companhias de navegação preferem efectuar fretes para a Indonésia, onde podem carregar outros produtos para a viagem de regresso", ainda segundo o responsável do Programa Alimentar Mundial. "Em Timor, pelo contrário, os barcos descarregam o arroz e regressam vazios", disse.

Há uma semana, a distribuição de arroz pelo Governo começou em apenas quatro pontos de venda na cidade, o que originou vários incidentes e obrigou a várias intervenções da UNMIT. A rede de colocação vai ser agora alargada, usando os 24 chefes de suco (equivalente autárquico das freguesias) de Díli.

PRM Lusa/Fim

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Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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