Comentário sobre a sua postagem "“Timor regrediu dez a 15 anos com a crise de 2006”...":
O engº Mário Carrascalão, meu antigo vizinho e membro de uma conhecidíssima e numerosa família, é um dos grandes valores de Timor-Leste. Quando foi governador indonésio de Timor, houve quem visse nisso algum colaboracionismo. Não acredito, porque sei que MC é homem de convicções inabaláveis e não vira a casaca como muitos. Eu tenho a certeza de que ele ajudou muito o povo timorense. Naquela altura, Mário Carrascalão foi o melhor possível que Timor poderia ter. Tem contra si o facto de estar do lado oposto da barricada em relação ao partido dominante, o que lamentavelmente impede que as suas qualidades sejam aproveitadas em prol do País, a não ser que haja um terremoto na próxima eleição legislativa.
Também eu gostava que esses escassos valores de Timor pudessem estar todos do mesmo lado e trabalhar em conjunto, como foi durante a ocupação indonésia. Mas infelizmente temos que aceitar a realidade e essa diz-nos que o implacável sistema partidário divide inevitavelmente as pessoas. Paradigma desta minha afirmação e da utopia da "união nacional" são os irmãos Carrascalão (João e Mário) que seguiram caminhos divergentes, depois de terem começado juntos na UDT.
No entanto, essas diferenças ideológicas não devem sobrepor-se às regras de sã convivência entre seres humanos, que são adversários mas não devem ser inimigos. A política às vezes cega as pessoas e isso acontece a gente de qualquer quadrante político.
Portanto, a "união nacional" é uma utopia. Uma ideia bonita, mas utópica. Já Salazar sonhou com ela. Estaline também gostava da "União das Repúblicas Socialistas". Mas dificilmente os Homens estão de acordo em tudo; hão-de discordar, nem que seja na marca de cerveja preferida ou no clube do seu coração.
Resta-nos trabalhar com o sistema político que temos e... andar para a frente. Felicidades, engº Mário Carrascalão.
Henrique Correia
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quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Dos leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 01:23
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
5 comentários:
Isto deve ser um gozo... MC um homem de conviccao? so se for convicto a propria ambicao, porque e so nisso que ele pensa. um homem que esteve sempre a colaborar com invasores (portugueses, indonesios) e agora quer aparecer como se tivesse sempre sido um grande defensor da libertacao.
Esta certo quando diz que "a politica as vezes cega a pessoa" porque esse deve ser o caso do autor do texto acima...
existe uma diferenca entre ter simplesmente diferenca de ideias politicas e ser oportunista... pense bem nisso...
Ao chamar "invasores" aos portugueses, o ilustre Anónimo revela logo à partida o seu "amplo" conhecimento da História recente de Timor. Perante isto, não espanta que tenha uma opinião sobre MC formada a partir do diz-que disse, visto que obviamente não o conhece em pessoa.
Não tenho procuração de MC para defendê-lo, mas não suporto ver a verdade maltratada. Apesar de cego, ainda tenho os restantes sentidos a funcionar. E a memória também. Para sua informação, o engº Mário Carrascalão não "colaborou" com "invasores" portugueses nenhuns. Éramos todos portugueses e éramos todos timorenses, ao mesmo tempo. MC até é mestiço, filho de português e de mãe timorense. Antes de 1975, era o responsável máximo pela Agricultura e Florestas da sua terra - Timor - inteiramente por mérito próprio.
Sobre a sua "ambição", só lhe digo que, até 1975, ele foi um dos pouquíssimos timorenses que, depois de completarem o seu curso superior em Portugal, regressaram à terra natal para lhe darem o seu contributo e porem em prática aquilo que haviam aprendido. Os outros ficavam na Metrópole portuguesa, onde a vida lhes acenava com certas mordomias, ou sobretudo para se dedicarem a fantasias revolucionárias (que contribuiriam mais tarde para o descalabro timorense), devidamente sugestionados por certos malaes sem escrúpulos. Quem é o ambicioso? Quantos outros timorenses é que se podem gabar disso?
Quanto à ocupação indonésia, nada obrigava MC a permanecer em Timor. Podia ter ido para Java, como fizeram muitos outros, onde teria uma vida bem mais tranquila e confortável, enquanto um qualquer Abílio Osório (ou pior) ficaria no seu lugar. No entanto, MC quis ficar na sua terra, ajudando-a assim o melhor que podia. Foi ele que conseguiu abrir uma universidade em Dili e arranjou bolsas de estudo para os jovens timorenses poderem estudar na Indonésia, esses mesmos que depois pularam os muros das embaixadas. Ele ajudou secretamente a Resistência e contribuiu decisivamente para o cessar-fogo que permitiu a Xanana ganhar tempo e recompor a resistência armada. Mais tarde pagou caro o seu atrevimento, quando foi desterrado na subdesenvolvida e isolada Roménia comunista...
Muito mais haveria para dizer sobre este homem que, concorde-se ou não com ele, é um dos poucos valores timorense da sua geração. Timor precisa do contributo construtivo de todos e não de mais ódio e calúnia.
Ainda sobre Mário Carrascalão...
"Abílio Araújo apelida-o de «Pétain timorense» e Ramos Horta chama-se «Governador fantoche», considerando-o mais tarde «um bom funcionário».
Uma entrevista de Xanana Gusmão dada ao jornal «Público» em 27 de Setembro, chama «agente da Intel» a Olandina Caeiro que mais tarde veio a relevar-se, tal como Mário Carrascalão, uma figura da Resistência.
O Bispo Ximenes Belo não escapou a esta teia e de cada vez que defendia uma política mais moderada, que no seu entendimento pudesse minorar os problemas do povo, era apelidado de pró-indonésio.
O que também era normal acontecer era atribuirem quer ao Bispo Ximenes Belo, quer a Mário Carrascalão ligações à Resistência. E ambos tinham de arranjar justificação que servisse para não criar atritos com o poder central indonésio.
Mário Carrascalão defendia-se dizendo que não havia nenhum documento em que se provasse ter colaborado com a Resistência, embora também reconhecesse que o facto de ter dado emprego a membro da FRETILIN que, para ele, eram, apenas timorenses, originasse muitas críticas na Indonésia.
Foi eleito em Abril de 1998 Vice-Presidente do CNRT, muito embora o seu nome tenha ficado na clandestinidade até 1999 por razões de segurança.
Em abril de 1999, tal como Manuel, o seu nome é um dos apontados pela liderança das milícias como sendo um dos timorenses a abater."
Todos sabemos o trágico desfecho...
mario carrascalao enbaixador da IODONESIA na Romenia, nao foi desterrado como dizia no seu comentario.
Exactamente. Todos sabemos que era o destino mais cobiçado entre os diplomatas indonésios...
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