Lisboa, 24 Mai (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, garantiu hoje que a situação na capital timorense e nos arredores "está controlada", reconhecendo que a população ainda sente medo, mas que os responsáveis pelos ataques de hoje serão "apanhados". "Neste momento a situação está controlada, mesmo na capital. No resto do território não tem havido nada, nos arredores de Díli ontem (terça-feira) e hoje houve alguns confrontos mas posso garantir que a situação está sob controlo", disse à Lusa. "Aqueles que começaram com a violência vão ser apanhados. Com os que ainda não usaram a violência, vamos manter o clima de diálogo", sublinhou. Contactado telefonicamente, Mari Alkatiri escusou-se a precisar o número de rebeldes e de forças de segurança do Estado envolvidos nos confrontos de hoje, explicando que no ataque ao quartel das Forças de Defesa (F-FDTL) terão sido usadas "cerca de 10 armas automáticas". "As pessoas mais activas estão a apoiar o Estado e o Governo. Mas a população em geral vive ainda um clima de medo e de pânico, o que é mais difícil de se gerir", explicou. "Essa é a razão fundamental porque achamos que a presença de uma força internacional pode devolver estabilidade e confiança à população", frisou, referindo que as cartas com o pedido de apoio internacional formulado pelo Governo, e assinadas por ele próprio, pelo Presidente da República Xanana Gusmão e pelo presidente do Parlamento nacional, Francisco Lu'olo já seguiram para Lisboa, Camberra, Auckland e Kuala Lumpur. O Governo timorense apelou hoje a estes quatro países para o envio de contingentes de segurança para apoiar as forças timorenses nos esforços de estabilização da situação de segurança em Timor-Leste. "Ainda há detalhes e acertos mas estamos à espera que em breve cheguem os grupos avançados", disse, lembrando que Camberra confirmou poder ter os primeiros militares no terreno num período de 48 horas. Questionado sobre o relacionamento entre as várias instituições do Estado timorense - na sequência de críticas sobre alegada falta de concordância entre a posição do Governo e da presidência da República -, Mari Alkatiri explicou que houve uma diferença de opinião sobre a estratégia a adoptar. "Nunca tive dúvidas em relação à solidariedade institucional. A questão que se colocava era de que havia mais confiança do Presidente da República e do Ministro dos Negócios Estrangeiros na via do diálogo, do que eu tinha, porque considerava que as pessoas só queriam ganhar tempo". "Eu também prefiro a vida do diálogo, não sou defensor da guerra e dei um tempo para que os que tinham mais fé no diálogo pudessem usar as influências e ajudar a encontrar uma solução", explicou ainda. Mari Alkatiri disse que a situação se alterou radicalmente com a decisão "do senhor Reinado enveredar pelo caminho da violência". "Ele decidiu enveredar pela violência e outros decidiram acompanhá-lo e agora terão que se responsabilizar pela via que escolheram", afirmou. O chefe do Governo disse ainda que apesar de "pequenos problemas" associados ao facto de ambas as estruturas serem "jovens", todos os elementos das F-FDTL (Falintil-Força Defesa de Timor-leste) e da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) continuam "leais às suas hierarquias e ao Estado". ASP. |