segunda-feira, julho 10, 2006

East Timor: the story we weren't told

July 10, 2006
The Age

Former prime minister Alkatiri has been blamed for the chaos in his country. But John Martinkus writes that Alkatiri's accusers haven't explained who started the violence.

THREE weeks ago I was in East Timor, where senior members of the East Timorese military confirmed what the now deposed prime minister, Mari Alkatiri, has been saying all along: that there had been three attempts since April last year to get senior army commanders to carry out a coup against his government.

In light of what has happened since, it seems obvious. An orchestrated campaign has brought down the government.

For reasons best known to themselves, the opposition to Alkatiri enlisted the support of a group of junior officers in the F-FDTL (the East Timorese defence forces), who broke with the army command and took their weapons with them.

They attacked the F-FDTL on May 23-24, precipitating the widespread unrest in Dili that led to the international forces being called in. Then came the destruction of property by the gangs from the west, mainly aimed at those from the east who are perceived as supporting the Fretilin government. Then a string of allegations was presented to the foreign (mainly Australian) media, which finally led to the prime minister's resignation.

Whoever has been behind this campaign has covered their tracks, and it will be difficult to link the interests involved to the destruction that has resulted in 150,000 East Timorese living in refugee camps, too afraid to go home. The plight of these people was used by opposition groups to call for Alkatiri's removal, even though the same groups had initiated the violence in the first place. It was a callous and cynical political manoeuvre, to say the least.

But some obvious questions have not been answered by the Australian media, who have been almost unanimous in their condemnation of Fretilin, a party that, like it or not, had an overwhelming mandate to govern until mid next year. It won that mandate in elections the UN declared to have been free and fair.

First, who started the violence? In any other country, if a group of disaffected soldiers took off with their weapons and then launched two assaults on the army, as Alfredo Reinado's men did in May, they would surely have been arrested.

Just imagine if a group of Australian soldiers went AWOL on a training exercise in the Northern Territory, for example, and then shot at soldiers pursuing them. They would be thrown in jail at best or shot dead by a tactical response group.

But in this case, Reinado's men were given Australian SAS bodyguards and remain free after handing back only a fraction of the weapons they took with them.

Second, who were these gangs that overwhelmingly targeted the homes of those from the east who were perceived as supporting the Fretilin government? I asked the commander of the Australian forces in East Timor, Brigadier Mick Slater.

"There were definitely groups, let's call them gangs, that were definitely being manipulated and co-ordinated by other people from outside that gang environment. I feel very, very strongly that that was the case," he said.

Even after the resignation of Alkatiri, houses of Fretilin members and those from the east were still being targeted and refugees threatened. It revealed a lot about who had been behind the violence.

Third, who was making the allegations against Alkatiri and did they stand up? After the violence subsided the opposition to Alkatiri seemed to take a different tack.

There were the allegations and rumours of a mass grave with 60, 70, 80 or as many as 500 victims of an Alkatiri-ordered massacre — depending how far down the rumour chain you heard the story.

Some media outlets ran with that story and those of us in Dili tried to follow it up. There was supposed to be a list of dead held by a priest. Then there wasn't, and the story fell by the wayside.

Next were the allegations by the so-called Alkatiri death squad, which Four Corners reported on. Other reporters had been to see this group and some had chosen not to report it.

They were located in the house of the Carrascalao family, but their story didn't seem to be true.

The Carrascalaos are an established family in East Timor, who were instrumental in the UDT party, which fought a brief civil war with Fretilin in 1975. In short, these people have axes to grind.

There were other things about the death-squad allegations that didn't make sense. When the F-FDTL base was attacked on May 24, men from that same group took part in the attack alongside men from Reinado's group. It was an inconsistency picked up by Alkatiri himself, who told me in Dili: "What kind of secret Fretilin group is this that they are also fighting against the FDTL? This is contradictory."

Not surprisingly, this question wasn't asked by those Australian media outlets that had been baying for the prime minister's head since the crisis began, and were terrified by the unanimous condemnation of Alkatiri and afraid to break ranks.

In short, those who had been trying to find East Timorese officers to act against the government look as if they have succeeded, but at the cost of the dislocation of 150,000 Timorese. Surely it would have simply been easier to wait for next year's elections.

John Martinkus has been reporting on East Timor since 1995. His book A Dirty Little War: An eyewitness account of East Timor's descent into hell 1997-2000 was shortlisted for the NSW Premier's Award.

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14 comentários:

Anónimo disse...

Estas e muitas outras questões qualquer ser "normal" e humano põe sobre a história mal contada da crise timorense.

E o envolvimento obscuro do Presidente da República, da oposição e da Igreja timorense foi o choque que acordou a comunidade internacional que até aí nem simpatizava com Mari Alkatiri.

Anónimo disse...

O mais escandaloso é porque os militares desertores ainda não estão presos.

Não há explicação possivel ou será que Timor não tem a noção básica do que é crime?!

Anónimo disse...

O John Martinkus muito convenientemente esqueceu-se dos 600 peticionarios, a mobilizacao ilegal das F-FDTL pelo Mari Alkatiri, o 28-29 de Abril em Tasitolo, o 22 de Maio em Becora, o massacre dos oficiais desarmados da PNTL, O facto de que Railos tinha dito que foi a Tasitolo para apoiar as forcas de Taur mas que, para surpresa deles e por Taur desconhecer da existencia do seu grupo, as F-FDTL compreenderam que estavam la para os atacar e por isso abriu fogo sobre eles e foi isso que o desnorteou e fez com que temesse pela sua vida e sentisse traido por Mari e ogerio acabando por abortar o plano a eles incumbido (nao esquecer que Railos tinha dqito em entrevista que a dada altura ele proprio nao sabia se havia de disparar contra os rebeldes ou a F-FDTL). =Enfim, esqueceu-se de uma serie de eventos significantes que facilmente dao explicacao as accoes tomadas pelos militares que "fugiram com as armas" independentemente das alegadas tentativas de aliciar os "senior members" das F-FDTL para liderarem um golpe de estado. Se ignorarmos estes eventos, estas pecas do "puzzle" e facil concordar com a sua teoria.

Anónimo disse...

A Comunidade Internacional e o despertar para um novo Timor

Uma vez que as pessoas são inteligentes e sabem questionar factos que lhes parecem debilitados na fundamentação a dita crise timorense teve um novo impacto na comunidade internacional.

Alkatiri na opinião pública internacional atingiu um reconhecimento que seria impensável e apenas a sombra de uma investigação crime a impede de chegar ao reconhecimento do seu prestigio
Por outro lado os mediáticos Xanana Gusmão e Ramos Horta ao se arrastarem pela lama do ridículo, revelando em declarações públicas ignorância política e legal, a postura pró-australiana, levou consequentemente à perda de prestígio e credibilidade que detinham na opinião pública internacional.

A oposição revelou-se inócua e por isso nem marcou presença na opinião da comunidade internacional.

E assim a comunidade internacional perdeu os lideres de referência de Timor.

Veremos quem terá a inteligência política de conseguir conquistar de novo o respeito, o prestígio e reconhecimento da comunidade internacional e ocupar o lugar deixado vago na opinião da mesma.

Anónimo disse...

Este ultimo anonimo deve estar a alucinar. Deve pensar ser o porta-voz da comunidade internacional. Miopia aguda

Anónimo disse...

O anonimo que antecede julga que e o porta-voz dos miopes!

Anónimo disse...

Tradução:

Timor-Leste: a história que não nos contaram
Julho 10, 2006
The Age

O antigo primeiro-ministro Alkatiri tem sido acusado pelo caos no país. Mas John Martinkus escreve que os acusadores de Alkatiri não explicaram quem começou a violência.

Há três semanas estive em Timor-Leste, onde membros de topo das forças armadas de Timor-Leste confirmaram o que o agora deposto primeiro-ministro, Mari Alkatiri, tem vindo a dizer: houve três tentativas desde Abril do ano passado para engajar comandantes de topo das forças armadas para provocarem um golpe contra o seu governo.

À luz do que tem acontecido desde então, parece óbvio. Uma campanha orquestrada derrubou o governo.

Por razões melhor conhecidas pelos próprios, a oposição a Alkatiri apoiou um grupo de jovens oficiais das F-FDTL (As forças de defesa de Timor-Leste), que romperam com o comando das forças armadas e levaram as armas com eles.

Atacaram as F-FDTL em 23-24 de Maio, precipitando o alastramento do desassossego em Dili que levou a chamar forças internacionais. Depois veio a destruição de propriedades por gangs do oeste, a maioria de pessoas do leste que são tidas como apoiantes do governo da Fretilin. Então um conjunto de alegações foram apresentadas aos media estrangeiros (principalmente Australianos), o que finalmente levou à resignação do primeiro-ministro.

Quem quer que fosse que tenha estado por detrás desta campanha tapou as suas pistas, e será difícil ligar os interesses envolvidos à destruição de que resultaram 150,000 Timorenses a viverem em campos de refugiados, demasiado receosos de regressarem a casa. O sofrimento desta gente foi usada por grupos da oposição para exigir a remoção de Alkatiri, mesmo apesar de em primeiro lugar, serem os mesmos grupos que iniciaram a violência. Foi uma insensível e cínica manobra política, para dizer o mínimo.

Mas algumas questões obvias não foram respondidas pelos media Australianos, que têm sido quase unânimes na sua condenação da Fretilin, um partido que, gostem ou não, tinha um mandato esmagador para governar até ao próximo ano. Ganhou esse mandato em eleições que a ONU declarou terem sido livres e justas.

Primeiro, quem começou a violência? Em qualquer outro país se um grupo de soldados dessidentes saíssem com as suas armas e depois lançassem dois assaltos às forças armadas, como os homens de Alfredo Reinado fizeram em Maio, com certeza que teriam sido presos.

Imagine só se um grupo de soldados Australianos desertassem num exercício de treino nos Territórios do Norte, por exemplo, e depois disparassem contra soldados que os perseguiam. No mínimo seriam atirados para a cadeia ou mortos alvejados por um grupo táctico de resposta.

Mas neste caso, aos homens de Reinado foram dados guarda-costas Australianos SAS e permanecem livres depois de devolverem somente uma fracção das armas que levaram com eles.

Em segundo lugar, quem eram esses gangs que alvejaram na imensa maioria as casas dos do leste vistos como apoiantes do governo da Fretilin? Eu perguntei ao comandante das forças Australianas em Timor-Leste, Brigadeiro Mick Slater.

"Eram sem margem de dúvida grupos, chamemos-lhes gangs, que foram sem margem de dúvidas manipulados e co-ordenados por outra gente de fora do meio dos gangs. Senti muito, muito fortemente que era esse o caso," disse.

Mesmo depois da resignação de Alkatiri, casas de membros da Fretilin e dos do leste continuaram a ser alvejadas e os refugiados ameaçados. O que revelou muito sobre quem estava por detrás da violência.

Em terceiro lugar, quem é que estava a fazer alegações contra Alkatiri e tinham estas, base? Depois da violência ter acalmado a oposição a Alkatiri parece seguir um caminho diferente.

Houve as alegações e os rumores duma vala comum com 60, 70, 80 ou tantas quantas 500 vítimas de um massacre por ordem de Alkatiri — dependendo da ordem de quem estava na cadeia do rumor a quem ouvisse a história.

Alguns media além desta história contavam outra e alguns de nós que estavamos em Dili tentámos segui-la. Era suposto haver uma lista dos mortos guardada por um padre. Depois não havia, e a história foi posta de lado.

Em seguida houve as alegações sobre o chamado esquadrão da morte de Alkatiri, que o Four Corners relatou. Outros repórteres tinham ido visitar este grupo e alguns escolheram não relatar isso.

Eles estavam localizados na casa da família Carrascalão, mas a sua história não parecia ser verdadeira.

Os Carrascalões são uma família estabelecida em Timor-Leste, que foram instrumentais no partido UDT, e que lutou numa breve guerra civil com a Fretilin em 1975. Curto e grosso, esta gente tem contas a ajustar.

Houve outras coisas acerca das alegações do esquadrão da morte que não faziam sentido. Quando a base das F-FDTL foi atacada em 24 de Maio, homens desse mesmo grupo tomaram parte nesse ataque ao lado de homens do grupo de Reinado. Foi uma inconsistência apanhada pelo próprio Alkatiri, que me disse em Dili: "Que espécie de grupo secreto da Fretilin é este que está também a lutar contra as FDTL? Isto é contraditório."

Sem surpresa, esta questão não foi levantada pelos media Australianos que têm estado a pedir a cabeça do primeiro-ministro desde que a crise começou, e estavam receosos da condenação unânime de Alkatiri e com medo de quebrar fileiras.

Em resumo, os que tentaram encontrar oficiais de Timor-Leste para agir contra o governo parece que tiveram sucesso, mas ao custo da deslocação de 150,000 Timorenses. Com certeza, teria sido mais fácil esperar pelas eleições do próximo ano.

John Martinkus tem relatado de Timor-Leste desde 1995. O seu livro “Uma guerrinha porca”: Um testemunho da descida ao inferno de Timor-Leste 1997-2000, esteve na lista para o Prémio do NSW Premier.

Anónimo disse...

There are many questions still to be answered. I guess that it wil come out surely. There are still those arguing the case of who ordered the FFDTL out. Even before this there was already threats made against the state. This was done by a demonstration of the Petisioners that gave a five day ultimatum for the government to resolve their grievances...here you have 600 deserted soldiers, (committed the worst act possible in Military terms. Ransacked Dili and the polic were unable to control them. No one also talked about how FFDT in Tasi Tolu were attacked on the 28 April to which they retaliated. There are lots of questions to be answered.

Anónimo disse...

desculpem-me, com o devido respeito - não será errado meter os "Carrascalões" todos no mesmo saco?

Anónimo disse...

concordo

Anónimo disse...

the F-FDTL would not have been attacked if they had not been there illigally. What were they doing in Tasitolo? Who sent them there? On what legal basis?

Anónimo disse...

In response to anonymous 12:33:48 pm

If the police lose control of the situation the army is able to be brought in. There is a legal basis for such a decision to be made. I don't have the act with me now, but thats how I understand it worked. Obviously, this will be one of the many things that will hopefully be cleared up by the independent investigations.

Anónimo disse...

the F-FDTL would not have been attacked if they had not been there illigally. What were they doing in Tasitolo? Who sent them there? On what legal basis?

Who attacked Government offices, burned down cars and homes and the Police were unable to control them, all while the President stayed silent?

There was attack on the state. Rules of engagement would allow the Military to be called in order to restore peace.

Anónimo disse...

What or whose rules of engagement?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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