TIMOR-LESTE, AGAIN, AND AGAIN, AND AGAIN...
[862] -- O Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, e o Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, têm -- finalmente -- um encontro agendado para o próximo fim de semana. Eis a Indonésia, discretamente, a mover as suas peças no tabuleiro.
A Austrália seguirá com muita atenção os sinais de fumo resultantes deste encontro, nomeadamente porque está para ser assinado, salvo erro em Julho, um Tratado de Defesa entre Jacarta e Camberra que é, sem qualquer margem para dúvidas, um momento histórico, ansiosamente desejado por Camberra.
O encontro foi solicitado por Xanana Gusmão -- que parece estar a readquirir alguma serenidade política depois de alguns dias de aparente desnorte -- com o intuito de informar a Indonésia sobre o que se está a passar em Timor-Leste. Evidentemente, mais do que «informar», Díli quer envolver Jacarta no curso dos acontecimentos, nomeadamente para contrabalançar o peso de Camberra.
Sem surpresas, a Indonésia aceitou sem reservas aparentes o pedido de encontro. Do ponto de vista de Jacarta, importa lembrar à Austrália que o seu droit de regard em Timor-Leste tem limites e que a «boa vontade» indonésia tem sido fundamental para a resolução da crise...
Eis que as coisas começam a tornar-se interessantes.
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quarta-feira, junho 14, 2006
No Bloguitica
Por Malai Azul 2 à(s) 00:42
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
10 comentários:
"Evidentemente, mais do que «informar», Díli quer envolver Jacarta no curso dos acontecimentos, nomeadamente para contrabalançar o peso de Camberra."
Malai Azul, permita-me relembrar-lo que há um par de anos atrás, a Malasia respondeu duramente, e com razão, ás provocações da Australia acerca da possibilidade de bombardear "centros de treino de terrorismo" em paises do sudoete asiático.
A ASEAN tem um papel importante nesta matéria - como foi dito no incidente acima referido - "Não pense a Australia que possa tratar o sudoeste asiatico da mesma forma que tratou os seus aborigenes".
"Evidentemente, mais do que «informar», Díli quer envolver Jacarta no curso dos acontecimentos, nomeadamente para contrabalançar o peso de Camberra."
Malai Azul, permita-me relembrar-lo que há um par de anos atrás, a Malasia respondeu duramente, e com razão, ás provocações da Australia acerca da possibilidade de bombardear "centros de treino de terrorismo" em paises do sudoete asiático.
A ASEAN tem um papel importante nesta matéria - como foi dito no incidente acima referido - "Não pense a Australia que possa tratar o sudoeste asiatico da mesma forma que tratou os seus aborigenes".
Subtilmente, o Paulo, que é excelente, vai-se tornando adepto do peso excessivo da Austrália nesta questão. É bom de ver. Porque há afirmações que às vezes se baseiam excessivamente na análise macro da política internacional, escamuteando aspectos importantes locais e a vertente da razão. Ninguém discute que esta situação se inicia com erros timorenses, portanto da sua exclusiva responsabilidade. Mas teriam esses erros o mesmo eco de violência se não fossem interesses externos e apoios declarados a pessoas que partem para a resolução de eventuais problemas pela "porrada"? Essa é que é a questão!
Os erros dos timorenses, seja do governo, seja de todos os outros, devem ser resolvidos pelas instituições democráticas, num quadro de referência, nomeadamente legal e funcional, internacionalmente aceite pelas Nações Unidas. Aqui entra outro problema: parece-me que ainda há poucos meses o governo de Timor pediu continuidade na Missão da ONU! Quem foi contra?
Não é preciso grandes teses...
AEF, http://pantalassa3.blogspot.com/
"Mas teriam esses erros o mesmo eco de violência se não fossem interesses externos e apoios declarados a pessoas que partem para a resolução de eventuais problemas pela "porrada"? Essa é que é a questão!"
Os interesses externos são de facto nefastos. Mas, não nos enganemos - os prolemas fulcrais sáo internos e é internamente que devem ser resolvidos.
Os Malais (alguns) são gajos bem intencionados - a sua ajuda, passada e futura, tem que se restringir ao interesse (a médio e longo prazo) de TL.
Os outros, voltem para casa.
Caro Eduardo,
Eu nunca ignorei o «peso excessivo» da Austrália. O que eu sempre critiquei foi a tese que vê em Camberra o epicentro de uma estratégia activa, de uma urdidura, cujo fim consistia em derrubar Alkatiri, sobretudo por motivos de ordem petrolífera.
Pura e simplesmente, a história não encaixa no perfil do personagem.
Dito isto, não tenho dúvidas nenhumas de que, por meios não militares, a Austrália procura salvaguardar os seus interesses em Timor.
E que, obviamente, isso é por vezes asfixiante do ponto de vista de Timor.
Dito isto, a procissão ainda vai no adro...
" que eu sempre critiquei foi a tese que vê em Camberra o epicentro de uma estratégia activa, de uma urdidura, cujo fim consistia em derrubar Alkatiri, sobretudo por motivos de ordem petrolífera."
Concordo perfeitamente!
HanoinTokBa
Existem questoes internas muito legitimas que causaram o desenrolar desta crise. Comecando pela ma gestao de questoes de seguranca interna por parte do governo.
Sempre fui da opiniao que a teoria de categorizar os "interesses externos" como a principal causa desta crise seria o equivalente a destituir os Timorenses de toda vontade propria, reduzi-los a nada senao meros bonecos nas maos de interesses alheios, desvarolizar os seus esforcos em atingir um ideal.
HanoinTokBa
campanha de Macau mal organizada no terreno...
"Fundação Oriente dá exemplo de ajuda recorrendo ao mercado local"
Anonymous said...
Se a tal CAT 2006 tivesse credibilidade tudo seria mais fácil!
A diferença está em quem serve Timor e em quem se serve de Timor!
Já alguém perguntou ao Sr. Dr. Paulo dos Remédios porque é que num dia diz que a campanha foi iniciativa do Sr. Embaixador de Timor em Pequim e noutro dia diz que foi a pedido da igreja de Baucau?
Porque faz citações duma nota que diz ser do Sr. Embaixador e que nunca foi publicada em sítio nenhum?
Porque anunciou um avião que nunca esteve apalavrado, pedindo que as ofertas fossem entregues em 3 dias, porque essa era a data da partida do avião...
Porque andou a aliciar pessoas de boa fé para irem como voluntários a Timor distribuir os bens (segundo a tese divulgada íam e regressavam no mesmo avião??? ), porque, como teve a falta de senso e de sensibilidade de declarar à comunicação social, não confiava no Governo de Timor.
Está tão mal informado sobre o que se passa em Timor que desconhece que o ministério com a responsabilidade de coordenar a assistência se desdobrou a trabalhar quaise 24 horas por dia? E que a maior dificuldade que enfrentava era as condições de segurança para fazer chegar a comida onde ela fazia falta?
Ninguém lhe perguntou, se houvesse avião, como e para onde o descarregava nas condições de segurança que existiam, ou será que também não conhece as condições do aeroporto?
Se a ajuda angariada tivesse sido expedida por barco como foram nos períodos dificeis dezenas de contentores de Macau, já estaria a chegar a Timor, mas sem os efeitos que, provavelmente, se pretendiam. E porque persiste na história do avião em vez de reconhecer o disparate e enviá-la por barco? Os barcos funcionam e se o importante é a ajuda, o que havia que fazer era fazê-la chegar...
E a história dos refugiados? Sim, porque também íam vir para Macau, umas dezenas deles...Quem , como, para onde? Mistério. Quando chegassem o Governo de Macau havia de resolver o problema. Dito na rádio para quem tinha ouvidos!! Uma forma mais de tirar efeito mediático do repatriamento que a RPC estava a fazer de nacionais chineses e que nada tinha a ver com Macau e muito menos com a dita Comissão.
Os residentes de Macau e o Governo de Macau, quer no tempo da administração portuguesa quer o actual governo da RAEM têm sido sempre solidários e generosos com Timor e, certamente, vão continuar a sê-lo, mas ninguém gosta de ser usado e muito menos encostado à parede com compromissos que não assumiu...
Era bom que alguém com responsabilidade no Governo de Timor explicasse:
1) a estes senhores que há coisas que só devem ser feitas com seriedade, senão as portas começam a fechar-se e, também aqui, quem perde é Timor e o seu povo,
2)ao Sr. Embaixador que não pode ser tão ingénuo, que não pode deixar-se usar duma forma tão evidente.
Em português também se sofre Timor em Macau, se mastiga a raiva da impotência e se engolem lágrimas desse mar que a todos nos ligou, para o bem e para o mal.
13-06-2006 22:01:00. Fonte LUSA. Notícia SIR-8079494
Temas: conflitos política timor-leste organizações
Timor-Leste: ONU não envia forças "nos próximos seis meses" - Kofi Annan
Nações Unidas, Nova Iorque, 13 Mai (Lusa) - As Nações Unidas não tencionam enviar forças de paz para Timor-Leste nos próximos seis meses, anunciou hoje o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Nova Iorque.
Annan falava a jornalistas, em Nova Iorque, depois de ter discursado perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas que hoje esteve reunido para analisar a situação em Timor-Leste.
A ONU forneceu a transcrição das declarações Annan aos jornalistas, na sede da ONU, onde este afirmou que uma missão de avaliação terá de ser enviada para Timor-Leste para determinar "exactamente o que é preciso fazer".
Annan reconheceu que a ONU reduziu a sua presença em Timor- Leste demasiado rapidamente, acrescentando que "alguns governos queriam uma redução (da presença da ONU) o mais rapidamente possível".
"Tendo em conta o que aconteceu vamos ter agora de reavaliar a nossa presença no terreno," disse Kofi Annan.
JP.
Lusa/Fim
Caro Paulo,
agradeço a resposta. Parece afinal não haver discordância alguma. Estamos todos de acordo.
Também não vejo onde estão as teses com um epicentro da crise em Camberra. Eu, pelo menos, nunca o defendi. Mas vejo que os australianos são vento que sopra no fogo das diverg~encias internas, e isso é ajudar, senão promover, a crise!! Isto deve ser bem claro!
O Howard colocou-se a jeito quando veio dizer mal da governação timorense no momento em que o fez, lá isso colocou, bem a jeito! Isto é bem mais do que defender os interesses da Austrália em Timor!
Um forte abraço,
Eduardo, http://pantalassa3.blogspot.com/
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