quarta-feira, junho 14, 2006

Discurso no Parlamento Nacional - Presidente Xanana

Xanana Gusmão anunciou desdobramento...

Xanana Gusmão, que falou português, destacou na sua mensagem, a primeira que faz em público depois de a 30 de Maio ter chamado a si o controlo das áreas de defesa e segurança do país, que a situação actual traduz uma repetição do passado recente.

"Estamos perante uma repetição, embora em menor escala, (dos acontecimentos) de Setembro de 1999, que nos forçou a pedir a intervenção internacional das forças de defesa e segurança de países amigos", recordou.

"E isto devia arrepiar todos quantos foram eleitos por este povo para garantir estabilidade, segurança e melhores condições de vida", salientou Xanana Gusmão.

Considerando que deveria ter sido Timor-Leste a "assumir a responsabilidade", Xanana Gusmão reconheceu que o facto da situação ter fugido à "capacidade de controlo" das autoridades timorenses levou a que fosse pedido a Portugal, Austrália, Malásia e Nova Zelândia o envio de forças militares e policiais.

Depois de saudar os quatro países pela prontidão com que corresponderam ao pedido das autoridades timorenses, o chefe de Estado disse ser evidente que aqueles efectivos "vêm fazendo um admirável trabalho na reposição gradual da normalidade".

"Mas teremos que considerar esta intervenção para um período mais longo do que supúnhamos", declarou o presidente timorense, apontando como razões a existência de armas nas mãos de civis.

Na sua intervenção, Xanana Gusmão convidou também todos os actores políticos timorenses a fazer um "rigoroso exame de consciência".

"Não temos outra alternativa senão medir os actos políticos que viemos praticando, consciente ou inconscientemente, e que contribuíram para que o povo viesse a sofrer mais uma vez com o resultado da nossa falta de capacidade política para resolver os problemas e que não pudemos ou não quisemos decifrar com o nosso conhecimento sobre a realidade de Timor-Leste", sublinhou.

"Não acuso ninguém. Chamo a atenção ao Estado, chamo a atenção a todos os órgãos de soberania para um rigoroso exame de consciência, porque temos que prestar contas ao nosso povo", acrescentou.

Referindo-se à situação provocada pela violência que se regista desde finais de Abril, que já provocou mais de 20 mortos, mais de uma centena de feridos e dezenas de milhar de deslocados internos, Xanana Gusmão disse ser evidente que "o Estado ficou paralisado por toda a situação que ocorreu em Díli e, pior do que isso, a população está a sofrer as consequências da violência e destruição que se geraram".

"Mas o tempo agora é de reconstrução e não de apontar responsabilidades", vincou.

"O que aconteceu ontem, já aconteceu, hoje não vamos falar de ontem, porque a primeiríssima prioridade é terminar com a violência e destruição de bens e propriedades e assegurar uma adequada assistência humanitária à população", explicou.

"Sobre o que aconteceu ontem, teremos muito tempo para falar depois. Para cumprirmos bem o plano de acção no sentido de reactivar o funcionamento normal das actividades do Estado e das entidades privadas, poupemo-nos ainda de apontar os dedos uns aos outros", acrescentou Xanana Gusmão.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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