terça-feira, fevereiro 27, 2007

Xanana ordena captura do major Alfredo Reinado

DN
27.02.07

Armando Rafael

O Presidente timorense revelou ontem ter autorizado a captura do major Alfredo Reinado, o antigo comandante da Polícia Militar (PM) que ganhou um protagonismo inesperado durante a crise que Timor-Leste viveu em meados do ano passado.

As declarações de Xanana Gusmão foram feitas menos de um dia depois de um grupo liderado por Reinado ter assaltado três postos da polícia junto à fronteira com a Indonésia, apropriando-se das respectivas armas e munições. Por sinal diferentes daquelas a que o ex-comandante da PM está habituado, uma vez que o armamento das forças armadas (F-FDTL) é distinto daquele que é utilizado pela polícia timorense (PNTL).

"Reinado passou dos limites", frisou Xanana, numa declaração em tétum, posteriormente divulgada pela televisão. "Fizemos o possível para evitar uma solução militar", acrescentou o Presidente, sublinhando que Alfredo Reinado aproveitou todos os contactos com as autoridades para as tentar manipular.

Na sua declaração, Xanana adiantou ainda ter autorizado as Forças de Estabilização Internacionais (ISF), compostas essencialmente por australianos, a capturarem Reinado, que há uns meses foi detido em Díli no âmbito de uma operação da GNR para depois ser entregue às forças de Camberra, que terão colaborado depois na sua evasão.

Sem que até ao momento se tenha percebido as razões deste comportamento das forças australianas, cujo comandante chegou a avistar-se com Reinado, quando ele já estava a monte.

O que terá mudado, entretanto, para que Reinado tenha deixado de ser útil, ao ponto de a Indonésia se ter também apressado a fechar a fronteira?

Será que a sua utilidade se esgotou no momento em que o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, deixou de ser primeiro-ministro, como Reinado defendia?

Provavelmente, sim. Mas o facto é que a protecção da Austrália e do próprio Xanana só se tornaram visíveis depois da queda de Alkatiri. Ao ponto de o procurador-geral da República , Longuinhos Monteiro, ter tentado ainda há pouco chegar a um acordo com o ex-comandante da PM. Para escândalo de quem só se apercebeu depois. Como o general Taur Matan Ruak, que comanda as F-FDTL, e que terá exigido a sua captura, recusando colaborar na detenção de elementos relacionados com a violência que se sente em Díli.

O que pressupõe que a captura de Reinado pode estar por horas, restando apenas saber se ele será capturado vivo .

3 comentários:

Anónimo disse...

Major Reinado "passou dos limites", disse Xanana
Público, 27.02.2007,
Por: Jorge Heitor
A Indonésia encerrou ontem temporariamente a fronteira com Timor-Leste, a fim de impedir que entrem no seu território os fugitivos liderados pelo major Alfredo Alves Reinado, que desertou em 4 de Maio do ano passado e assaltou no domingo a esquadra de Maliana, entre outras, de onde levou 17 armas de fogo. "Estamos a cooperar com as forças de segurança timorenses", disse o porta-voz militar indonésio Muhammad Soenarto, citado pela Reuters. Foi o primeiro-ministro José Ramos-Horta que pediu ao Presidente Susilo Bambang Yudhoyono para Jacarta ajudar a evitar a fuga de Reinado.
Reinado "passou dos limites", desabafou Xanana Gusmão, o chefe de Estado timorense. Ontem, Xanana reuniu-se com Ramos-Horta e com outras entidades para analisar a situação criada pelo homem que em 30 de Agosto do ano passado conseguiu fugir da cadeia de Becorá, na capital, com mais 50 reclusos e que alguns observadores consideram um dos principais responsáveis pelas tensões existentes no país.
"Tudo foi feito para resolver o caso por meios pacíficos, evitando a solução militar", disse o Presidente, a propósito da forma branda como ele, o Governo e o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, sempre trataram o principal dos quase 600 desertores que há nove meses têm vindo a funcionar como uma espécie de contrapoder. Reinado tem aparecido, à luz do dia, numa série de sítios, sem que ninguém até agora tenha feito nada para o capturar, apesar de formalmente ser um fora-da-lei. E chegou a ameaçar disparar contra soldados australianos que o tentassem deter. Ao longo dos anos, o major que chegou a comandar a polícia militar foi à Austrália receber treino e tirar uma série de cursos, que lhe têm servido para se movimentar à vontade, ignorando tanto as tropas timorenses como os soldados estrangeiros que se encontram no país.
A violência de que o ano passado foi um dos protagonistas fez com que 100 mil pessoas (um décimo da população nacional) tivessem de abandonar as suas casas, indo para acampamentos de deslocados.
http://jornal.publico.clix.pt/UL/

Anónimo disse...

CULTURA ASIÁTICA
Esta questão à volta do Major Reinado tem que ser também vista na optica da cultura asiatica, aliás só quem não conhece verdadeiramente Timor e a os asiáticos é que não entende as tentativas de harmonização à volta deste caso e outros.
Para um ocidental é escandaloso para um asiático poderá não ser.
Contudo há limites e a reacção violenta e sem dó.
Há esta faceta nas gentes de Timor Leste que é muitas vezes esquecida por muitos ilustres comentadores.

Malai X

Anónimo disse...

Desculpe-me que lhe diga mas acho que há algo de racista no seu comentário. Está a tentar dizer que é estranho aos asiáticos o conceito da justiça ser independente? Se está, eu discordo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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