terça-feira, fevereiro 27, 2007

Deslocados do Aeroporto Presidente Nicolau Lobato

(Tradução da Margarida)

A. Introdução

O corrente incidente violento no campo de deslocados do aeroporto presidente Nicolau Lobato, Dili, indicou que as tropas Australianas têm más intenções contra os deslocados e os Timorenses. Reagiram de forma exagerada ao pender e matar deslocados que se tornaram vítimas da crise política que ocorreu em Timor-Leste nestes 8 meses. As tropas Australianas capturaram deslocados do aeroporto de Comoro sem mostrar qualquer evidência que esses deslocados estavam a cometer crimes ou violência contra os seus colegas, ou mesmo contra tropas Australianas.

Exigimos que as tropas Australianas assumam a responsabilidade sobre os que foram mortos e outros que foram feridos quando provocaram uma acção militar, porque as tropas Australianas estavam a usar tanques e outros equipamentos de guerra para atacar e aterrorizar deslocados. Dois tanques entraram de assalto destruindo a porta da entrada e depois lançaram gás lacrimogéneo com armas automáticas contra civis como se estivessem numa batalha contra inimigos no campo de batalha.

Sobretudo estas atitudes são actos de provocação para criar instabilidade em Dili e o que é mais perigoso para prolongar esta crise política nos interesse das tropas Australianas em Timor-Leste.

B. Cronologia dos incidentes

Exactamente na Sexta-feira, 23 de Fevereiro de 2007, às 07.40 (Tempo deTimor-Leste) as tropas Australianas foram muito violentas e correram atrás de colegas nossos que estavam ainda à espera de transporte para ir para a escola, trabalho e alguns queriam ir ao hospital. Bloquearam os deslocados à frente da porta principal, então o Manuel Soares foi capturado e depois estenderam-no no chão e bateram-lhe com um bastão até ele começar a sangrar.

Os deslocados estavam chocados com estas atitudes de maus tratamentos das tropas Australianas. Por isso, alguns outros deslocados queriam vir e testemunhar (a favor) dos que estavam a ser arrastados pelas tropas Australianas.

Os deslocados do aeroporto que foram vítimas nesse incidente.

Os seus nomes são os seguintes.

1. Manuel do Carmo do Distrito de Baucau, Sub-Distrito Laga, violentamente preso pelas tropas Australianas em frente da porta do campo de deslocados, deitaram-no ao chão, bateram-lhe usando espingardas e ficou com o corpo todo ferido, puxaram-no também como um animal e depois atiraram-no para dentro de um veículo de patrulha Australiano.

2. Delfin Sarmento do Distrito de Viqueque, sub-distrito Uato-lari foi preso, mas escapou-se e não entrou no veículo Australiano, contudo as tropas Australianas tiraram a sua T-shirt do seu corpo.

3. Júlio da Siva e Viriato Soares, do Distrito de Viqueque sub-distrito Uato – Lari e Dilor estavam ambos for a e depois regressaram ao campo de deslocados e reagiram espontaneamente contra as tropas Australianas que assaltavam brutalmente no campo de deslocados na altura em que as tropas Australianas prenderam Manuel do Carmo.

Este incidente causou reacção forte nas pessoas que saíram das tendas, contra estas atitudes das tropas Australianas frente à porta da entrada.

As forças Australianas conduziram dois tanques para dentro atingindo a porta de barricada dos deslocados que ainda estava fechada o que inflamou a situação. As crianças, velhos e mulheres sofreram com o gás lacrimogéneo e resultaram duas pessoas seriamente feridos e dois outros foram mortos mesmo debaixo das tendas dos deslocados pelas tropas Australianas.

As tropas quiseram esconder o corpo do morto e pretender que ele tinha sido baleado fora do campo por isso puxaram-no do arame farpado e o seu cabelo ficou preso no arame farpado. Depois os soldados Australianos cobriram o corpo do morto com plásticos pretos e atiraram-no para um campo de milho.

Contudo, muitos dos deslocados estavam a ver e gritaram a eles, e depois trouxeram o morto de volta e puseram-no num veículo militar Australiano. Nomes completos dos que foram mortos e feridos:

1. Jacinto Soares

Do distrito de Viqueque, sub-distrito de Ossu, aldeia de Lia-ruka foi baleado até à morte no local por forças Australianas debaixo de tenda no campo de deslocados.

2. Antonio Dasi

Do Distrito de Baucau, sub-distrito, aldeia Wailili, baleado por tropas Australianas, no peito e no lao esquerdo do estômago no campo de deslocados, infelizmente morreu no dia seguinte no Hospital nacional Guido Valadares às 11.20 no Sábado 24 de Fevereiro de 2007.

3. Geraldo Guteres

Do distrito de Baucau, sub-distrito Venilale, aldeia Uai-Oli, baleado em ambos os joelhos que ficaram partidos.

4. Cris Lopes

Do distrito Lospalos, baleado na sua tenda com ferimentos pesados.

5. Julio da Silva

Do distrito Viqueque, sub-distrito Uato-Lari, baleado na anca, com ferimentos pesados

C. Exigências

Esta não é a primeira atitude brutal dos Australianos contra deslocados. Têm conduzido esforços e discriminação sistemáticos contra os Timorenses.

Devido aos factos acima descritos todos os deslocados do campo Presidente Nicolau Lobato eximem fortemente e urgem o governo da RDTL, a UNMIT e as forças internacionais em Timor-Leste a tomar as medidas necessárias baseadas na lei internacional que prevalece no mundo contra as forças que se seguem ;

1. Retirada imediata das tropas Australianas de Timor-Leste.

2. Requere-se que o soberano Estado da RDTL tome imediatamente medidas para tirar de imediato as forças Australianas de Timor-Leste.

3. Requere-se a soberania do Estado ao representante da força de segurança da ONU em Timor-Leste, atenção para a responsabilização do problema, porque ele foi morto debaixo de tendas da UNHCR.

4. Requere-se ao representante das forças da ONU em Timor-Leste para tomar a responsabilidade da família das vítimas e levar os autores das forças Australianas ao tribunal internacional.

5. Rejeitamos totalmente as notícias emitidas na TVTL, que a informação não foi nbaseada em factos que aconteceram no campo de deslocados de Comoro.

6. Rejeitamos totalmente a informação que as forças Australianas têm estado a emitir através de notícias na internet que disparámos Ambon-Arrow contra eles, o que é totalmente falso, para (assim) esconderem a sua má atitude sobre nós, inocentes deslocados.

7. Se as exigências anteriores não forem satisfeitas, todos nós os deslocados agiremos em Dili e em particular no Aeroporto Presidente Nicolau Lobato, Comoro, Dili.

8. Fazemos um apelo de simpatia a todos os Timorenses para darem o apoio necessário para a dignidade humana dos deslocados.

9. Exigir que o governo da RDTL e o representante da ONU cooperem estreitamente para servir os Timorenses.

10. Pedimos às forças da ONU para serem imparciais nas acções em Timor-Leste e não se envolverem com grupos ou partidos políticos.

COMITÉ ORGANIZADOR

1. Carlito da Silva.
2. Jose da Costa
3. Ilda Belo
4. Mateus da Costa Belo
5. Domingos R. Guterres
6. Jaime Soares
7. Serafim Albuquequer Belo
8. Denis Quintão
9. Diamantino da Cruz
10. Jose Pinto
11. Nuno Sares
( KORKA )
12. Vicente Da Silva
PSHT
13. Agustinho Da Silva
77
14. Afonso Pinto
MELATO
15. Alberto Costa
PANTAI KELAPA
16. Salvador A Gomes
IDPS FAROL
17. Julion Guterres
DESLOCADOS AEROPORTO DILI
18. Kiliberio Dos Santos
DESLOCADOS OBRIGADO BARAK
19. Rosito
DESLOCADOS HOSPITAL BIDAU
20 Luis Dos Santos Belo
DESLOCADOS SIONAL
21. Sebastion Zeca Ximenes
ALDEIA MORIS FOUN
22. Sergio da Silva Reis
ESTUDANTE

CC
1. Presidente RDTL
2. Presidente Parlamento
3. Primeiro-Ministro RDTL
4. Tribunal Recurso
5. Representante UNMIT.
6. Embaixador da Austrália
7. Diocese Dili e Baucau
8. Ministério da Segurança
9. Ministério do Interior
10. Ministério Transportes e Telecomunicações.
11. e etc.

Exigências CC para:

1 Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da RDTL.
2 International Humans Right.
3 International Human Right em Geneva, que está representado em Timor Leste
4 Presidente Provedor Direitos Humanus RDTL.
5 ATUL KHARE Responsável da UNMIT em Timor - Leste

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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