quarta-feira, março 21, 2007

Bispo de Baucau critica falta de preparação política da Fretilin

Pedro Sousa Pereira (texto) e António Cotrim (fotos), da Agência Lusa Baucau, Timor-Leste, 20 Mar (Lusa) - D. Basílio do Nascimento considera que, politicamente, os últimos cinco anos do país ficaram marcados sobretudo pela inexperiência da Fretilin que, segundo o bispo de Baucau, cometeu erros porque os dirigentes desconhecem o país e estão pouco preparados.
"Para uma grande parte dos nossos governantes, o primeiro emprego que tiveram na vida foi ser ministro. Estas coisas aprendem-se, só que, de um momento para o outro, ser ministro de um país onde não há nada é um bocado temerário", disse D. Basílio do Nascimento à agência Lusa.

Segundo o bispo de Baucau, o principal erro da Fretilin foi "não conhecer o país" e referiu-se, sem apontar nomes, à "classe política que veio de fora, que imaginou Timor-Leste parado no tempo".

Para D. Basílio do Nascimento, depois da independência, em 2002, os políticos da Fretilin "não souberam adaptar-se à realidade".

"Para eles, o Timor ainda era o Timor de 1975. A maior parte da classe dirigente não acompanhou esta evolução de Timor ao longo de 24 anos e teve surpresas", acrescentou.
Segundo o responsável pela Diocese de Baucau, o Governo da Fretilin, liderado por Mari Alkatiri, não soube adaptar-se à realidade de Timor-Leste.

"Nos primeiros três anos de governação acho que não acertaram e quando quiseram acertar já tinham criado muitos anticorpos e muitas reacções hostis, de maneira que o bem que, porventura, tenham feito nos últimos tempos não conquistou o coração das pessoas", frisou.
D. Basílio do Nascimento reconhece o papel histórico da Fretilin durante a ocupação indonésia, mas afirmou que a mensagem política do partido está esgotada e que a falta de quadros não permite a aplicação das políticas.

"Até aqui funcionava a afectividade histórica, mas o partido maioritário encarregou-se de mostrar que não tinha capacidade. Tinha nome, criou muita simpatia do ponto de vista afectivo mas as pessoas foram aprendendo que, se calhar, o partido tem o seu lugar na história. O partido não tem quadros para implementar aquilo que porventura se criou como uma expectativa desenvolvida e dinamizada pelo partido", disse.

D. Basílio, que assinalou na segunda-feira os 10 anos da criação da Diocese de Baucau, disse à Lusa que a proposta do Governo da Fretilin, apresentada em Novembro 2005, sobre o fim das aulas de religião e moral nas escolas timorenses, o que provocou na altura manifestações por parte da igreja, foi um exemplo daquilo que aponta como o desconhecimento que os dirigentes têm sobre a população timorense.

"Isso foi uma ponta do iceberg. O que nós tínhamos intuído era que se tratava de um conceito de sociedade que, a nosso ver, não tinha nada a ver com a maneira de ser, de agir e de pensar deste povo", afirmou D. Basílio do Nascimento.

"Há um reconhecimento da parte da população em relação à igreja, em certos parâmetros da vida em que só a igreja está a intervir. Refiro-me à educação e refiro-me à assistência social".
Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, disse hoje, em entrevista à Lusa, que espera " que a igreja não seja política e que seja igreja, porque senão há duas facções políticas com os mesmos militantes".

"Católicos são 95 por cento da população e a Fretilin é o partido maioritário deste país, também são católicos, tirando eu e poucos mais", disse à Lusa Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e fundador do maior partido de Timor-Leste.

Lusa/Fim

NOTA DE RODAPÉ:

Impressionante o pânico da Igreja em relação à mais que prevista vitória da FRETILIN. A Igreja não se candidata mas faz campanha. Contra a FRETILIN, sempre...

2 comentários:

Anónimo disse...

Pergunta ao Bispo se a Fretilin nao tem capacidade aqueles que viveram la fora tem acompanhado muito de perto a historia de Timor Leste na politica externa.Para ele sera os da oposicao que tem capacidade.Deixa a Igreija para fazer politica e candidata as legislativas

Anónimo disse...

Pergunta ao Bispo se a Fretilin nao tem capacidade aqueles que viveram la fora tem acompanhado muito de perto a historia de Timor Leste na politica externa.Para ele sera os da oposicao que tem capacidade.Deixa a Igreija para fazer politica e candidata as legislativas

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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